São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 2002.
QUALQUER
COISA
Compositores participam de encontro com Lula no Rio, que foi organizado por Frei Beto
Caetano agora declara que prefere Ciro
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
Foto: Roberto Price / Folhapress
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Depois de votar em Fernando Henrique Cardoso por
duas vezes e declarar apoio a Lula (PT) recentemente, o cantor Caetano Veloso
disse ontem à noite que nutre maior simpatia pelo presidenciável do PPS, Ciro
Gomes: "Eu sou mais o Ciro
mesmo", disse ele pouco antes de participar de um encontro com Lula.
Organizado por Frei Beto, o encontro ocorreu no
apartamento do cantor e compositor Gilberto Gil, em São Conrado, e reuniu
também Chico Buarque, Djavan, Wagner Tiso, o rapper MV Bill e Paula Lavigne,
mulher de Caetano. Lula chegou às 19h30, acompanhado do presidente do PT, José
Dirceu.
Apesar de sua simpatia por Ciro, Caetano disse que
ainda estava indeciso entre ele, Lula e José Serra (PSDB). Sobre Anthony
Garotinho (PSB), ele foi irônico: "Esse
eu nem me lembro".
Caetano criticou os relatórios dos bancos de
investimento Merryll Linch e Morgan Stanley, que rebaixaram a recomendação para
negócios com títulos brasileiros devido ao crescimento de Lula, e citou artigo
publicado ontem na Folha em que o colunista Janio de Freitas escreveu que não
só Lula, mas também Ciro, Serra e Garotinho não deverão se afinar com os
bancos.
Caetano e Gil votaram em Leonel Brizola (PDT) no
primeiro turno de 1989. No segundo turno, optaram por Lula contra Fernando
Collor de Mello (PRN). Em 1994 e 1998, os dois votaram em Fernando Henrique
Cardoso. Em 1994, Gil chegou a visitar FHC em seu apartamento na rua Maranhão,
em São Paulo.
No fim de 2001, logo depois de ter equipamentos
musicais roubados num assalto no Rio, Caetano declarou voto em Lula, no que foi
seguido por Gil. Dias depois, quando o equipamento foi recuperado pela polícia
carioca, Caetano disse que, por simpatizar com FHC, estava indeciso.
São Paulo, sexta-feira, 3 de maio de 2002.
EXPRESSO
2002
Lula chama Brizola de "desagregador maior" e ouve dúvidas sobre estabilidade política
Petista pede "aliança cultural" a artistas
Lula chama Brizola de "desagregador maior" e ouve dúvidas sobre estabilidade política
Petista pede "aliança cultural" a artistas
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REPORTAGEM LOCAL
Da esq. para a dir. Caetano Veloso, Chico Buarque,
Gilberto Gil, Lula, Djavan, Wagner Tiso e MV Bill durante encontro no Rio
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O pré-candidato petista à Presidência, Luiz Inácio
Lula da Silva, pediu apoio de artistas para a elaboração do projeto para a área
de cultura do partido e pregou uma ampla "aliança cultural, política e
econômica" em torno do PT, em encontro de três horas e 25 minutos,
anteontem à noite, no Rio, no apartamento do cantor e compositor Gilberto Gil.
No dia em que Fernando Henrique Cardoso advertiu-o
para evitar o "salto alto", o petista não fez referências ao
presidente. A única crítica foi para o ex-governador do Rio Leonel Brizola
(PDT), chamado de "desagregador maior" pelo petista.
O encontro, previsto para as 18h, começou com uma
hora e 40 minutos de atraso. Lula lamentou a ausência de Maria Bethânia -que
não compareceu por ter compromissos na Bahia- e explicou por que decidiu ser
candidato pela quarta vez.
Afirmou que, depois da derrota em 1998, havia "enterrado" seu projeto de disputar a Presidência. Insistiu em que aceitou entrar na disputa porque o partido o indicou. Citou os 86,4% dos votos que teve na prévia petista.
Afirmou que, depois da derrota em 1998, havia "enterrado" seu projeto de disputar a Presidência. Insistiu em que aceitou entrar na disputa porque o partido o indicou. Citou os 86,4% dos votos que teve na prévia petista.
Disse que o PT quer reunir forças para que o
brasileiro e o jovem, em particular, revertam a falta de auto-estima e de
esperança, apontada como uma das razões da criminalidade. Em casa de baianos,
citou como exemplo a contradição entre a bela orla de Salvador e a taxa de
criminalidade da região central.
MPB e hip hop
Participaram do encontro -no apartamento de Gil, em São Conrado (zona sul do Rio), no prédio em que morava o presidente João Baptista Figueiredo- 22 pessoas. Além de Gil e a mulher, Flora, estiveram presentes Chico Buarque, Caetano Veloso, Paula Lavigne, Djavan, Wagner Tiso, o rapper MV Bill e o empresário de grupos de hip hop Celso Athayde. Os dois últimos foram levados por Caetano.
Caetano e Gil perguntaram a Lula com que alianças,
nos partidos e na sociedade civil, ele pretende governar. Gil, que foi cotado
para assumir o Ministério do Meio Ambiente de FHC na reforma de março, acenou
com a possibilidade de uma aliança PT-PV, do qual é filiado.
Caetano disse que via um "risco natural"
numa eventual vitória de Lula, que seria um voto forte pela mudança, provocando
expectativas maiores do que a eleição de qualquer outro. Afirmou que eleição
não é revolução e que a expectativa exagerada poderia causar frustração. Chico
concordou com essa análise.
Lula respondeu ter consciência dos riscos e disse
esperar dificuldades até dentro do PT. Afirmou que, por essa razão, tenta apoio
dos mais diversos setores.
Raí para vice
O petista disse que precisava aumentar o apoio
feminino à sua candidatura. Em tom de brincadeira, uma das mulheres presentes
sugeriu o ex-jogador Raí como candidato a vice.
Não houve pedido de voto nem declaração aberta no
encontro, à exceção do empresário Celso Athayde, que disse ver no petista
alguém que tem mais chances de entender a fome e a violência, e do rapper
Athayde, que classificou a opção Lula como "voto de esperança".
No balanço dos participantes, Caetano e Djavan
mostraram-se em dúvida sobre em quem votar. Chico, Gil e Wagner Tiso estão
decididos a apoiar Lula.
A pedido de Gil, o presidente do PT, José Dirceu,
comentou a proposta de política externa do partido, repetindo que pretende
buscar maior independência dos EUA com a conquista de novos mercados. Depois,
relatou a política de alianças amplas que tenta articular e traçou um cenário
positivo para elas. "O Zé Dirceu é um otimista incorrigível", brincou
Lula.
Colaboraram
MÔNICA BERGAMO, colunista da Folha, e
CLAUDIA ANTUNES, da Sucursal do Rio
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