Mr.
Catra [Wagner Domingues Costa, 5/11/1968 – 9/9/2018]
Quando,
nos anos 90, o Orfeu de Cacá Diegues ficou pronto, fomos exibi-lo em Vigário
Geral e Vidigal. Em Vigário, houve um show em que eu cantava canções que compus
para o filme e, representando o som de rap e funk das favelas que (para
desgosto de K. Maxwell) pontuava suas cenas, subiram ao palco MVBill e Mr. Catra.
Havia uma tela grande ao ar livre para projeção e um palco adjacente.
Quando
eu fui anunciado, um número simpático de moradores se aproximou e pude ver
algumas caras atentas entre os que me ouviam. Quando Bill foi anunciado, houve
aplausos mais intensos e cresceu muito o número de espectadores frente ao
palco.
Mas
a multidão se multiplicou e delirava ao grito do nome de Mr. Catra. Muita gente
vinha dos barracos, gente que nem tinha se abalado para vir ver o filme. Fiquei
fã de Bill, cuja música já conhecia, impressionado com sua beleza, elegância e
integridade. E Catra, que eu desconhecia totalmente, me fascinou para sempre.
Fiquei amigo tanto de Bill quanto de Catra. Com Bill tenho tido mais
colaboração e parceria. Mas Catra foi uma série de surpreendentes revelações.
Sua voz, suas conversas, suas histórias, sua vida, sua obra. Em Vigário ouvi
coisas que vieram a ser conhecidas como funk proibidão.
Depois
ouvi de Catra autobiografia em que ele, criado por família branca de classe
média, resolveu, adulto, ir viver na favela. Mais tarde, fui vê-lo cantar no
ParisCafé, no Recreio dos Bandeirantes, canções religiosas hebraicas sobre base
eletrônica, entre damas da noite de salto alto e sem roupa. Seu amor por Israel
era imenso.
Sua
visão da história era ousada e problematizada pessoalmente ("negros é que
escravizaram negros e os venderam na costa"; "não precisamos de cotas
mas de reencontrar a nobreza negra"; "não vou votar em ninguém em
2018: do jeito que tá hoje, me arrependo de ter lutado pela
redemocratização").
Teve
vida poligâmica organizada. Ele representava coisas essenciais do ethos das
periferias urbanas brasileiras. E era um cara alto astral, que sabia gostar de
viver. É um caso existencial que o Brasil deveria amadurecer para estudar. O
povo e tantos de nós amadurecemos para amar. 32 filhos. Muita coisa para ser
vivida em apenas 49 anos.
Caetano Veloso
9/5/1999 - Caetano Veloso e Toni Garrido, na apresentação em Vigário Geral
Foto: Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
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"Hoje eu comemoro um dos maiores momentos da minha carreira que é o
meu primeiro programa ao lado de um cara que sou muito fã e amigo, o Caetano.
Quero dividir essa emoção com todos que gostam de música brasileira. Vem que o
bagulho é louco!"
[Mr. Catra, agosto de 2016]
O ESTADO DE S.PAULO
Caetano
Veloso canta 'Tapinha Não Dói' em estreia de programa de Mr. Catra
25/08/2016
Programa de entrevistas e quadros musicais foi ao ar na última quarta,
24
Foto: Divulgação |
O
funkeiro Mr. Catra estreou seu novo programa no Canal Multishow,Bagulho Louco com Mr. Catra, na última quarta-feira, 24, e o primeiro
convidado foi mais que especial: Caetano Veloso.
O
cantor, acostumado à entoar músicas calmas e românticas da MPB chegou a cantar Um Tapinha Não Dói durante o programa.
Porém,
o baiano não se restringiu ao funk, e cantou outros de seus sucessos, como Odara, Vaca Profana e Língua, além de ter
conversado bastante sobre assuntos variados com Catra durante a entrevista.
LÍNGUA
VACA PROFANA
NÃO ENCHE
FORA DA ORDEM
TRÁFICO CULTURAL
HAITI
BELEZA PURA
ADULTÉRIO
RECONVEXO
CANÇÃO JUDAICA
BAILE DE FAVELA
DOM DE ILUDIR /
TAPINHA NÃO DÓI
TÁ TUDO BOM, TÁ
TUDO BEM
SOZINHO
ODARA
BUM BUM GRANADA
ÍNDIO QUE APITO
Caetano Veloso é o primeiro convidado de Mr. Catra em seu
novo programa no Multishow - Foto: Multishow
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Caetano Veloso e Mr. Catra, juntos no palco pela primeira vez - Foto: Multishow
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Mr. Catra e Caetano Veloso - Foto: Juliana Coutinho/Divulgação/Multishow |
Caetano Veloso e Mr. Catra - Foto: Multishow/Reprodução |
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