“Além das canções das quais me fascinam, gosto, particularmente, de observar o corpo de Caetano em movimento – quando canta, gesticula, responde uma entrevista. Para mim ele está o tempo todo dançando mesmo que não esteja. A gama gestual que o seu corpo nos apresenta é tão rica e me diz tanta coisa que quase não preciso ouvir as canções”
[Morena Nascimento]
“Eu queria homenagear a cultura brasileira, imaginei fazer algo como o Nobel de Bob Dylan e, pensei: nós temos o nosso Nobel, é o Caetano! Foi assim”
[Ismael Ivo]
BALÉ DA CIDADE DE
SÃO PAULO ESTREIA TEMPORADA COM COREOGRAFIA DE MORENA NASCIMENTO INSPIRADA EM
CAETANO VELOSO
23 DE JANEIRO DE
2018
Um Jeito de Corpo – Balé
da Cidade Dança Caetano || Foto: Rodrigo Fonseca
|
O
primeiro programa desta Temporada é inspirado num artista único e de inestimável
valor intelectual e poético, Caetano Veloso, que já foi traduzido e interpretado
por tantos artistas e agora ganha uma representação na dança. Um Jeito de Corpo
– Balé da Cidade Dança Caetano estreia no dia 15 de março, às 20h, no Theatro
Municipal de São Paulo.
O
espetáculo é assinado pela coreógrafa Morena Nascimento, com direção musical do
músico e historiador Cacá Machado, figurinos de Isadora Gallas, cenografia de
Marcel Kaskeline, iluminação de Aline Santini, Visagismo de Luiz Parisi,
dramaturgia de Vadim Nikitin e consultoria de José Miguel Wisnik. As apresentações
seguem nos dias 16, 17,
22, 23, 24 e 25, às 20h. A exceção acontece no dia 18, quando começa mais cedo
às 18h.
“Desde o início do
ano passado, quando Ismael Ivo chegou à direção do Balé da Cidade de São Paulo
e assinou a coreografia ‘Risco’, a companhia entrou numa nova fase: mais
criativa, ousada e intensa. Os resultados foram aparecendo ao longo do ano e
chegam, neste ano, a uma fase mais madura com ótima resposta do público, que
comparece aos espetáculos com calorosos aplausos”, destaca o
secretário André Sturm.
Este
programa do Balé da Cidade simboliza a união de um trabalho coletivo, pois
reúne muitas mentes criativas em torno de uma produção que celebra uma trajetória
artística sem recorrer a uma proposta autobiográfica ou representar uma
tentativa de retratar um momento histórico da vida do Caetano.
Um
Jeito de Corpo – Balé da Cidade Dança Caetano tem uma intensa liberdade
poética. “Não estamos presos a nenhum pressuposto ou recorte histórico de sua
carreira. Buscamos nas músicas de Caetano o que nos afeta e se relaciona com o
momento que estamos vivendo. Criamos um grande ritual, incorporando e
assimilando a poética de Caetano, transformando-a em nossa fala no corpo, do
nosso jeito. As coreografias são o resultado desse exercício de devorar e ser o
que se devora” afirma Morena Nascimento.
Estreando
no Balé da Cidade de São Paulo, Morena é um dos destaques da nova geração da
dança contemporânea. A passagem por um dos maiores grupos de dança do mundo,
TanzTheater Wuppertal de Pina Bausch, e o fortalecimento de seu trabalho
autoral nos últimos sete anos no Brasil provoca ainda mais o interesse do
público por suas criações.
O
convite para este trabalho partiu do diretor artístico do Balé da Cidade de São
Paulo, Ismael Ivo, que uniu duas de suas admirações no mesmo programa. “Sou um admirador do universo poético e
musical do Caetano Veloso. O mesmo nível de admiração me relaciona com universo
criativo do grande gênio da dança Pina Bausch. A Morena Nascimento tem suas
origens e experiência no berço da famosa companhia da coreógrafa alemã. Mas
muito além disso, possui um impressionante nível de presença corporal e
expressão artística”, afirma.
Para
Um Jeito de Corpo – Balé da Cidade Dança
Caetano, a coreógrafa manteve o seu método de criação híbrido e se deixou
guiar por sua inspiração nas músicas, no gestual do artista brasileiro e no
elenco do Balé da Cidade de São Paulo, no qual ficou impressionada pelo vigor e
entrega dos bailarinos.
“Além das canções
das quais me fascinam, gosto, particularmente, de observar o corpo de Caetano
em movimento – quando canta, gesticula, responde uma entrevista. Para mim ele
está o tempo todo dançando mesmo que não esteja. A gama gestual que o seu corpo
nos apresenta é tão rica e me diz tanta coisa que quase não preciso ouvir as
canções”,
se diverte Morena.
A
coreógrafa também se debruçou sobre as referências que estão em torno da arte e
da vida do artista, passando pela dança de Maria Esther Stockler, os filmes de
José Agripino, Frederico Felini, Almodóvar, Maria Bethânia, Astor Piazzola,
temas como funk, grandes metrópoles, negritude, sexo e gênero, exílio,
tropicália. Além disso, Morena se guiou por suas próprias relações afetivas com
a Bahia, lugar onde freqüentou intensamente desde sua infancia por ter um pai
baiano.
A
produção também se volta à cidade de Santo Amaro, na Bahia, terra natal de Caetano
e referencia traços do cotidiano do artista que tanto o influenciaram antes
dele se tornar famoso, como o rádio e as idas ao cinema. Para a trilha, algumas
composições do artista foram sampleadas com o objetivo de criar novas peças
musicais. “Com a mesma liberdade que o
artista criou, por exemplo, em seu disco experimental Araçá Azul, invadi suas
canções cortando, recortando, alterando andamentos, picths, criando reversos, adicionando
efeitos, incluindo samplers de outros artistas e gravações originais compostas
por mim”, diz Cacá Machado responsável pela direção musical.
Para
exemplificar esse processo de recortes, em um trecho do espetáculo, a canção
“Nicinha (Caetano Veloso)”, música feita pelo artista para a sua irmã mais
velha (Nicinha) se juntará aos samplers de outra composição sua, Alguém Cantando,
na voz da própria irmã, somada à canção Vento, também dele, na interpretação de
Gal Costa.
Já
a cenografia será assinada por Marcel Kaskeline que entrou em contato com a
obra do Caetano pela primeira vez após o convite para o trabalho.
“O
modo específico dele parece mais a transformação em poesia. Tudo o que ele
toca, seja tristeza, raiva, solidão, alegria, amor, torna-se poético”, explica.
No palco, Marcel irá explorar o ponto de vista sobre a transformação. No cenário,
uma casa dará a impressão que está se deteriorando. “Este espaço que uma vez deu proteção torna-se uma ruína. Mas, ao mesmo
tempo, o lugar não se torna mais bonito? Não existe mais poesia nesta imagen ambivalente?”,
indaga.
O
figurino de Isadora Gallas é inspirado nas composições, nos aspectos de cidade.
As tonalidades neon vão fazer uma referência ao axé, os tons mais lavados
referenciam as cores das casas do recôncavo baiano, onde está a cidade de Santo
Amaro. “Tem transparência para que as
cores se transformem em outras, seguindo a intensidade da luz no palco. Além
disso, a modelagem foi pensada no projeto do cenário que usa vento. Por isso
teremos roupas amplas para que o vento desenhe os corpos”, explica.
13/3/2018 - Ismael Ivo, Caetano Veloso e Luciana Mantegazza comemoram a estreia da temporada do Balé da Cidade no Theatro Municipal - Fotos: Divulgação |
Ismael Ivo, diretor do Balé da Cidade, e Luciana Mantegazza, diretora criativa da Balletto, armaram jantar em homenagem ao espetáculo Um Jeito de Corpo, do Balé da Cidade, inspirado no universo musical de Caetano Veloso, que foi o convidado de honra da noite.
O encontro aconteceu nessa terça-feira (13/3), na Chacara Flora, em São Paulo. [ 14/03/2018 | Por: Circolare]
13/3/2018 - Foto: Charles Naseh |
13/3/2018 - Foto: Charles Naseh |
Ismael
Ivo, diretor do Balé da Cidade, e Luciana Mantegazza, diretora criativa da
Balletto, armaram jantar em homenagem ao espetáculo Um Jeito de Corpo, do Balé
da Cidade, inspirado no universo musical de Caetano Veloso, que foi o convidado
de honra da noite.
O encontro aconteceu nessa terça-feira (13/3), na Chacara
Flora, em São Paulo. [ 14/03/2018 | Por: Circolare]
By Redação BCN
5 de Março de 2018
Balé da Cidade de SP comemora 50 anos com
espetáculo sobre Caetano Veloso
Foto: TV Globo/Reprodução
|
Cantor assistiu ao ensaio no Theatro
Municipal e aprovou a montagem: ‘Tem músicas minhas que eu nem lembrava’.
A voz
nua de Caetano Veloso cantando Sampa e a suave poesia dos passos das bailarinas
e bailarinos são parte do espetáculo que veste e dança a música do artista.
A
montagem especial “Um Jeito de Corpo – Balé da Cidade Dança Caetano” comemora
os 50 anos do Balé da Cidade de São Paulo e homenageia Caetano. O espetáculo
estreia nesta quinta-feira (15), no Theatro Municipal de São Paulo.
O
último ensaio, no Theatro Municipal, teve um convidado de honra: o próprio
artista. Caetano Veloso foi escolhido pelo balé por causa da genialidade no uso
das palavras, da poesia e da música, tão conhecidas pelo público, explica o
diretor do Balé da Cidade, Ismael Ivo.
“Todo
mundo tem um momento da vida que recorda, essa memória emocional, uma canção do
Caetano. Triste, melancólica, alegre, então faz muito parte de nós já todo esse
caetanear, essa musicalidade que ele traz”, afirma Ivo.
Caetano Veloso aprovou espetáculo do Balé da Cidade: ‘Tem músicas minhas que eu nem lembrava’ - Foto: TV Globo/Reprodução |
A
coreógrafa Morena Nascimento Oliveira foi além da obra de Caetano para se
inspirar.
“Eu fiquei vendo vários vídeos dele nos shows
e às vezes dando entrevistas e falando, eu gosto muito assim… de como se
apresenta ele”,
afirma a coreógrafa. “Caetano tem um
jeito de gesticular, de administrar o corpo dele quando tá cantando que isso
parece que só dessa observação eu já tenho tanto material, tanto estímulo para poder
criar uma coreografia inspirada nele e como se quase não precisasse ouvir as
músicas.”
A
trilha sonora do espetáculo tem claro, muitas músicas de Caetano, mas nem todas
em versões originais. Algumas canções foram recortadas, sampleadas ou tocadas
em versões à capela. O espetáculo traz coreografia traz pro palco boa parte do
universo do artista, inclusive referencias e estilos musicais pelos quais ele
passou desde o começo da carreira até hoje.
Caetano
se surpreendeu com o repertório. “Tem
umas músicas minhas de que eu nem me lembrava, uma que chama ‘Vento’ que Gal
(Costa) canta, que eu achei tão linda. Eu quero aprender essa música de novo.”
Ismael Ivo, diretor do Balé da Cidade de São Paulo -Foto: TV Globo/Reprodução |
Caetano ficou
emocionado depois de assistir espetáculo sobre sua obra
Sonia Racy
15 Março 2018
15 Março 2018
Denise Andrade / ESTADÃO |
Caetano Veloso ficou satisfeitíssimo com o resultado do espetáculo
Um Jeito de Corpo, baseado em sua obra e que estreia hoje no Municipal. O
cantor assistiu ao ensaio, anteontem, antes de ir ao jantar na casa de Luciana
Mantegazza (foto acima) e se emocionou, segundo o coreógrafo Ismael Ivo. “Ele lembrou de coisas de que já havia
esquecido e ficou bem tocado”.
Como foi a concepção do espetáculo? “Eu queria homenagear a cultura brasileira, imaginei fazer algo como o
Nobel de Bob Dylan e, pensei: nós temos o nosso Nobel, é o Caetano! Foi assim”.
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