Jorge Mautner e Caetano Veloso em estúdio, setembro de 2002 Foto: André Vieira for The New York Times (17/11/2002, pág. 27) |
3/10/2002 - Caetano Veloso e Jorge Mautner durante o
espetáculo "Eu Não Peço Desculpa" no Canecão, Rio de
Janeiro - Foto:
Roberto Price / Folhapress
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3/10/2002 - Caetano Veloso, Jorge Mautner e Nelson Jacobina Canecão (Rio de Janeiro) |
2002
EU NÃO PEÇO DESCULPA - Caetano Veloso e Jorge Mautner
Universal Music / Mercury Records CD 04400645192
01. TODO ERRADO (Jorge Mautner)
02. FEITIÇO (Caetano Veloso)
03. MANJAR DE REIS (Jorge Mautner/Nelson Jacobina)
04. TARADO (Caetano Veloso/Jorge Mautner)
05. MARACATU ATÔMICO (Nelson Jacobina/Jorge Mautner)
06. O NAMORADO (Caetano Veloso) / URGE DRACON (Jorge Mautner)
07. COISA ASSASSINA (Gilberto Gil/Jorge Mautner)
08. HOMEM BOMBA (Jorge Mautner/Caetano Veloso)
09. LÁGRIMAS NEGRAS (Jorge Mautner/Nelson Jacobina) / DOIDÃO (Jorge Mautner)
10. MORRE-SE ASSIM (Jorge Mautner/Nelson Jacobina)
11. GRAÇA DIVINA (Caetano Veloso/Jorge Mautner)
12. CAJUÍNA (Caetano Veloso)
13. VOA, VOA, PERERECA (Sérgio Amado)
14. HINO DO CARNAVAL BRASILEIRO (Lamartine Babo)
Ana Paula Amorim
Caetano Veloso e Jorge Mautner durante a coletiva de lançamento do disco na Natasha Records, na Gávea
26/8/2002 - Foto: Fabio Motta |
Quarta-feira, 28 de agosto de 2002
Caetano e Mautner lançam 'Eu não Peço Desculpa'
Álbum da dupla tem participação de Gilberto Gil, Moreno Veloso, Paulão 7 Cordas e Nelson Jacobina
BEATRIZ COELHO SILVA
RIO - O compositor e escritor Jorge Mautner esteve por perto nos momentos críticos de Caetano Veloso, seu amigo há 30 anos. Eles se conheceram em Londres, quando o baiano vivia agruras do exílio e se reencontraram no último verão, quando Caetano passava por momentos que ele classifica como amargos por misturarem o impacto da destruição das Torres Gêmeas de Nova York com questões pessoais. Das conversas desse período, surgiu o disco Eu não Peço Desculpa, parceria que surpreende pela demora em ocorrer por causa da interferência que um sempre teve na vida e no trabalho do outro.
"O disco saiu na época perfeita, porque teve tempo de amadurecer. Não falamos de amarguras, mas das alegrias", explica Caetano. "Comecei a sentir o mundo estranho quando os talibãs destruíram os budas do Afganistão e estive em Nova York no dia 10 de setembro. Isso e outras questões me trouxeram uma amargura que só se interrompeu no carnaval, quando vi Mautner cantando o Hino do Carnaval Brasileiro num trio elétrico. Daí surgiu o disco", completa Caetano.
Os dois juntaram-se no estúdio com alguns músicos da banda do show Noites do Norte, trouxeram Gilberto Gil para cantar uma e letrar outra canção e Nelson Jacobina, eterno parceiro de Mautner, para compor e tocar em algumas faixas.
De repente, a angústia motivadora do disco começou a resolver-se.
"Tratamos de medo e terror, risos e gargalhadas, mas o assunto central é conciliação e reconciliação", adianta Mautner. "Fomos direto ao conteúdo das coisas. Agora, como há 30 anos, Mautner trouxe novidade ao nosso modo de olhar as coisas, uma avaliação nova, não só na música, mas na política, na vida, em tudo", acrescenta Caetano.
Essa sintonia se estende ao disco, desde a primeira faixa, a brega Todo Errado, inspirada no pai de Mautner. "Ele me dizia 'não importa o que você fizer, estará sempre errado'", conta. É uma brincadeira, tal como Tarado, Doidão, ou Morre-se Assim, mas há um travo de angústia. Já as faixas seriíssimas ou trágicas são apresentadas com uma leveza que contrasta com as letras. É assim com Homem-Bomba (um samba tradicional, bem brejeiro), Graça Divina, Coisa Assassina ou mesmo Feitiço, que consideram a síntese por ser um samba-exaltação que não esquece nossas mazelas.
Já as regravações têm versões tradicionais. O Hino do Carnaval Brasileiro, de Lamartine Babo, ficou igual aos bailes de carnaval de 50 anos atrás. Maracatu Atômico, o maior sucesso de Mautner, ganhou percussão típica desse gênero criado pelos negros pernambucanos. "Mas com um toque baiano", lembra Caetano. E Cajuína veio com violinos que levaram o Piauí de Torquato Neto para a Europa Central, região de origem da família de Mautner.
Disco pronto, com direito a clipe superproduzido, estrelado pela Esquadrilha da Fumaça, Caetano promete um show com o companheiro de tantas batalhas. No último domingo, levou 100 mil pessoas à Praia de Copacabana e hoje participa do show do grupo O Rappa, no Canecão para garantir o pagamento dos custos hospitalares do percussionista do grupo, Paulo Negueba, internado desde o dia 9 de agosto, quando foi atingido pela Polícia Militar numa invasão de Vigário Geral, favela da zona norte da cidade onde mora. Negueba deve ficar internado por mais duas semanas.
Domingo, 29 de Setembro 2002
Caetano e Mautner celebram amizade tropicalista em São Paulo
(Por Helton Ribeiro, especial para a Reuters)
SÃO PAULO (Reuters) - O clima antes de começar o show é de um tropicalismo germânico. Pássaros cantam nos alto-falantes, mas o bosque exibido no cenário tem a cara da Europa. Nada mais apropriado para o encontro do baiano Caetano e do descendente de alemães Jorge Mautner.
Caetano Veloso entra sozinho, no estilo banquinho-e-violão, cantando "Feitiço da Vila", de Noel Rosa. Mautner surge em seguida, e recebe aplausos tão intensos quanto os que saudaram o parceiro. Para o eterno maldito da MPB, o pré-tropicalista que o mercado nunca soube digerir, é uma surpreendente mostra de popularidade. Quem sabe, o reconhecimento definitivo que tanto lhe era devido.
A dupla celebra sua longa amizade no show "Eu Não Peço Desculpa", sábado e domingo no Via Funchal, em São Paulo, e que será apresentado ainda no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e Porto Alegre. O repertório é basicamente o do disco de mesmo nome, lançado este ano, além de canções emblemáticas de suas carreiras e alguns clássicos do samba.
O fiel escudeiro de Mautner, Nelson Jacobina (violão e guitarra), está lá ao lado de Pedro Sá (guitarra), Pepe Cisneros (teclados), Kassin (baixo), Domenico Lancelotti (bateria) e André Jr. (percussão).
A dinâmica da banda é fundamental para o ritmo do show. Em "Homem-bomba", por exemplo, apenas Jacobina cuida da harmonia, enquanto os outros cinco músicos passam à percussão, fazendo uma sonora batucada. Em outros momentos, como em "Maysa", Caetano e Mautner cantam acompanhados apenas do violão de Jacobina.
O tom é de celebração da amizade e do Tropicalismo, não da forma esfuziante que o movimento tinha nos anos 60, mas às vezes até contida. Os protagonistas vestem tons escuros. Mautner parece meio deslocado no início, imóvel nos momentos em que Caetano canta sozinho. Acaba soltando-se durante "Sem Lenço e Sem Documento", dançando e agitando os braços como um artista de auditório. A partir daí ele samba e arrisca até uma coreografia de hula-hula, às vezes empunhando seu mítico violino.
"London London", na voz de Mautner, é uma forma de relembrar o início da amizade ("Conheci Jorge em 1973, quando eu estava exilado em Londres", conta Caetano). O rock "Maysa" é a oportunidade para ele falar do Mautner escritor, já que a letra é sobre a personagem de "Deus da Chuva e da Morte". E depois de interpretar "Maracatu Atômico", Caetano não se contém: "É uma das músicas mais bonitas compostas no Brasil." O parceiro não precisa dizer nada: a alegria está estampada em seu rosto.
2003
Álbum “Latin Grammy Nominees –
Brazilian Edition”
[Varios intérpretes]
Universal
Music CD 60249811329 [Brasil]
1. KAYA N’GAN DAYA - Gilberto Gil
2. NADA SEI - Kid Abelha
3. PIETÁ - Milton
Nascimento
4. 13 DE MAIO - Caetano Veloso
5. COMO DEVIA ESTAR - Capital Inicial
6. SÓ POR UMA NOITE - Charlie Brown
Jr.
7. DESCONFIO - CPM 22
8. NO RECREIO - Cássia Eller
9. BLUNT OF JUDAH - Nação Zumbi
10. ANOS DOURADOS - Maria Bethânia
11. PROCISSÃO - Dori Caymmi
12. A CARNE - Elza Soares
13. TODO ERRADO - Caetano Veloso e
Jorge Mautner
14. CUIDE BEM DO
SEU AMOR
- Os Paralamas do Sucesso
15. TRISTESSE - Milton
Nascimento e Maria Rita Mariano
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