18/12/2013
Gilberto
Gil e Caetano Veloso fazem show no aniversário da ONG Viva Rio
Grupo surgiu após a chacina
da Candelária e o massacre de Vigário Geral.
Evento de aniversário de 20
anos teve música das comunidades.
Um encontro entre dois dos
maiores músicos brasileiros, Gilberto Gil e Caetano Veloso, marcou o evento de
aniversário de 20 anos da ONG Viva Rio nesta terça-feira (17), como mostrou o
Bom Dia Rio. A comemoração contou ainda com a participação de grupos musicais
de comunidades do Rio e do Grupo Ham, uma banda que veio do Haiti para
prestigiar a festa.
A ONG Viva Rio nasceu em um
momento complicado da história da cidade. A organização foi formada em dezembro
de 1993, mesmo ano em que o Rio estava assustado com a chacina da Candelária,
onde seis jovens e dois adultos moradores de rua foram assassinados, e o
massacre de Vigário Geral, que deixou 21 pessoas mortas.
O objetivo do movimento era e
ainda é promover uma cultura de paz. Para isso, lançou campanhas como a do
desarmamento, que já arrecadou 600 mil armas e pretende unir cada vez mais a
favela e o asfalto, trabalhando com a inclusão social há duas décadas. O Viva
Rio teve sucesso e ganhou o mundo quando foi ajudar a população do Haiti à convite
das Nações Unidas.
“Exemplos como Viva Rio são demonstração de capacidade de resposta que a
sociedade deve dar as suas próprias questões, suas próprias duvidas, o
pagamento das dividas contraídas ao longo de sua própria historia”, disse Gilberto Gil.
O show contou com quem faz
sucesso nas comunidades, como o grupo Chorando à Toa, de músicos da Rocinha, e
as jovens Estrelas da Maré, que comemoraram com o Viva Rio os projetos
desenvolvidos no complexo. A Orquestra Maré do Amanhã brilhou na noite, levando
para quadra da Unidos da Tijuca, na Zona Norte, um som que não é comum ao
ambiente.
Criolo e Caetano Veloso posam durante o evento na Unidos da Tijuca Foto: Leo Martins Agência O Globo |
O GLOBO
Show de 20 anos do Viva Rio
tem a plateia cantando junto os hits de Caetano e Gil
Evento aconteceu na quadra da Unidos da Tijuca
por Maria Fortuna - Coluna Gente Boa
19/12/2013 7:00
RIO
- Assim que Gilberto Gil faz a segunda voz em “Cajuína”, Caetano Veloso
agradece desta maneira: “Obrigado, ‘Jiló’, ficou muito bom!”. Ele repete ao
microfone o apelido carinhoso com o qual chama o parceiro na intimidade, e
brinca com a sonoridade de seu nome. Foi neste clima de festa o show pelos 20
anos da ONG Viva Rio, na quadra da Unidos da Tijuca.
Os
dois fazem apresentação recheada de hits, como “Andar com fé”, “Sozinho”, “A
paz”, “A luz de Tieta” e “Luz do sol". Gil canta “Maracatu atômico” e
Caetano dança, sacudindo os ombros. A plateia canta junto quase todas as
músicas, sabe as letras de cor.
Na
hora de “Haiti”, canção que também completou duas décadas este ano, Gil e
Caetano leem a letra. A banda haitiana Ram, que classifica seu som de
influência africana como “vodu rock”, invade o palco e já entra dançando.
Os
músicos envolvem Caetano e Gil numa roda. Todo mundo faz um trenzinho,
sacolejando no ritmo da música. “Eles tocam naquela parte que o Olodum fazia
com a gente, lembra?”, explicava Gil, pouco antes do show, no camarim.
Quando
Caetano chega aos bastidores, acompanhado do rapper Criolo, ele e Gil vão até a
sala reservada ao Ram para fazer um miniensaio. “O que você acha de a gente
começar tocando e puxarmos uma roda?”, sugere Gil ao músico Richard Most, num
francês perfeito. Todos saem rodopiando pelo camarim. Gil pôs no repertório a
canção “La renaissance africaine” em “homenagem os haitianos”. É que o Viva Rio
atua naquele país desde 2004 em missão de paz.
“O
Haiti ainda é aqui, Gil?”, quer saber uma repórter. “Continua sendo, mas os
Amarildos estão no mundo todo, olhe para o Oriente Médio!”
No
entanto, o compositor acha que houve avanços desde que compôs a música com
Caetano. “O Rio está melhor. A sociedade presta mais atenção nas comunidades
periféricas e as reações aumentaram”.
No
palco, Rubem César Fernandes, fundador do Viva Rio, pede “dois minutos de
silêncio” às vítimas da chuva recente e da violência urbana. “Vamos levantar os
braços para abençoar”, convoca, sendo obedecido na hora.
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