O GLOBO
Cultura
8/10/2017
Artistas como Fernanda
Montenegro, Marisa Monte e Caetano Veloso gravam vídeos contra a censura
Caetano Veloso em vídeo da
campanha 342 Artes – Reprodução
|
RIO - Como parte da campanha
342 Artes, artistas brasileiros se uniram para gravar vídeos contra o
cancelamento da exposição “Queermuseu” pelo Santander Cultural,
em Porto Alegre, e a polêmica envolvendo a performance “La bête”, no MAM de São Paulo.
Entre os que participaram,
estão a atriz Fernanda Montenegro. "Tudo
é cultura, inclusive a cultura de repressão. Mas só há um tipo de cultura que
realmente constrói um país: a cultura da liberdade", diz essa. A
campanha também conta com Caetano Veloso, Marisa Monte, Cissa Guimarães,
Adriana Varejão, Zezé Polessa, Antonio Calloni, Vik Muniz, Marcos Caruso,
Alinne Moraes, Ernesto Neto, Luiz Zerbini.
"Fica bem claro que esse é um processo forte pela criminalização da arte, e contra o qual temos que lutar com bastante veemência", disse Gaudêncio Fidélis, curador da mostra "Queermuseu", contra o que a campanha chama de "uma onda conservadora".
Filha de Fernanda Montenegro, a atriz Fernanda Torres também deu seu depoimento para a campanha. "Eu fui uma criança educada em teatro, e acho que maus tratos a crianças e adolescentes acontecem em ambientes justamente opostos, lugares esquecidos pelo estrado, onde as crianças não têm acesso a habitação, a transporte, a saneamento, a saúde, a educação, a cultura e a arte, num ambiente assim a criança fica exposta ao crime".
"Fica bem claro que esse é um processo forte pela criminalização da arte, e contra o qual temos que lutar com bastante veemência", disse Gaudêncio Fidélis, curador da mostra "Queermuseu", contra o que a campanha chama de "uma onda conservadora".
Filha de Fernanda Montenegro, a atriz Fernanda Torres também deu seu depoimento para a campanha. "Eu fui uma criança educada em teatro, e acho que maus tratos a crianças e adolescentes acontecem em ambientes justamente opostos, lugares esquecidos pelo estrado, onde as crianças não têm acesso a habitação, a transporte, a saneamento, a saúde, a educação, a cultura e a arte, num ambiente assim a criança fica exposta ao crime".
20/10/2017 |
Em BH, Caetano Veloso manifesta-se em favor da liberdade de expressão artística
Crítica ocorre após protestos
contra exposições de arte em diversas cidades do Brasil; entre elas, a capital
mineira.
Por G1 MG, Belo Horizonte
08/10/2017
Caetano Veloso visita exposição que gerou protestos em BH Foto: Reprodução/TV Globo |
Em
passagem por Belo Horizonte, o cantor e compositor Caetano Veloso manifestou-se
em favor da liberdade de expressão artística neste domingo (8). A crítica foi
pontuada durante coletiva de imprensa que antecedeu a apresentação do músico na
cidade.
O
espetáculo de Veloso ocorre neste fim de semana, no Palácio das Artes, mesmo centro
cultural que foi alvo de protestos
na última quinta-feira (5) por causa da exposição “Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina”, com obras de
Pedro Moraleida, em cartaz na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard.
A
exposição que reúne esculturas, textos, radiografias, vinhetas musicais,
desenhos e pinturas foi aberta ao público no dia 1º de setembro, e já atraiu um
público de cerca de seis mil pessoas. A mostra tem imagens que relacionam
símbolos cristãos e sexo.
Cantor Caetano durante passagem por Belo Horizonte Foto: Mariah Soares/Fundação Cloves Salgado |
Nas
palavras de Caetano Veloso, não há nada de estranho ao que é a tradição das
artes em nenhuma das exposições que foram discutidas e alvos de crítica no
Brasil, recentemente. “Não há nada aqui que já não tenha sido feito na história
da arte. Faz pensar em Basquiat, faz pensar em Hélio Oiticica na parte
conteudística do trabalho dele, faz pensar no que vem acontecendo na arte desde
o século XX”, afirmou.
Sobre
os protestos da capital mineira, o músico revelou surpresa ao saber que um
grupo se manifestou a favor da liberdade artística. “Neste caso, Belo Horizonte
está de parabéns”, opinou.
A
produtora Paula Lavigne estava no local e explicou que o projeto “#342 Artes”,
contrário a "censura artística" e lançado nacionalmente neste domingo
(8), vem na sequência de uma campanha feita na internet que pressionava
deputados pela investigação de Temer, para o qual eram necessários 342 votos.
Por isso o nome "#342Artes".
A reunião que pensou a
campanha começou em reunião feita na casa da artista. “É uma onda reacionária de invenção que arte tem crime. Arte não tem
crime. Não existe classificação de idades para museus. Podemos discutir isso. É
bom que a gente discuta isso. Mas daí você censurar uma exposição, é muito
diferente”, defendeu Paula.
Reafirmando a fala de
Caetano, Paula disse que Belo Horizonte começou um processo importante e “está
na vanguarda”.
Foto: Juarez Rodrigues/Em/D.A.Press |
- “Algumas pessoas
podem ser enganadas, pensando que essas pessoas estão querendo defender os bons
costumes e a segurança da família, mas na verdade isso é um esboço de opressão.
Se as pessoas aderirem a isso, nós temos uma ameaça de chegarmos a uma situação
opressiva"
- "Eu vivi o período da
ditadura e não quero nada parecido com isso"
[C.V., 8/10/2017]
Fotos: Uarlen Valerio / O Tempo
Protestos
em BH
Evangélicos protestam contra exposição de Pedro Moraleida, em Belo Horizonte, na última quinta-feira (5/10) (Foto: Michele Marie/ G1 ) |
Na semana passada, um grupo de manifestantes alegou
que os mais de 130 trabalhos expostos no Palácio das Artes fazem com que
crianças entrem em contato com pornografia e pedofilia. Os manifestantes
chegaram a fechar a Avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, por cerca
de 40 minutos. Houve um princípio de confusão quando o grupo tentou impedir
pessoas de visitarem a exposição.
Em resposta, o Palácio das Artes afirmou que a
exposição “Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina” é destinada a maiores de 18 anos.
As crianças só têm acesso ao local se estiverem acompanhadas dos pais, diz o
palácio.
Na mesma data, na seda da Funarte, na Região Leste
da capital mineira, outro protesto foi registrado contra uma manifestação
artística. A peça “Evangelho segundo Jesus, rainha do céu”, encenado pela atriz
trans Renata Carvalho, foi alvo de um grupo de evangélicos.
De acordo com a assessoria do espetáculo, todos os
ingressos foram vendidos.
“Evangelho segundo Jesus, rainha do céu” já havia
sido exibido em Belo Horizonte em 2016. Já em Jundiaí, em SP, a peça chegou a
ser censurada.
Na
sexta-feira (6), um grupo de artistas também se manifestou em homenagem ao
artista plástico Pedro Moraleida e em defesa da liberdade de expressão. Moraleida é autor das obras em cartaz na exposição exposição “Faça
Você Mesmo Sua Capela Sistina”.
Eles se concentraram na
entrada do Palácio das Artes, local que abriga a exposição.
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