entretenimento
Roberto Midlej
roberto.midlej@redebahia.com.br
28/2/2018
Mostra na Caixa Cultural traz um pouco de Dona Canô
para Salvador
Exposição tem itens como terços e roupas da matriarca dos Vellosos
Zeca e Canô Velloso - Foto: acervo da família |
Uma das lembranças mais vivas que os
familiares de Dona Canô (1907-2012) têm de sua matriarca é a de uma mesa de
refeições farta na casa dela, em Santo Amaro, onde se reuniam para se deliciar
com pratos como maniçoba, frigideira de maturi ou um bom prato da culinária
baiana.
Agora, os soteropolitanos vão poder
sentir um pouco do clima daquelas reuniões familiares: será aberta amanhã, na
Caixa Cultural, na Rua Carlos Gomes, a exposição Ser Feliz É Para Quem Tem Coragem,
que reúne objetos pessoais, fotografias, textos, canções, poemas, vídeos e
depoimentos em torno dos 105 anos de vida de Dona Canô. A abertura é para
convidados e a visitação será de sexta-feira até o dia 27 de maio.
Memória
Até a tal mesa onde a família se reunia estará
reproduzida na mostra. Ju Velloso Mesquita, neta de Canô, lembra da avó e do
avô, Zeca, jantando juntos, sentados nas mesmas cadeiras que estão na
exposição: “Eles sempre dividiam a mesma cabeceira e ficavam ali, apertadinhos,
um ao lado do outro. Muito diferente de hoje, em que marido e mulher, às vezes,
nem têm tempo para almoçar juntos. À noite, na cama, eles ainda dividiam um só
travesseiro”.
Dona Canô, vestida de baiana, para a Festa da Purificação |
Nos pratos postos à mesa serão projetados vídeos
com depoimentos dos filhos e netos de Canô, incluindo os ilustres Caetano
Veloso e Maria Bethânia.
Ju
também fez a curadoria da exposição, tarefa que dividiu com Elaine Hazin e
Tania Fraccaroli. As curadoras foram a Santo Amaro para selecionar o material
da exposição.
Lá,
foram recebidas pelos irmãos Rodrigo - um guardião do acervo da família - e
Mabel Velloso.
“A gente foi pegando as coisas guardadas, algumas numa caixa, e cada uma
delas tinha um pouco de Santo Amaro. Me emocionei muito. Minha mãe morreu há
cinco anos, mas, claro, a gente ainda se emociona”, diz Mabel. A exposição é dividida em diversos ambientes que remetem a
Dona Canô.
Um deles é a igreja, que faz referência à fé, muito
presente no dia a dia da família. Tanto que um altar, como o que Canô tinha em
casa, está na Caixa Cultural. “Ela tinha
uns nichos antigos, em que guardava os santos. E era tudo que é santo! As
pessoas a presenteavam com santos. E chegava uma hora que não cabia mais no
nicho”, observa Mabel. Os terços que Dona Canô usava para rezar também
fazem parte do acervo.
Mulher de fé
A
religiosidade era tão presente na vida da matriarca, que, para tudo, ela
costumava realizar uma missa. Fosse para celebrar o aniversário de um familiar
ou para dar sorte a uma nova turnê dos filhos Caetano e Maria Bethânia, ela
fazia questão de ir à igreja.
E
Mabel herdou um pouco disso: tanto que encomendou uma missa, especialmente para
comemorar a exposição que está sendo aberta.
1961 - A família pronta para a festa de 15 anos de Bethânia |
A vida de Zeca e Canô juntos também é festejada na mostra. Estão ali as cartas que o marido apaixonado - morto aos 82 anos, em 1982 - escrevia à esposa. “Todos os objetos permaneciam intocados desde a morte de Dona Canô, há cinco anos. Pela primeira vez, a família mexeu neles”, observa Elaine Hazin.
Também estão no acervo joias que a matriarca usava
e quadros que enfeitavam a casa. Um dos itens que devem despertar interesse é o
vestido que ela usou no último aniverário. Uma curiosidade: nas suas festas,
Canô não repetia roupas e passava o ano inteiro planejando qual seria o
figurino da festa seguinte. No ano que antecedeu a celebração do centenário,
ela comemorava antecipadamante todo mês, graças a uma ideia de Rodrigo.
O mesmo Rodrigo teve a ideia de criar um terno de
reis especial para celebrar, todos os anos, no dia 7 de janeiro, o casamento
dos pais, desde que celebraram 23 anos de casados. O estandarte usado naquela
celebração está na exposição, na área batizada Terno de Reis.
Canô e Zeca viveram juntos por 53 anos, até a morte
dele, que teve câncer nos ossos. “Foram
cinco décadas de muita felicidade. Foram felizes por todos os filhos e acho que
nenhum de nós soube ser feliz como eles foram. Eu, de tanto vê-los felizes,
fiquei triste quando me dei conta de que a felicidade não é hereditária”,
revela Mabel.
Um outro ambiente, logo na entrada da exposição, é
a Feira, que reproduz a feira popular da cidade, muito frequentada por Dona
Canô. Ali estão depoimentos de pessoas da cidade que conviveram com ela, como o
feirante, a cozinheira e o motorista.
Há ainda o espaço Teatro, em referência à casa de
espetáculos de Santo Amaro que leva o nome de Dona Canô. Na exposição, o espaço
reúne vídeos da matriarca cantando. O início da exposição, em março, quando se
comemora o Dia Internacional da Mulher, não foi por acaso, segundo as
realizadoras. “Essa exposição mostra um
pouco da vida dessa mulher à frente do seu tempo, que soube fazer sua vida além
de todas as possibilidades”, destaca Tania Fraccaroli.
Canô, uma menina
“Minha avó sempre foi para mim uma menina. Construiu uma vida de sonhos,
harmonia, confiança, abundância e sinceridade. É uma alegria imensa poder
realizar uma exposição sobre essa mulher forte que foi Canô”, diz Ju.
Por enquanto, não se sabe se a exposição seguirá
para outras cidades. “Nós torcemos muito
para irmos a outras capitais, como São Paulo e Rio. Não paro de receber pedidos
de diversas regiões. É possível que vá, porque agora o processo é mais simples,
já que, nesta fase, dispensa edital”, diz Ju. A exposição foi viabilizada
por meio de edital da Caixa Cultural.
SERVIÇO
Exposição: Ser Feliz é Para
Quem Tem Coragem
Abertura: 1º de março de
2018 (quinta-feira), às 19h
Período: 2 de março a 27
de maio de 2018
Horário: das 9h às 18h,
de terças-feiras a domingos
Local: CAIXA Cultural
Salvador (Rua Carlos Gomes, 57, Centro – Salvador)
Entrada franca
Informações: (71)
3421-4200
Classificação indicativa: livre
CULTURA
Exposição inédita revela a vida de Dona Canô na Caixa Cultura, em SSA
Na Caixa
Cultura da Carlos Gomes, Salvador
VIA PRESS , Salvador |
04/03/2018
1/3/2018 - Rodrigo, filho de Canô durante visita a Expo
Foto: Ulisses Dumas
|
Dona Canô Velloso é a homenageada da exposição
inédita Ser Feliz É Para Quem Tem Coragem, que teve ontem, 1º de março,
sua noite de abertura na Caixa Cultural Salvador.
A mostra reúne objetos pessoais, fotografias,
textos, canções, poemas, vídeos e depoimentos que perpassam os 105 anos de vida
dela que foi uma das mais notáveis mulheres centenárias da Bahia, símbolo da
cidade de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, e matriarca da família Velloso.
Na
noite de abertura, familiares – entre eles os filhos Rodrigo, Mabel, Roberto e
Irene -, amigos da família e admiradores lotaram o espaço da Caixa Cultural, no
centro da cidade. Com realização, produção e curadoria assinada a seis mãos por
Elaine Hazin, da Via Press Comunicação, Ju Velloso Mesquita e Tania Fraccaroli,
da Tom Tom Produções, Ser Feliz É Para Quem Tem Coragem
estará aberta à visitação gratuita até o dia 27 de maio, de terça-feira a
domingo, das 9h às 18h.
|
Irene, Roberto, Rodrigo e Mabel |
Mostra em homenagem
a Dona Canô transporta visitantes para Santo Amaro
Março 2018
Que
tal fazer uma visita à casa 179 da Rua do Amparo, em Santo Amaro da
Purificação, no Recôncavo Baiano? Ir à mostra Ser Feliz É Para Quem Tem
Coragem, que homenageia a matriarca da família Velloso, Dona Canô, na Caixa
Cultural, é poder ver (e sentir) de perto um pouco do que foi Claudionor Viana
Teles Velloso (1907 -2012).
Objetos
pessoais, fotografias, textos, canções, poemas, vídeos e depoimentos,
transportam os visitantes para o universo simbólico de amor e fé dessa mulher
que resume em si a força e a representatividade de um povo. Com visitação
gratuita aberta até 27 de maio, a mostra é, de fato, um convite à cidade e à
casa – sempre de portas abertas – dos Velloso.
“Tentamos trazer um pedaço de tudo para fazer
essa grande homenagem a minha avó. Tinha que fazer algo assim, que reunisse
tudo isso e que refletisse o tamanho do meu amor”, contou emocionada a neta de Canô, Ju Velloso
Mesquita, na abertura da exposição que aconteceu ontem para convidados. Ju, que
também fez a curadoria da exposição, tarefa que dividiu com Elaine Hazin e
Tania Fraccaroli.
Ju Velloso Mesquita, na abertura da exposição que aconteceu ontem para convidados, ao lado dos terços da avó - Foto: Betto Jr./CORREIO |
“O que está representado de forma mais forte,
para mim, além da relação com meu avô, Zeca, é a fé dela. Tanto que um dos meus
espaços preferidos da mostra é a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação
(onde está a coleção de terços da avó e um altar de orações)”, acrescentou a neta, que
fez pipoca fresquinha para colocar no altar junto a imagem de São Roque.
Santuario - Foto: Betto Jr./CORREIO |
Na
ocasião, os filhos de Dona Canô, Rodrigo – um guardião do acervo da família – e
Mabel Velloso, fizeram uma espécie de visita guiada. “É uma emoção muito grande. Está tudo muito bonito, delicado. Minha mãe
morreu há cinco anos, mas parece que ela está aqui”, declarou Mabel. Rodrigo
destacou a coragem e a personalidade forte da mãe: “Quando meu pai morreu, há mais de 30 anos, ela nos colocou na mesa da
cozinha e disse: ‘vamos fazer de conta que ele viajou e volta’. E assim
fizemos. Se você for lá em casa hoje, está tudo do jeito que ela deixou. Até
anotei tudo que trouxemos para não desorganizar”.
Rodrigo e Mabel Velloso, ao lado de Ana Kalil, responsável pelo projeto expográfico e cenografia da mostra - Foto: Betto Jr./CORREIO |
Logo
na entrada, o passeio é pela feira popular de Santo Antônio, muito frequentada
por Dona Canô, e pelas ruas e casas características da cidade. Ali estão
depoimentos de pessoas que conviveram com ela, como o feirante, a cozinheira e
o motorista.
Caetano
Veloso e Maria Bethânia estão em todos os ambientes, através de músicas ou
poemas recitados. Em uma das salas, uma das lembranças mais vivas que os
familiares de Canô: uma mesa de refeições farta na casa dela, em Santo Amaro,
onde se reuniam para se deliciar com pratos como maturi. Nos pratos postos à
mesa são projetados vídeos com depoimentos dos filhos e netos de Canô. Os 105
anos de vida de Canô ganham um espaço dedicado: uma linha do tempo que se
revela em reproduções de suas caixinhas de terço. “Todos os objetos permaneciam intocados desde a morte de Dona Canô, há
cinco anos. Pela primeira vez, a família mexeu neles”, revelou Elaine.
Tudo
feito para trazer as sensações que se sente ao estar na verdadeira casa. “Precisava trazer as pessoas para Santo
Amaro. Por isso as rendas, a mistura da simplicidade, com fé, amor e também a
culinária”, destaca Ana Kalil, responsável pelo projeto expográfico e
cenografia da mostra.
Dona Canô na Feira de Santo Amaro - Foto: acervo da família |
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