1988 - Carmen Ritenour, Lee Ritenour e Caetano Veloso |
1988 - LEE RITENOUR
Participación Especial: CAETANO VELOSO
/ 5:28
Álbum “Festival” [Lee Ritenour]
GRP Records LP GR-9570-1, B-2.
GRP Records CD GRD-9570, Track 7.
LEE RITENOUR, 63, é músico, compositor e guitarrista norte-americano.
O festival que deu em 'Festival'
03/05/2015
O "Brazil Projects 88" foi um
marco na minha carreira.
No ano anterior eu havia conhecido
Carmen –que é brasileira e com quem me casaria–, por meio de Paulinho da Costa,
percussionista carioca radicado nos Estados Unidos, e de Arice, sua mulher.
Esse encontro deflagraria um novo
capítulo de minha história com o Brasil, que tinha começado no fim da
adolescência, quando, aos 19 anos, fui introduzido pelo violonista Oscar Castro
Neves a Dorival Caymmi e Tom Jobim. Eu, que já era apaixonado pela música
brasileira, comecei a desenvolver minha relação com seus artistas.
Minha então namorada estava em Nova
York produzindo o evento –além de uma megaexposição de arte, o "Brazil Projects
88" incluiria uma série de shows no Town Hall, para os quais Carmen estava
convidando grandes músicos.
Eu, que estava morando em Los Angeles e
preparava um novo álbum, de repente pensei que o melhor seria levar a produção
do disco –que sairia naquele mesmo ano, batizado como "Festival"–,
para a Costa Leste.
Mal Carmen abriu o apartamento, e eu já
lotava a sala com duas "geladeiras" cheias de equipamentos. Quem
viveu aquela época sabe muito bem que era necessário um grande volume de
traquitanas até para montar uma fita demo caseira, coisa que hoje se faz
sozinho, com o seu iPhone.
Passada sua surpresa, Carmen nos
apresentou a todos esses músicos brasileiros. Conhecê-los me fez mudar o
conceito do disco; queria incluir aqueles artistas que ela reunira para o
projeto.
Ato contínuo, eu já estava perguntando
ao Caetano: "Hey, você pode tocar no meu disco?".
Eu e esses músicos maravilhosos –Dave Grusin,
Marcus Miller, Omar Hakim, Ernie Watts, Anthony Jackson– um dia estávamos no
estúdio, fazendo o arranjo de "Você É Linda" quando Caetano entrou
pela porta e, ao ouvir nossa versão, disse: "Meu Deus, eu ainda nem me
aqueci e vocês já estão tocando a música fantasticamente!".
Ele ficou surpreso e impressionado com
o tratamento americano para uma de suas canções clássicas, e satisfeito por
aquele conjunto ter conseguido captar a sensibilidade de sua música.
Graças ao Caetano eu conheci o
Carlinhos Brown, que na época tocava percussão com ele. Fiquei encantado com a
qualidade do seu trabalho e o convidei para tocar também; gravamos juntos
quatro músicas e ficaram ótimas.
Por fim, mas não menos importante, foi
nessa mesma ocasião que eu conheci João Bosco, outro artista lendário, que
também participou de "Festival".
Ainda de outras formas o "Brazil
Projects" me tocaria naquele ano. Ter a oportunidade de ver João Gilberto
se apresentar foi uma delas.
Todo mundo conhece as suas histórias,
sua fama de ser muito excêntrico. Para mim João Gilberto é apenas um artista
fantástico, um dos meus favoritos de todos os tempos, um grande herói.
Carmen conseguiu trazê-lo não uma, mas
duas vezes aos Estados Unidos –e todo mundo sabe que não é fácil conseguir
convencê-lo a ir a qualquer lugar. Ele se convenceu após ouvir, em um programa
de entrevistas na TV brasileira, Carmen falando sobre o projeto. Ele percebeu a
integridade e beleza da ideia e depois aceitou o convite para participar.
Do mesmo jeito que só houve um Frank
Sinatra, com sua forma própria de cantar, não há outro João Gilberto.
Conhecê-lo melhor teve em mim um efeito vital.
Foi muito importante para um músico de
jazz contemporâneo ter essa aproximação mais profunda, e de uma só tacada, com
esses artistas brasileiros.
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