lunes, 2 de noviembre de 2015

2003 - RIO, SAMBA E CARNAVAL




17/03/2003

Caetano e Paula: sambando na chuva

Depois de se esbaldar em Salvador, o casal Caetano Veloso e Paula Lavigne acompanhou o desfile das campeãs, no sábado 8, no Sambódromo do Rio.

Convidados do camarote Rio, Samba e Carnaval, eles se recusaram a vestir a camisa usada pelos convidados, mas aceitaram de bom grado as capas de chuva oferecidas assim que começou a chuviscar na frisa onde se instalaram. Quando desfilou a Mangueira, escola de Caetano, a chuva já tinha passado.









10 de mar de 2003

Rivalidade entre escolas mantém sambódromo do Rio cheio

A rivalidade entre as escolas de samba Beija-flor de Nilópolis e Estação Primeira de Mangueira manteve o Sambódromo cheio até o início da manhã de ontem. As duas agremiações, a vencedora e a vice do Carnaval de 2003, fecharam o desfile das campeãs, que foi tão concorrido quanto os de domingo e segunda-feira da semana passada. A festa da Acadêmicos do Grande Rio, que voltou ao Sambódromo pela primeira vez desde sua fundação há 15 anos, completou a animação.
 
Havia forte policiamento dentro da Marquês de Sapucaí, onde não foram registradas ocorrências policiais notáveis. O atendimento médico foi pequeno, 110 casos, mas um deles fatal. A passista da Mocidade Independente de Padre Miguel, Verônica dos Santos Silva, de 24 anos, teve uma parada cardíaca na concentração, recebeu socorro de emergência, mas morreu ao chegar ao Hospital Souza Aguiar, no centro. Segundo os médicos, pessoas que estavam com ela informaram que Verônica tinha um histórico de hipertensão, mas a causa da morte não foi divulgada.
 
Fora esse incidente, despercebido pela maioria das 60 mil pessoas que estiveram no Sambódromo entre as 20h de sábado e as 6h de ontem, a festa foi impecável, mesmo com as escolas reduzidas em quantidade, mas todas foram pontuais. 

Apesar de não estarem pressionadas pela cronometragem, que este ano tirou o Salgueiro do desfile das campeãs, as seis agremiações passaram dentro do tempo. Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente e Unidos do Viradouro, quarta, quinta e sexta colocadas, também desfilaram.
 
A escola de samba italiana Centro Carnavale passou desfalcada às 20h com suas tarantelas, música típica italiana, e a distribuição de bichos de pelúcia. Em seguida, veio a Corações Unidos do Ciep, agremiação da escola pública que funciona no Sambódromo durante o ano.
 
A Viradouro abriu o desfile em si com dois trunfos, o charme e a beleza de Luma de Oliveira à frente da bateria de mestre Ciça (voltou a funkear sua batida) e a grande dama do teatro, Bibi Ferreira, homenageada deste ano. "Estou me sentindo uma estrelinha perdida no espaço sideral", disse ela ao sair do último carro alegórico. "É maravilhoso ver este público bonito nos aplaudindo. A sensação não é de poder, me senti pequena diante de tanta gente."
 
A Mocidade veio em seguida e comoveu a platéia com seu enredo humanitário, incentivando o transplante de órgãos. Chamava a atenção pelas alegorias (como os mergulhadores se passando por órgãos conservados) e pelo protesto contra as notas 8,9 e 8,2 em bateria, sempre um item impecável da escola. "Fico pensando se o Teo Lima e o Ivan Paulo (jurados que deram as notas) gostam de samba", disse a cantora Elza Soares, emocionada com sua volta à agremiação, depois de dez anos. "Sou nascida e criada em Padre Miguel e sei que esta escola é a vida da minha gente."
 
A Imperatriz Leopoldinense veio, como sempre, perfeita, mas com menos animação do que as outras. A carnavalesca Rosa Magalhães, que ainda mantém o recorde de vitórias no Sambódromo, cinco em 20 carnavais, desfilava com uma mochila e uma pochete de pirata, criação de Gilson Martins. Um dos carros mais interessantes era o navio pirata, com rapazes falsamente musculosos fazendo cara de mau, mas o maior sucesso foi mesmo Luíza Brunet à frente dos ritmistas comandados por mestre Beto. Na tangente da pista, com cara fechada e preocupado, seguia seu marido Armando Fernandez.
 
No meio do desfile, uma confraternização pouco habitual. Numa frisa da revista Rio Samba e Carnaval, encontraram-se Luma e Luíza (com a filha Yasmin e o namorado Kaiky Brito, o vampirinho da novela O beijo do vampiro, da Rede Globo). Na frisa ao lado, Caetano Veloso e Paula Lavigne, Regina Casé e Estêvão Ciavata (marido dela), comandavam um grupo que só foi embora no fim da passagem da Beija-Flor. Do outro lado da pista, estrelas como João Bosco (com a a mulher Ângela e o filho Chico). Nana Caymmi, Beth Carvalho e Emílio Santiago faziam a festa da música brasileira em outro camarote.
 
A Grande Rio comemorou seu terceiro lugar como um campeonato. "É uma vitória, sem dúvida", dizia Joãosinho Trinta, o carnavalesco que associou-se à Companhia Vale do Rio Doce para contar a história da exploração de nossas riquezas minerais.
 
Os galãs globais Raul Gazzola, Tuca Andrade e André Segatti espalhavam-se pela escola que tinha pelo menos uma beldade da televisão em um carro alegórico. Suzana Vieira foi uma das mais aplaudidas, no abre-alas, enquanto Luciana Gimenez, a mais assediada, pois ia no chão, à frente da bateria.
A Mangueira entrou sob os gritos de "bicampeã". Vinha luxuosa e animada, encantou desde a comissão de frente, com a levitação de Carlinhos de Jesus, mas teve problemas técnicos. No meio do desfile, o som pifou e não se ouvia sequer sua bateria, confirmando que o Sambódromo tem uma das piores acústicas já construídas. Sanado este problema, o carro das pragas do Egito quebrou perto do recuo da bateria e terminou rebocado. Os mangueirenses compensaram esses azares com tantas estrelas televisivas quanto a Grande Rio. O galã Alexandre Borges era o mais animado.
 
A Beija-Flor entrou às 4h30min de domingo como se fosse para ganhar o campeonato. Foi a única escola a desfilar completa, com seus carros gigantescos, sua mensagem social e muito samba no pé. Havia poucas caras desconhecidas, mas uma grande promessa, a madrinha da bateria Raíssa, uma adolescente estreando no posto com jeito de veterana. O carro dos mendigos (como o carnavalesco Laíla conseguiu vesti-los com luxo, sem perder a aparência de pobres?) e a procissão nordestina foram os mais aplaudidos. Só perderam para a escultura e o sósia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que fecharam o desfile. AE




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