miércoles, 18 de noviembre de 2015

2001 - O AVESSO DA BOSSA


"O tropicalismo é o avesso da sofisticação da bossa nova. Tudo o que ela rejeitou o tropicalismo abraçou, o que incluiu a música de mau gosto, o brega, o rock, a jovem guarda, a violência das palavras e das imagens"
[Caetano Veloso]


2000 - Gilberto Gil à la Villette


O festival “Latitudes Villette/Brésil”, começa nesta sexta-feira (26/5/2000) em Paris.


02/06/2000



Diferentes gerações da MPB se encontram na tela.



Silvio Essinger

Com estréia marcada para este domingo no festival Latitudes Villette/Brésil, em Paris, o documentário O Avesso da Bossa discute a música popular brasileira das últimas três décadas. Filmado em Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, o filme promoveu encontros de artistas de diferentes gerações. Cantando e conversando, os tropicalistas Gilberto Gil e Tom Zé juntaram-se a Chico César, Arnaldo Antunes e Fred 04 (do Mundo Livre S/A). 

Outros encontros informais reuniram: Lenine, Fernanda Abreu e Pedro Luís e a Parede; Jorge Ben Jor, Carlinhos Brown e Margareth Menezes; Naná Vasconcelos, Otto e Nação Zumbi. 

Produzido pela Videofilmes, com direção de Rogério Gallo, o filme leva assinatura de Carlos Calado, no roteiro e na montagem. 

A data de exibição no Brasil ainda não foi definida.
  




 

Arnaldo Antunes e Tom Zé: revival da Tropicália


 


Lenine, Fernanda Abreu, Pedro Luiz e o diretor Rogério Gallo


Lenine, Fernanda Abreu e Jovi, no MAM (RJ)




 
 



“O Avesso da Bossa”
Documentário dirigido por Rogério Gallo
Roteiro: Carlos Calado






São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 2000 

DOCUMENTÁRIO

Músicos recusam filiação exclusiva à Tropicália em panorama da MPB fim-de-século

Filme divide "filhos do tropicalismo"

ANTONIO CARLOS DE FARIA
da Sucursal do Rio

25/3/2000 - Caetano Veloso durante gravação do documentário "Filhos do Tropicalismo", no MAM (Museu de Arte Moderna, RJ)
Foto: Alexandre Campbell / Folhapress



25/3/2000 - Chico César e Gilberto Gil durante gravação do documentário "Filhos do Tropicalismo", no MAM (Museu de Arte Moderna, RJ)
Foto: Alexandre Campbell / Folhapress



Mostrar um panorama da música popular brasileira do final do século é o objetivo de um documentário que a VideoFilmes começou a gravar na semana passada e que estreará em Paris, em maio. Por resistência de parte dos artistas convidados em se enquadrarem como herdeiros do tropicalismo, o documentário permanece sem título.

Inicialmente, o filme iria se chamar "Os Filhos do Tropicalismo". Agora, seus produtores procuram um novo nome para a obra, que parte da percepção de que a música popular brasileira reconquistou nesta década o lugar de destaque que havia perdido nos anos 80 para o rock nacional.

Anteontem, no MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio, a instalação "Tropicália", de Hélio Oiticica, foi montada especialmente para o filme. Foi usada como ambiente para depoimentos e performances de Gilberto Gil, Chico César e Caetano Veloso.

Lenine, Fernanda Abreu, Jovi, Pedro Luiz e os integrantes do grupo A Parede se apresentaram nos jardins do MAM, longe da instalação, obra de 1967 que deu origem ao nome do movimento.

O distanciamento desses artistas em relação ao cenário das gravações sintetizou a recusa em ser reconhecidos como filhos de uma única linhagem musical, enfatizando que o trabalho que desenvolvem é fruto de múltiplas influências.

Gil e Caetano afirmaram que um dos méritos do tropicalismo foi a pluralidade, o que abriu espaços dentro da cultura nacional, inclusive para quem hoje não se vê como herdeiro do movimento.

"Nós não criamos um estilo musical, mas uma atitude pluralista. Hoje, vejo que a música do país tem várias atitudes, situação para a qual contribuiu a inserção do tropicalismo", disse Gil.

"O tropicalismo é o avesso da sofisticação da bossa nova. Tudo o que ela rejeitou o tropicalismo abraçou, o que incluiu a música de mau gosto, o brega, o rock, a jovem guarda, a violência das palavras e das imagens", disse Caetano, instigado a dar uma definição concisa para o movimento.

A idéia de realizar um registro da música nacional a partir dos anos do movimento tropicalista foi do produtor musical francês Bruno Boulay, um dos maiores difusores dos novos músicos brasileiros no exterior.

Rogério Gallo, diretor do documentário, reconhecido pela implantação da MTV brasileira, acha positivo o clima de debate sobre a participação dos artistas.

"Queremos fazer um trabalho documental que reproduza a atitude do tropicalismo, mas não retratar toda a música popular atual como filha do tropicalismo", afirmou. Além do Rio, haverá também depoimentos de artistas em São Paulo, Recife e Salvador.

Um dos pontos altos das gravações no Rio foi o depoimento de Caetano logo após percorrer a instalação. Ele lembrou que Oiticica apoiou os tropicalistas no início do movimento, mas depois se desiludiu com seus integrantes, quando os viu se incorporar à música comercial do país.

"Os garotos que hoje demonstram um certo desprezo e irritação, quando se fala em Caetano e Gil, fazem bem e isso é até desejável", disse Caetano, para quem o comportamento é próximo ao inconformismo de Oiticica, que viveu no "limite do suportável, para ele e para o mundo".


Caetano fez um elogio apaixonado a Tom Zé. "A obra e a vida profissional de Tom Zé podem ser vistas como uma crítica muda a essa adequação em que nós (os outros tropicalistas) estamos."



02 Fevereiro 2001

"O Avesso da Bossa" passa o Tropicalismo a limpo

Agencia Estado

Para quem viveu a época, o Tropicalismo é um movimento musical que inaugurou uma espécie de vale-tudo na música brasileira: das bananas de Carmem Miranda ao bolero, do samba às influências da música internacional.  

Foi uma verdadeira saudação à liberdade de criação, com a cabeça no futuro e os pés fincados na cultura popular brasileira. O Tropicalismo, que aconteceu há 32 anos, ganha uma avaliação muito especial hoje, às 21h30, no Multishow. 

O Avesso da Bossa, programa da Videofilmes com direção de Rogério Gallo, busca, com os inventores, a melhor definição para o movimento e, com a nova geração da música brasileira, os elos com aquele passado recente. A história começa com Gilberto Gil e Caetano Veloso visitando a exposição que remontou a histórica instalação Tropicália, de Hélio Oiticica, no MAM do Rio de Janeiro. 

Entre tentativas de buscar a melhor definição para o Tropicalismo, as falas dos dois músicos são intercaladas por imagens que viraram ícones daquela época. O avesso do avesso - Mesmo passados tantos anos, tanto Gil quanto Caetano ainda têm dificuldade em traduzir em poucas palavras o que foi o Tropicalismo. Gil diz, a certa altura, que tudo o que queria era misturar Banda de Pífanos de Caruaru com Beatles. 

A síntese para Caetano é O Avesso da Bossa - que acabou dando nome ao programa. Tom Zé, mais lúcido do que nunca, passeia pelo Teatro Oficina ao lado de Arnaldo Antunes e Fred 04 - numa conversa deliciosa, pontuada por uma interpretação não menos estimulante de Parque Industrial e Tô, a três vozes. 

Um dos principais alicerces do movimento, Tom Zé esclarece de uma vez por todas o seu distanciamento de toda esta história. Houve quem achasse que ele foi preterido, colocado para escanteio. 

Ele diz uma frase que talvez explique tudo: "Você colabora com o seu enterro." O documentário que começa no Rio e passa por São Paulo dá um salto até o Bar Pina de Copacabana, em Pernambuco, com belas imagens do mangue e papo do
percussionista Naná Vasconcelos com Otto e Jorge Du Peixe. 

Eles todos e a Nação Zumbi mostram, na prática, as influências tropicalistas, tocando e cantando de Panis Et Circensis, de Gil e Caetano, ao Trenzinho Caipira, de Villa-Lobos. 

Na Bahia, Capinam, outro pilar do movimento, faz a sua avaliação, enquanto Jorge Ben Jor visita o Candeal e encontra Carlinhos Brown e Margareth Menezes. 

"passeio musical" termina onde começou: no MAM do Rio, agora com Lenine, Fernanda Abreu, Jovi Joviniano e Pedro Luiz e a Parede, arrasando em Jack Soul Brasileiro, entre outras. Filmado em vídeo e super 8, intercalado por trechos de antigos programas de tevê, O Avesso da Bossa, segundo Rogério Gallo, mais do que relembrar episódios essenciais da Tropicália queria também "provocar parcerias inéditas ou pouco comuns". E consegue. 

À parte o som de fundo "brigando" com o áudio de alguns depoimentos, o documentário traz um outro jeito de mostrar a pluralidade da nossa música. 

Com toda a competência da Conspiração Filmes nesta área, é muito interessante que surjam outras formas de olhar a música popular brasileira. 





ISTOÉ Gente

Musical



O Avesso da Bossa


Especial celebra encontro entre tropicalistas e novas gerações



Paula Alzugaray



A instalação “Tropicália”, de Hélio Oiticica, é uma espécie de túnel do tempo que conduz ao centro do furacão tropicalista. Passeando pelo “monumento sem porta” de Oiticica, ao som da música “Tropicália”, Caetano Veloso e Gilberto Gil procuram definir o movimento criado e desativado em 1968 que renovou a música brasileira. “É o avesso da Bossa Nova”, sintetiza Caetano. “Tudo o que a Bossa tinha rejeitado, o Tropicalismo abraçou.”



E o que foi isso tudo? Pelos depoimentos que O Avesso da Bossa (Multishow, sexta-feira 2, 23h30) colheu entre músicos das gerações 80 e 90, conclui-se: o maior legado do Tropicalismo à música brasileira foi a liberdade. De misturar chiclete com banana ou scratches com tambor, como diz Fernanda Abreu.



O especial, dirigido por Rogério Gallo (ex-diretor da Rede TV!, recém-contratado pela Rede Bandeirantes), encarna esse espírito libertário e promove parcerias musicais inéditas.

Dá uma guitarra ao rei do timbau baiano, Carlinhos Brown, para tocar “Charles Anjo 45” com Jorge Ben Jor em Salvador. Registra a “Bachiana Brasileira no 2” tocada em ritmo de maracatu por Otto e Naná Vasconcelos em Recife.

Reúne Tom Zé, Arnaldo Antunes e Fred 04 em São Paulo. “Eu não quis fazer um documentário, mas explorar as químicas desses momentos”, define Rogério Gallo.

O mérito do especial é resgatar o tropicalismo sem empreender uma viagem regressiva no tempo, mas enfocando seus “herdeiros”. Isso o faz moderno e atual, sem ter que aderir à estética do videoclipe. Embora, em alguns momentos, sofra com uma edição entrecortada. O caso mais flagrante é Tom Zé que, com seu discurso já naturalmente caleidoscópico, dispensaria cortes. A Tropicália hoje



 





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