4/9/2001 |
2012 – MARIA BETHÂNIA Y CAETANO VELOSO
Álbum “Noite Luzidia” [Maria Bethânia]
Gravado ao vivo no Canecão em 4 de setembro de 2001.
Biscoito Fino DVD bf796, Track 2.
Biscoito Fino 2 CD's, CD 1, Track 2. [2013]
Biscoito Fino 2 CD's, CD 1, Track 2. [2013]
JORNAL DO BRASIL
Quinta-feira, 6 de Setembro de 2001.
Festa de Bethânia, excesso de estrelas.
Entra-e-sai no palco, beijo em Calcanhotto e duetos desencontrados marcam show que festejou 35 anos de carreira da cantora.
Era um tal de vip dando cabeçada em vip no Canecão na noite de terça - todos eles a postos para conferir o show comemorativo de 35 anos de carreira (na verdade, 36) de Maria Bethânia. A intenção com a festa era reunir no palco os compositores/cantores de importância para a história da cantora - inclusive, os que chegaram mais recentemente e fizeram parte de seu mais novo disco, Maricotinha, lançado há poucos dias. Estavam todos eles lá, disputando espaço com o presidenciável Ciro Gomes e a namorada, a atriz Patrícia Pillar, a imortal Nélida Piñon, as atrizes Marieta Severo, Deborah Evelin e Lúcia Veríssimo, o compositor Hermínio Bello de Carvalho, a cantora Elba Ramalho, o DJ Zé Pedro (do programa de Adriane Galisteu)... Coube a Nelson Motta a tarefa de apresentar Bethânia, gabando-se de que estava lá, no Teatro de Arena, na noite em que a cantora estreou, aos 17 anos, substituindo Nara Leão no espetáculo Opinião (cuja música-tema, de Zé Keti, foi cantada no show). ''Tudo nela era muito diferente do que se conhecia e se gostava'', disse Nelson.
Com direção de Bibi Ferreira, o show (gravado por André Horta para a confecção de um DVD, que terá ainda entrevista com a cantora e depoimentos dos convidados) teve seus momentos de intensidade e surpresa. Como quando Bethânia e Adriana Calcanhotto se beijaram na boca ao fim de Depois de ter você (de Adriana, gravada em Maricotinha), ou quando Chico Buarque, metido numa inesperada camisa de gola larga, fez o público levantar para ouvi-lo cantar com a anfitriã a música Sem fantasia (uma das grandes surpresas da noite). Uma introdução apoteótica (como se Bethânia precisasse disso...) deu início ao show, que seguiu em clima bem familiar, em um dueto com o irmão Caetano, todo de branco, na canção De manhã, dele, faixa de abertura do primeiro disco dela, Maria Bethânia, de 1965. No fundo, era projetada sobre o telão uma fotomontagem dos irmãos, abraçados, dentro de uma flor.
Reverência - Outro ponto alto do show foi a participação de Gilberto Gil (com o qual Bethânia reatou amizade há uns poucos anos), em Lamento sertanejo, Viramundo e Se eu morresse de saudade, nova dele, gravada em Maricotinha. Não faltou reverência também para Edu Lobo, com quem a cantora havia dividido um disco (Edu e Bethânia, de 1967) mas, até então, não o palco. Uma vinheta instrumental, com Beatriz (durante a qual a cantora se deitou, lânguida, sobre uma chaise longue azul turquesa), deu a deixa. Algumas músicas depois, Edu e Chico estariam reunidos a Bethânia para A moça do sonho, do musical Cambaio, gravado por ela em Maricotinha. Dorival Caymmi, autor da faixa-título do novo disco, foi representado no palco pelos filhos Nana e Dori.
Moreno, sobrinho de Bethânia, reforçou o clã dos Veloso diante dos Caymmi, tocando pandeiro nessa música. Roberto Carlos, eterno ausente dos palcos alheios, foi lembrado pela cantora com emocionante interpretação de As canções que você fez pra mim, faixa-título do disco que ela dedicou exclusivamente à obra de Roberto e Erasmo Carlos. Ausente por outras razões, Gonzaguinha foi resgatado no encerramento, em clima de carnaval, depois de uma chuva de pétalas, em O que é o que é?.
Mais convidados animaram a noite de Bethânia no Canecão. Carlos Lyra e Mariana de Moraes (representando, meio assustada, o avô Vinicius) traçaram Primavera (Lyra e Vinicius) tal qual foi gravada em Maricotinha. Chico César deu canja em Dona do dom e Antes que amanheça, duas que a cantora registrou no mesmo disco, que ainda deu margem a participações de Lenine (em Nem sol, nem lua, nem eu, sua com Dudu Falcão), Ana Carolina (Pra rua me levar, com Totonho Vileroy), o ex-titã Arnaldo Antunes (lembrado mais tarde em Alegria) e o ainda titã Branco Mello (substituindo, com suas peculiares vozes, o paralama Herbert Vianna em Quando você não está aqui, parceria com Paulo Sérgio Valle), a elogiada Vanessa da Mata (O canto de dona Sinhá), Renato Teixeira (Juntar o que sentir) e, por fim, o baiano Roberto Mendes (Noite de estrelas).
Constelação - No geral, apesar da constelação de convidados e da própria disposição da cantora em celebrar-se, o show de Maria Bethânia deu uma certa impressão de confusão - o entra-e-sai de convidados quebrava o ritmo cênico, alguns duetos foram desencontrados e, ainda por cima, a cantora lia algumas das letras do disco novo. Para quem estava lá na festa, fica a esperança de que, depois de uma criteriosa montagem, o DVD traga um espetáculo à altura das expectativas dos produtores.
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