Caetano
Veloso foi homenageado por uma importante instituição cultural
francesa,
a Cité de la Musique (estabelecimento
público ligado ao Ministério da Cultura francês, que agrupa um conjunto de
instituições dedicadas à música. Entre os espaços que compõem a Cité de La Musique, há uma conceituada sala de espetáculos
com capacidade para mil pessoas), situada no Parc de La Villette, em Paris,
recebendo, em 1999, carte blanche (expressão usada
quando a organização de um espetáculo permite ao artista convidar outro artista
ou outros artistas para o show) para programar, durante
três dias, shows com convidados especiais.
3/5/1999
Caetano Veloso posa para fotógrafos durante entrevista coletiva em que anunciou o projeto "Carte Blanche".
Fotos: Patrícia Santos/Folhapress
Caetano Veloso e Lenine |
5/5/1999
SHOW
Caetano Veloso prepara show inédito para público
francês
O cantor e compositor Caetano Veloso vai mostrar
aos franceses, de 14 a 16 deste mês, que caminhos percorreu até chegar a ser um
dos músicos mais conceituados no Brasil e no exterior. Nestes dias, ele estará
na Cité de la Musique, nos arredores de Paris, participando do projeto Carte
Blanche (Carta Branca).
É o primeiro artista latino-americano convidado a apresentar qualquer tipo de trabalho, desde que seja inédito e não esteja ligado à promoção de discos ou filmes.
Ele escolheu chamar o poeta concretista Augusto de Campos, o filho dele, Cid de Campos, e o compositor pernambucano Lenine, que se apresentarão para um público formado basicamente por franceses. “Ao contrário de outros espaços, o público da Cité de la Musique faz assinaturas anuais para os espetáculos que são realizados lá”, explicou Caetano anteontem, durante a entrevista coletiva que deu para falar do show. “Por isso, creio que haverá mais franceses que brasileiros na platéia”.
Para tentar agradar a esse público, Caetano preferiu mostrar um pouco mais do que é habitual em seus espetáculos, sejam eles no Brasil ou no exterior. “Na verdade, as limitações impostas no projeto levaram-me aos pontos essenciais para dar uma idéia do país onde vivo e a forma como faço minha música”, disse ele.
“Chamei o Augusto de Campos porque queria levar alguma coisa da cultura brasileira que não fosse ligada à indústria do entretenimento”. Já Lenine foi um caso de paixão pessoal.
Caetano acabara de ouvir o último disco dele, O Dia em que Faremos Contato e apaixonara-se pelas músicas.
O show ainda será ensaiado, mas os quatro artistas já têm uma idéia do que farão.
Caetano abrirá a noite e pretende mostrar a música Livros, onde declama, em francês, um trecho de O Vermelho e o Negro, de Stendhal. Em seguida, Augusto de Campos vai recitar alguns de seus poemas, acompanhado pelo filho no baixo elétrico e na guitarra midi. Lenine entra em seguida e toca 20 minutos de música, com o saxofonista Carlos Malta e o percussionista Marco Logo. No fim, os três voltam juntos ao palco para cantar O Estrangeiro.
É o primeiro artista latino-americano convidado a apresentar qualquer tipo de trabalho, desde que seja inédito e não esteja ligado à promoção de discos ou filmes.
Ele escolheu chamar o poeta concretista Augusto de Campos, o filho dele, Cid de Campos, e o compositor pernambucano Lenine, que se apresentarão para um público formado basicamente por franceses. “Ao contrário de outros espaços, o público da Cité de la Musique faz assinaturas anuais para os espetáculos que são realizados lá”, explicou Caetano anteontem, durante a entrevista coletiva que deu para falar do show. “Por isso, creio que haverá mais franceses que brasileiros na platéia”.
Para tentar agradar a esse público, Caetano preferiu mostrar um pouco mais do que é habitual em seus espetáculos, sejam eles no Brasil ou no exterior. “Na verdade, as limitações impostas no projeto levaram-me aos pontos essenciais para dar uma idéia do país onde vivo e a forma como faço minha música”, disse ele.
“Chamei o Augusto de Campos porque queria levar alguma coisa da cultura brasileira que não fosse ligada à indústria do entretenimento”. Já Lenine foi um caso de paixão pessoal.
Caetano acabara de ouvir o último disco dele, O Dia em que Faremos Contato e apaixonara-se pelas músicas.
O show ainda será ensaiado, mas os quatro artistas já têm uma idéia do que farão.
Caetano abrirá a noite e pretende mostrar a música Livros, onde declama, em francês, um trecho de O Vermelho e o Negro, de Stendhal. Em seguida, Augusto de Campos vai recitar alguns de seus poemas, acompanhado pelo filho no baixo elétrico e na guitarra midi. Lenine entra em seguida e toca 20 minutos de música, com o saxofonista Carlos Malta e o percussionista Marco Logo. No fim, os três voltam juntos ao palco para cantar O Estrangeiro.
(Agência Estado)
São Paulo, Quarta-feira, 05 de Maio de 1999
MÚSICA
Parceria com Augusto de Campos e Lenine pode vir
também ao Brasil
Caetano prepara show insólito para francês ver
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
Caetano Veloso fez uma proposta insólita. O poeta
Augusto de Campos e o cantor e compositor Lenine aceitaram. O trio embarca na
próxima semana para Paris, onde, durante três noites (14, 15 e 16 de maio), se
apresentam no teatro da Cité de La Musique, no projeto "Carte
Blanche" ("Carta Branca").
"Vamos até ensaiar juntos, às vésperas da
apresentação", disse Caetano em entrevista coletiva para apresentar o
projeto.
O "insólito", na avaliação feita por
Augusto de Campos, será unir os três trabalhos em uma só apresentação. A idéia
de Caetano, que produz o show, é que cada um dos três mostre um pouco do que
faz.
No final, ele, Lenine e seus músicos apresentam
"O Estrangeiro", música de Caetano. Enquanto isso, Augusto de Campos
lê "Cidades", poema de sua autoria.
A Cité de La Musique é um complexo cultural que
fica no parque de La Villete, em Paris. Reúne museus, centros de ciência,
arquitetura e cinema, além do conservatório superior de música e dança da
cidade e o teatro onde os brasileiros se apresentarão.
Caetano recebeu o convite da direção da Cité de La
Musique para que produzisse um show exclusivo, a ser apresentado no teatro de
800 lugares.
"O nome do projeto é "Carte Blanche"
e podemos fazer o que quisermos, desde que dentro de alguns limites",
disse Caetano.
Os limites da carta branca concedida pelos
franceses, explicou o artista, pressupunham um espetáculo marcadamente musical,
mas sem muita percussão.
A partir daí, convidou Augusto de Campos -
"importante na minha biografia pessoal e presença de peso no panorama
cultural brasileiro"- e Lenine - "estava apaixonado pelo CD "O
Dia em que Faremos Contato'".
Campos apresentará uma versão reduzida de "Poesia
é Risco", espetáculo intermídia que criou com o músico Cid Campos, seu
filho, e com o videomaker Walter Silveira.
Já Lenine fará um resumo de seus trabalhos,
apresentando músicas de seus dois CDs já lançados e alguma coisa do inédito
"Na Pressão", que será lançado em junho.
Caetano deixa em aberto a possibilidade de o
espetáculo ser depois apresentado no Brasil.
cité de la musique
André Larquié
président
Brigitte Marger
directeur
général
manifeste pour un
paradoxe
« Musique populaire » est
l’expression par excellence du Brésil. Parfois le football nous exprime également. Dans le
football, nous montrons notre manière d’être, ce
qui est différent. Le cinéma de Glauber Rocha fut le point de départ de quelque chose
que la grande littérature de Machado de Assis et de Guimarães Rosa et la grande
poésie de Carlos Drummond de Andrade cachent dans la brume de la langue
portugaise : tout ce qui émerge de l’architecture sans mots de Niemeyer, dans
les repères isolés que Brasilia n’a pas encore unifiés en une structure
de monde
nouveau ; tout ce que l’on entend dans la musique de Villa-Lobos qui insiste pour sembler chanter
seule. La
musique populaire — João Gilberto, Tom Jobim, Milton Nascimento… — vit
notre expressivité. Vit
: expérimente la continuité, se
donne naturellement au combat pour la préservation.
La
musique populaire s’est appropriée le Brésil. Ce qui n’est pas nécessairement
bon.
J’appartiens à un groupe de musiciens qui, dans les années soixante,
a
essayé de faire de son travail un regard critique sur ce pouvoir. Au fond, le
rêve était
de développer ce pouvoir à partir de ce qu’il avait de potentiellement bon. Les résultats
furent riches et problématiques : le pouvoir de la musique populaire a grandi,
mais ce n’a pas toujours été suivi d’une prise de conscience de la
responsabilité que
cela engageait. Non que nous dussions faire de la musique populaire de
manière circonspecte. Au contraire : l’irresponsabilité s’est souvent retrouvée
du côté des prudents, alors que les joyeux ingénus et les voyous vénaux le plus souvent ont produit un
travail responsable.
Le combat continue. C’est
pourquoi je suis là, avec Lenine — qui en même
temps qu’il donne une
continuité à l’apprivoisement de notre grand talent, révèle son haut niveau d’élaboration
dans l’éventail des intérêts esthétiques des nouveaux créateurs
de musique populaire au Brésil — et également avec Augusto de Campos
— qui, parallèlement à la création d’une poésie magnifique et créative, aux
côtés de Haroldo de Campos et de Décio Pignatari (inventeurs de la poésie concrète
brésilienne), exerce un militantisme critique qui exige une avancée courageuse dans
le domaine de la culture savante. Son mouvement d’avant-garde fut
inspiré par la musique de Webern et stimulé par celles de Boulez et Stockhausen
; aujourd’hui, avec son fils Cid, il montre la version sonore de poèmes conçus
comme objets visuels.
Lenine,
lui, possède la musicalité spontanée d’un Djavan et navigue avec aisance dans
les nouveaux procédés de la techno et du hip-hop qui attirent sa génération, et
les plus jeunes aussi. Il parle également avec naturel le langage des nouveaux groupes
de percussions de son Pernambouc natal (eux-mêmes intéressés par la techno, le hip-hop tout comme
par les rythmes traditionnels du carnaval de Pernambouc,
suivant en cela les traces des groupes de percussions du carnaval de
rue de Bahia).
Entre
les deux, je me situe en toute légitimité ou du moins je dis clairement
quelque
chose de l’environnement dans lequel je vis et j’agis. Je veux montrer au monde
la force de la musique populaire brésilienne et tout en voulant faire croître cette
force, je veux en délivrer le Brésil. Un paradoxe ? Sans lui nous n’avancerions pas.
Caetano Veloso
traduction Dominique Dreyfus
vendredi 14 et samedi 15 mai - 20h
dimanche 16 mai - 16h30
salle des concerts
concert
carte blanche à
Caetano Veloso
Caetano
Veloso, introduction
première partie
Lenine et ses
musiciens
Lenine/Bráulio
Tavares
O
Marco Marclano
Lenine
Jack Soul
Lenine/Dudu Falcão
Distantes
demais
Lenine/Bráulio
Tavares
Miragem
do Porto
Lenine/Bráulio
Tavares
O
Dia Em Que Faremos Contato
Lenine/Paulo César
Pinheiro
Candeeiro
Encantado
Lenine, chant, guitare
Marcos Lobo, percussions
Carlos Malta, saxophone, flûte
deuxième partie
Augusto de Campos Poesia
é risco
Augusto de Campos (poésie)
Cid Campos (musique)
Poesia
é risco (Poésie
est risque)
Bestiário
(Bestiaire)
Lygia
fingers
Tensão
(Tension)
Caracol
(Limaçon)
Tvgrama
(Télégramme)
(Tombeau de Mallarmé)
SOS
Cocheiro
bêbado (Cocher
ivre) (Rimbaud)
Poema
bomba (Poème
bombe)
Cidade
city cité
Augusto de Campos, récitant
Cid Campos, guitare, guitare
basse
Walter Silveira, direction et
vidéoédition
troisième partie
Caetano Veloso et
ses musiciens
Caetano Veloso
Terra
Trilhos
Urbanos
Coração
vagabundo
Razzano/Carlos
Gardel/Esteban Celedonio Flores
Mano
a mano
Caetano Veloso
O
Ciúme
Livros
Charles Aznavour
Tu
te laisses aller
Caetano Veloso/
Augusto de Campos
Pulsar
Caetano Veloso
Você
é Linda
Caetano
Veloso/Gilberto Gil
Haiti
Henri Salvador/Maurice Pon
Dans mon île
Rafael Hernandez
Lamento
boricano
Caetano Veloso
O
estrangeiro
Caetano Veloso, chant, composition
Jacques
Morelembaum,
violoncelle
Alberto
Continentino,
contrebasse
Luiz Brasil, guitare
Ronaldo Silva, percussions
durée
du spectacle : 2 heures
avec
le soutien de Varig Brazil et de RFO
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