DISSERAM
QUE EU VOLTEI AMERICANIZADA
(Vicente
Paiva/Luis Peixoto)
1995
Tributo a Carmen miranda / A
Tribute to Carmen Miranda
Lincoln Center, em
Nova York, dirigido por Nelson Motta
FOLHA DE S.PAULO
Ilustrada
São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto
de 1995
Nova York faz tributo a Carmen Miranda
DANIELA FALCÃO
de NOVA YORK
Mais de 10 mil pessoas lotaram o Damrosh Park, no
Lincoln Center (Nova York), na sexta-feira à noite, para assistir o “Tributo a Carmen Miranda".
O show, que encerrou a programação de verão gratuita do Lincoln Center, durou
cerca de duas horas e foi um dos mais concorridos da temporada.
Produzido por Tim Johnson e Nelson Motta, o tributo
misturou nomes consagrados da música brasileira como Leo Gandelman e Eduardo
Dusek a quase estreantes como o cantor carioca Nando Gabrielli.
Marília Pêra, Aurora Miranda (irmã de Carmen),
Bebel Gilberto, Maria Alcina e Patrícia Marx também participaram da homenagem.
O evento estava marcado para as 20h15, mas desde as
19h00 era impossível achar lugar para sentar.
Como continuava chegando gente, a polícia teve que
acomodar as pessoas no chão, quebrando a regra dos espetáculos na concha
acústica no Lincoln Center, onde todos sentam em cadeiras colocadas no jardim.
Quem abriu o tributo foi a cantora Maria Alcina.
Acompanhada por uma trupe de drag queens travestidas de Carmen Miranda, ela
começou o show cantando dois sucessos da pequena notável: “Alô, Alô" e “Tico
Tico no Fubá".
A presença das drags entusiasmou mais o público do
que a apresentação da cantora, prejudicada pela má qualidade do som.
Maria Alcina fechou sua participação com uma
coletânea de antigas marchinhas de Carnaval, de “Mamãe eu Quero" a “Balancê".
Contrastando com o colorido da trupe de Maria
Alcina, Bebel Gilberto entrou no palco toda vestida de preto.
Cantou “Tic Tac do Meu Coração” e “Uva de
Caminhão" e foi uma das mais aplaudidas pelo público, que reuniu
brasileiros, americanos e, principalmente, a comunidade hispânica de Nova York.
A cantora baiana Juliana (outra semi-estreante),
foi a primeira a fazer o público levantar e dançar. Acompanhada de dois
dançarinos afros, ela fez de “O Que é Que a Baiana Tem" uma das mais
originais interpretações do tributo.
A melhor parte do show, entretanto, só aconteceu na
segunda metade do espetáculo, depois das apresentações de Nando Gabrielli (“Na
Batucada da Vida") e Patrícia Marx.
Quem abriu a “parte nobre" do tributo foi o
saxofonista Léo Gandelman. Acompanhado por Don Salvador (acordeão), ele foi
aplaudido de pé.
Em seguida, veio Eduardo Dusek. Vestido de
marinheiro, Dusek cantou duas músicas (“Disseram que eu Voltei
Americanizada" e “Camisa Listrada") e saiu com o público pedindo bis
(aliás, “mais um" em alto e bom português).
Marília Pêra apareceu no palco com vestido rosa
cheio de babados e foi aplaudida de pé.
O momento mais emocionante aconteceu quando ela
chamou ao palco Aurora Miranda e as cantaram juntas “Cantoras do Rádio".
“Você fica muito parecida com a Carmen quando se veste desse jeito", disse Aurora, que precisou de ajuda para andar até o centro do palco devido à idade.
“Você fica muito parecida com a Carmen quando se veste desse jeito", disse Aurora, que precisou de ajuda para andar até o centro do palco devido à idade.
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