Acervo digitalizado de la obra de Caetano Veloso, organizado por Evangelina Maffei [Buenos Aires, Argentina] Fecha de inicio: 2/12/2010. Sitio oficial de Caetano Veloso: http://www.caetanoveloso.com.br
lunes, 30 de abril de 2018
domingo, 29 de abril de 2018
2018 - PORTUGAL - Entrevista
29 de abril de 2018
João Almeida Moreira
"Não pensávamos na figura que faríamos na história futura"
Caetano Veloso antecipa digressão por Portugal com
dueto com Salvador Sobral na final do Festival da Eurovisão. Uma entrevista a
propósito do movimento Tropicalismo.
Com um novo disco e uma digressão que irá passar
por Portugal, Caetano Veloso recorda um dos maiores mitos musicais do Brasil: o
tropicalismo. Que completou meio século de idade e ainda não perdeu a
atualidade enquanto mensagem social e política, nem deixou de provocar
influências no mundo da música daquele país.
Os espetáculos em Portugal
acontecem em julho e agosto e têm a particularidade de reunir em palco Caetano
e os filhos, Moreno, Zeca e Tom.
Passam 50 anos
e um jornal do outro lado do Atlântico faz duas páginas sobre um disco - e um
movimento. Na altura, sentiam-se a fazer história?
Queríamos urgentemente retomar o aspeto rebelde da
bossa nova e não continuar a imitar suas aparências estilísticas. Também
produzir uma arte que expressasse a violência da situação que vivíamos no
Brasil, conectando--nos com a onda contraculturas que, concomitantemente,
explodia no mundo. Acho que não pensávamos na figura que faríamos na história
futura.
Os media
brasileiros registaram o nascimento do tropicalismo no ano passado, a propósito
do festival de 1967. O DN assinala-o no momento da gravação do disco símbolo.
Que momento considera o original?
Também sou brasileiro: em 1967 cantei Alegria,
Alegria com uma banda de rock num festival de TV, gravei o meu primeiro álbum a
solo que contém essa canção, além de Tropicália, Eles, Superbacana, enfim,
canções que tipificam o movimento. Nesse mesmo ano assisti a O Rei da Vela,
peça do modernista Oswald de Andrade, na montagem do Teatro Oficina, que me
pareceu confirmar o que buscávamos e que já estava no meu disco. Decididamente
em 1967. Se há um momento preciso, este é o lançamento de Alegria, Alegria e de
Domingo no Parque, por Gil, no Festival da Canção, em São Paulo, creio que em
outubro daquele ano.
Os músicos do Tropicalismo: Jorge Benjor, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee, Gal Costa (em cima), Sérgio Dias, Arnaldo Baptista | DR |
"Sem
Caetano, o tropicalismo não existiria", disse Gilberto Gil. Sente que foi,
de facto, o pilar do movimento?
Posso igualmente dizer que sem Gil o tropicalismo
não existiria. Foi ele quem começou a falar em olhar para os Beatles, responder
com alguma violência poética à violência que sofríamos, ouvir a banda de
pífaros de Caruaru, reouvir Luiz Gonzaga, etc. Eu já vinha tendo conversas com
Rogério Duarte sobre Edgar Morin e a mitologia de Holly-wood e ouvi de Bethânia
o conselho de ficar atento a Roberto Carlos e à vitalidade do pop ingénuo. Mas
quem falou em fazer algo como um movimento foi Gil. Acontece apenas que, uma
vez as coisas feitas, eu era sempre mais inclinado a articular argumentos e
explicações.
Não sente que a
música Tropicália está ainda muito atual?
Sinto. Quando a cantei com Gil, faz pouco mais de
um ano, achei que falava de coisas de agora. E no mês passado fui ver a
exposição de Tarsila do Amaral no MoMA de Nova Iorque e dei--me conta de que
essa canção se parece com a tela Abaporu - que é dos anos 1920 e foi o que
inspirou Oswald a escrever o Manifesto Antropófago. Tropicália, que nunca
sequer me pareceu uma canção bonita, surge-me agora como algo duradouro, algo
que responde às dificuldades com que o Brasil se depara e para as quais ainda
não encontrou os meios para as superar.
Como foi o
encontro de baianos, como Caetano e Gil, e a mais completa tradução de São
Paulo, a Rita Lee. Foram momentos loucos, de criação, de drogas, de festas,
como se imagina, ou nem tanto?
O encontro com os Mutantes foi crucial para nós. O
maestro Rogério Duprat pôs-nos em contacto com eles. Arnaldo era um pesquisador
e condutor inspirado e inquieto. Seu irmão Sérgio - ainda na adolescência - era
um génio da guitarra. Mas Rita sempre nos pareceu, a Gil e a mim, a figura com que
mais a gente sentia identificação e para quem prevíamos um futuro de êxitos, o
que veio a se cumprir. Não havia drogas nem festas, apenas frequentes encontros
em meu apartamento de São Paulo, para conversar, planear e comentar coisas.
Rita era uma menina extremamente bonita e era namorada de Arnaldo. A gente nem
dizia palavrão na frente dela.
O tropicalismo,
no papel, teve uma vida curta: ou acha que, por ser tão diverso e tão
inspirador, ainda vive sob a capa de outros géneros? Se sim, quais: o funk carioca?
A capacidade de aceitar criticamente e acompanhar
esteticamente o funk que se produziu nas favelas cariocas é algo que seria
impensável se não tivesse havido o tropicalismo. O mesmo serve para o axé do
carnaval baiano e até para o pop sertanejo do Centro-Oeste. Quanto à inspiração
sobre criadores, bem, quase todos da nossa geração (e Chico Buarque, também
nisso, na frente) souberam nadar nas águas que libertámos das velhas barragens.
O originalíssimo fusion dos mineiros dos anos 1970, os pioneiros do neo rock
vindos do Ceará um pouco depois e os roqueiros dos anos 1980 não teriam
encontrado o ambiente recetivo que encontraram. O próprio Raul Seixas, nosso
contemporâneo, tampouco acharia o lugar que achou no mercado e na crítica. Mas
nenhum deles é seguidor ou imitador do tropicalismo. Hoje, vejo traços de
aspetos profundos do tropicalismo na obra de um Thiago Amud, por exemplo.
A música hoje
já não é tanto um instrumento político como naquela época. Ou ainda é?
Discussões políticas estão na moda no Brasil agora.
Muitos artistas manifestam-se, inclusive com um grupo relevante de músicos
populares à direita. A maioria ainda tende para a esquerda, mas os da direita
têm sido mais vocais. Por enquanto tudo se passa em posts nas redes sociais, em
blogues e em entrevistas. Quem sabe de repente algumas canções saem daí?
A conjuntura
política - ditadura militar, guerra fria, Vietname - é o cenário, até
motivação, do tropicalismo. O Brasil e o mundo estão muito melhores hoje mas
ainda assim há Trump, há o assassínio de Marielle, há a prisão do primeiro
pobre eleito presidente. São dias sombrios para o país?
São dias bastante sombrios. Mas a reação ao
assassínio de Marielle mostra uma união da maioria da população brasileira.
Muitos dos jovens ingénuos que saem às ruas contra Lula e o PT, revoltam-se
contra o que aconteceu com Marielle. Em dois espetáculos recentes eu gritei
"Lula livre" e as plateias dividiram-se entre aplausos (imediatos) e
vaias (retardadas, mas duradouras); quando eu disse "Marielle vive" o
longo aplauso foi unânime.
Tropicalismo
faz 50 anos, mais atual do que nunca
Há 50 anos, um grupo multicolor de jovens
brasileiros cabeludos, excessivo, às vezes debochado, derrubou os muros que
separavam o luxo do lixo através do disco Tropicália ou Panis et Circencis, o
manifesto definitivo do tropicalismo, movimento que reuniu música pop e
concretismo, guitarra elétrica e berimbau, brega e psicadélico, muita criação e
nenhum preconceito.
"A tropicália rompeu com a separação radical
entre o erudito e o popular, representou a libertação de todas as
possibilidades na música brasileira", resumiu o poeta e compositor Antônio
Cícero. "Os tropicalistas buscavam uma cena que fosse um pouco mais
aberta, com menos preconceitos e mais liberdade de criação. Não existia uma
forma tropicalista de fazer música, existiam várias, do rock à música caipira,
da marcha ao baião", afirmou Carlos Calado, autor do livro Tropicalia - A
História de Uma Revolução Musical.
Quando nasce o tropicalismo? Muitos, incluindo
Caetano Veloso, talvez o seu expoente, consideram o 21 de outubro de 1967 (ler
entrevista à esquerda), quando meio Brasil parou para assistir na TV Record à
terceira edição do Festival de Música Popular Brasileira, um fenómeno de
popularidade na época, ao jeito do Festival da Canção português. Entre os
concorrentes, Edu Lobo, que venceria com a canção Ponteio, Chico Buarque, cuja
Roda Viva foi terceira classificada, Roberto Carlos, Elis Regina e outros
astros em embrião. Mas foram a segunda e a quarta classificadas, Domingo no
Parque, de Gilberto Gil, e Alegria, Alegria, de Caetano, que tiveram o
privilégio de lançar as bases para um movimento.
Em fevereiro de 1968, o crítico Nelson Motta
anunciava o nascimento nas páginas do jornal Última Hora: "Um grupo de
cineastas, jornalistas, músicos e intelectuais resolveu fundar um movimento
brasileiro mas com possibilidades de se transformar em escala mundial: o
tropicalismo. Assumir completamente tudo o que a vida dos trópicos pode dar,
sem preconceitos de ordem estática, sem cogitar cafonice ou mau gosto, apenas
vivendo a tropicalidade e o novo universo que ele encerra, ainda
desconhecido." E no rescaldo daquele texto, o poeta Torquato Neto, um dos
integrantes de Tropicália ou Panis et Circensis lançou Tropicalismo para Principiantes,
um breviário do movimento. "Mas a moda não deve pegar e os ídolos
continuarão os mesmos, Beatles, Marylin, Che e Sinatra", lamentava-se.
O movimento, que transcendeu a música, terá
começado antes, defende o professor universitário Frederico Coelho, para quem
"[Hélio] Oiticica já o vinha construindo nas artes plásticas desde os anos
50". Depois, houve a conjuntura propícia nacional e internacional: "A
passagem da euforia desenvolvimentista no país para a ditadura militar e o
Vietname, a Guerra Fria, a arte diagnosticou a crise."
1980 - ABANDONADO / ABANDONO
“…
Fui buscar essa, e mais duas outras inéditas, que ele nos deu, pra esse LP de
1980: Abandonado (inédita), Love love love e Não posso me esquecer
do adeus. Ele morava no Leblon, num
predio baixo de poucos andares, e lembro que fui lá com o meu filho João. Levei
meu gravadorzinho, e, sentados no chão da sua sala, ele e eu tecemos
comentários sobre as três músicas. Eu me apaixonei por todas. Acabamos gravando
todas elas. …”
[Cynara Faria]
Música y letra: Caetano Veloso
© 1980 Editora Gapa/Warner Chappell
© 1980 Editora Gapa/Warner Chappell
Mamãe
A noite é um pavor
Fria do teu calor
Por favor
Venha
Neném
Tudo o que há pra viver
Tá morto de você
Ódio do amor
Será que você näo sabia?
Nunca saberá?
Que tudo aqui sabia
Sempre saberá
Fortemente a você?
O dia em cada dia
Nossa cria
Bichinho
Os nossos curiós
Mudos de tua voz
Tudo eu te chamo
Mulher
O céu não tem azuis
Negro da tua luz
Não brilham mais
Será que você não sabia?
Nunca saberá?
Que tudo aquí sabia
Sempre saberá
Fortemente a você?
A poesia
O dia
Nossa cria
Mamãe
Você tem que voltar
Numa onda do mar
Para me amar
1980 - QUARTETO em CY
61125237 / 3:05
Álbum
"Quarteto em Cy interpreta: Gonzaguinha, Caetano, Ivan, Milton"
Capa:
Ziraldo
Philips
LP 6349 450, A-1.
Philips CD PHCA 4206, Track 1. [1998, Japón]
2001 – GAL COSTA
BRBMG
0100122 / 3:08
Álbum
“Gal de Tantos Amores”
BMG
Brasil CD 74321842582, Track 8.
2018 - OFERTÓRIO - CAETANO MORENO ZECA TOM VELOSO
28 de abril de 2018
No Fantástico, Caetano
Veloso lembra de um dos momentos mais difíceis da sua carreira, 50 anos depois
O
cantor com Moreno, Zeca, Tom e Tadeu Schmidt - Foto: Felipe Martini / Globo
|
1968 não foi um ano qualquer. No chamado “ano que não terminou”, nem a arte foi poupada.
Na época, Caetano Veloso foi intensamente vaiado pela plateia
ao cantar ‘É Proibido Proibir’, uma música que evocava um dos gritos da
juventude que havia virado Paris de cabeça para baixo em maio de 1968, no
Festival Internacional da Canção.
Ali, ele parou de cantar para fazer um discurso histórico.
Cinquenta anos depois, o repórter Marcelo Canellas leva Caetano de volta ao
Teatro TUCA, em São Paulo, para repercutir esse momento singular da história
dos festivais de música do Brasil e o convida a cantar novamente “É Proibido
Proibir” no palco do programa, acompanhado pelos filhos Moreno, Zeca e Tom.
“Essa geração de 68 pretendia transformar o nosso país. E a
gente vive hoje as mesmas dificuldades do ponto de vista da desigualdade, da
concentração de terras, da concentração de renda”, compara o cantor.
A matéria e o musical vão ao ar no ‘Fantástico’ deste
domingo, dia 29/4.
Crédito: facebook |
SHOW COM MORENO, ZECA E TOM
Caetano
Veloso e os filhos Moreno, Zeca e Tom estão em turnê com o show Ofertório.
Eles têm lotado as apresentações em todo o país.
Inclusive, a canção Todo Homem, tema de abertura da série global Onde Nascem os Fortes, é de Zeca Veloso, e está no espetáculo. Em sua rede social, Caetano compartilha momentos do show e dos bastidores.
sábado, 28 de abril de 2018
2015 - 11ª VIRADA CULTURAL
A Virada Cultural acontecerá nos dias 20 e 21 de junho por toda a capital paulista.
Durante 24 horas
ininterruptas, serão mais de 1000 atrações grátis distribuídas em palcos
localizados no Centro e em vários bairros, colocando a cidade de São Paulo,
mais uma vez, como a capital mundial da cultura. É a maior oportunidade de
convivência dos paulistanos.
No Palco Júlio Prestes, a
partir das 19h do dia 20, acontece o show de abertura com a cantora baiana
Margareth Menezes. No mesmo palco também haverá apresentações de Lenine,
Emicida, Fábio Jr. Quem encerra a programação é o cantor e compositor Caetano
Veloso no dia 21, às 18h.
"Muito
feliz em estar em São Paulo, fazer o último show aqui. Para nossa história,
isso vale muito", disse o cantor sobre também terminar a turnê
"Abraçaço"
Foto: Celso Tavares / EGO |
Foto: Celso Tavares / EGO |
Foto: Carla Carniel/Frame/Estadão |
1995 - CAETANO VELOSO E REGINA CASÉ - Vigário Geral
Publicação
do Grupo Cultural Afro Reggae
Ano III - n°
16 / Junho 1995
Distribuição gratuita
Distribuição gratuita
Caetano e Regina
Casé batizam a Banda AfroReggae
Mais
um passo foi dado para a consolidação do trabalho que o GCAR vem desenvolvendo,
só que desta vez contando com o apoio de dois autistas consagrados no cená rio
brasileiro, que vincularam as suas imagens e trajetórias à nossa e resolveram
batizar a Banda Afro Reggae. Os padrinhos Caetano Veloso e Regina Casé
emocionaram o público que esteve presente no evento e também se emocionaram por
estarem dentro da favela de Vigário Geral e terem a oportunidade de receber
todo o calor humano daqueles que são denominados excluídos.
E
foram esses excluídos que mostraram um grande poder de organização e
participação. Pois independente do GCAR, da CASA DA PAZ e do Manoel Ribeiro (um
dos produtores do evento), a comunidade também se fez presente no Batizado. Foi
extremamente importante a participação dessas pessoas, que fora de Vigário Geral
são inteiramente desconhecidas, mas que quando têm que representar a
comunidade, se empenham ao máximo e colocam toda a sua auto-estima para fora.
Não
podemos deixar de citar que sem os patrocinadores que abraçaram a idéia, a
empresa M.W. Barroso Silk-Screen e Caixa Econômica Federal, não conseguiríamos
fazer nem a metade do que representou o evento. E que pessoas como Nanko Van
Buuren (IBISS), Lorenzo Zanetti e Cléa Silveira (SAAP/FASE), Cristiano e Hector
(CAMPO), Cinthya Paes (ASHOKA) foram fundamentais nesse processo. Afinal, todos
eles sempre acreditaram no potencial do Grupo Cultural Afro Reggae e, muito
provavelmente, sem esse apoio não teríamos alcançado todos esses objetivos. O
GCAR sempre teve em mente que um grupo forte é aquele que sabe das suas
limitações e abre o seu trabalho para as parcerias.
Gostaríamos também
de agradecer algumas pessoas que colaboraram e incentivaram com a visão
vanguardista que o AFRO REGGAE se propõe: Cindy Albertal Lessa, Peter Fry, Luís
Cláudio Oliveira, Waly Salomão e Manoel Ribeiro. A maioria destes nomes são
conhecidos dos leitores do ARN e no meio das ONGs. Agora vai uma lista de nomes
dos nossos ilustres desconhecidos: Careca, Penha, Zé, Ronaldo (Mineira), B.A,
Joel, Zé Luís, Somebody Love e todas os pais que se emocionaram ao ver os
seusfilhos e filhas ao lado dos seus ilustres padrinos.
9/6/2017 - A
empatia entre Regina e as bailarinas da Banda AfroReggae ficou evidente pelo
carinho entre elas
|
Caetano Veloso e
Regina Casé: padrinos da BANDA AFROREGGAE
José Renato
Texto e fotos
Vigário Legal quer dizer paz
entre as comunidades de Vigário Geral e Parada de Lucas, duas favelas vizinhas
que viveram em guerra durantes anos. Simboliza uma nova etapa das oficinas de
dança e percussão do GCAR, em convênio com a Casa da Paz. Vigário Legal são as populações ditas excluídas dando a volta por
cima, e aparecendo de cabeça erguida nas manchetes de jornais. Vigário Legal é Caetano Veloso e Regina
Case entrando numa favela para batizar uma banda de 35 crianças entre 5 a 16
anos. Vigário Legal é o sucesso de um
projeto de socialização através da cultura que está abrindo novas perspectivas
pra uma população que vive guetizada.
O
início de toda esta história começou no dia 17 de dezembro do ano passado,
quando Caetano Veloso recebeu um telefonema de Regina Case chamando-o para
conhecer Luciana Barbosa, 12 anos, moradora da favela de Vigário Geral, e os
outros integrantes da oficina de dança afro e percussão do Grupo Cultural Afro
Reggae (GCAR). Luciana queria convidá-lo para assistir a uma apresentação que
ela faria para um grupo de intelectuais reunidos no Hotel Marina Palace, no
Leblon, para discutir os sinais de turbulência que tomam conta do mundo neste
fim de século.
Em
poucos minutos Caetano chegava ao encontro de Regina Casé para assistir a
apresentação das oficinas e se entusiasmou muito com o que viu. Amor à primeira
vista, naquele momento começava a relação que veio a dar na escolha dos dois
para serem padrinhos.
Na
verdade, Caetano já havia tomado conhecimento das oficinas desenvolvidas pelo
GCAR através do jornal Afro Reggae
Notícias, do qual é leitor, assim como outras três mil pessoas que o
recebem por mala direta. E através de Waly Salomão, Diretor Social do GCAR
também foi apresentado a integrantes do Grupo.
9/6/1995
- Caetano Veloso batizando o grupo Afro Reggae, na favela de Vigário Geral
Foto: Patricia Santos / Folhapress
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