Orquestra Imperial 10 anos: Baile dos namorados
Participação especial: Jorge Mautner & Caetano Veloso
Circo Voador (Lapa / Rio de Janeiro)
Festejando 10 Anos da Orquestra Imperial,
este show foi realizado em 06 de junho, no Circo Voador, com participações de
membros da formação original da Orquestra, como Seu Jorge e Max Sette e Bodão;
de fãs de primeira hora, como Caetano Veloso e Jorge Mautner, e de outros
talentos, como Gaby Amarantos, Dona Onete e Cibele.
Quem teve a honra de abrir o show foi Dona Onete,
veterana cantora do Pará, conhecida como "a
diva do carimbó chamegado" (que tem parcerias com as cantoras Aíla e
Gaby Amarantos).
Apesar da idade, Dona Onete cantou e agitou o
público como se fosse uma garotinha e ainda teve fôlego para voltar mais tarde
e participar do show da Orquestra.
Falando em convidados, neste show a OI deve ter
batido o recorde de participações especiais em uma só noite: além de Dona
Onete, também marcaram presença Gaby Amarantos, Cibelle, Jorge
Mautner, Caetano Veloso, Max Sette e o casal Regina Casé
e Estevão Ciavatta.
Fotos: Cristina Granato
Caetano Veloso e Gaby Amarantos |
Dona Onete e Jorge Mautner |
Estevão Ciavatta, Duane e Gaby Amarantos atuam como crooners |
Seu Jorge e Gaby Amarantos |
Wilson das Neves e Seu Jorge |
Eu não peço desculpa
|
Berna Ceppas, Nina Becker, Thalma de Freitas e Wilson das Neves |
Orquestra Imperial celebra
dez anos de baile
Pioneira entre as ‘big bands’ contemporâneas, banda
lança CD para comemorar a data
Orquestra Imperial lança “Fazendo as pazes com o swing” - Gustavo Stephan / Agência O Globo |
por Leonardo Lichote
03/10/2012
RIO - Era 2002, a Orquestra Imperial fazia seu terceiro ensaio,
preparando-se para estrear no Ballroom. A certa altura, Leo Monteiro, que toca
percussão eletrônica na banda, soltou (“Não sei se dessituado ou irônico”, nota
o colega Berna Ceppas), referindo-se ao repertório de baile: “Vamos mudar o
estilo não, bicho?”
— Leo é notório por falar essas frases perturbadoras, cruas, condensadas
— conta Berna, contando que ele batizou o segundo CD da banda, que será lançado
nesta quarta-feira no Espaço Tom Jobim, às 20h, com participação de João
Donato. — Nosso primeiro CD (“Carnaval só ano que vem”, de 2007) caiu
mais para o lado do bolero, do samba-canção. Nesse, buscamos algo mais para
cima em matéria de ritmo. Durante as gravações, Leo notou isso e falou:
“Fazendo as pazes com o swing, hein, bicho?”
Se há essa diferença entre “Fazendo as pazes com o swing” e o CD
anterior, o espírito da banda seguiu inalterado nesses dez anos. Uma década na
qual o grupo passou por diversos palcos no Brasil e no mundo, mudanças de
integrantes (Seu Jorge saiu, Duani entrou, entre outros), e projetos paralelos
mil (na verdade, os trabalhos principais de seus integrantes, que têm na
orquestra uma banda B, quase um playground).
— A gente nunca perdeu a leveza, a coisa rejuvenescedora da brincadeira,
sem ser tolo — define Berna. — Tem gente que acha que a Orquestra, sob um olhar
erudito sobre samba, arranjos, não é tão sofisticada. Mas não damos a mínima
para isso.
A experimentação com leveza e ar descompromissado — o primeiro show da
Orquestra Imperial começou com “Sem compromisso”, que sobreviveu quase como um
lema — talvez tenha sido sua maior contribuição nesses dez anos. Porque se o
espírito do grupo é o mesmo de 2002, o mundo que estava à sua volta, não. Eles
consolidaram com eficácia e enorme alcance pop as bases da ousadia bem-humorada
lançadas antes por bandas mais antigas de seus integrantes, como Acabou La
Tequila (Kassin, Leo Monteiro), Los Hermanos (Rodrigo Amarante), Mulheres Q
Dizem Sim (Pedro Sá, Domenico Lancellotti) e +2 (Moreno Veloso).
— Os shows têm um caráter de surpresa, nunca se sabe se todos estarão em
cena, quem serão os convidados, e as coisas vão se encaixando com um improviso
saudável — avalia o produtor Marcio Debellian, correalizador do documentário
“Palavra (en)cantada”. — Essa diluição de responsabilidades parece algo favorável
para a experimentação, e eles acabam concentrando uma confluência de gêneros e
sonoridades, sem soarem pretensiosos.
Debellian chama a atenção também para a irradiação do grupo nos
trabalhos de seus integrantes com Vanessa da Mata, Ana Carolina, Mallu
Magalhães, Thiago Pethit, Thaís Gullin, Marisa Monte e Caetano Veloso:
— Enfim, eles são muitos. Tá tudo dominado.
Lucas Vasconcellos, do Letuce, também destaca a originalidade da banda:
— A Orquestra trouxe liberdade, fusão, química entre os elementos
remotos da MPB e guitarras supermodernas. Fizeram um baile quando geral estava
na ressaca de um rockinho — diz, apontando os efeitos disso. — Os mais
influenciados foram os artistas de todas as gerações que passaram a chamar os
músicos da Orquestra para tocar e reinventaram seus trabalhos. Também a maioria
das bandas com formação grande, metais, percussões, como talvez a Orquestra
Voadora e o Bloco Cru. O Do Amor também captou muito bem essa mistureba sem
preconceitos.
Rubinho Jacobina, da Orquestra, concorda e vai além:
— A Orquestra encorajou todo mundo a partir para grandes formações. E
também a escreverem para instrumentos de orquestra, sopros.
A química que Lucas aponta entre o remoto e moderno é menos um movimento
voluntário que um caminho natural do trabalho dessa geração (a juventude de
Wilson das Neves, de 76 anos, incluída).
A relação passado-presente, o tráfego
livre na linha do tempo atravessa a história da Orquestra e, especialmente, o
novo CD — inclusive nas letras, de versos como “Ah, não me entenda errado, eu
não quero, não/ Túnel do tempo, perfume roubado em vão”, na insistência da
palavra e do sentimento saudade (e da consciência de que o que importa é o
hoje, como explicita “Cair na folia”).
A saudade sem peso da Orquestra se reflete também na capa do disco, que
estampa uma foto de Nelson Jacobina (integrante do grupo desde a fundação).
Morto este ano, vítima de câncer, o músico gravou o disco, apesar das dores — o
CD é dedicado a ele. Além do tributo, há na imagem uma carga de síntese do
experimentalismo natural, da diversão como mandamento, da afirmação da alegria
sobre a tristeza, do encontro anárquico de informações: língua de fora,
Jacobina está pintado como o Kiss, mas em tons verde-amarelos e de camisa do
Brasil.
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