O
POVO
ELEIÇÕES
2018
Guilherme Boulos e Sonia Guajajara lançarão
pré-candidatura pelo PSOL
O evento reunirá artistas, políticos, intelectuais,
bem como lideranças de movimentos sociais do campo progressista
02/03/2018
Redação
O POVO Online
O líder do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, lança sua
pré-candidatura próximo sábado, 3 de março, em São Paulo. A vice na chapa de Boulos é
Sonia Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas. A
informação é da Folha de S. Paulo.
O evento reunirá
artistas, políticos, intelectuais, bem como lideranças de movimentos sociais do
campo progressista - que não serão necessariamente filiados ao PSOL.
Caetano Veloso,
por exemplo, estará presente no ato. O cantor já declarou seu voto no
pré-candidato do PDT, Ciro Gomes. Ele sugeriu, inclusive, que o projeto de
nacional desenvolvimento defendido pelo candidato cearense poderia abrigar
Boulos em eventual disputa de segundo turno.
No evento,
estarão presentes o arquiteto Nabil Bonduk, ex-secretário de Cultura da gestão
Haddad; a ex-prefeita paulistana Luiza Erundina; Frei Betto; a cineasta Marina
Person e a escritora Antonia Pellegrino.
3 de março de 2018
Com aval de Lula e
celebridades, Boulos lança pré-candidatura à Presidência
Chapa
do PSOL tem a líder indígena Sonia Guajajara como vice; personalidades falaram
no evento
Anna Virginia Balloussier
São Paulo
Com
respaldo de Lula, um potencial rival eleitoral, e de personalidades que outrora
orbitaram PT e Marina Silva, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem
Teto), Guilherme Boulos, lançou neste sábado (3) sua pré-candidatura à
Presidência, com a líder indígena Sonia Guajajara de vice. Ele se filiará ao
PSOL nos próximos dias, e o partido deve oficializar sua chapa em sua convenção
nacional, no dia 10 de março.
Caetano
Veloso cantou "Gente" para introduzir Boulos, que o enrolou numa
bandeira do MTST, e "Índios" para apresentar Guajajara, de quem
ganhou um cocar.
"Este
nosso encontro talvez fosse improvável. Não é um encontro óbvio toda essa
diversidade que está aqui. O que nos uniu foi o avanço do conservadorismo, que
nos forçou a buscar alianças novas", disse o futuro presidenciável.
O
atual inquilino do Palácio do Planalto foi alvo preferencial. "Este Temer
vai ficar na história como um Juscelino Kubitschek ao contrário, em menos de
dois anos conseguiu fazer o país voltar 50 anos atrás."
A
mensagem de Lula, transmitida em telão, martelou a ideia de que Boulos é um bom
quadro político —para o futuro. "Você sabe o quanto eu te respeito, o
quanto gosto de você pessoalmente e quanto acho você uma pessoa de muito futuro
na política. Jamais vou pedir para você não ser candidato", afirmou o
ex-presidente, que depende de decisões judiciais para disputar o Planalto.
O
petista definiu o neófito eleitoral como "uma pessoa nova, que tem
futuro, que pode se projetar". Também citou a pré-candidata Manuela
D'Ávila (PC do B), mas ignorou Ciro Gomes (PDT), nome esquerdista que melhor
pontua em pesquisas de intenção de voto e a quem criticou em entrevista recente à colunista da Folha Monica Bergamo.
Boulos
devolveu o afago do petista e criticou o Judiciário por condenar Lula, a
quem prestou "sincera solidariedade pela injustiça" que estaria
sofrendo.
"Diferenças políticas", afirmou, "não podem significar
conivência com injustiça".
"Só
quem se ilude acredita que vai parar com o Lula. Não vai parar por aí. Pega
toda a esquerda, pega todos nós. Quando vemos Bolsonaros discursando e sendo
aclamados ao defender tortura, extermínio, um tipo como Brilhante Ustra ser
defendido a céu aberto..."
Boulos
defendeu a necessidade de não pregar para convertidos. "A gente quer mudar
o Brasil, mas fica contente em só falar nas nossas bolhas." A meta, disse,
é "conciliar essa disposição para uma nova esperança".
QUALQUER COISA
Com os versos
"esse papo já tá qualquer coisa", de sua popularíssima "Qualquer
Coisa", Caetano abriu no gogó a Conferência Cidadã, numa casa de eventos
na zona oeste paulistana. O músico, contudo, já se disse simpático a outro
concorrente do campo progressista, Ciro.
Sua mulher, Paula
Lavigne, empresária e idealizadora do movimento político #342, é uma das
entusiastas da dobradinha Boulos-Guajajara — ela recebeu o líder do MTST em sua casa, point de artistas
interessados em causas políticas.
2017 |
In loco ou por vídeo,
em defesa da plataforma saíram artistas como Sonia Braga, que advogou pelo
"que é melhor para nós, trabalhadores", e Wagner Moura, que já
declarou votos em Lula (PT) e Marina (Rede) e hoje se diz desgostoso "com
a série de retrocessos que o Brasil está passando". "A gente não vai
governar para todo mundo, vai governar para 99%", disse o deputado
fluminense Marcelo Freixo, em alfinetada ao chamado 1% mais rico da população.
"Aqui nasce uma
esquerda que não está fazendo aliança para conseguir tempo de TV", disse
Freixo, que no fim de 2017 contou à reportagem ter tido a ideia de lançar
Boulos pelo PSOL, enquanto tomava um café com a namorada, Antonia Pellegrino, roteirista
e cofundadora do blog #AgoraÉQueSãoElas (hospedado no site da Folha).
"Elites brancas",
"presidente golpista" e "chuva de conservadorismo" foram
algumas das expressões aplaudidas no evento apoiado por figuras conhecidas
da esquerda, como a cartunista Laerte, que atacou um Congresso "lotado de
gente que nos odeia". O ex-governador gaúcho Tarso Genro, do PT, mandou um
recado audiovisual a Boulos: "Tu é um nome para ser pensado no
futuro". O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos escolheu o mesmo
formato para fazer seu desagravo à candidatura.
Pastor evangélico de
credenciais progressistas, Henrique Vieira exaltou o programa "negro,
feminista, LGBT" do PSOL, ao qual é filiado. "Ser religioso é sempre
ser conservador? Graças a Deus e aos deuses, não."
Frei Betto enquadrou
os tempos atuais numa "democracia mentirosa" e disse que "em breve
não poderemos fazer reuniões como esta". Finalizou seu discurso com uma
sugestão: "Guardemos o pessimismo para dias melhores".
Monica Iozzi previu
um ano difícil pela frente. "Mas juntos a gente vai sobreviver ao ataque
dos zumbis", disse a atriz, que em 2017 foi condenada a pagar R$ 30 mil
para o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. Iozzi o enfureceu ao
publicar uma foto de Mendes, que havia autorizado um
habeas corpus para o médico condenado por estuprar pacientes Roger
Abdelmassih, com uma faixa escrito "Cúmplice?".
A plateia foi povoada
por feministas, ativistas negros e LGBTQ, indígenas "e até uns
burguesinhos", como autozombou um militante "branco, hétero,
cisgênero" que entoava um bordão caro a movimentos sociais: "Pisa
ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não atiça o
formigueiro".
Escritor, rapper e
poeta, Ferréz sugeriu ao público: "Quando algum jornalista perguntar cadê
a periferia, pode dizer que a porra da periferia está aqui". Engatou com
uma poesia que exaltou o "terrorista literário de fuzil, Bic na mão"
e "Guilherme Boulos na porra do bagulho".
Conferência Cidadã em São Paulo
UMI ÍNDIO para Sonia Guajajara e GENTE para Guilherme Boulos
3/3/2018 - Boulos durante evento da Conferência Cidadã - Mídia Ninja |
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