Caetano Veloso é outro a purificar as vozes do Recôncavo de Edith. Ele
participa de Minha Senhora, música que inspirou a composição
tropicalista homônima de Gilberto Gil e Torquato Neto. Apontando para diversas
gerações dos Velloso (assim mesmo, com L dobrado, como aparece no encarte do
CD), Caetano une o samba de Santo Amaro a How Beautiful Could a Being Be,
de autoria de seu filho Moreno.
2002 - DONA EDITH DO PRATO
Com: CAETANO VELOSO
BR-QUI-03-00023
/ 3:01
Álbum
“Vozes da Purificação” [Dona Edith do Prato]
Independente
CD MR0577
Biscoito
Fino / Quitanda CD qui 002, Track 10. (2003)
(Domínio Público/Moreno Veloso)
Minha senhora onde é que você mora
Vou fazer minha morada
Por cima do morro é lá
É lá é lá minha morada é lá
Torne a repetir meu amor
Sereiá sereiá sereiá sereiá
Ô sereiá ô sereiá
Eu nunca vi tanta areia no mar
A menina foi embora
Foi embora e me deixou
Nas asas do passarinho
Ela voou voou
How beautiful could a being be
2005 - Dona Edith e Jota Velloso |
Claro que você já ouviu falar em Dona Edith do Prato, forte tocadora de prato. Presença nos shows de Bethânia, Caetano e Mariene de Castro, Edith está na raiz do samba-de-roda e da chula. Vozes da Purificação é seu novo trabalho, que reúne os sons da festiva Santo Amaro, terra de artistas. São quatorze cantigas do cancioneiro baiano, que a gente ouve desde de criança, mas que, nas vozes de alegres senhoras da Purificação, soam mais festivas e sonoras.
“Ariri vaqueiro”, “Samba numerado”, “Senimbú” e “Calolé” são preciosidades gravadas em CD para a eternidade, algumas cantadas com a participação de Maria Bethânia, Caetano Veloso, Mariene de Castro, Roque Ferreira, Mané Barreto. É um disco dedicado ao Recôncavo da Bahia, um celeiro de sambistas. O CD tem dedo do animadíssimo J. Veloso na produção artística, claro
Sábado, 14 de Setembro de 2002
Prato cheio
Giovanna Castro
Aos 86 anos e tocando desde a adolescência, dona
Edith do Prato lança seu primeiro CD, hoje, em show na cidade de Santo Amaro da
Purificação
Quase 30 anos após estrear em disco participando de
Araçá azul, de Caetano Veloso, dona Edith do Prato lança o próprio CD com show
hoje, às 21h, no Teatro Dona Canô, em Santo Amaro da Purificação. A
apresentação, que também marca a abertura da segunda edição do projeto Dona
Canô Chamou, contará com Mariene de Castro, sambistas da região e o Coral Vozes
da Purificação. As chulas, sambas-de-roda e lundus típicos do recôncavo baiano
subirão ao palco pontuadas pelo toque do prato de dona Edith, que nunca
imaginou fazer carreira artística. Nem mesmo há uns 70 anos quando, ainda
adolescente, começava a tirar os primeiros sons de uma metade de cuia de queijo
no quintal de casa.
"Nunca sonhei em ser artista. Foi Caetano quem
me deu esse caminho", conta a senhora de 86 anos. Produzido por J.
Velloso, com patrocínio do governo do estado da Bahia, O CD Dona Edith do Prato
- Vozes da Purificação tem encarte assinado por Herminio Bello de Carvalho e
participações afetivas de Maria Bethânia, Coral Vozes da Purificação, Mariene
de Castro, Cortejo Afro, Roque Ferreira, Nenê Barreto, Erlon Portugal e Caetano
Veloso, de quem Edith foi mãe de leite. "Caetano nasceu cinco dias antes
do meu filho e como Canô pegou uma gripe muito forte, todo dia traziam o menino
para ser amamentado", lembra. As duas famílias são muito próximas porque a
irmã caçula de Edith, Nicinha, foi criada por dona Canô e seu Zeca.
Dona Edith lembra que desde a escolha de repertório,
feita com J. Velloso, até os arranjos e a gravação das faixas em si, tudo foi
muito prazeroso. "Os músicos são muito bons e alegres, me diverti muito.
Eu também fiquei muito feliz com o resultado do CD, os sambas estão muito
gostosos", avalia. E ela não exagera porque, ao ouvir o CD, têm-se a
sensação de estar no meio de uma das festas de largo da cidade de Santo Amaro.
Entre as canções registradas estão Marinheiro só, Tombo do pau, Samba numerado,
Minha senhora, How beautiful, Santo Amaro ê ê, e Viola meu bem. "Ficou
mais ou menos como as festas que eu ia naquele tempo", diz, referindo-se
aos anos 30 e 40.
Nessa carreira artística que segue impulsionada por
Caetano Veloso e Maria Bethânia, Edith Oliveira Nogueira já conheceu vários
lugares e pegou gosto pelo meio artístico. Mas não sabe dizer se aceitará
outros convites para shows e gravações. "Estou cansada", justifica,
sendo logo desmentida pela irmã Elza, 73 anos, integrante do Coral Vozes da
Purificação. "Não acredito muito nessa história, não. Se Caetano telefonar
e insistir um pouco, ela logo se anima", entrega.
Segundo conta o produtor Ninho Nascimento, neto de
criação de dona Edith e que a acompanha em todos os lugares, há dois meses ela
participou das gravações para a MTV brasileira do clipe de India.Arie, que
concorreu ao Grammy este ano e, até ser superada por Alicia Keys, era cotada
como uma das favoritas. "A gravação aconteceu no distrito de Santiago do
Iguape, um quilombo entre Santo Amaro e Cachoeira, e ficou muito bonito o blues
de India.Arie acompanhado pelo prato", opina.
O toque do prato, técnica inventada pela própria
Edith, tem alguns segredos. Os pratos finos não servem, melhores são os mais
antigos de porcelana grossa. A posição do prato, que deve ser pousado bem na
palma da mão, também é muito importante para a perfeição do som. O transporte é
sempre feito numa sacola acolchoada. Mas, apesar dos cuidados, dona Edith não
coleciona pratos e só os troca quando o som começa a ficar rouco, como ela diz.
Os únicos riscos são o prato ou a faca caírem da mão, coisa que ela garante
nunca ter acontecido. "Se tiver necessidade, dá para tirar qualquer som do
prato. Eu até consigo tocar com garfo e com colher, mas com a faca o som fica
bem melhor", ensina.
Na companhia de Herminio
O produtor, escritor e pesquisador carioca Herminio
Bello de Carvalho escreveu o texto do encarte de Dona Edith do Prato - Vozes da
Purificação e estará presente à festa de lançamento hoje à noite. "O disco
de dona Edith me remete ao belo Araçá azul, de Caetano, que a apresentou a
todos nós. Passou a ser lenda viva, uma espécie de cartão-postal sonoro da
Bahia. Dona Edith, friccionando o prato com uma faca nos transporta ao
recôncavo para com ela bailar as chulas, os sambas-de-roda e os lundus que, sem
esse nome, andaram vulgarizando por aí, sem o devido respeito à sua
imagem", assinou.
Na ocasião, quando também se comemora o primeiro
aniversário do Teatro Dona Canô, além de assistir o show de dona Edith,
Herminio lança seus dois livros mais recentes publicados pela editora Folha
Seca: Cartas cariocas para Mário de Andrade, com capa de Oscar Niemeyer, e a
antologia poética Contradigo. A biografia de Clementina de Jesus, Rainha Quelé
(Secretaria Municipal de Valença/Sesc), feita por Carvalho em parceria com Nei
Lopes, Lena Frias, Paulo Cesar de Andrade e Heron Iamaguchi, será doada para as
casas de cultura da cidade. O livro narra o encontro de Herminio com Clementina
que resultou no espetáculo Rosa de ouro, que revelou Paulinho da Viola, Elton
Medeiros e Nelson Sargento.
FICHA
Disco: Dona Edith do Prato - Vozes da Purificação
Artista: Edith do Prato
Produção artística: J. Velloso
Gravadora: Independente
Disco: Dona Edith do Prato - Vozes da Purificação
Artista: Edith do Prato
Produção artística: J. Velloso
Gravadora: Independente
João Francisco Velloso |
Folha de S.Paulo
17/12/2002
Edith do Prato
revela origens da música de S. Amaro da Purificação
ISRAEL DO VALE
free-lance para a Folha
A longa fila de cadeiras no corredor de entrada já deixa entrever: aquele é lugar de gente festeira. Sentada na mesa da sala de jantar, na contraluz do sol de fim de tarde trazido pela porta que leva ao quintal, dona Edith desfia lembranças dos 76 anos que a separam da "casinha de samba" erguida nos fundos do terreno estreito e comprido, que atravessa um quarteirão de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, a hora e meia de Salvador.
Naquele pedaço de terra, a cem metros do que anos depois seria a morada de comadre Canô (cujos filhos Caetano Veloso e Maria Bethânia inscreveriam a cidade no mapa cultural do país), a menina de dez anos começou a exercitar com uma cuia de queijo o estilo que seria aperfeiçoado num prato de cerâmica e a conduz agora ao primeiro disco, aos 86 de vida.
Costureira ocasional e festeira inveterada, Edith Oliveira Nogueira, mais conhecida como Dona Edith do Prato, tem história entrelaçada à do clã Veloso. Basta dizer que chegou a ser mãe de leite do quinto filho de Canô, Caetano, apresentado ao mundo cinco dias antes de seu primogênito.
A retribuição viria pela via artística. Edith faria sua estréia nos palcos, no teatro Castro Alves, dividindo os holofotes com Caetano, Chico Buarque e MP4. "Quando vi aquela multidão fiquei assombrada... Mas depois deu tudo certo", lembra. "Eles me abraçaram tanto, agradeceram, que eu me animei a continuar."
Do filho de leite viria também a primeira chance de gravar. Trinta anos atrás, o disco "Araçá Azul", de Caetano, já registraria, sob o codinome Edith Oliveira, a voz sibilante de dona Edith na faixa de abertura, "Viola, Meu Bem", e em "Sugar Cane Fields Forever".
A técnica do prato-e-faca, item básico nos sambas-de-roda e nas chulas, vem sendo exercitada desde muito antes, ainda na meninice, na tal casinha de samba (uma lona estendida sobre quatro estacas). "Eu viajava muito para tocar, mesmo ainda menina", diz. "Me convidavam para tocar em aniversário, nos carurus. Meu pai via que eu gostava e deixava." Foi nas festas que surgiram os dois maridos de Dona Edith, ambos já mortos. "Namorei muito, meu filho."
As paredes da casa desfilam imagens de Caetano e Bethânia, em fotos ou desenhos. Só perdem na devoção para o pequeno quarto em que Dona Edith guarda imagens de entidades do candomblé, num altar principal. A surpresa, quando se cruza a soleira de mármore da sala envolta em meia-luz, só aumenta quando se percebe atrás da porta uma razoável confraria de santos católicos. Filha de Oxum Maré, Dona Edith não se furta ao sincretismo explícito. Questionada se é católica, diz sem titubear: "Graças a Deus".
O CD "Dona Edith do Prato - Vozes da Purificação" foi lançado em setembro com show em Santo Amaro e só chegou a Salvador há duas semanas, em apresentação fechada para convidados, na abertura do 4º Mercado Cultural. Vozes da Purificação é o nome do coro das oito cantoras septuagenárias que a acompanham no disco e nos shows.
Até agora, foi tudo -bem pouco para o que é. Produzido por J. Velloso (filho de Clara Maria, filha mais velha de Dona Canô), o disco remete, via samba-de-roda, aos primeiros passos do gênero-símbolo tupiniquim, antes mesmo de ser lavrada sua certidão de nascimento.
Anos antes daquele que entraria para a história como o primeiro samba gravado ("Pelo Telefone", em 1917), João da Bahiana (filho de uma santamarense, Tia Preciliana, como informa o produtor e pesquisador Hermínio Bello de Carvalho no encarte do disco) já exercitava o prato-e-faca nos terreiros das tias baianas radicadas no Rio. É creditada a ele, diga-se, a introdução no samba de outro instrumento comum ao samba-de-roda, o pandeiro.
De aparência frágil, mas sempre implacável nas idéias, Dona Canô, hoje com 95 anos, conta que teria sido sondada pelo neto J. Velloso para gravar o disco que ganhou corpo pela voz de Dona Edith -com participações de Caetano Veloso, Maria Bethânia e outros.
"Pastoril, roda de samba, igreja: em tudo eu já cantei", conta Dona Canô. "Hoje já não estou com muita voz e não tenho mais fôlego", diz. "Mesmo no coral da igreja, só vou para fazer número." Este mesmo coral, com integrantes dos 18 aos 95 anos, abastece parte do coro das Vozes da Purificação.
"O disco ficou muito bonito", exalta Dona Canô. "Todos esses sambas eu sei", diz ela, citada na letra de "Santo Amaro Ê Ê", uma das 14 faixas do disco. Reza a letra: "Eu trabalho o ano inteiro/ na estiva de São Paulo/ só pra passar fevereiro em Santo Amaro". "Aqui nasci, aqui me criei, aqui estou. Não tem lugar melhor", diz Dona Edith. As visitas que se cheguem. O prato e a faca guardados numa bolsinha acolchoada sobre o guarda-roupa estão sempre à espera, assim como as cadeiras. Para começar a festa, é o bastante.
free-lance para a Folha
A longa fila de cadeiras no corredor de entrada já deixa entrever: aquele é lugar de gente festeira. Sentada na mesa da sala de jantar, na contraluz do sol de fim de tarde trazido pela porta que leva ao quintal, dona Edith desfia lembranças dos 76 anos que a separam da "casinha de samba" erguida nos fundos do terreno estreito e comprido, que atravessa um quarteirão de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, a hora e meia de Salvador.
Naquele pedaço de terra, a cem metros do que anos depois seria a morada de comadre Canô (cujos filhos Caetano Veloso e Maria Bethânia inscreveriam a cidade no mapa cultural do país), a menina de dez anos começou a exercitar com uma cuia de queijo o estilo que seria aperfeiçoado num prato de cerâmica e a conduz agora ao primeiro disco, aos 86 de vida.
Costureira ocasional e festeira inveterada, Edith Oliveira Nogueira, mais conhecida como Dona Edith do Prato, tem história entrelaçada à do clã Veloso. Basta dizer que chegou a ser mãe de leite do quinto filho de Canô, Caetano, apresentado ao mundo cinco dias antes de seu primogênito.
A retribuição viria pela via artística. Edith faria sua estréia nos palcos, no teatro Castro Alves, dividindo os holofotes com Caetano, Chico Buarque e MP4. "Quando vi aquela multidão fiquei assombrada... Mas depois deu tudo certo", lembra. "Eles me abraçaram tanto, agradeceram, que eu me animei a continuar."
Do filho de leite viria também a primeira chance de gravar. Trinta anos atrás, o disco "Araçá Azul", de Caetano, já registraria, sob o codinome Edith Oliveira, a voz sibilante de dona Edith na faixa de abertura, "Viola, Meu Bem", e em "Sugar Cane Fields Forever".
A técnica do prato-e-faca, item básico nos sambas-de-roda e nas chulas, vem sendo exercitada desde muito antes, ainda na meninice, na tal casinha de samba (uma lona estendida sobre quatro estacas). "Eu viajava muito para tocar, mesmo ainda menina", diz. "Me convidavam para tocar em aniversário, nos carurus. Meu pai via que eu gostava e deixava." Foi nas festas que surgiram os dois maridos de Dona Edith, ambos já mortos. "Namorei muito, meu filho."
As paredes da casa desfilam imagens de Caetano e Bethânia, em fotos ou desenhos. Só perdem na devoção para o pequeno quarto em que Dona Edith guarda imagens de entidades do candomblé, num altar principal. A surpresa, quando se cruza a soleira de mármore da sala envolta em meia-luz, só aumenta quando se percebe atrás da porta uma razoável confraria de santos católicos. Filha de Oxum Maré, Dona Edith não se furta ao sincretismo explícito. Questionada se é católica, diz sem titubear: "Graças a Deus".
O CD "Dona Edith do Prato - Vozes da Purificação" foi lançado em setembro com show em Santo Amaro e só chegou a Salvador há duas semanas, em apresentação fechada para convidados, na abertura do 4º Mercado Cultural. Vozes da Purificação é o nome do coro das oito cantoras septuagenárias que a acompanham no disco e nos shows.
Até agora, foi tudo -bem pouco para o que é. Produzido por J. Velloso (filho de Clara Maria, filha mais velha de Dona Canô), o disco remete, via samba-de-roda, aos primeiros passos do gênero-símbolo tupiniquim, antes mesmo de ser lavrada sua certidão de nascimento.
Anos antes daquele que entraria para a história como o primeiro samba gravado ("Pelo Telefone", em 1917), João da Bahiana (filho de uma santamarense, Tia Preciliana, como informa o produtor e pesquisador Hermínio Bello de Carvalho no encarte do disco) já exercitava o prato-e-faca nos terreiros das tias baianas radicadas no Rio. É creditada a ele, diga-se, a introdução no samba de outro instrumento comum ao samba-de-roda, o pandeiro.
De aparência frágil, mas sempre implacável nas idéias, Dona Canô, hoje com 95 anos, conta que teria sido sondada pelo neto J. Velloso para gravar o disco que ganhou corpo pela voz de Dona Edith -com participações de Caetano Veloso, Maria Bethânia e outros.
"Pastoril, roda de samba, igreja: em tudo eu já cantei", conta Dona Canô. "Hoje já não estou com muita voz e não tenho mais fôlego", diz. "Mesmo no coral da igreja, só vou para fazer número." Este mesmo coral, com integrantes dos 18 aos 95 anos, abastece parte do coro das Vozes da Purificação.
"O disco ficou muito bonito", exalta Dona Canô. "Todos esses sambas eu sei", diz ela, citada na letra de "Santo Amaro Ê Ê", uma das 14 faixas do disco. Reza a letra: "Eu trabalho o ano inteiro/ na estiva de São Paulo/ só pra passar fevereiro em Santo Amaro". "Aqui nasci, aqui me criei, aqui estou. Não tem lugar melhor", diz Dona Edith. As visitas que se cheguem. O prato e a faca guardados numa bolsinha acolchoada sobre o guarda-roupa estão sempre à espera, assim como as cadeiras. Para começar a festa, é o bastante.
2002
- Dona Edith do Prato, J. Velloso e Hermínio Bello de Carvalho no lançamento do
disco de D. Edith - Fonte: Site Oficial J. Velloso
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