2006
Revista RG VOGUE
Outubro
/ Edição 55
Carta Editorial
CAETANO VELOSO
aos 64 Anos, obsceno e
visceral como um adolescente
visceral como um adolescente
Fotos : Bob Wolfeson
BEMPARANÁ
Caetano Veloso fala de
filhos e de CD recém-lançado
Cantor e
compositor está na RG Vogue de Outubro
09/10/06
Editada pela Carta Editorial, a edição de
outubro da RG Vogue, traz Caetano Veloso num ensaio inédito para a capa e
recheio da revista. Clicado por Bob Wolfeson, um Caetano dançante e bem longe
da imagem de um senhor de idade, revelou-se sob as lentes.
Lançando um disco com ares de Rock, o músico refuta os clichês de que estaria passando por uma síndrome de Peter Pan e explica: "Estou tocando com músicos que podiam fazer aquilo que estava interessado em fazer. Eles foram escolhidos por mim e pelo Pedro Sá, dois caras, um velho e um jovem, mas dois adultos. Eu tenho 64 anos, ele 33. Conhecemos música e estamos olhando muitas coisas em conjunto. Fui amigo de Vinicius [de Moraes] quando era novinho, e a casa dele vivia cheia de gente jovem".
Caetano insiste na afirmação de que Cê, o novo disco, nasceu da vontade de fazer um disco de canções impessoais. Mas há muita coisa personalíssima no projeto. Rocks, por exemplo, é dedicada a Zeca, o filho de 14 anos, em retribuição às gírias que Caetano pegou emprestadas do repertório adolescente do primogênto de seu casamento de com Paula Lavigne, desfeito no ano passado. "A verdade é que você sempre termina trazendo para a música aquilo que tem de seu. Por caminhos enviezados ou oblíquos, mas traz", diz.
Criado numa casa eminentemente feminina, 13 mulheres ao todo, Caetano não se queixa do que o destino lhe armou. "Meu pai foi o único homem da casa até Rodrigo, meu irmão mais velho, nascer. Minha mãe casou-se com meu pai e foi morar numa casa com dez mulheres. Para qualquer pessoa, isso seria um pesadelo. Graças a meu pai, tudo se ajeitou sem maiores problemas. Claro que, se Dona Canô não fosse a mulher que é, não teria dado certo. Nunca presenciei uma briga doméstica. Todos almoçavam e jantavam juntos, numa mesa grandona, meu pai e minha mãe sentados na mesma cabeceira".
Ultimamente, Caetano sente que, de certa maneira, o lançamento do disco às vésperas das eleições presidenciais produziu um efeito indesejável: obediente ao imperativo categórico de dizer, doa a quem doer, o que lhe parece ser a verdade em matéria de política, criou polêmica. O resultado foi que o gancho das eleições tornou mais quentes as declarações de Caetano sobre a conjuntura política do que as considerações que teceu tanto sobre a obra extraordinária que estava a ser lançada quanto sobre outros assuntos. Resultado: lamentavelmente, muitas de suas reflexões acabaram por ser omitidas.
E Caetano, afinal, como está? "Estou vivendo um momento interessante. Consegui fazer esse disco, descobri que sou capaz de concentrar minhas energias. Cê é um disco de energias concentradas. Estou com esperança de poder organizar um pouco melhor a minha vida pessoal daqui pra frente".
Lançando um disco com ares de Rock, o músico refuta os clichês de que estaria passando por uma síndrome de Peter Pan e explica: "Estou tocando com músicos que podiam fazer aquilo que estava interessado em fazer. Eles foram escolhidos por mim e pelo Pedro Sá, dois caras, um velho e um jovem, mas dois adultos. Eu tenho 64 anos, ele 33. Conhecemos música e estamos olhando muitas coisas em conjunto. Fui amigo de Vinicius [de Moraes] quando era novinho, e a casa dele vivia cheia de gente jovem".
Caetano insiste na afirmação de que Cê, o novo disco, nasceu da vontade de fazer um disco de canções impessoais. Mas há muita coisa personalíssima no projeto. Rocks, por exemplo, é dedicada a Zeca, o filho de 14 anos, em retribuição às gírias que Caetano pegou emprestadas do repertório adolescente do primogênto de seu casamento de com Paula Lavigne, desfeito no ano passado. "A verdade é que você sempre termina trazendo para a música aquilo que tem de seu. Por caminhos enviezados ou oblíquos, mas traz", diz.
Criado numa casa eminentemente feminina, 13 mulheres ao todo, Caetano não se queixa do que o destino lhe armou. "Meu pai foi o único homem da casa até Rodrigo, meu irmão mais velho, nascer. Minha mãe casou-se com meu pai e foi morar numa casa com dez mulheres. Para qualquer pessoa, isso seria um pesadelo. Graças a meu pai, tudo se ajeitou sem maiores problemas. Claro que, se Dona Canô não fosse a mulher que é, não teria dado certo. Nunca presenciei uma briga doméstica. Todos almoçavam e jantavam juntos, numa mesa grandona, meu pai e minha mãe sentados na mesma cabeceira".
Ultimamente, Caetano sente que, de certa maneira, o lançamento do disco às vésperas das eleições presidenciais produziu um efeito indesejável: obediente ao imperativo categórico de dizer, doa a quem doer, o que lhe parece ser a verdade em matéria de política, criou polêmica. O resultado foi que o gancho das eleições tornou mais quentes as declarações de Caetano sobre a conjuntura política do que as considerações que teceu tanto sobre a obra extraordinária que estava a ser lançada quanto sobre outros assuntos. Resultado: lamentavelmente, muitas de suas reflexões acabaram por ser omitidas.
E Caetano, afinal, como está? "Estou vivendo um momento interessante. Consegui fazer esse disco, descobri que sou capaz de concentrar minhas energias. Cê é um disco de energias concentradas. Estou com esperança de poder organizar um pouco melhor a minha vida pessoal daqui pra frente".
Foto:
Paulo Salomão / Editora Abril Foto:
Márcia Ramalho
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