17/03/2003
Caetano e Paula: sambando na
chuva
Depois de se esbaldar em Salvador, o casal Caetano
Veloso e Paula Lavigne acompanhou o desfile das campeãs, no sábado 8, no
Sambódromo do Rio.
Convidados do camarote Rio, Samba e Carnaval, eles
se recusaram a vestir a camisa usada pelos convidados, mas aceitaram de bom
grado as capas de chuva oferecidas assim que começou a chuviscar na frisa onde
se instalaram. Quando desfilou a Mangueira, escola de Caetano, a chuva já tinha
passado.
10
de mar de 2003
Rivalidade entre escolas mantém sambódromo do Rio cheio
A rivalidade entre as escolas
de samba Beija-flor de Nilópolis e Estação Primeira de Mangueira manteve o
Sambódromo cheio até o início da manhã de ontem. As duas agremiações, a
vencedora e a vice do Carnaval de 2003, fecharam o desfile das campeãs, que foi
tão concorrido quanto os de domingo e segunda-feira da semana passada. A festa
da Acadêmicos do Grande Rio, que voltou ao Sambódromo pela primeira vez desde
sua fundação há 15 anos, completou a animação.
Havia forte policiamento dentro da Marquês de Sapucaí, onde não foram registradas
ocorrências policiais notáveis. O atendimento médico foi pequeno, 110 casos,
mas um deles fatal. A passista da Mocidade Independente de Padre Miguel,
Verônica dos Santos Silva, de 24 anos, teve uma parada cardíaca na
concentração, recebeu socorro de emergência, mas morreu ao chegar ao Hospital
Souza Aguiar, no centro. Segundo os médicos, pessoas que estavam com ela
informaram que Verônica tinha um histórico de hipertensão, mas a causa da morte
não foi divulgada.
Fora esse incidente, despercebido pela maioria das 60 mil pessoas que estiveram
no Sambódromo entre as 20h de sábado e as 6h de ontem, a festa foi impecável,
mesmo com as escolas reduzidas em quantidade, mas todas foram pontuais.
Apesar
de não estarem pressionadas pela cronometragem, que este ano tirou o Salgueiro
do desfile das campeãs, as seis agremiações passaram dentro do tempo.
Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente e Unidos do Viradouro, quarta,
quinta e sexta colocadas, também desfilaram.
A escola de samba italiana Centro Carnavale passou desfalcada às 20h com suas
tarantelas, música típica italiana, e a distribuição de bichos de pelúcia. Em
seguida, veio a Corações Unidos do Ciep, agremiação da escola pública que
funciona no Sambódromo durante o ano.
A Viradouro abriu o desfile em si com dois trunfos, o charme e a beleza de Luma
de Oliveira à frente da bateria de mestre Ciça (voltou a funkear sua batida) e
a grande dama do teatro, Bibi Ferreira, homenageada deste ano. "Estou me
sentindo uma estrelinha perdida no espaço sideral", disse ela ao sair do
último carro alegórico. "É maravilhoso ver este público bonito nos
aplaudindo. A sensação não é de poder, me senti pequena diante de tanta
gente."
A Mocidade veio em seguida e comoveu a platéia com seu enredo humanitário,
incentivando o transplante de órgãos. Chamava a atenção pelas alegorias (como
os mergulhadores se passando por órgãos conservados) e pelo protesto contra as
notas 8,9 e 8,2 em bateria, sempre um item impecável da escola. "Fico
pensando se o Teo Lima e o Ivan Paulo (jurados que deram as notas) gostam de
samba", disse a cantora Elza Soares, emocionada com sua volta à
agremiação, depois de dez anos. "Sou nascida e criada em Padre Miguel e
sei que esta escola é a vida da minha gente."
A Imperatriz Leopoldinense veio, como sempre, perfeita, mas com menos animação
do que as outras. A carnavalesca Rosa Magalhães, que ainda mantém o recorde de
vitórias no Sambódromo, cinco em 20 carnavais, desfilava com uma mochila e uma
pochete de pirata, criação de Gilson Martins. Um dos carros mais interessantes
era o navio pirata, com rapazes falsamente musculosos fazendo cara de mau, mas
o maior sucesso foi mesmo Luíza Brunet à frente dos ritmistas comandados por
mestre Beto. Na tangente da pista, com cara fechada e preocupado, seguia seu
marido Armando Fernandez.
No meio do desfile, uma confraternização pouco habitual. Numa frisa da revista
Rio Samba e Carnaval, encontraram-se Luma e Luíza (com a filha Yasmin e o
namorado Kaiky Brito, o vampirinho da novela O beijo do vampiro, da Rede
Globo). Na frisa ao lado, Caetano Veloso e Paula Lavigne, Regina Casé e Estêvão
Ciavata (marido dela), comandavam um grupo que só foi embora no fim da passagem
da Beija-Flor. Do outro lado da pista, estrelas como João Bosco (com a a mulher
Ângela e o filho Chico). Nana Caymmi, Beth Carvalho e Emílio Santiago faziam a
festa da música brasileira em outro camarote.
A Grande Rio comemorou seu terceiro lugar como um campeonato. "É uma
vitória, sem dúvida", dizia Joãosinho Trinta, o carnavalesco que
associou-se à Companhia Vale do Rio Doce para contar a história da exploração
de nossas riquezas minerais.
Os galãs globais Raul Gazzola, Tuca Andrade e André Segatti espalhavam-se pela
escola que tinha pelo menos uma beldade da televisão em um carro alegórico. Suzana
Vieira foi uma das mais aplaudidas, no abre-alas, enquanto Luciana Gimenez, a
mais assediada, pois ia no chão, à frente da bateria.
A Mangueira entrou sob os gritos de "bicampeã". Vinha luxuosa e animada, encantou desde a comissão de frente, com a levitação de Carlinhos de Jesus, mas teve problemas técnicos. No meio do desfile, o som pifou e não se ouvia sequer sua bateria, confirmando que o Sambódromo tem uma das piores acústicas já construídas. Sanado este problema, o carro das pragas do Egito quebrou perto do recuo da bateria e terminou rebocado. Os mangueirenses compensaram esses azares com tantas estrelas televisivas quanto a Grande Rio. O galã Alexandre Borges era o mais animado.
A Mangueira entrou sob os gritos de "bicampeã". Vinha luxuosa e animada, encantou desde a comissão de frente, com a levitação de Carlinhos de Jesus, mas teve problemas técnicos. No meio do desfile, o som pifou e não se ouvia sequer sua bateria, confirmando que o Sambódromo tem uma das piores acústicas já construídas. Sanado este problema, o carro das pragas do Egito quebrou perto do recuo da bateria e terminou rebocado. Os mangueirenses compensaram esses azares com tantas estrelas televisivas quanto a Grande Rio. O galã Alexandre Borges era o mais animado.
A Beija-Flor entrou às 4h30min de domingo como se fosse para ganhar o
campeonato. Foi a única escola a desfilar completa, com seus carros
gigantescos, sua mensagem social e muito samba no pé. Havia poucas caras
desconhecidas, mas uma grande promessa, a madrinha da bateria Raíssa, uma
adolescente estreando no posto com jeito de veterana. O carro dos mendigos
(como o carnavalesco Laíla conseguiu vesti-los com luxo, sem perder a aparência
de pobres?) e a procissão nordestina foram os mais aplaudidos. Só perderam para
a escultura e o sósia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que fecharam o
desfile. AE
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