"... Jornal Nossa Música: Você esteve com Mick Jagger e com Peter Gabriel (ex-Gênesis). Como
começou isso de querer fazer esses contatos? Foi mais como fã, admirador, como
foi?
Caetano Veloso: Não começou nada. Apenas me convidaram pra
fazer essa entrevista pra TV Manchete, eles iam entrevistar o Mick Jagger e me
pediram pra ajudar a entrevistar. E eu fiz isso de fato. De volta da Inglaterra
eu estava mixando meu disco no estúdio da PolyGram, quando chegou um rapaz da
parte internacional dizendo que Peter Gabriel estava lá em cima, e que fazia
questão de me conhecer, se eu permitia que ele entrasse na minha sala de
mixagem. E eu disse: Tá legal! Aí ele veio, ficou conversando comigo, ouviu
umas faixas... Mas eu não sou fã do Gênesis, como sou fã do Mick. Foi ele quem
quis falar comigo, quis me conhecer. ..."
[En
entrevista exclusiva a Sara Amorim, 1983]
23/5/1983 - Última Hora |
Ana Maria Bahiana e Caetano - Foto: Maurício Valladares |
Maio/1983 - com Peter Gabriel [Estúdio da Polygram (Barra da Tijuca/RJ)]
|
FOLHA
DE S.PAULO
Quarta-feira, 25 de maio de 1983
Painel da Ilustrada
Um
espanto
Peter Gabriel, o genial ex-vocalista do Gênesis chegou de férias
ao Rio de Janeiro na semana pasada e ficou escondido na casa de um amigo. Descoberto,
ele foi convidado por sua gravadora, a PolyGram, para conhecer seus estúdios.
Lá, Peter encontrou Caetano Veloso, apresentou-se, e, os dois se engajaram num
longo e animado papo.
De tudo que conversaram, a única coisa que espantou Peter foi o
que Caetano contou a respeito de nossa censura: ele levou um susto ao saber
que, no Brasil, todas as músicas têm que pasar pela censura antes de serem lançadas.
Maio/1983 - Peter Gabriel [Estúdio da Polygram (Barra da Tijuca/RJ)]
Foto: Maurício Valladares - Site RoNca RoNca |
Caetano Veloso
Texto de apresentação do álbum
“Tropicália 2”
Lançamento: 12 de agosto de 1993
“…Um dia Peter Gabriel veio me ver no
estúdio da PolyGram. Acho que tinham lhe falado de uma gravação minha em que eu
misturava escola de samba com teclados (era o "É Hoje" da União da
Ilha no LP "Uns"). O fato é que ele, muito gentil, se mostrou
entusiasmado com a idéia e decepcionado com o resultado. Eu próprio, ouvindo ao
lado dele, achei tudo muito "sujo", o som empastado. Ele então me aconselhou:
o artista não deve produzir os próprios discos, a presença do produtor que se
ocupará de conseguir, organizar e criticar os sons é necessária, para deixar o
artista fazer sua coisa com calma e o resultado geral terá maior clareza.
Fiquei com isso na cabeça, e logo depois, Vinícius Cantuária me comunicou sua
decisão de deixar a banda pra trabalhar seu próprio repertório e me sugeriu que
criasse uma banda nova. Veio o "Velô", em que eu parti para uma outra
solução: fazer uma excursão com o show antes de gravar o disco e gravá-lo com
os arranjos amadurecidos. Pedi a Ricardo Cristaldi, o tecladista da banda nova,
para atuar como produtor na fase de acabamento do disco. Só depois é que eu fui
fazer a experiência com Guto Graça Mello, Arto Lindsay e Peter Scherer. Liminha
é um tropicalista histórico, de primeira hora. Foi comigo - e na época do
tropicalismo - que ele começou sua vida profissional como (excelente)
contrabaixista. Depois é que ele foi tocar com os Mutantes, em sua versão
progressiva dos anos setenta. O famoso produtor que imprimiu sua marca de
sonoridade no rock Brasil dos anos oitenta e trouxe desembaraço tecnológioco
para todos os discos de Gil dos últimos anos - esse é um personagem novo para
mim. Foi extraordinariamente produtivo trabalhar com ele, que assumiu o papel
propriamente do produtor - eu e Gil assinamos a co- produção apenas porque já
fomos para ele com planos de arranjo muito definidos e porque algumas coisas
("Nossa Gente", "Desde que o Samba é Samba", "Baião
Atemporal") gravamos enquanto ele estava em Los Angeles. …”
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