7/1/2000 |
Amigas para sempre
Foto: Kiko Cabral |
A demonstração de amizade entre as cantoras baianas Gal Costa e Maria Bethânia durante o espetáculo que fizeram na sexta-feira 7/1 no Metropolitan, no Rio, provocou sorrisos entre os presentes.
Depois de receberem os cumprimentos das amigas Zélia Duncan e Lúcia Veríssimo no camarim, as duas resolveram repetir a cena que haviam feito no palco durante o show e se beijaram mais uma vez. "Somos grandes amigas", disseram aos mais espantados.
Rio
de Janeiro: 12 e 13/2/2000 - ATL Hall
São
Paulo: 19 e
20/2/2000 - Credicard Hall
Gal Costa e Maria Bethânia: revivendo Sol Negro, canção de Caetano que cantaram juntas na estréia profissional, em 1964 |
Show acontece hoje no ATL Hall, Rio
Bethânia e Gal cantam juntas
da Reportagem Local
Conterrâneas e contemporâneas, as cantoras baianas Maria Bethânia e Gal Costa unem forças de novo a partir de hoje, quando estréiam show conjunto no ATL Hall (ex-Metropolitan), no Rio de Janeiro. A miniturnê fica hoje e amanhã no Rio e segue para o Credicard Hall de São Paulo, sábado e domingo próximos.
Ensaio
Conterrâneas e contemporâneas, as cantoras baianas Maria Bethânia e Gal Costa unem forças de novo a partir de hoje, quando estréiam show conjunto no ATL Hall (ex-Metropolitan), no Rio de Janeiro. A miniturnê fica hoje e amanhã no Rio e segue para o Credicard Hall de São Paulo, sábado e domingo próximos.
Ensaio
Elas repetem show que fizeram no Rio, no dia 7 de janeiro passado,
desenvolvendo o encontro promovido sem muito ensaio em setembro de 97, para um
público predominantemente oficial de Brasília.
Em Brasília, cantaram juntas apenas três músicas,
"Oração a Mãe Menininha" (de Dorival Caymmi), "Esotérico"
(de Gilberto Gil) e "Sonho Meu" (de Ivone Lara).
Agora, prometem essas e mais "Os Mais Doces
Bárbaros" e "O Ciúme" (ambas de Caetano Veloso), entre outras.
O encontro acontece no final. Antes, Gal Costa
apresenta seu show mais recente, todo calcado na obra de Tom Jobim, e Maria
Bethânia repete o espetáculo "A Força Que Nunca Seca", seu projeto de
99.
Ambos os shows foram transformados em CDs duplos ao
vivo.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Gal e Bethânia
cantam juntas
“Sol
Negro”, que Gal Costa gravou pela primeira vez num disco de Maria Bethânia, é
um dos números do show que fazem juntas, amanhã e domingo, no Credicard Hall,
em São Paulo. Formalmente, Bethânia e Gal cantaram juntas, ao vivo, apenas
outras duas vezes: em 1964, em Salvador, no show “Nós, por Exemplo”, que marcou
a estréia profissional delas duas e de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé e,
em 1976, no espetáculo “Doces Bárbaros”.
O Estado de S.
Paulo
Sexta-feira, 18 de fevereiro de
2000.
Gal, Bethânia
As duas cantoras apresentam-se
amanhã e domingo no Credicard Hall
MAURO DIAS
Formalmente, Maria Bethânia e
Gal Costa cantaram juntas, ao vivo, apenas outras duas vezes: em 1964, em
Salvador, no show Nós, por Exemplo, que marcou a estréia profissional delas duas
e de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé e, em 1976, no espetáculo Doces
Bárbaros.
Fora isso estiveram juntas,
eventualmente, em programas de televisão - ou cantaram duetos, em discos de
Maria Bethânia. Sempre nos de Bethânia: "Eu a convido para gravar comigo,
mas ela nunca me convidou", diz Bethânia, que não está reclamando, mas
achando graça da constatação.
De fato. Gal Costa, aliás,
gravou pela primeira vez num disco de Bethânia, fazendo dueto com ela na linda
e tristíssima canção Sol Negro, que Caetano Veloso escreveu para as duas.
Cantos opostos
Sol Negro, naturalmente, é um dos números do show que fazem
juntas, amanhã e domingo, no Credicard Hall.
Em 1964, quando cantaram a
música pela primeira vez ("Na minha voz/Trago a noite e o mar/O meu canto
é a luz/De um sol negro", cantava Bethânia, o grave rasgando noite e mar;
Gal Costa, ainda conhecida como Maria da Graça, respondia: "Valha, Nossa
Senhora/Há quanto tempo ele foi-se embora/Foi pra bem longe, para além do
mar/Para além dos braços de Iemanjá/Adeus"), obedeciam a uma disposição de
palco determinada pelo autor: uma em cada extremo da cena, Gal de preto,
Bethânia de branco.
A disposição foi mantida e Gal
continua de preto. Bethânia trocou o branco pelo prateado. O show de amanhã e
depois é o mesmo que foi apresentado para casa lotada, no Rio, no fim de semana
passado. Elas abrem juntas o espetáculo, com Os mais Doces Bárbaros,
de Caetano Veloso, e Oração para Mãe Meninha, de Dorival
Caymmi. Gal sai, Bethânia canta meia hora. "Não É A Força Que nunca Seca,
nada formal; canto coisas que gosto de cantar, posso dizer um texto ou não
dizer nenhum", conta. "Devo cantar Sampa: me faz bem cantar
Sampa em São Paulo", adianta.
Estranha força
Depois Gal Costa volta e as
duas cantam mais dois números. Bethânia sai, Gal apresenta uma versão reduzida
do espetáculo dedicado à música de Tom Jobim.
Para encerrar, cantam juntas
mais quatro música. A última delas é Força Estranha, feita por Caetano para
Roberto Carlos.
São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2000.
SHOW CRÍTICA
Gal Costa e Bethânia forjam seu
reencontro
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
enviado especial ao Rio
Latifundiárias da arte de cantar MPB, as baianas Gal Costa e Maria Bethânia repetem hoje e amanhã em São Paulo os shows conjunto que fizeram semana passada no Rio de Janeiro. É a primeira vez, provavelmente, que dão tratamento profissional aos encontros esporádicos que vêm fazendo ao longo de suas três décadas e meia de carreira.
Embora a gravadora a que ambas pertencem, BMG, seja reticente quanto a isso ("existem possibilidades", eles afirmam), o show tem toda a cara de que virá a se transformar em CD daqueles duplos, ao vivo, que ultimamente têm saído mais que mexerica em supermercado.
Nesse caso não é de todo injustificável, pelo que se pôde ouvir na estréia carioca, sábado passado. O show tem mesmo sabor de acontecimento histórico, em especial nos rapidíssimos minutos em que Gal e Bethânia, juntas e distantes uma da outra, cantam "Sol Negro", do brother Caetano.
É canção do primeiro LP de Bethânia, de 65, em que fazia participação especial uma tal Maria da Graça, bossa-novista tímida que pouco depois ensinaria ao país que seu nome era Gal. A versão, fiel à original, é madura, pesada, sufocante, inesquecível.
É pena que haja o clima "maracutaia de luxo", cada uma das artistas recauchutando seu show anterior, "A Força Que Nunca Seca", de Bethânia, e o "Gal canta Tom Jobim", de Maria da Graça -que, aliás, já são discos ao vivo.
Bethânia ainda anima o auditório, bem interpretando tudo aquilo que já se sabe e mais "O Ciúme", aquela em que Caetano fala do "velho Chico", o rio São Francisco, parecendo falar de outro Chico -seria um achado transferir o ciúme para Bethânia e Gal, mas elas não o fazem.
No solo de Gal, entretanto, cria-se a bolha de ela cantar exatamente as mesmas jobinianas de seis meses atrás, mais, bingo, "Baby" e "Aquarela do Brasil".
Recauchutados também são os duetos/duelos. Vai lá outra vez: "Oração à Menininha" elas cantaram juntas (e ao vivo) em 73, "Os Mais Doces Bárbaros" e "Esotérico" são do show-disco dos Doces Bárbaros (76, elas mais Caetano e Gil), "Sonho Meu" foi dueto em 78.
Há acréscimos. Abrem o show com "Os Mais Doces Bárbaros", com Gal fazendo o agudo e Bethânia se derramando no grave, dupla caipira em alto grau de sofisticação; na "Oração", cantam cada uma na sua, mas sem a habitual tensão em seus encontros -Gal arrasa na interpretação.
É vibrante, também, o bate-bola do final, no pot-pourri de lambidas à Bahia natal e no segmento em que atiram as belezas já quase tradicionais de Roberto e Erasmo, Chico e Caetano.
Mas, ah, a esperteza das ladinas... Fazem-se de embevecidas em seus banquinhos, uma olhando a outra solar, até que a sentada suba e profira o último verso de cada canção. Ou seja, são duetos que não são duetos, que elas não tiveram o trabalho -ou a dificuldade- de ensaiar.
Fica evidente no bis de "Sonho Meu", a tensão implícita como ar úmido no ambiente. Não vem das entranhas o encontro das duas, parece penoso estarem juntas, vozes que talvez se acreditem grandes demais para ocupar o mesmo lugar no espaço.
São razões delas, nem cabe ao público querer decodificar o porquê de serem frontalmente burocráticas no (re)encontro. É grande evento de qualquer forma.
Mas, moças importantes, seria ilegítimo ainda sonharmos que vocês se unissem para oferecer algo realmente excepcional?
enviado especial ao Rio
Latifundiárias da arte de cantar MPB, as baianas Gal Costa e Maria Bethânia repetem hoje e amanhã em São Paulo os shows conjunto que fizeram semana passada no Rio de Janeiro. É a primeira vez, provavelmente, que dão tratamento profissional aos encontros esporádicos que vêm fazendo ao longo de suas três décadas e meia de carreira.
Embora a gravadora a que ambas pertencem, BMG, seja reticente quanto a isso ("existem possibilidades", eles afirmam), o show tem toda a cara de que virá a se transformar em CD daqueles duplos, ao vivo, que ultimamente têm saído mais que mexerica em supermercado.
Nesse caso não é de todo injustificável, pelo que se pôde ouvir na estréia carioca, sábado passado. O show tem mesmo sabor de acontecimento histórico, em especial nos rapidíssimos minutos em que Gal e Bethânia, juntas e distantes uma da outra, cantam "Sol Negro", do brother Caetano.
É canção do primeiro LP de Bethânia, de 65, em que fazia participação especial uma tal Maria da Graça, bossa-novista tímida que pouco depois ensinaria ao país que seu nome era Gal. A versão, fiel à original, é madura, pesada, sufocante, inesquecível.
É pena que haja o clima "maracutaia de luxo", cada uma das artistas recauchutando seu show anterior, "A Força Que Nunca Seca", de Bethânia, e o "Gal canta Tom Jobim", de Maria da Graça -que, aliás, já são discos ao vivo.
Bethânia ainda anima o auditório, bem interpretando tudo aquilo que já se sabe e mais "O Ciúme", aquela em que Caetano fala do "velho Chico", o rio São Francisco, parecendo falar de outro Chico -seria um achado transferir o ciúme para Bethânia e Gal, mas elas não o fazem.
No solo de Gal, entretanto, cria-se a bolha de ela cantar exatamente as mesmas jobinianas de seis meses atrás, mais, bingo, "Baby" e "Aquarela do Brasil".
Recauchutados também são os duetos/duelos. Vai lá outra vez: "Oração à Menininha" elas cantaram juntas (e ao vivo) em 73, "Os Mais Doces Bárbaros" e "Esotérico" são do show-disco dos Doces Bárbaros (76, elas mais Caetano e Gil), "Sonho Meu" foi dueto em 78.
Há acréscimos. Abrem o show com "Os Mais Doces Bárbaros", com Gal fazendo o agudo e Bethânia se derramando no grave, dupla caipira em alto grau de sofisticação; na "Oração", cantam cada uma na sua, mas sem a habitual tensão em seus encontros -Gal arrasa na interpretação.
É vibrante, também, o bate-bola do final, no pot-pourri de lambidas à Bahia natal e no segmento em que atiram as belezas já quase tradicionais de Roberto e Erasmo, Chico e Caetano.
Mas, ah, a esperteza das ladinas... Fazem-se de embevecidas em seus banquinhos, uma olhando a outra solar, até que a sentada suba e profira o último verso de cada canção. Ou seja, são duetos que não são duetos, que elas não tiveram o trabalho -ou a dificuldade- de ensaiar.
Fica evidente no bis de "Sonho Meu", a tensão implícita como ar úmido no ambiente. Não vem das entranhas o encontro das duas, parece penoso estarem juntas, vozes que talvez se acreditem grandes demais para ocupar o mesmo lugar no espaço.
São razões delas, nem cabe ao público querer decodificar o porquê de serem frontalmente burocráticas no (re)encontro. É grande evento de qualquer forma.
Mas, moças importantes, seria ilegítimo ainda sonharmos que vocês se unissem para oferecer algo realmente excepcional?
No hay comentarios:
Publicar un comentario