14 de julho de
2009
Caetano Veloso participa de pré-estreia de filme em São Paulo
Caetano Veloso participa de pré-estreia de filme em São Paulo
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
Do Diário do Grande ABC
O cantor e compositor Caetano Veloso compareceu na noite desta terça-feira, no Morumbi Shopping, na pré-estreia do filme "Coração Vagabundo", do diretor Fernando Grostein Andrade. O filme registra os bastidores da turnê "A foreign sound", promovido pelo músico entre 2003 e 2005 e único álbum gravado todo em inglês.
Amigos ilustres do artista prestigiaram o evento, entre eles a
comediante Regina Case, a atriz Luciana Vendramini e o cantor Zezé Di
Camargo, que estava acompanhado de sua mulher, Zulu.
"Adorei o filme. Acho que o
senso de humor do Caetano está cada vez mais apurado", disse Regina Case.
"Coração Vagabundo" tem estréia prevista em circuito nacional para o
próximo dia 24.
14/07/09
14/07/09
'Eu não estou tão bem nesse filme', diz Caetano sobre
cena de nudez
Cantor conta que prefere foto nu quando era mais novo
Odara
Gallo
Do EGO, em São Paulo
Durante a pré-estreia do
documentário "Coração
Vagabundo", realizada em São Paulo, nesta
terça-feira, 14, Caetano Veloso falou sobre sua breve cena de nudez no longa,
que mostra os bastidores de sua excursão ao Japão. "Eu não estou tão bem
nesse filme e é muito rápido", disse bem-humorado.
Ao falar que não está tão
bem na cena, Caetano usou como comparação uma foto de nu artístico, feita para
uma publicação. "Existe uma fotografia que foi feita há muitos anos para a
revista "TPM" em que eu estou realmente nu e eu gosto daquela foto.
Eu era mais novo também", falou o cantor.
Quarta,
15 de julho de 2009
Redação
Terra
Danilo
Lima
Lavigne sugeriu que Caetano
aparecesse nu em 'Coração Vagabundo'
No documentário Coração Vagabundo, do jovem Fernando
Grostein Andrade, Caetano Veloso aparece numa rápida cena de nu frontal. E,
contrariando os rumores de que o protagonista da história teria ficado irado
com a ideia, uma surpresa: ela partiu da própria Paula Lavigne, ex-mulher do
cantor, e grande conhecida por seus ataques de ciúmes.
"Eu comecei a filmar, mas sabia que nunca iriam
autorizar a imagem dele nu. Então, na edição, eu cortava exatamente quando ele
aparecia no banheiro. Quando mostrei pra Paula, ela soltou: 'Você vai tirar a
melhor parte! Está louco?'", revelou Andrade em entrevista realizada nesta
terça-feira, em São Paulo.
Taxado de vazio por alguns críticos de cinema, Coração
Vagabundo mostra nada mais do que as viagens que Caetano fez para divulgar A
Foreign Sound, primeiro de seus discos todo cantado em inglês. Andrade o
seguiu em São Paulo, Nova York, nos Estados Unidos, e Tóquio, Osaka e Quioto,
no Japão.
Nas viagens, Caetano visita lugares históricos, comenta
situações cotidianas, filosofa, conta piadas e encontra velhos amigos que
apreciam seu trabalho, entre eles Gisele Bündchen - que ganha uma
"página" especial por conta da relação entre Paula e Caetano -,
Regina Casé e David Byrne.
Caetano,
que se mostra um inveterado "falador", afirma ter gostado do
resultado. "Eu não gosto muito de me ver e fico um pouco envergonhado de
falar tanto. Mas mesmo assim eu consegui acompanhar sem desagrado. As escolhas
das falas me pareceram boas", conta ele, que não hesitou em rebater,
também, os comentários negativos sobre o filme, que já esteve em exibição no
festival É Tudo Verdade, além de festivais internacionais, entre eles o
de Roma.
"Eu
não achei o filme superficial. Ele é bem despretensioso apenas", cita. Se
depender das explicações de Andrade, Caetano tem lá suas razões. A princípio, Coração
Vagabundo seria usado apenas como um extra do DVD do show de A Foreign
Sound, mas a riqueza de imagens fez com que eles mudassem de ideia. O
resultado: uma hora de proximidade direta - e sem rodeios - com um dos maiores
músicos do Brasil. Algo que deve interessar (e muito) aos fãs, mas não se
tornar um produto de ampla expressividade comercial.
Como não
deixaria de ser - e que já se repetiu em toda a vasta carreira do cantor -, o
mais "baqueado" com essa relação muito próxima dos espectadores deve
ser o próprio Caetano. Declarações polêmicas não faltam. E numa delas, o cantor
afirma, com todas as palavras, que a música americana é a melhor já feita nos
últimos tempos.
"Viajando
pelo mundo, eu vejo que há pessoas que adoram música brasileira. No entanto, o
que eu falei no filme é uma evidência indescritível em qualquer parte do mundo.
É uma situação incrível de superioridade", dispara.
Nem
é preciso adiantar, também, que o filme mostra um Caetano, que, no fundo já
conhecíamos - nos últimos anos, tal suspeita tornou-se evidente com o blog Obra
em Construção, em que o cantor soltava o verbo. No início de Coração
Vagabundo, Caetano diz que "engole muitos sapos, mas não todos".
Na produção do documentário, segundo ele, só teve que engolir um: "Você
fica fazendo excursão e sendo filmado o tempo todo. Às vezes eu tinha que
engolir um sapinho de ir encontrar o Fernando para gravar. Mas foi só",
diverte-se.
15/07/2009
"Às
vezes eu tive que engolir um sapinho", afirma Caetano Veloso
Cantor
participou da pré-estreia do filme “Coração Vagabundo”, documentário dirigido
por Fernando Grostein de Andrade que mostra shows fora do país
Caetano
Veloso participou da pré-estreia de “Coração Vagabundo”, documentário dirigido
por Fernando Grostein de Andrade e que mostra turnê de “A Foreing Sound”, na
noite de terça (14). O cantor falou que teve que engolir alguns sapos durante
as filmagens.
“Tive que aguentar o Fernando. Às vezes eu tive que engolir um sapinho. Acordava e o Fernando estava lá esperando para filmar e eu acabava dizendo ‘tá bom’. Acho que foi mais isso. No resto foi só alegria”, disse o músico.
O filme mostra apresentações de Caetano em cidades como São Paulo, Nova York, Tóquio e Kyoto. O músico excursionou durante a turnê “A Foreing Sound”, único álbum de Caetano gravado todo em inglês.
”Não é um filme biográfico para defini-lo. È uma tarefa impossível. O filme é um recorte em uma viagem”, comentou Andrade. “Não foi planejado, foi acontecendo. Não precisou ir à Bahia porque ele [Caetano] é cem por cento baiano”.
Andrade já havia dirigido o curta-metragem “De Morango", que foi exibido na 27º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O filme foi visto por Paula Lavigne e ela convidou o cineasta a filmar Caetano. Paula, por sinal, assina a produção do documentário ao lado de Raul Dória.
“Ela [Paula] está bem no filme. Está bonita. Ela aparecer no início é a cara do filme porque foi ela quem começou com tudo isso”, afirmou Caetano. Paula foi casada com o cantor e tem dois filhos com ele.
O documentário mostra a intimidade de Caetano, desde uma cena dele nu no chuveiro, até divagações sobre a vida enquanto embarca em um trem no Japão. No meio de suas opiniões e sobre sua vida, o público pode ver apresentações musicais e até fãs orientais arriscando cantar “Coração Vagabundo”.
"Não gosto muito de me ver e fico um pouco envergonhado de ter falado tanto, mas o documentário foi feito de um jeito que não me causa desagrado", falou Caetano. O músico não deu opinião alguma sobre a montagem e nem censurou qualquer cena. “Nem ele e nem ninguém”, completou Andrade.
“Coração Vagabundo” também traz opiniões sobre Caetano. Participam do filme Pedro Almodóvar, Michelangelo Antonioni, Gisele Bündchen e David Byrne. A distribuição é da Paramount Pictures.
“Tive que aguentar o Fernando. Às vezes eu tive que engolir um sapinho. Acordava e o Fernando estava lá esperando para filmar e eu acabava dizendo ‘tá bom’. Acho que foi mais isso. No resto foi só alegria”, disse o músico.
O filme mostra apresentações de Caetano em cidades como São Paulo, Nova York, Tóquio e Kyoto. O músico excursionou durante a turnê “A Foreing Sound”, único álbum de Caetano gravado todo em inglês.
”Não é um filme biográfico para defini-lo. È uma tarefa impossível. O filme é um recorte em uma viagem”, comentou Andrade. “Não foi planejado, foi acontecendo. Não precisou ir à Bahia porque ele [Caetano] é cem por cento baiano”.
Andrade já havia dirigido o curta-metragem “De Morango", que foi exibido na 27º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O filme foi visto por Paula Lavigne e ela convidou o cineasta a filmar Caetano. Paula, por sinal, assina a produção do documentário ao lado de Raul Dória.
“Ela [Paula] está bem no filme. Está bonita. Ela aparecer no início é a cara do filme porque foi ela quem começou com tudo isso”, afirmou Caetano. Paula foi casada com o cantor e tem dois filhos com ele.
O documentário mostra a intimidade de Caetano, desde uma cena dele nu no chuveiro, até divagações sobre a vida enquanto embarca em um trem no Japão. No meio de suas opiniões e sobre sua vida, o público pode ver apresentações musicais e até fãs orientais arriscando cantar “Coração Vagabundo”.
"Não gosto muito de me ver e fico um pouco envergonhado de ter falado tanto, mas o documentário foi feito de um jeito que não me causa desagrado", falou Caetano. O músico não deu opinião alguma sobre a montagem e nem censurou qualquer cena. “Nem ele e nem ninguém”, completou Andrade.
“Coração Vagabundo” também traz opiniões sobre Caetano. Participam do filme Pedro Almodóvar, Michelangelo Antonioni, Gisele Bündchen e David Byrne. A distribuição é da Paramount Pictures.
Paula e Caetano na
estreia do documentário
16/07/2009
Caetano se expõe (literalmente) em documentário
Gravado
entre 2003 e 2005, Coração Vagabundo mostra o cotidiano e
a intimidade do cantor baiano, inclusive com cenas do músico nu
Danilo Venticinque
Caetano Veloso está nu.
E, a julgar pelo público que foi à pré-estreia do documentário Coração
Vagabundo, que entra em cartaz no dia 24, muita gente vai querer ver.
Só em São Paulo, a exibição do filme ocupou todas as quatro salas do Cine TAM, no Shopping Morumbi.
Celebridades como Zezé di Camargo, Fafá de Belém e Regina Casé prestigiaram a sessão.
Na coletiva de imprensa, uma jornalista chegou a chorar de emoção antes de fazer uma pergunta ao cantor.
Prova de que, com mais de 40 anos de carreira, Caetano continua a despertar paixões.
Uma boa parte desse fanatismo deve-se à personalidade de Caetano, que parece não ter medo de se expor – inclusive no sentido literal da palavra.
No documentário, ele aparece várias vezes trocando de roupa nos bastidores.
Há até uma rápida cena de nu frontal, com o cantor fazendo a barba no banheiro.
Mesmo quando está vestido, divide sua intimidade ao contar piadas e falar de temas como a velhice, a morte e o fato de se sentir “subdesenvolvido” ao conversar com o apresentador de um talk show americano.
Em uma das cenas do filme, avisa que está “mais louco do que nunca”.
INTERNACIONAL
Filme foi gravado em São Paulo, no Japão (foto) e nos
Estados Unidos.
As
conversas foram registradas em mais de 57 horas de filmagens durante a turnê do
álbum A Foreign Sound. O diretor Fernando Gronstein Andrade acompanhou o cantor
entre 2003 e 2005 nos bastidores de shows em São Paulo, no Japão e nos Estados
Unidos e também registrou cenas cotidianas das viagens, como uma visita a um
templo budista e diálogos entre Caetano e sua ex-mulher, Paula Lavigne.
Segundo
Andrade, a ideia não era fazer um filme biográfico (“seria uma tarefa
impossível”), e sim mostrar apenas um “recorte”. Mas a parte acaba servindo
para descrever o todo: durante o filme, o cantor fala sobre diversos momentos
de sua vida, da infância em Santo Amaro ao sucesso internacional, passando pelo
exílio e pelo célebre desabafo no Festival Internacional da Canção, em 1968. Há
também espaço para a polêmica – provocado pelo cineasta, Caetano reafirma sua
crença na superioridade da música americana sobre a brasileira e rebate críticas
de Hermeto Pascoal.
“Vendo o
filme, me achei até engraçado, de um jeito diferente. O tempo todo com um humor
de velho, quase amargo, um humor de quem já não espera nada”, afirma Caetano.
Apesar de dizer que não gosta de ser filmado, o cantor ficou satisfeito com o
filme. “Achei que ele foi fundo em coisas importantes”. E tudo é importante
para Caetano: da culinária japonesa à beleza de Gisele Bündchen, o cantor tem
uma opinião sobre qualquer tema, e não tem vergonha de dividi-la com o público.
Quando não é o sujeito do discurso, Caetano vira objeto – além de Gisele, os
cineastas Michelangelo Antonioni e Pedro Almodóvar falam sobre o ídolo em
participações especiais.
Nas
primeiras exibições do documentário em mostras, esse excesso de falatório fez
com que o filme fosse criticado por ser “vazio”. A obra não consegue se
descolar de seu personagem principal: é um filme para fãs de Caetano, ou pelo
menos para quem se interessa por suas opiniões a ponto de acompanhá-lo em uma
viagem por pouco mais de uma hora. Uma hora de opinião e polêmica, ao estilo do
cantor.
BASTIDORES - Caetano foi acompanhado na turnê do álbum A Foreign Sound, entre 2003 e 2005. |
quinta-feira, 16 de julho de
2009
'Coração Vagabundo' mostra Caetano Veloso na intimidade
No documentário, que estreia dia 24, Caetano é Caetano. Opina sobre religião, política, música, antropologia...
Marco Bezzi, do Jornal da Tarde
SÃO PAULO - A câmera foca Paula Lavigne. A produtora e ex
de Caetano chama o diretor Fernando Grostein Andrade para espreitar o banheiro
no final do corredor. Lá dentro, Caetano Veloso faz a barba nu. O início de
Coração Vagabundo é a síntese do que o jovem diretor de 28 anos quis passar no
longa de pouco mais de 50 minutos.
Cena de 'Coração Vagabundo', documentário sobre Caetano Veloso. Foto: Divulgação |
A intimidade de Caetano durante a turnê do álbum A Foreign Sound foi captada entre 2003 e 2005. Durante o período, o cantor se separou de
Paula, participou do filme do cineasta espanhol Pedro Almodóvar (Fale com Ela), cantou nos
Estados Unidos, no Japão.
Diretor e artista receberam a imprensa na noite de anteontem para falar do
filme, que estreia no próximo dia 24. "Não tive a intenção de fazer um
longa biográfico para definir o artista. Isso seria impossível", diz
Andrade, que é meio irmão do apresentador Luciano Huck. "Quis fazer apenas
uma viagem, um recorte sobre um período da vida do Caetano."
No documentário, Caetano é Caetano. Opina sobre tudo: religião, política,
música, antropologia... Os cortes giram em torno das opiniões do músico
colhidas pelo diretor em mais de 56 horas de filmagem. Caetano defende:
"Um amigo meu assistiu ao filme e o achou muito superficial. Eu não achei.
É feito de um jeito despretensioso, mas não é superficial. Eu fico um pouco envergonhado
de falar tanto, mas mesmo eu consegui acompanhar sem desagrado, com interesse.
A escolha das coisas que eu disse me pareceram boas. Acho que fomos longe, para
algo que não era para ser nada", explica.
Antes de transformar as imagens em um filme produzido por Paula Lavigne, a
intenção do diretor era fazer um making of da turnê do álbum de clássicos do
cancioneiro americano ou um DVD com um concerto ao vivo. "Quanto mais
ficávamos longe do Brasil, mais o Caetano falava de suas raízes", justifica
Andrade.
Em Nova York, o cantor se prepara para cantar no Carnegie Hall junto a
David Byrne (ex-Talking Heads). Ele relata a dificuldade que teve ao falar a um
programa de televisão. "Parecia um subdesenvolvido, com um inglês
arrastado. Não me senti nada bem."
O cantor ainda discorre sobre a influência americana na música mundial e
contesta uma entrevista de Hermeto Pascoal, que chamou Caetano de
"musiquinho" e disse que a música brasileira é mais importante do que
a americana. Na coletiva, Caetano completou: "A vida é assim. A própria
obra do Hermeto justifica o fato de eu falar que a música americana é a mais
importante do século 20. O poderio econômico é só mais uma peça da
dominação."Nos camarins, após o show no Carnegie Hall, Caetano recebe a
übber model Gisele Bündchen e se encanta. "Me dá o telefone da Gisele,
Paula", pede à esposa, que nega. Durante a coletiva, o repórter do CQC
Rafael Cortez pergunta ironicamente se essa negativa foi a gota d’água para o
fim do relacionamento. "Não", fala Caetano, monossilábico.
No Japão, o cantor se aproxima de um penhasco e começa a relatar que sua
vida pessoal o deixa triste. O fim do casamento com Paula Lavigne é a resposta.
No país, Caetano encontra fãs seus em monastérios budistas. "Likes Colação
Vaabundo (sic)", diz um monge. "Nossa!", se assusta Caetano.
"Eu também gosto."
Em certo momento, o cantor fala que não gostaria de morar fora do Brasil,
mas, caso tivesse de se mudar, moraria ou em Nova York ou em Madrid. Almodóvar
dá seu depoimento. Fala que Paula é uma inspiração para seus personagens.
"Ela é forte, exuberante, decidida", diz o cineasta. Michelangelo
Antonioni é outro que dá as caras no documentário.
Perguntado sobre a participação ativa da ex-mulher no longa, Caetano fala:
"É perfeitamente coerente com a história desse filme que a Paula seja a
primeira pessoa a aparecer na tela. Ela que veio com a proposta de convidar o
Fernando para tocar o projeto. Tinha assistido a um curta-metragem dele chamado
De Morango. A Paula tá bonita, tá bem", reflete Caetano, enquanto Paula
olha por trás dos jornalistas. "Concordo plenamente com o Caetano. E achei
que ela poderia censurar a primeira cena, mas foi muito pelo contrário. Me
disse: ‘Você cortou a melhor parte!’", finaliza o diretor.
Caetano
Veloso em cena do filme 'Coração vagabundo'. (Foto: Divulgação)
|
23/07/2009
Por
Alysson Oliveira
do
Cineweb
SÃO
PAULO (Reuters) - "Coração Vagabundo", um documentário que se propõe
a ser "uma viagem musical com Caetano Veloso", abre com a tela em
negro e um letreiro explicando que em 1968, o músico foi vaiado durante uma
apresentação de "Proibido
Proibir" num festival.
No áudio, ouve-se o som original da época: o cantor discutindo com o público e
dizendo que eles não entendiam nada. Sua voz é quase encoberta ao som de
tantas vaias.
Dessa abertura, o diretor corta para o presente, quando, num quarto de hotel,
Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano e produtora do filme, "chama" a câmera para
segui-la e abre a porta do banheiro, onde o músico está nu, tomando banho.
Certamente, o diretor Fernando Grostein Andrade queria que essa nudez fosse
tanto real quanto metafórica para seu documentário, que estreia em São Paulo e
no Rio. Mas não é bem isso o que se vê na tela.
Por mais que a câmera o acompanhe incessantemente durante a turnê americana
e japonesa para a divulgação do disco "A Foreign Sound", o filme se ressente da
falta de foco ao longo de seus 60 minutos. Ninguém espera que um documentário
tão curto desvende a alma e a obra de seu retratado, mas um pouco mais de
profundidade não faria mal algum a "Coração Vagabundo".
O Caetano contestador, que bate boca com o público para defender sua música, está apenas na memória registrada na abertura do filme.
No áudio, ouve-se o som original da época: o cantor discutindo com o público e
dizendo que eles não entendiam nada. Sua voz é quase encoberta ao som de
tantas vaias.
Dessa abertura, o diretor corta para o presente, quando, num quarto de hotel,
Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano e produtora do filme, "chama" a câmera para
segui-la e abre a porta do banheiro, onde o músico está nu, tomando banho.
Certamente, o diretor Fernando Grostein Andrade queria que essa nudez fosse
tanto real quanto metafórica para seu documentário, que estreia em São Paulo e
no Rio. Mas não é bem isso o que se vê na tela.
Por mais que a câmera o acompanhe incessantemente durante a turnê americana
e japonesa para a divulgação do disco "A Foreign Sound", o filme se ressente da
falta de foco ao longo de seus 60 minutos. Ninguém espera que um documentário
tão curto desvende a alma e a obra de seu retratado, mas um pouco mais de
profundidade não faria mal algum a "Coração Vagabundo".
O Caetano contestador, que bate boca com o público para defender sua música, está apenas na memória registrada na abertura do filme.
Agora,
"Coração Vagabundo" mostra que ele é um sujeito pacato, que sorri e
interage com japoneses pelas ruas de Tóquio ou na porta de um templo budista.
interage com japoneses pelas ruas de Tóquio ou na porta de um templo budista.
A
sombra do Caetano de 1968 é projetada muito discretamente, quando
perguntado sobre uma polêmica envolvendo o músico Hermeto Pascoal e os elogios do baiano para a música norte-americana que, segundo ele, "é a melhor do mundo".
O que há de melhor em "Coração Vagabundo" são as cenas do show de Caetano,
quando canta músicas como "Terra", com arranjos diferentes dos originais.
perguntado sobre uma polêmica envolvendo o músico Hermeto Pascoal e os elogios do baiano para a música norte-americana que, segundo ele, "é a melhor do mundo".
O que há de melhor em "Coração Vagabundo" são as cenas do show de Caetano,
quando canta músicas como "Terra", com arranjos diferentes dos originais.
As
apresentações em Nova York, Tóquio e Kyoto são cercadas de uma aura de
glamour - mas não há um contraponto de como foi essa mesma turnê no Brasil.
Nos bastidores, Caetano é tietado por brasileiros ilustres no estrangeiro, como Gisele Bündchen, e outros famosos no país, como a atriz Regina Casé.
A proposta declarada de Grostein Andrade era fazer um documentário intimista, um retrato quase em primeira pessoa do músico.
Mas não se pode esquecer que a produtora do filme é a ex-mulher de Caetano, Paula Lavigne, e que o fim do casamento aconteceu durante as filmagens.
A câmera flagra alguns episódios dessa separação, como o músico pedindo o telefone de Gisele Bündchen, numa possível brincadeira, embora comentários dela deem margem a dúvidas.
Entre os entrevistados, aparecem os fãs internacionais do músico, como David
Byrne e o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, que passa mais tempo elogiando a
produtora Paula Lavigne do que comentando sua relação com Caetano - que
aparece numa cena de seu longa "Fale Com Ela" (2002).
Ao contrário de dois documentários recentes sobre músicos, "Loki - Arnaldo Baptista" e "Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei", que se aprofundam em seus personagens, "Coração Vagabundo" é quase um filme institucional.
Nele, o que vemos na tela é o Caetano Veloso que todos conhecem, sem muito acrescentar à imagem do mito que carrega e do qual parece não querer se despir.
glamour - mas não há um contraponto de como foi essa mesma turnê no Brasil.
Nos bastidores, Caetano é tietado por brasileiros ilustres no estrangeiro, como Gisele Bündchen, e outros famosos no país, como a atriz Regina Casé.
A proposta declarada de Grostein Andrade era fazer um documentário intimista, um retrato quase em primeira pessoa do músico.
Mas não se pode esquecer que a produtora do filme é a ex-mulher de Caetano, Paula Lavigne, e que o fim do casamento aconteceu durante as filmagens.
A câmera flagra alguns episódios dessa separação, como o músico pedindo o telefone de Gisele Bündchen, numa possível brincadeira, embora comentários dela deem margem a dúvidas.
Entre os entrevistados, aparecem os fãs internacionais do músico, como David
Byrne e o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, que passa mais tempo elogiando a
produtora Paula Lavigne do que comentando sua relação com Caetano - que
aparece numa cena de seu longa "Fale Com Ela" (2002).
Ao contrário de dois documentários recentes sobre músicos, "Loki - Arnaldo Baptista" e "Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei", que se aprofundam em seus personagens, "Coração Vagabundo" é quase um filme institucional.
Nele, o que vemos na tela é o Caetano Veloso que todos conhecem, sem muito acrescentar à imagem do mito que carrega e do qual parece não querer se despir.
CINEMA
- ESTRÉIA - [24/07/2009]
Documentário retrata um 'estrangeiro' chamado Caetano Veloso
Cruzeiro On Line
Documentário retrata um 'estrangeiro' chamado Caetano Veloso
Cruzeiro On Line
"O
rei está nu", canta Caetano Veloso na canção "Estrangeiro".
Metaforicamente, o que faz o documentário "Coração Vagabundo", de
Fernando Andrade, que estreia amanhã (24) em circuito comercial, é desnudar
Caetano. Até no sentido literal, mostrando de relance, pela fresta da porta, o
cantor sem roupa no banheiro. Ao mesmo tempo em que promove uma volta do baiano
ao berço de Santo Amaro da Purificação, falando de velhice, da própria morte,
do pai e de uma filha já falecidos, o Caetano que está em evidência é o
"estrangeiro", é sua relação com o mundo. "Você sente a carga de
humilhação por ser do Terceiro Mundo, você ser racialmente suspeito, de falar
uma língua cuja literatura é pouco conhecida", diz para a câmera amigável
de Andrade.
O
diretor não quis fazer um filme biográfico, como comentou em entrevista
coletiva na semana passada, em que Caetano defendeu Andrade contra quem achou
seu filme "superficial". Caetano achou, sim,
"despretensioso". Como o documentário, já exibido em mostras desde o
início de 2008, demorou a chegar ao grande público, o que se vê é um Caetano
que não corresponde, pessoal e profissionalmente, ao de hoje, "com a
cabeça aberta até velho" - o que não é nenhum demérito. Só é diferente -
também por tornar o espectador mais íntimo do cantor, que passava por uma fase
difícil emocionalmente, em parte pelo fim do casamento com Paula Lavigne.
"Estou triste da minha vida pessoal, íntima, isso não se fala", diz
no filme.
O
tema Estrangeiro, seja a música ou a situação no planeta, é a chave do filme,
que inicialmente tinha por título "Errante Navegante". Foi realizado
durante a turnê pelo Hemisfério Norte do álbum "A Foreign Sound", em
que Caetano gravou só canções norte-americanas, em grande parte standards. Ele
sabia que gravar esse CD "incluía uma série de obstáculos
intransponíveis". "A não ser que mudasse de atitude só por isso, mas
também não queria fazer isso", comenta. Ele diz que quase não gravou o
disco, mas acabou fazendo porque tem "a impressão" que pode
"fazer qualquer coisa".
Caetano
é paparicado por seus fãs estrangeiros: o espanhol Pedro Almodóvar
("Caetano me arrepia"), o americano David Byrne e até um monge
budista, que se diz fã da canção "Coração Vagabundo". O mestre do cinema
italiano Michelangelo Antonioni aparece assistindo na tela do computador a
comentários de Caetano, grande admirador de sua obra. Ao mesmo tempo em que
procura desmistificar-se, ele o faz com o senso comum de que a música
brasileira "é a maior do mundo", como defendeu Hermeto Pascoal, que
chamou Caetano de "musiquinho" na revista "Continente". A
parte do filme em que a questão é levantada é ilustrada sonoramente com trecho
da canção Estrangeiro - que diz "...e o albino Hermeto não enxerga mesmo
muito bem".
Caetano
morde e assopra: ao mesmo tempo em que considera Hermeto um "supermúsico,
muito capaz", diz que a própria música do alagoano é que prova que "a
música popular americana é a mais forte e a mais importante do século 20".
Mesmo assim, é bom lembrar, Miles Davis foi acusado de plágio por ter se
apoderado de dois temas de Hermeto. Só foi dar crédito muito depois de tê-los
gravado.(AE)
05/08/09
‘Me pareceu estranho o Caetano que
eu lia no jornal`, diz Fernando Grostein
Diretor
de ‘Coração vagabundo’ assina documentário sobre Caetano.
Filme teve exibição no Cine Fest Brasil-NY nesta terça-feira (4).
Filme teve exibição no Cine Fest Brasil-NY nesta terça-feira (4).
Débora
Miranda Do G1, em Nova York - A jornalista viajou a convite da organização do
evento
O
diretor de 'Coração vagabundo', Fernando Grostein Andrade. (Foto: Mariana
Vianna/G1)
Ao
invés de discussões ásperas e polêmicas acirradas, bom humor.
Conflitos pessoais, medos, insegurança.
Simpatia, humildade, um ótimo astral.
Conflitos pessoais, medos, insegurança.
Simpatia, humildade, um ótimo astral.
O
documentário “Coração vagabundo”, em cartaz nos cinemas brasileiros e exibido
pela primeira vez em Nova York nesta terça-feira (4), no Cine Fest Petrobras
Brasil-NY, apresenta ao mundo um Caetano Veloso diferente.
“Sempre
me pareceu estranho o Caetano que eu lia no jornal, que falava sobre vários assuntos,
grandes polêmicas. O Caetano que estava ali, conhecendo ao fazer o filme,
era um cara que falava bobagem, contava piada, dava risada. Um cara
absolutamente de bem com a vida”, contou em entrevista ao G1 o diretor Fernando
Grostein Andrade, após a exibição do longa, muito aplaudido, em Nova York.
Com apenas 28 anos, o cineasta falou ainda sobre suas conversas com o cantor. “Eu era muito jovem quando comecei a fazer esse filme. Nem de longe eu tinha bagagem acadêmica ou cultural para querer ficar fazendo perguntas a ele sobre grandes temas. Então, em vez de eu falar, eu ouvi”, assume.
Leia abaixo trechos da entrevista.
G1 – Quantas vezes você já viu "Coração vagabundo"?
Fernando Grostein Andrade – Provavelmente em torno de mil. Porque foram dois anos de montagem, quase 80 cortes. Chegou num ponto em que a Marlene, que trabalha lá em casa, me disse: “Fernando, não aguento mais ouvir falar de Santo Amaro [cidade natal de Caetano], pelo amor de Deus!” (risos). Então, foram muitas vezes. Até porque o filme foi basicamente roteirizado na ilha de edição. Não foi planejado, surgiu a partir de uma declaração que o Caetano deu no making of do “Foreign sound” [disco gravado pelo cantor em inglês e que Andrade fez o DVD], e que me deixou muito entusiasmado. Mas eu tinha 57 horas de material bruto, transformar isso em 90 minutos foi um processo bastante árduo.
G1 – Que declaração era essa?
Andrade – Foi quando o Caetano falou: “Cresci em Santo Amaro até os 18 anos. Não sou um cara de São Paulo, que já nasceu achando que está no mundo”. Quem vive em São Paulo sabe, é muito normal aquela expressão “baianada” para denotar uma coisa que deu errado ou é cafona. E apesar de eu não ser politicamente correto, sempre me incomodou esse tipo de preconceito. Então, quando eu cheguei em Nova York e vi o Caetano fazendo sucesso, cantando em inglês, fazendo show no Carnegie Hall – foi a primeira vez que um artista pop no mundo estava fazendo uma semana de shows lá –, eu fiquei com vontade de responder a essa expressão. Por outro, dediquei esse filme ao meu pai [o jornalista Mário Escobar de Andrade], que faleceu quando eu tinha 10 anos. Aos 7 anos, eu vim com ele para Nova York, e uma das memórias bacanas que eu tenho é a gente brincando naquela estátua de "Alice no país das maravilhas [no Central Park]. Eu comentei isso com o Caetano, e vi que ele ficou meio incomodado. Passou um tempo, ele comentou que havia ido ao programa do Charlie Rose [entrevistador americano], e que tinha se sentido um cara meio provinciano, subdesenvolvido. Aí disse que cresceu em Santo Amaro. “Não sou um cara de São Paulo, que já nasceu achando que está no mundo.” E apontou para a câmera. Eu vi que ele estava respondendo aquilo para mim. E percebi algo muito interessante: que era um músico brasileiro, cantando em inglês, fazendo sucesso no exterior, e, ao mesmo tempo, não estando totalmente à vontade com isso.
G1 – Você já tinha uma relação com o Caetano?
Andrade – Há uns oito anos eu fiz um curta-metragem chamado “De morango”, e quando eu terminei mandei para umas 20 produtoras de cinema. Só uma me respondeu, foi a Paula Lavigne [ex-mulher de Caetano, que comanda a produtora Natasha]. Ela me chamou para fazer o videoclipe de “Lisbela e o prisioneiro”, com a música “Você não me ensinou a te esquecer”, do Caetano. Foi uma grande oportunidade na minha vida. Na sequência, a Paula me chamou para fazer o DVD do show de “Foreign sound”, em São Paulo. Disso, eu comecei a fazer um making of que foi crescendo, crescendo, até que virou um filme. Aí nasceu “Coração vagabundo”.
G1 – Qual é o nível de intimidade que você tinha com Caetano quando começou a fazer o filme? Ele se sente muito à vontade com você.
Com apenas 28 anos, o cineasta falou ainda sobre suas conversas com o cantor. “Eu era muito jovem quando comecei a fazer esse filme. Nem de longe eu tinha bagagem acadêmica ou cultural para querer ficar fazendo perguntas a ele sobre grandes temas. Então, em vez de eu falar, eu ouvi”, assume.
Leia abaixo trechos da entrevista.
G1 – Quantas vezes você já viu "Coração vagabundo"?
Fernando Grostein Andrade – Provavelmente em torno de mil. Porque foram dois anos de montagem, quase 80 cortes. Chegou num ponto em que a Marlene, que trabalha lá em casa, me disse: “Fernando, não aguento mais ouvir falar de Santo Amaro [cidade natal de Caetano], pelo amor de Deus!” (risos). Então, foram muitas vezes. Até porque o filme foi basicamente roteirizado na ilha de edição. Não foi planejado, surgiu a partir de uma declaração que o Caetano deu no making of do “Foreign sound” [disco gravado pelo cantor em inglês e que Andrade fez o DVD], e que me deixou muito entusiasmado. Mas eu tinha 57 horas de material bruto, transformar isso em 90 minutos foi um processo bastante árduo.
G1 – Que declaração era essa?
Andrade – Foi quando o Caetano falou: “Cresci em Santo Amaro até os 18 anos. Não sou um cara de São Paulo, que já nasceu achando que está no mundo”. Quem vive em São Paulo sabe, é muito normal aquela expressão “baianada” para denotar uma coisa que deu errado ou é cafona. E apesar de eu não ser politicamente correto, sempre me incomodou esse tipo de preconceito. Então, quando eu cheguei em Nova York e vi o Caetano fazendo sucesso, cantando em inglês, fazendo show no Carnegie Hall – foi a primeira vez que um artista pop no mundo estava fazendo uma semana de shows lá –, eu fiquei com vontade de responder a essa expressão. Por outro, dediquei esse filme ao meu pai [o jornalista Mário Escobar de Andrade], que faleceu quando eu tinha 10 anos. Aos 7 anos, eu vim com ele para Nova York, e uma das memórias bacanas que eu tenho é a gente brincando naquela estátua de "Alice no país das maravilhas [no Central Park]. Eu comentei isso com o Caetano, e vi que ele ficou meio incomodado. Passou um tempo, ele comentou que havia ido ao programa do Charlie Rose [entrevistador americano], e que tinha se sentido um cara meio provinciano, subdesenvolvido. Aí disse que cresceu em Santo Amaro. “Não sou um cara de São Paulo, que já nasceu achando que está no mundo.” E apontou para a câmera. Eu vi que ele estava respondendo aquilo para mim. E percebi algo muito interessante: que era um músico brasileiro, cantando em inglês, fazendo sucesso no exterior, e, ao mesmo tempo, não estando totalmente à vontade com isso.
G1 – Você já tinha uma relação com o Caetano?
Andrade – Há uns oito anos eu fiz um curta-metragem chamado “De morango”, e quando eu terminei mandei para umas 20 produtoras de cinema. Só uma me respondeu, foi a Paula Lavigne [ex-mulher de Caetano, que comanda a produtora Natasha]. Ela me chamou para fazer o videoclipe de “Lisbela e o prisioneiro”, com a música “Você não me ensinou a te esquecer”, do Caetano. Foi uma grande oportunidade na minha vida. Na sequência, a Paula me chamou para fazer o DVD do show de “Foreign sound”, em São Paulo. Disso, eu comecei a fazer um making of que foi crescendo, crescendo, até que virou um filme. Aí nasceu “Coração vagabundo”.
G1 – Qual é o nível de intimidade que você tinha com Caetano quando começou a fazer o filme? Ele se sente muito à vontade com você.
Andrade
– Percebi que os jornalistas gostam de perguntar a opinião do Caetano para
quase tudo que acontece no mundo.
E
sempre me pareceu estranho o Caetano que eu lia no jornal, que falava sobre
vários assuntos, grandes polêmicas.
O
Caetano que estava ali, conhecendo ao fazer o filme, era um cara que falava
bobagem, contava piada, dava risada. Um
cara absolutamente de bem com a vida.
Isso
me interessou muito.
Eu
tenho o humor de uma criança de 5 anos de idade, e isso já criou um ambiente
favorável. A outra coisa foi o seguinte: eu era muito jovem quando comecei a
fazer esse filme, tinha 23 anos, e o Caetano tinha 62. Nem de longe eu tinha
bagagem acadêmica ou cultural para querer ficar fazendo perguntas a ele sobre
grandes temas. Então, eu deixei ele falar sobre o que estava sentindo. Eu ouvi,
fiquei quieto. E tive a humildade de não querer fingir que eu entendia dos
assuntos que eu conversava com ele. Isso foi muito legal, acabou criando uma
dinâmica entre duas gerações completamente diferentes.
G1 – Vi na sessão de Nova York as pessoas comentando, surpreendidas pelo bom humor dele, talvez justamente pelo hábito de vê-lo sempre tão envolvido em questões controversas. Você tem percebido esse interesse por um “outro lado” do Caetano?
Andrade – Foi exatamente o que eu percebi. Quase todo mundo descobre um outro lado do Caetano, por ter essa impressão errada. Acho que o “Coração vagabundo” tem muito isso, de desmistificar o Caetano, e ao mesmo tempo mostrá-lo como ele é, uma pessoa normal, de bem com a vida, que tem suas inseguranças, seus medos. E acho que isso acontece justamente por eu ter resistido à tentação de fazer um filme biográfico sobre ele. Um filme que tentasse explicá-lo ou mostrar sua trajetória com certeza teria sido muito chato. E um fracasso.
G1 – Você acha que a idade, algo de que ele fala também no filme, pode ter influenciado na decisão de ele se expor dessa forma?
Andrade – “Coração vagabundo” foi filmado num período muito intenso da vida do Caetano. Ele estava lançando um disco em inglês, tinha descoberto que ia ser avô. Esse momento traz uma série de particularidades e circunstâncias que vêm à tona. E isso acaba refletindo muito quando ele é documentado e revelado por uma câmera.
G1 – Além de Caetano, você mostra basicamente artistas internacionais. Foi uma opção ou apenas a circunstância?
Andrade – “Coração vagabundo” tem um lado comédia, é engraçado, mas para quem estiver a fim de prestar atenção, o filme é na verdade uma discussão sobre cosmopolitismo e provincianismo. Sobre o provincianismo o Caetano fala explicitamente em diversos momentos. O cosmpolitismo eu achei importante pontuar, porque muita gente não sabe a força que o Caetano tem no exterior. Aproveitei que ele estava em Nova York, e o [músico] David Byrne também, para mostrar o lado dos Estados Unidos. E foi importante pontuar também o reconhecimento dele na Europa. Aí surgiu o Pedro Almodóvar e o Michelangelo Antonioni [ambos cineastas], com quem ele tinha uma relação de admiração artística recíproca. Do lado da Ásia, aparece o monge, num templo budista, falando que gosta de “Coração vagabundo”. Mas isso é só um recorte, porque na verdade ele é muito maior. É impossível mostrar todas as provas do êxito que o Caetano tem em levar a poesia e a música dele mundo afora.
G1 – O que você achou da sessão do filme em Nova York?
Andrade – Fiquei muito feliz. O motivo mais particular é essa história de o filme ser dedicado ao meu pai. Nova York é uma das cidades mais cosmopolitas do mundo, o filme foi rodado aqui, então, sempre dá muita apreensão. Mas, de todas as sessões, essa foi a mais calorosa. O público riu do início ao fim e aplaudiu muito.
G1 – Nesta milésima primeira vez que você viu o filme, qual foi sua visão?
Andrade – Foi muito duro esperar tudo isso para finalmente ver o filme sair. Mas percebi como esse tempo foi importante para o trabalho amadurecer. A versão que está chegando hoje aos cinemas é infinitamente superior às primeiras. Sou uma pessoa muito ansiosa, então, de certa forma, esse filme me fez encarar meu maior inimigo. Foi um grande aprendizado.
G1 – Vi na sessão de Nova York as pessoas comentando, surpreendidas pelo bom humor dele, talvez justamente pelo hábito de vê-lo sempre tão envolvido em questões controversas. Você tem percebido esse interesse por um “outro lado” do Caetano?
Andrade – Foi exatamente o que eu percebi. Quase todo mundo descobre um outro lado do Caetano, por ter essa impressão errada. Acho que o “Coração vagabundo” tem muito isso, de desmistificar o Caetano, e ao mesmo tempo mostrá-lo como ele é, uma pessoa normal, de bem com a vida, que tem suas inseguranças, seus medos. E acho que isso acontece justamente por eu ter resistido à tentação de fazer um filme biográfico sobre ele. Um filme que tentasse explicá-lo ou mostrar sua trajetória com certeza teria sido muito chato. E um fracasso.
G1 – Você acha que a idade, algo de que ele fala também no filme, pode ter influenciado na decisão de ele se expor dessa forma?
Andrade – “Coração vagabundo” foi filmado num período muito intenso da vida do Caetano. Ele estava lançando um disco em inglês, tinha descoberto que ia ser avô. Esse momento traz uma série de particularidades e circunstâncias que vêm à tona. E isso acaba refletindo muito quando ele é documentado e revelado por uma câmera.
G1 – Além de Caetano, você mostra basicamente artistas internacionais. Foi uma opção ou apenas a circunstância?
Andrade – “Coração vagabundo” tem um lado comédia, é engraçado, mas para quem estiver a fim de prestar atenção, o filme é na verdade uma discussão sobre cosmopolitismo e provincianismo. Sobre o provincianismo o Caetano fala explicitamente em diversos momentos. O cosmpolitismo eu achei importante pontuar, porque muita gente não sabe a força que o Caetano tem no exterior. Aproveitei que ele estava em Nova York, e o [músico] David Byrne também, para mostrar o lado dos Estados Unidos. E foi importante pontuar também o reconhecimento dele na Europa. Aí surgiu o Pedro Almodóvar e o Michelangelo Antonioni [ambos cineastas], com quem ele tinha uma relação de admiração artística recíproca. Do lado da Ásia, aparece o monge, num templo budista, falando que gosta de “Coração vagabundo”. Mas isso é só um recorte, porque na verdade ele é muito maior. É impossível mostrar todas as provas do êxito que o Caetano tem em levar a poesia e a música dele mundo afora.
G1 – O que você achou da sessão do filme em Nova York?
Andrade – Fiquei muito feliz. O motivo mais particular é essa história de o filme ser dedicado ao meu pai. Nova York é uma das cidades mais cosmopolitas do mundo, o filme foi rodado aqui, então, sempre dá muita apreensão. Mas, de todas as sessões, essa foi a mais calorosa. O público riu do início ao fim e aplaudiu muito.
G1 – Nesta milésima primeira vez que você viu o filme, qual foi sua visão?
Andrade – Foi muito duro esperar tudo isso para finalmente ver o filme sair. Mas percebi como esse tempo foi importante para o trabalho amadurecer. A versão que está chegando hoje aos cinemas é infinitamente superior às primeiras. Sou uma pessoa muito ansiosa, então, de certa forma, esse filme me fez encarar meu maior inimigo. Foi um grande aprendizado.
Sábado,
12 de dezembro de 2009.
Caetano Veloso lança documentário com bastidores de
show
Caetano
Veloso comandou o lançamento do DVD Coração Vagabundo a noite
desta sexta-feira (11), na Livraria Saraiva, em um centro de compras em
Botafogo, Zona Sul do Rio.
O DVD mostra os bastidores da turnê A Foreign Sound. As cenas do vídeo-documentário foram gravadas em São Paulo, EUA e Japão.
A obra é dirigida por Fernando Andrade e a produção é feita pela ex-mulher de Caetano, Paula Lavigne.
desta sexta-feira (11), na Livraria Saraiva, em um centro de compras em
Botafogo, Zona Sul do Rio.
O DVD mostra os bastidores da turnê A Foreign Sound. As cenas do vídeo-documentário foram gravadas em São Paulo, EUA e Japão.
A obra é dirigida por Fernando Andrade e a produção é feita pela ex-mulher de Caetano, Paula Lavigne.
No hay comentarios:
Publicar un comentario