jueves, 15 de noviembre de 2012

2012 - PERSONA DEL AÑO 2012



29/10/2012 - Foto: Marcelo Regua


 
Revista Contigo!
n° 1937 - 1/11/2012

 









29/10/2012
 
A América Latina sempre foi um tema importante para mim, desde o primeiro disco’, afirma Caetano Veloso | Foto: Marcelo Regua / Agência O Dia

Grammy Latino celebra Caetano

Artista é a Personalidade de 2012 na 13ª edição do evento, que acontece em Las Vegas


POR Kamille Viola



Rio - Homenageado como a personalidade de 2012 na 13ª edição do Grammy Latino, que acontece dia 15 de novembro em Las Vegas, Caetano Veloso garante que nunca assistiu ao Grammy. “Gosto de premiação quando estou lá, você vê um monte de gente da sua atividade”, conta ele. Em 2001, ele finalmente veria a cerimônia, já que se apresentaria lá, em Los Angeles. Mas, no meio do caminho, estavam dois aviões que atingiram as Torres Gêmeas, em Nova York, no dia 11 de setembro, dia do evento, espalhando o caos pelos Estados Unidos e cancelando a festa.



Na 13ª edição da premiação, no entanto, além de subir ao palco para cantar e receber sua homenagem, Caetano terá um dia inteiro de tributo a ele, na véspera da cerimônia que é exibida na TV. A noite de gala, que acontece no MGM Grand Garden Arena, é uma festa fechada exibida apenas pelo site do Grammy Latino. Artistas latinos como Juanes, Mala Rodriguez e Enrique Bunbury, a americana Natalie Cole, a canadense Nelly Furtado, além dos brasileiros Ivete Sangalo, Maria Gadú, Seu Jorge, Alexandre Pires, entre outros, cantarão músicas de Caetano ou que ficaram conhecidas na voz dele.



“A América Latina sempre foi um tema importante para mim, desde o primeiro disco, quando encomendei e gravei ‘Soy Loco Por Ti America’”, lembra ele, que lançou dois álbuns inteiros com músicas hispânicas: ‘Fina Estampa’ (1994) e ‘Fina Estampa Ao Vivo’ (1995).



Ele é o segundo brasileiro a ser homenageado no evento: o primeiro foi Gilberto Gil, em 2003. Placido Domingo, Julio Iglesias, Ricky Martin e Shakira, entre outros, também já foram lembrados pelo evento.










"Quiero dar las gracias a la Academia Latina de la Grabación por todo esto."

MGM Grand Garden Arena - Las Vegas, Nevada 14 de noviembre de 2012.










Las canciones interpretadas por músicos latinos durante el homenaje:



● NÃO ENCHE
Natalia Lafourcade (México) y Alexandre Pires (Brasil)



● FINA ESTAMPA
Tania Libertad (Perú)



● O LEÃOZINHO
Nelly Furtado (Canadá/Portugal)



● FORÇA ESTRANHA (en español)
Alejandro Sanz (España)



● LINDEZA (en español)
Juan Luis Guerra (República Dominicana)


● CUCURRUCUCÚ PALOMA
Lila Downs (México)


● SAMPA
Juanes (Colombia)



● A LITTLE MORE BLUE
Natalie Cole (EE. UU)


 
● DE NOITE NA CAMA / BELEZA PURA
Seu Jorge (Brasil)


● OS ARGONAUTAS
Enrique Bunbury y La Mala Rodríguez (España)



● ONDE O RIO E MAIS BAIANO
La Mari (España)




● NÃO IDENTIFICADO
Caetano Veloso













El dia siguiente (15/11) tuvo lugar la Ceremonia Oficial de Entrega de Premios del XIII Latin Grammy.


El álbum Especial Ivete, Gil e Caetano recibió el Grammy como Mejor Álbum de MPB.


Caetano y el trompetista cubano Arturo Sandoval interpretaron juntos CAPULLITO DE ALELÍ y ODARA.

Sandoval por su parte, ganó dos Grammys:
Mejor Álbum de Tango: Tango - Como yo te siento y
Mejor Álbum de Latin Jazz: Dear Diz (Every day I think of you)



16/11/2012





18/11/2012

O GLOBO
Caetano Veloso
O colunista escreve aos domingos

Nenhum Elvis

Impressões sobre Las Vegas e emoções no Grammy Latino

Las Vegas é bem mais cidade do que Los Angeles. Isso eu não imaginava. Bem, tudo o que você vê parece ter sido produzido num Projac (Projeto Jacarepaguá, que é o que significa esse apelido) hipertrofiado, mas os volumes arquitetônicos e suas disposições urbanísticas sugerem o que reconheço como cidade. Eu supunha que ia encontrar estradas cortando o deserto e, de repente, aquela breve concentração de cassinos com luzes coloridas desamparada diante da vastidão do mundo. Tudo em Los Angeles (ou Tucson ou Phoenix) parece um precário esboço de concentração urbana aberto para o céu, o vazio, a rodovia expressa, o deserto, os olhos do coiote.

Cidade para mim significou sempre Santo Amaro, ou seja, um lugar onde a gente entra e se vê rodeado de sólidas paredes de alvenaria. Neguinho chegava do trem ou do navio e entrava, por uma porta larga, em território urbano, com calçamento de paralelepípedo e casas coladas umas às outras: o mundo selvagem das matas, dos mangues, dos braços de mar ficando fora dos muros. Mesmo depois de o rodoviarismo de JK e dos milicos (e de quem mais chegou) ter aproximado minha cidadezinha da Cidade do Salvador com pistas asfaltadas, sentimos que, passados uns meandros de acercamento, a estrada finalmente nos entrega a uma realidade absoluta chamada Santo Amaro. De fato internalizamos a cidade murada das Antiguidades e da Idade Média: não concebemos uma cidade como um ser contingente, com as ruas abertas para o sem sentido. Em Los Angeles temos a impressão de que nunca chegamos à cidade propriamente dita.

Esperei isso de Las Vegas. Mas não. O número incrível de hotéis imensos, cada qual com seu cassino no foyer, se dispõe em total urbanidade. A imitação do edifício da Chrysler de Nova York, os palazzos venezianos (ligados por gôndolas delineadas por neon), o Arco do Triunfo e a Estátua da Liberdade conformam uma cidade tão convincentemente quanto os conjuntos de prédios mais anódinos de São Paulo. Desse ponto de vista, sinto-me mais em casa do que nas não cidades do Sul e do Oeste. Mas é claro que a mera existência de exércitos de velhinhas sentadas diante de máquinas caça-níqueis no lobby dos hotéis já põe uma pobre cabeça como a minha fora de esquadro.

O fato de as pessoas poderem fumar nesses recintos fechados é algo escandaloso, num país onde até nos parques já é proibido fumar. O tabaco e a prostituição são liberalidades exclusivas de Sin City? Confesso que o cheiro de cigarro me deu mais sensação de familiaridade do que de paranoia: é o cheiro de quando eu era novinho. Vi poucas putas e nenhum Elvis. Mas fui a um restaurante que tinha, ao mesmo tempo, uma das melhores comidas que já experimentei (um peixe ao forno melhor do que o da Osteria dell’Angolo) e a mais feia decoração de interiores que já vi. Umas luminárias imensas pareciam ser feitas de osso humano em liquefação (como quando vemos objetos sólidos derretendo em viagens com alucinógenos), enquanto os carpetes sugerem o caminho inverso do percorrido pela pintura de Beatriz Milhazes para rimar humor e dor.

Las Vegas vai ficando mais e mais estranha, como num sonho um lugar corriqueiro começa a parecer assombrado. É, tranquilizadoramente, uma cidade: suas avenidas são largas como a 9 de Julho em Buenos Aires, suas esquinas são esquinas, com certeza não estamos em Brasília. Mas as dimensões são apavorantes. Você pode gastar 20 minutos andando do elevador à portaria, dez atravessando a rua a pé. E a forma e o material de tudo o que enfeita cada prédio faz pensar que estamos num imenso estacionamento de carros alegóricos de escola de samba sob uma luz sem compaixão.

O exagero, a sensação de desperdício, tudo faz pensar na fatal derrocada da economia capitalista no estado em que nossa geração a encontrou. Há os jogos, as putas e o fumo, mas também farto entretenimento tipo família. Um “Love” dos Beatles (que eu adoraria trazer meus filhos e netos para ver), vários espetáculos do Cirque du Soleil. No show do Grammy Latino, havia gente desses circos e o Blue Man. Nessa festa eu me apresentei, tímida e modestamente. Na noite anterior me comovi com Natalie Cole cantando “A little more blue”, Juanes cantando “Sampa”, Juan Luis Guerra cantando “Lindeza”. E mais. Lila Downs, Alexandre Pires, Natalia Lafourcade, Nelly Furtado, Tania Libertad, Seu Jorge, Mala, Enrique Bunbury. Ao meu lado, Sonia Braga. E a voz de Nicinha veio com “Alguém cantando”. Voltei por caminhos alegóricos e corredores de pesadelo. Mas ficou alguma alegria na imagem dessa cidade. A alegria das festas ingênuas. Feita de balões gigantes proibidos, trios elétricos resplandecentes, maracatus atômicos.

No hay comentarios:

Publicar un comentario