FESTIVAL DE RIO (FestRio)
III FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA, TV E VÍDEO
20 al 29 de noviembre de 1986
Sede: Hotel Nacional de Rio de Janeiro
III FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA, TV E VÍDEO
20 al 29 de noviembre de 1986
Sede: Hotel Nacional de Rio de Janeiro
Director general del Festival: Nei Sroulevich
Premios: Tucán de Oro / Tucán de Plata
Premios: Tucán de Oro / Tucán de Plata
O Cinema Falado fue exhibido hors-concours en la Sala Glauber Rocha -categoría documental y experimental-, en la medianoche del 23 de noviembre, después de dos films extranjeros en competición como eran el francés Mélo (diminutivo de melodrama) de Alain Resnais y la comedia americana That's life de Black Edwards.
Vale recordar que David Byrne concurrió al Festival con True Stories [Histórias Reais] y Laurie Anderson con Home of the Brave.
Vale recordar que David Byrne concurrió al Festival con True Stories [Histórias Reais] y Laurie Anderson con Home of the Brave.
Festival Internacional de Cinema, no Hotel Nacional.
Scarlet Moon, Moreno Veloso e Pedro De Lita - Foto Lita Cerqueira |
Foto: Maritza Caneca |
Foto: Maritza Caneca |
Foto: Maritza Caneca |
Pedro Farkas, Caetano, Jorge Saldanha e Regina Casé - Foto: Maritza Caneca |
Foto: Maritza Caneca |
Dedé Veloso |
Dedé Veloso |
O Cinema Falado fue estrenado en el circuito comercial el 4 de diciembre de 1986.
Décio Pignatari (20/8/1927 - 2/12/2012)
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O "Araçá Falado"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em Estado do Paraná – Almanaque, 22 de março de 1987.
"É um filme com a cara e a cabeça de Caetano, no qual ele se expõe, expõe suas opiniões sobre cinema, literatura, música, pintura, sexo, mesmo quando se utiliza de textos alheios, de trechos de obras que ele diz terem marcado sua vida". (Pola Vartuck elogiando "O Cinema Falado", no Caderno 2, "O Estado de São Paulo", 20-12-86). Em 1973, ao lançar "Araçá Azul" (Philips, 6349054), o seu disco mais maldito (tanto é que saiu de catálogo e nunca mais foi reeditado), Caetano fez questão de incluir na capa a frase "Um disco para entendidos".
Entendidos, há 14 anos, era entendido também como bissexual - e isto causou pano para muita manga de discussão. O primeiro (e um dos raros) a dissecar a profundidade/propostas de Veloso naquele disco-ruptura foi Affonso Romano de Sant'Anna, que em artigo de página inteira publicado no "Jornal do Brasil" estabeleceu entradas e referências para que se pudesse compreender melhor o vanguardismo da obra. Aliás, foi animado pela repercussão daquele texto que o hoje globalizado poeta-ensaísta-cronista se animaria a reunir outros ensaios sobre música popular e moderna poesia brasileira para publicar um ótimo livro (já em terceira edição pela Vozes). Agora, os cinemas que exibem "O Cinema Falado" (Luz, 2ª semana, 5 sessões) também deveriam colocar uma faixa informativa na entrada: "Um filme para entendidos". Ou, ao menos: um filme para quem tem informações, mesmo que superficiais, sobre o que há de mais consumível na (pseudo) erudição, via cadernos culturais da imprensa nacional (aliás, criticados pelo próprio Caetano, via um de seus atores, numa das mais chatas seqüências do filme).
Desde que, numa cansativa e incômoda sessão na madrugada do FestRio (Hotel Nacional, novembro/86), após uma maratona de ter visto oito outros filmes (todos importantes), assisti, pela primeira vez a "O Cinema Falado", achei o filme tão inteligente quanto chato em suas pretensões e incrivelmente uma visualização do que havia sido, auditivamente, o disco "Araçá Azul". O cineasta Neville D'Almeida disse o mesmo e o próprio Caetano, na tarde de 13-02-87, gravando seu depoimento para o Museu da Imagem e do Som - São Paulo, repetiu a respeito: - "Eu acho que o paralelo entre 'Araçá Azul' e 'O Cinema Falado' é pertinente.
Reconheci que os dois tinham a mesma natureza: uma vontade real, grande, de instigar o ambiente onde estou. Não gosto de tomar as coisas como aceitáveis apenas porque elas são assim".
Como prevíamos aqui, em matéria escrita após a visão do filme (O Estado do Paraná, 25-11-86), "O Cinema Falado" foi o filme que sem concorrer ao FestRio (foi exibido hors concours, numa única sessão às 2 horas da madrugada) acabou sendo o mais comentado da terceira edição daquela mostra que teve quase 400 exibições paralelas. Uma polêmica alimentada já na estréia mundial, quando o cineasta vanguardista Arthur Omar ("Tristes Trópicos", "O Som"), vaiou, gritou e provocou um happening de protesto contra o filme, acompanhado pelo cineasta Carlos Frederico, diretor de oito filmes, também vanguardista mas totalmente desconhecido. A imprensa nacional deu mais cobertura aos protestos de Arthur Omar (talvez pelo fato dele ser mais conhecido), mas Carlos Frederico, ao lado de sua esposa, atriz Isabela (ex-mulher e musa do cineasta Paulo César Sarraceni), no dia seguinte, distribuía um artigo-manifesto, até hoje inédito na imprensa. E muito vem sendo escrito e discutido em torno do filme de Caetano. Nem poderia ser diferente. Suzana Amaral ("A Hora Da Estrela"), sem conhecer o filme, foi a primeira a protestar contra o tratamento promocional que a Embrafilme deu a esta produção, lançando-a antes de outras que se encontravam na fila de espera de exibição. Caetano respondeu agressivamente a Suzana, dizendo que ela "não passava de uma dona-de-casa que deveria ficar em casa passando óleo de peroba nos móveis". Outra cineasta, Vera Figueiredo, reclamou da atenção imensa dada ao filme, fazendo um comentário sensato: - "Se qualquer outro cineasta fizesse o mesmo seria arrasado e não teria nenhuma sobrevida. Mas Caetano é Caetano". Tizuka Yamasaki, habilidosa, foi sutil: - "Caetano sempre foi vanguarda na música e sempre foi um criador de polêmicas. Acho que ele não queria fazer cinema, mas sim abrir mais uma frente de discussão. E conseguiu, o que é muito saudável". A imprensa dividiu-se: Caio Túlio Costa, editor da "Folha Ilustrada" ("Folha de São Paulo", 07-12-86) arrasou o filme. Decio Pignatari, concretista, amigo de Caetano, aplaudiu de pé e fez até um poema (concreto, naturalmente!) saudando o Caetano cineasta. Cacaso (Antônio Carlos de Brito, 42 anos, poeta, letrista, filósofo), foi equilibrado num ensaio de uma página ("Pelo que me falaram", "Folha de São Paulo", 20-12-86), enquanto Pola Vartuck, crítica de "O Estadão" desde 1971, poliglota, uma das mais respeitadas críticas brasileiras, dedicou uma página de elogios ao filme de Caetano ("Hermético e antropofágico: explícito"), sabendo ver o rompimento proposto por Caetano. - "Em suma, 'O Cinema Falado' quebra todos os tabus da luta contra a colonização cultural e reabre a velha discussão sobre o antropofagismo (...). O filme é um acontecimento. Um dos mais importantes acontecimentos do cinema brasileiro desde a eclosão do Cinema Novo - de cujas premissas básicas ele é, sob vários pontos de vista, uma antítese. É um filme que poderá tornar-se um divisor de águas, tal como ocorreu com a Tropicália. Em Curitiba, lançado há dez dias no Luz, "O Cinema Falado" tem tido um público regular - suficiente para justificar uma segunda semana de projeção. Mas apático, sem provocar polêmicas - ao menos até agora e com opiniões restritas a saída do cinema. Quando, naturalmente, o que Caetano gostaria, seria o contrário - bem ao seu estilo de incendiário constante da música e coisas culturais do País.
2003 - DVD / LANÇAMENTO
o cinema falado
O FILME
O FILME POR CAETANO
ENTREVISTA
DEPOIMENTOS
O FILME POR CAETANO
ENTREVISTA
DEPOIMENTOS
Clipes
● NÃO TEM TRADUÇÃO
● DON’T THINK TWICE
● TERRA
● O ESTRANGEIRO
● NÃO TEM TRADUÇÃO
● DON’T THINK TWICE
● TERRA
● O ESTRANGEIRO
Caetano Veloso lança em DVD seu único longa, "O Cinema Falado", e abre o verbo sobre o cinema brasileiro.
São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003.
CINEMA FALADO NO GRITO
SILVANA ARANTES / ENVIADA ESPECIAL AO RIO
A jornalista Silvana Arantes viajou a convite da gravadora Universal.
Muitas palavras do músico Caetano Veloso, adjetivando realizadores e críticos do cinema brasileiro, ficaram represadas nos 17 anos que separam a estréia do único longa que dirigiu, "O Cinema Falado" (1986), de seu lançamento em DVD, previsto para a próxima semana.
Não mais. Elas (as palavras de Caetano) foram ditas em profusão e com momentos de ênfase colérica, em entrevista para um grupo de jornalistas, anteontem, no Rio de Janeiro.
Caetano defendeu (que o Brasil mantenha aspirações de altas realizações), atacou (o pensamento acadêmico que condena ao ceticismo e portanto ao imobilismo; o espírito de corpo dos cineastas nacionais) e contra-atacou os que depreciaram seu filme, em especial a Folha. "Burrice agressiva contra o que me interessa eu não perdôo nunca".
"O Cinema Falado" é, na definição de seu autor, "quase 100% composto de falações ou teóricas ou poéticas ou poético-teóricas, mas ditas em meio a uma ação relativamente indefinida e mais ou menos indiferente ao que o texto está dizendo".
Em exemplos: o baixista Dadi toca um instrumento, deposita-o no chão, troca-o por outro, enquanto fala texto (de Caetano) analisando o preparo intelectual de Bob Dylan em contraposição à inconsequência dos Beatles. A conclusão é que "os Beatles, pelo caminho das massas, não das elites, nos reorientam no sentido de estudar o poeta Ezra Pound [1885-1972]". Portanto, em repercussão sobre a cultura, logram mais do que Dylan e sua música.
As "opiniões sobre cinema, inclusive as contraditórias, as dúvidas", compõem o trecho de maior fôlego do filme, em diálogo de Dedé Veloso, ex-mulher de Caetano, com Felipe Murray.
Nele, Caetano primeiro delineia um panorama das tensões subjacentes à produção cinematográfica no Brasil, lembrando tratar-se de um país que não manufatura o filme, matéria-prima da atividade. Em seguida, interroga o cinema brasileiro e sua ambivalência com a televisão ("O cinema brasileiro não passou no teste da TV. A TV passará no teste do cinema?"), para finalmente auto-indagar: "Por que fazer filmes?
Por que fazer filmes pretensiosos? Por que fazer filmes sobre filmes?".
Um "sim" à última questão estaria na avaliação positiva que o diretor faz de sua obra. ""O Cinema Falado" é infinitamente superior a "Araçá Azul" [álbum de 1973]", considerado pela crítica um disco conceitual e antológico na trajetória do músico.
Ainda que satisfeito com sua produção no cinema, Caetano, 61, dirigiu um único filme, quando "queria ter feito muitos". Nessa ausência talvez se insinue uma resposta negativa à questão sobre a pertinência do "luxo de fazer filmes pretensiosos no Brasil".
Caetano explica a supressão de sua carreira cinematográfica porque "é caro fazer filmes" e também pelo desânimo de prosseguir diante das reações agressivas a "O Cinema Falado".
Caetano explica a supressão de sua carreira cinematográfica porque "é caro fazer filmes" e também pelo desânimo de prosseguir diante das reações agressivas a "O Cinema Falado".
Ele acha que a rejeição ao filme (não apenas por parcela do ambiente intelectual brasileiro, mas também pela crítica da época) reflete a intolerância a talentos artísticos plurais, resumida na máxima "cada macaco no seu galho". "Porque sou músico, então sou obrigado a ser músico. Não posso ter liberdade", diz.
Comparando "O Cinema Falado" a outros filmes, Caetano reivindica a superioridade do seu:
"Tem muito longa que passa aí que está muito abaixo desse meu e que foi até saudado pela crítica. Você acha que sou bobo? Fui crítico de cinema aos 18 anos. Você acha que vou ler gente da USP escrevendo na Folha que "Cronicamente Inviável" [Sérgio Bianchi, 98] é um grande filme e vou engolir isso? Aquele abacaxi de caroço? Isso aqui [aponta para imagens de "O Cinema Falado" projetadas atrás de si] é muito melhor.
"Tem muito longa que passa aí que está muito abaixo desse meu e que foi até saudado pela crítica. Você acha que sou bobo? Fui crítico de cinema aos 18 anos. Você acha que vou ler gente da USP escrevendo na Folha que "Cronicamente Inviável" [Sérgio Bianchi, 98] é um grande filme e vou engolir isso? Aquele abacaxi de caroço? Isso aqui [aponta para imagens de "O Cinema Falado" projetadas atrás de si] é muito melhor.
Do que "A Grande Arte" [Walter Salles, 91] é muito melhor. Uma porcaria, um filme amador, malfeito, ruim. E ninguém tinha coragem de dizer isso. Agora, do meu filme, até xingar minha mãe xingaram. Literalmente."
O DVD de "O Cinema Falado" contém quase três horas de extras, incluindo dois clipes dirigidos por Caetano ("Não Tem Tradução", "Don't Think Twice").
Nas filmagens, o diretor usou como método filmar apenas um take de cada sequência.
Além dos já citados, participam do longa atores, parentes e amigos de Caetano, como Chico Diaz e Hamilton Vaz Pereira (recitando trecho de "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa), Regina Casé (fazendo paródia do ditador cubano Fidel Castro) e Paula Lavigne (analisando a nudez feminina e a sexualidade no cinema, sob o prisma de que "a curva da grande interrogação sobre o sexo passa necessariamente pelo homossexualismo masculino").
A primeira cena de "O Cinema Falado" mostra uma reunião de amigos na casa de Caetano, em que se distinguem, entre outros, os cineastas Julio Bressane e Guel Arraes. O primeiro venceu neste ano o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, com "Filme de Amor". O segundo é vice-líder de público em 2003, com "Lisbela e o Prisioneiro" (3,1 milhões de espectadores), produzido por Paula Lavigne, mulher de Caetano.
"Neste momento, os brasileiros sentem que o cinema brasileiro atingiu um alto padrão médio. O povo da rua fala isso. É uma vitória. Mas não é tudo o que nós queremos. É muito bom que, ao mesmo tempo que você tem "Carandiru" e "Lisbela e o Prisioneiro" no topo do sucesso, você tem um Festival de Brasília em que nomes de autores radicais, não-comerciais, experimentais apresentaram o seu melhor", diz.
EL PAÍS (España)
Miércoles, 3 de
noviembre de 2004
Caetano Veloso revisa con
Fernando Trueba su filme 'O cinema falado'
El músico realizó su única película en 1986
Susana Hidalgo, Madrid 3/11/2004
10/4/2003 - Premio Latino de Honor - Palacio Municipal de Congresos de Madrid
del Campo de las Naciones.
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Dicen que sus gustos sobre cine son totalmente
opuestos. Aun así, el director Fernando Trueba y el músico Caetano Veloso
conversaron ayer sobre cine y vida en un encuentro en la Casa de América, en
Madrid. El punto de partida de la charla fue la proyección de la única película
que ha dirigido Veloso, O cinema falado, un polémico experimento que
el brasileño rodó en 1986 y que mezcla música, danza, literatura y arte.
La primera y única incursión de Veloso detrás de una cámara es, como dice el título, cine hablado: los actores conversan sobre sexo, feminismo, arte, televisión... En la película se discute sobre Bob Dylan y los Beatles y se hace una crítica ácida sobre una de las películas de culto de la época: París, Texas, de Win Wenders. "Cuando se proyectó mi película, París, Texas estaba de moda y al criticarla hubo en el cine un abucheo", recordó ayer Veloso.
El brasileño puso en la boca de los actores textos de Levi-Strauss o de Godard.
Hay muchos monólogos inspirados en el libro de Guillermo Cabrera Infante Tres tristes tigres (1964). "En ese libro cada capítulo es un monólogo y de ahí me vino la idea", explicó el músico, que con 18 años y durante un año fue crítico de cine. Esa peculiar estructura hizo que en su momento un crítico brasileño viera la película como una sucesión de cortometrajes. El experimento, en el que participan amigos de Veloso, su hermana y su madre, no fue muy bien recibido en Brasil cuando se estrenó, en 1986.
Tras la proyección de ayer, Caetano Veloso subió al escenario acompañado por Fernando Trueba, con el que ha colaborado en El milagro de Candeal. Entre el público se encontraba la actriz Marisa Paredes.
Los dos, Veloso y Trueba, hablaron durante una hora sobre cine y el director español recordó a otros cantantes que alguna vez hicieron de directores: David Byrne, Bob Dylan o Jacques Brel. "Es una película de ensayo, pero también es una película poesía. Me gusta mucho porque me encantan las películas habladas", dijo Trueba. "Me ha llamado la atención una parte donde los actores hablan sobre sexo y otra en la que discuten sobre cine y televisión".
¿Cuándo vas a volver a rodar?, preguntó a Veloso alguien del público, lleno de brasileños. "Después de rodar ésta pensé en muchas cosas, trabajé hace diez años en otro guión...", contó Veloso, dejando la duda en el aire. Dejó entrever que las malas críticas que recibió su película le pusieron freno. "La reacción fue terrible. Hubo críticos que escribieron cosas interesantes sobre ella, pero otros la agredieron de forma muy fuerte", contó Veloso. O cinema falado tampoco agradó entre el mundillo del cine experimental. "También hay gente a la que le gustó mucho la película. Son pocas personas...", añadió.
Trueba y Veloso discutieron amigablemente sobre Godard (Veloso lo adora, mientras que Trueba siente una pasión más tibia), Buñuel (ahí los papeles se cambian: es al brasileño al que no termina de convencer su cine) y Orson Welles. "La película de Truffaut sobre cómo hacer otra película (La noche americana) es horrible)", dijo Veloso. "Truffaut, en sus películas siempre nos está diciendo la verdad, mientras que Godard miente por sistema", contestó Trueba. Al director español la actriz italiana Giulietta Masina le pone nervioso, mientras que al cantante le gusta. Sólo se pusieron de acuerdo en una cosa: "John Ford y Buñuel son dos directores machistas", dijo Trueba, y Veloso, por primera vez, asintió. Varias manos se quedaron alzadas cuando alguien avisó a Trueba de que era hora de cortar: Veloso tenía que salir para Barcelona.
La primera y única incursión de Veloso detrás de una cámara es, como dice el título, cine hablado: los actores conversan sobre sexo, feminismo, arte, televisión... En la película se discute sobre Bob Dylan y los Beatles y se hace una crítica ácida sobre una de las películas de culto de la época: París, Texas, de Win Wenders. "Cuando se proyectó mi película, París, Texas estaba de moda y al criticarla hubo en el cine un abucheo", recordó ayer Veloso.
El brasileño puso en la boca de los actores textos de Levi-Strauss o de Godard.
Hay muchos monólogos inspirados en el libro de Guillermo Cabrera Infante Tres tristes tigres (1964). "En ese libro cada capítulo es un monólogo y de ahí me vino la idea", explicó el músico, que con 18 años y durante un año fue crítico de cine. Esa peculiar estructura hizo que en su momento un crítico brasileño viera la película como una sucesión de cortometrajes. El experimento, en el que participan amigos de Veloso, su hermana y su madre, no fue muy bien recibido en Brasil cuando se estrenó, en 1986.
Tras la proyección de ayer, Caetano Veloso subió al escenario acompañado por Fernando Trueba, con el que ha colaborado en El milagro de Candeal. Entre el público se encontraba la actriz Marisa Paredes.
Los dos, Veloso y Trueba, hablaron durante una hora sobre cine y el director español recordó a otros cantantes que alguna vez hicieron de directores: David Byrne, Bob Dylan o Jacques Brel. "Es una película de ensayo, pero también es una película poesía. Me gusta mucho porque me encantan las películas habladas", dijo Trueba. "Me ha llamado la atención una parte donde los actores hablan sobre sexo y otra en la que discuten sobre cine y televisión".
¿Cuándo vas a volver a rodar?, preguntó a Veloso alguien del público, lleno de brasileños. "Después de rodar ésta pensé en muchas cosas, trabajé hace diez años en otro guión...", contó Veloso, dejando la duda en el aire. Dejó entrever que las malas críticas que recibió su película le pusieron freno. "La reacción fue terrible. Hubo críticos que escribieron cosas interesantes sobre ella, pero otros la agredieron de forma muy fuerte", contó Veloso. O cinema falado tampoco agradó entre el mundillo del cine experimental. "También hay gente a la que le gustó mucho la película. Son pocas personas...", añadió.
Trueba y Veloso discutieron amigablemente sobre Godard (Veloso lo adora, mientras que Trueba siente una pasión más tibia), Buñuel (ahí los papeles se cambian: es al brasileño al que no termina de convencer su cine) y Orson Welles. "La película de Truffaut sobre cómo hacer otra película (La noche americana) es horrible)", dijo Veloso. "Truffaut, en sus películas siempre nos está diciendo la verdad, mientras que Godard miente por sistema", contestó Trueba. Al director español la actriz italiana Giulietta Masina le pone nervioso, mientras que al cantante le gusta. Sólo se pusieron de acuerdo en una cosa: "John Ford y Buñuel son dos directores machistas", dijo Trueba, y Veloso, por primera vez, asintió. Varias manos se quedaron alzadas cuando alguien avisó a Trueba de que era hora de cortar: Veloso tenía que salir para Barcelona.
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