"Dia 13 de maio em
Santo Amaro
Na Praça do Mercado
Os pretos
celebravam
(Talvez hoje inda o
façam)
O fim da escravidão
Da escravidão
O fim da escravidão
. . . "
[do álbum "Noites do Norte", 2000]
[do álbum "Noites do Norte", 2000]
"A letra diz tudo.
Santo Amaro é o único lugar do Brasil onde a abolição da escravatura é
celebrada desde 1988."
[13 de maio, Caetano Veloso, Sobre as letras, 2003, página 64.]
[13 de maio, Caetano Veloso, Sobre as letras, 2003, página 64.]
. . .
RESSIGNIFICAÇÃO E
APROPRIAÇÃO DA FESTA
Na trajetória do
Bembé, o ano de 2009 pode ser considerado um marco, pois foi quando a Festa foi
redescoberta, a partir de seu potencial mercadológico. Com a introdução da
lógica da produção cultural, foram elaborados projetos destinados a órgãos
públicos federais e estaduais, buscaram-se patrocinadores, organizaram-se
palestras, e os grupos políticos e de movimentos sociais perceberam o potencial
político dos festejos. Pôde-se observar que, em palcos armados, artistas locais
e regionais realizaram shows, sob o pretexto de que, se não fosse desse modo,
as pessoas não iriam para os festejos. O desdobramento dessa movimentação toda
em torno da Festa foi o lançamento de livros na França, dentre outros aspectos,
que não convêm comentários. Observe-se que as comunidades realizadoras da Festa
− os terreiros − já reivindicaram que não se armassem palcos, pois isso nada
tem a ver com a devoção religiosa do grupo. Os interlocutores dizem que a
Festa, no passado, era composta por: “três ‘barracão’, um para o maculelê,
capoeira, samba de roda, o barracão onde acontecia o Candomblé, ou Xirê”.
[Ana
Rita Machado, O Bembé e suas especificidades, Bembé do Mercado, Cadernos
do IPAC, 7, 2014, pág. 99]
12/5/2009
Caetano Veloso faz pausa em turnê para ir a
evento baiano
Glamurama
sabe onde Caetano Veloso estará dos dias 13 a 16 deste mês: em Santo Amaro da
Purificação, na Bahia. Tudo por conta da festa Bembé do Mercado, uma
comemoração à abolição da escravatura, que em 2009 completa 120 anos.
*
Caetano, que está viajando pelo país com a turnê de lançamento do novo disco,
“Zii e Zie”, fará parte da mesa redonda que discutirá a importância do evento,
ao lado do Ministro da Cultura, Juca Ferreira. Em seguida serão iniciados os
festejos religiosos.
14/05/09
Caetano e Dona Canô vão a festa de comemoração à
abolição dos escravos
Evento acontece há 120 em Santo Amaro da Purificação, na Bahia
Do EGO, em São Paulo
Acompanhado
Dona Canô e Clara Veloso, Caetano Veloso participou nesta quarta, 13, da Bembé
do Mercado, festa de comemoração à abolição da escravatura, em Santo Amaro da
Purificação, Bahia. O evento acontece há 120 anos e conta com várias
manifestações tradicionais, como o Maculelê, a Capoeira e o Samba de Roda.
Dona Canô Veloso assistiu abertura do Bembé
|
Rodrigo Velloso – Secretário de Cultura e Turismo de Santo Amaro
|
Dona Canô, aos 101 anos, é coroada em cortejo em Santo Amaro
A festa de Bembé (candomblé) completa 120 anos e vai reunir
cerca de 30 terreiros com várias manifestações tradicionais, como o maculelê,
capoeira e samba de roda.
Segundo a historiadora e folclorista Zilda Paim, de 90
anos, Bembé é uma corruptela da palavra candomblé e que pela primeira vez se
apresentou fora do terreiro, lugar sagrado para se fazer o ritual da seita.
Zilda disse que em todo o dia 13 de maio, logo ao amanhecer,
os atabaques são batidos e os balaios era colocados como presente para Iemanjá.
Rodrigo Veloso disse que há uma lenda criada durante a
primeira celebração do Bembé, em 1909. "Lançaram
uma praga sobre a cidade de Santo Amaro. Quem impedisse a realização da festa,
que passou a ser anual, sofreria um castigo exemplar dos deuses".
Durante 120 anos, em apenas duas vezes a festa não foi celebrada.
Santo Amaro faz festa para lembrar abolição
Cristina Santos
Pita, da sucursal Santo Antônio
Santo
Amaro da Purificação (a 72 km
de Salvador), no Recôncavo baiano, está em evidência até domingo, com os
festejos do Bembé do Mercado, em comemoração à Abolição da Escravatura. Em 2009, a festa completa 120
anos com uma rica programação cultural que vai além do Bembé, é com a
participação de mais de 30 terreiros de candomblé, várias manifestações
folclóricas, como o maculelê, a capoeira e o samba-de-roda.
Toda
essa manifestação acontece no Mercado de Santo Amaro, sempre a partir das 18h.
Nesta quarta, 13, abertura do evento, houve um debate, no qual foi abordada a
importância do Bembé do Mercado, com a participação do cantor Caetano Veloso;
Zulu Araújo, presidente da Fundação Palmares; a educadora Zilda Paim e a
historiadora Ana Rita Araújo Machado, que pesquisa a manifestação do Bembé
desde o seu surgimento no ano da Abolição da Escravidão no Brasil em 1889 até
os dias atuais.
O
Coral Miguel Lima, do qual Dona Canô fez parte, animou a noite cantando 13 de
Maio, música de Caetano Veloso, do disco Noites do Norte, de 2000, além de J.
Velloso que apresentou um pocket show com músicas de candomblé e “relevantes à
situação social que a escravidão impõe até os dias de hoje”, segundo o próprio
cantor.
Esse
ano a matriarca dos Veloso apenas assistiu à abertura do Bembé. “Pela idade
dela e por toda essa movimentação. Porém, no domingo, como é tradição, ela vai
cortar o bolo para as oferendas”, salientou Rodrigo Veloso, coordenador de
Cultura de Santo Amaro.
Homenagens – Os
homenageados esse ano são o escultor e museólogo santoamarense Emanoel Araújo e
as mães de santo mais antigas de Santo Amaro, além da sambista Dona Edith do
Prato, que morreu em janeiro desse ano. A resistência em preservar a cultura
afro e a sua forte identidade mostram a importância da festa, que integra o
calendário turístico do Estado da Bahia.
A
festa do Bembé surgiu para comemorar o fim da escravidão no Brasil, que foi
oficialmente proibida no dia 13 de maio de 1888, data que a princesa Isabel
promulgou a Lei Áurea. “É uma cerimônia de agradecimento feita pelos
ex-escravos que permanece até hoje”, salientou a poetisa Mabel Veloso.
A
entrega dos presentes ao mar, domingo, às 10 horas, marca o encerramento do
tradicional Bembé do Mercado. O Bembé (corruptela de candomblé) é batido
durante três noites seguidas, nos dias 13, 14 e 15 de maio. O 13 de maio em
Santo Amaro é a única comemoração conhecida da abolição, em todo o Ppaís, além
de ser o único candomblé de rua do mundo.
PROGRAMAÇÃO
Quinta
19h
– Márcio Valverde; 20h – Guda Monteiro; 21h – Festejos religiosos no barracão.
Sexta
18h
– grupos folclóricos; 19h – Marcel; 20h – Ulisses Castro; 21h – Eduardo Alves.
Sábado
10h
– Seminário Desafios e perspectivas da comunidade negra no Brasil; 16h – A
herança africana no Brasil, na arte, na cultura, na ciência; 19h – Junior
Figueiredo; 20h – Preto e Amália; 21h – Festejos religiosos no barracão.
Domingo
10h
– Saída do presente para Itapema.
“Bembé
do Mercado – 13 de Maio em Santo Amaro” será lançado na Biblioteca da Floresta
Rose Farias (Assessoria FEM)
23/8/2011 15:49
Livro de Luzia Moraes é um rico registro sobre uma
das mais expressivas manifestações culturais brasileiras
De autoria da escritora e produtora cultural Luzia
Moraes, o livro “Bembé do Mercado – 13 de
Maio em Santo Amaro”, será lançado no dia 3 de setembro, sábado, às 19
horas, na Biblioteca da Floresta. O lançamento contará com a presença da
escritora e faz parte das atividades de comemoração do Dia da Amazônia, 5 de
setembro. O lançamento, produzido por Simone Bichara, conta com o apoio do
governo do Estado, através da Fundação Elias Mansour.
Luzia Moraes explica que a ideia do livro se deu a
partir das comemorações dos 120 anos do Bembé, em 2009. Segundo a escritora,
existe pouco registro dessa manifestação cultural brasileira de proporções
grandiosas.
“Pouco referencial teórico existe sobre o Bembé, ou quase nenhum. O que
há, ainda hoje, sobre o que aconteceu no dia 13 de maio de 1889, são os relatos
do povo santamarense, que nasceu e cresceu ouvindo as histórias do Bembé,
iniciado por João Obá”, diz.
O livro tem como campo de pesquisa a cidade de
Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo da Bahia, onde aconteceu, e acontece,
a comemoração da Abolição da Escravatura no Brasil e onde estão as pessoas que
participaram, e participam, desse evento, que já se tornou um traço cultural
que marca a trajetória de um povo que, no passado, sofreu com a escravidão.
A manifestação cultural Bembé do Mercado é uma
festa de candomblé, que reúne maculelê, capoeira, samba-de-roda, chula, e
outras. O Bembé procura evocar a luta contra a escravidão e afirmar valores
importantes da cultura afro-brasileira, mostrando a importância do dia 13 de
Maio no calendário das lutas de libertação do povo negro brasileiro.
O livro traz depoimentos de Caetano Veloso (cantor
e compositor), Jorge Portugal (apresentador e compositor), Mabel Velloso
(escritora), Yeda Pessoa de Castro (etnolingüista), José Raimundo Lima Chaves
“Pai Pote” (Pai de Santo), Zilda Paim (escritora), Marinalva Machado “Mãe Iara”
(Mãe de Santo), Ulisses Castro (cantor e compositor), Roberto Mendes (cantor e
compositor), Francisco Porto “Chico Porto” (compositor e ex-secretário de
Cultura e Turismo de Santo Amaro), Claudionor Velloso “Dona Canô”, Nelson Elias
(Professor de História), Maria Eunice Martins “Nicinha” (sambadeira), Marcos
João (Professor de Maculelê), Raimundo Arthur (Pesquisador) e Maria do Carmo
Salomão (Pesquisadora).
“O livro visa informar à sociedade brasileira que o 13 de Maio continua
muito vivo ainda em uma cidadezinha do interior da Bahia onde há 120 anos os
negros tiveram a atitude de promover mudanças e de buscar conquistar os seus
direitos de expressão na sua mais ampla significação”, relata Luzia Moraes.
CURIOSIDADES
• Bembé pode ter duas etimologias – (Yorubá) que
significa tambor e (Bantu) que significa culto, louvor.
• O Bembé é o único candomblé de rua do mundo.
• O Bembé é a única comemoração conhecida da data
13 de maio (assinatura da Lei Áurea) em todo o Brasil.
• Os anos em que não se comemorou o 13 de Maio,
houve incidentes graves na Cidade, como grandes enchentes, explosão de fogos no
Mercado, matando mais de 100 pessoas e deixando 500 feridas, acidentes de
automóvel com figuras importantes, entre outros. Assim, todos da região sabem
que aquele que impedisse o Bembé do Mercado sofreria um castigo exemplar, que
poderia se refletir em toda a região.
• O cantor e compositor Caetano Veloso
(santamarense) fez uma música mencionando o 13 de Maio de Santo Amaro, fazendo
uma bonita alusão ao Bembé do Mercado.
MORAES,
Luzia. Bembé do Mercado: 13 de Maio em
Santo Amaro. Salvador: A autora, 2009.
A TARDE
Cultura
Entretenimento
Qui, 12/05/2011
FESTA DO BEMBÉ SERÁ MOSTRADA EM LIVRO-REPORTAGEM
Mariana Paiva
Década de 1980. Levado pela mão da avó Mabel, o
menino observava a festa na rua com olhos curiosos, atentos a cada detalhe.
Anos depois, em 2006, ele decidiu escrever um livro-reportagem e não
pestanejou: tinha que falar do Bembé do Mercado, a festa que enche de gente as
ruas de Santo Amaro no mês de maio. Amanhã, das 18 às 21 horas, o jornalista e
escritor Jorge Velloso lança, na Fundação Casa de Jorge Amado, o livro
Candomblé de Rua - O Bembé de Santo Amaro (195 páginas, Editora Casa de
Palavras). Sábado, a partir das 19 horas, o lançamento acontece no Barracão do
Bembé, durante o evento em Santo Amaro.
A festa acontece desde 1889, quando o babalorixá
João de Obá convocou seus filhos de santo para comemorar, nas ruas de Santo
Amaro, o primeiro ano da abolição da escravatura. “Eles estavam no auge da alegria e foram agradecer o bem realizado pela
princesa Isabel”, conta Jorge.
Esta, aliás, é uma das explicações para o nome da
festa, que comemora o bem de dona ‘Isabé’, como a princesa era chamada pelos
libertos. Há também, segundo o autor do livro, quem defenda outras versões da
história: Bembé seria uma abreviação da palavra candomblé, ou significaria ‘tambor’.
Para escrever o livro, Jorge passou uma semana
recolhido no terreiro de Pai Pote, responsável pelo início das festividades do
Bembé na cidade. “Acompanhei a
comemoração bem de perto, assisti a todos os rituais, inclusive àqueles que
acontecem antes, como o de segurar o orixá para ele não ir às ruas”.
O Bembé é considerado o único candomblé de rua do
mundo, e seus mais de 120 anos de existência são acompanhados de grandes
acontecimentos. “A festa é uma tradição
secular supercuriosa, porque nos anos em que o Bembé foi impedido de acontecer,
por motivos de intolerância religiosa e preconceito racial, Santo Amaro passou
por grandes catástrofes”, revela Jorge, referindo-se ao incêndio ocorrido
no mercado da cidade nos anos 1950 e à enchente que aconteceu na cidade na
década de 1980.
Valorização - O livro Candomblé de Rua - O Bembé de
Santo Amaro foi o trabalho com o qual Jorge concluiu o curso de
Jornalismo em 2007, sob orientação do professor e jornalista Elieser César. “O livro serve para mostrar a importância do
Bembé para a cultura local e precisa ser cada vez mais valorizado”, conta o
autor, de 27 anos, que cita, em comparação, a importância dada aos festejos da
Irmandade da Boa Morte, que acontecem na cidade de Cachoeira.
A principal incentivadora foi sua avó, a escritora
Mabel Velloso, irmã de Caetano e de Maria Bethânia, que assina a apresentação
da obra. Foi a amorosa avó Mabel, aliás, quem ouviu e escreveu os poemas
ditados pelo neto quando ele mesmo ainda nem sabia escrever direito. Assim, ele
publicou seus dois primeiros livros aos 6 e aos 8 anos: Menino da Arraia Azul e
Dia com Menino na Janela, respectivamente. “Mas
é agora que começa a carreira de verdade”, ele garante.
Na apresentação do livro, a tia-avó Maria Bethânia
confessa não ter ido à festa do Bembé, mas afirma se lembrar do irmão Caetano
falando sobre o evento. “Quero que você
saiba que achei lindo e certamente será útil para o Brasil interessado ou não
pelas belas tradições, festas, demonstrações populares, reverências religiosas,
credos”, finaliza Bethânia, não sem antes desejar a Jorge vitórias e
alegrias.
VELLOSO, Jorge. Candomblé de rua – O Bembé de Santo Amaro. Editora
Casa de Palavras, Salvador, 2011.
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