miércoles, 31 de enero de 2018

2018 - ZECA VELOSO




As quatro capas da revista VOGUE n° 474, mês de fevereiro de 2018.





Publicado em 29/01/2018 por Folha de S. Paulo Online


O músico Zeca Veloso, filho de Caetano Veloso, posa para a revista "Vogue Brasil" de fevereiro de 2018 - Foto: Jorge Bispo

DE FAMÍLIA

Destaque na turnê em que Caetano Veloso se apresenta com três filhos, Zeca Veloso, 25, foi fotografado pela revista "Vogue Brasil" que chega às bancas na quinta (1º).

* À publicação, ele falou sobre o convite para cantar ao lado do pai e dos irmãos. "Eu resisti. Mas, um dia, decidi seguir minha intuição e topei. Foi a melhor escolha que fiz", diz o fiel da Igreja Universal do Reino de Deus.

* "Desde criança tenho fé. Os hinos da igreja são muito importantes para a minha formação musical."





Acontece

Zeca Veloso, filho de Caetano, fala sobre o lado evangélico

Ele segue o pai e os irmãos na nova turnê em família

Por: Bruno Brandão em 29/01/18 


Zeca Veloso é cria de Caetano; herdou o talento musical do pai - Foto: Vogue/Divulgação

Zeca, filho de Caetano Veloso, que acompanha o músico junto com os dois irmãos, foi fotografado para a Vogue Brasil, que chega às bancas nesta quinta-feira (1º).

O jovem músico, de 25 anos, falou sobre os shows e o lado religioso, já que ele é fiel da Igreja Universal do Reino de Deus.

"Eu resisti. Mas, um dia, decidi seguir minha intuição e topei. Foi a melhor escolha que fiz", disse. Em recente entrevista para o Globo, ele também falou sobre a fé: "Tive o primeiro contato com a fé cristã aos 10 anos. Desde então creio. Isso foi muito importante para minha vida e para eu estar conseguindo fazer esse show hoje", disse.



Zeca liderou as paradas das plataformas de música com a canção "Todo Homem" - Crédito: Divulgação





2018
Revista VOGUE
n° 474 - Fevereiro



Zeca Veloso fala sobre carreira na música: "Foi a melhor escolha que fiz"
Filho de Caetano, ele resistiu antes de se lançar no segmento, mas acredita que está no caminho certo

PEDRO HENRIQUE FRANÇA



Diamante bruto - Foto: Jorge Bispo

No show em que Caetano Veloso reúne os três filhos - Moreno, fruto da relação com Dedé Gadelha, além de Zeca e Tom, do casamento com Paula Lavigne-, um sucesso nacional que, até agora, atraiu um público de mais de 40 mil pessoas em sua turnê, sobressai uma voz que comove logo nas primeiras músicas. Extremamente concentrado e tímido, Zeca, 25 anos, apresenta com a densa Todo Homem um falsete até então desconhecido do público. Ali, no palco, revela-se um diamante do clã Veloso só visto agora graças ao desejo do pai em promover esse encontro. O single Todo Homem, distribuído nas plataformas digitais e em vídeo, já contabiliza mais de 800 mil visualizações no YouTube desde seu lançamento no site, no fim de dezembro passado.


Diamante bruto - Foto: Jorge Bispo

Filho mais recluso da família, nem mesmo os mais próximos acreditavam que ele fosse desabrochar assim. Subir no palco, então, era quase inimaginável. “Quando meu pai veio com a ideia desse show, eu disse que só faria se o Zeca fizesse. Achava que ele não ia topar”, conta o caçula Tom, de 20 anos, que se tornou conhecido com a banda Dônica e em composições com Caetano e seu mestre Cezar Mendes– um dos homenageados no show da família. Zeca, no fim, acabou topando. Mas, apesar de estar hoje em turnê, aceitar o convite não foi tão fácil. “Eu resisti. Não achei que era um momento bom para trabalhar com música dessa maneira, tocando, cantando, me lançando como artista. Mas, um dia, decidi seguir minha intuição e topei. Foi a melhor escolha que fiz”, conta. Como afirma Caetano, “ele é um talento misterioso, um interlocutor capaz de análise, alguém que pensa por si”. Mesmo com tanta curiosidade e aplausos despertados no público e na crítica, a insegurança persiste. Está intrinsicamente relacionada à grande exigência que tem consigo mesmo. “Tenho sido muito rígido com minha produção. Para mim, tem que ter uma justificativa para existir, se não for instigante o suficiente, não vale a pena.”


Diamante bruto - Foto: Jorge Bispo

A exigência não é um traço que vem desde a infância. Começou há poucos anos e se aplica agora a todos os passos da nova carreira. “Ele gosta de fazer tudo bem direitinho. Quer saber do flyer, da arte, do conceito, de tudo. Eu não tenho o menor saco para isso”, comenta Tom. Apesar de não acreditar que o irmão embarcaria fácil na empreitada, o caçula sempre teve certeza do sucesso. “Ele gosta de falsete há muito tempo, Todo Homem ele compôs cantando assim. Já era muito mágico quando ele me mostrou, há mais de dois anos, e de lá pra cá, só melhorou. Sabia que todo mundo ia se emocionar.”


Diamante bruto - Foto: Jorge Bispo

A canção nasceu num dia de verão no Rio – e da melancolia em Zeca –, quando Tom e um amigo foram à praia. Zeca ficou. Ao violão, foi construindo acordes, melodia e versos. Quando chegou na metade, resolveu procurar o irmão. Queria um norte. Não o encontrou. Concluiu a música sozinho na areia e voltou para casa. Quando Tom chegou, escutou-a e disse: “Nosso pai vai gostar”. Tom estava certo. “Todo Homem” é uma canção de profundo sentimento pessoal. A capacidade dele de expressar toda a gama de dificuldades da vida, aliada à clareza com que os encantamentos são transformados em imagens, faz dessa música um caso radical. A frase ‘todo homem precisa de uma mãe’ não é uma afirmação teórica: chega ali como um grito abafado pela doçura de quem o emite. Por isso comove antes de conquistar apoio ou repúdio”, diz Caetano. Cristão, como o pai apresenta ele e seu irmão Tom no show, foi na fé que Zeca superou adversidades da vida. E é graças a ela, diz, que esse show pode se tornar uma realidade. “Sou cristão. Desde criança tenho fé, e, sem ela, não estaria hoje nesse projeto. Os hinos da igreja também são muito importantes para minha formação musical.”


Diamante bruto - Foto: Jorge Bispo

Referência forte para Zeca – num miolo que vai desde “coisas que tocavam na MTV” e “canções dos desenhos musicais da Disney” a Prince, João Gilberto, Beatles, Beach Boys, Jorge Ben, Motown, Tim Maia e Pablo do Arrocha (“um grande cantor do Brasil”) –, Djavan foi um dos que o encorajaram a se lançar na vida artística. E o músico veterano se derrama em elogios ao falar da nova sensação da música brasileira. “Zeca é um sopro de esperança musical: sua voz bilíngue funciona com precisão em falsete e ao natural. Isso é novo entre nós e remete ao Prince. Todo Homem me chamaria atenção em qualquer tempo. Quando a ouvi pela primeira vez, não acreditei de tanta emoção que me causou. Sua composição traz uma densidade, uma certeza que não se vê em gente nova. Ele aponta para um futuro rico em beleza e inventividade e eu vou estar sempre aqui aplaudindo e dizendo: eu sabia.”

Sua primeira lembrança é a do pai cantando Feiticeira para ele dormir – canção que sua tia, Maria Bethânia, já gravou. “Eu ficava muito emocionado”, lembra. Estudou piano ainda garoto e tentou o violão em aulas com Cezar Mendes, “mas, logo, desisti. Achei muito difícil”. Voltou a dedilhar acordes na época da turnê do Kaya N’gan Daya, de Gilberto Gil, em que ele homenageava Bob Marley, em 2002. Já na adolescência, flertou intensamente com a música eletrônica. Chegou a tocar como DJ em festas alternativas da noite carioca. 

Hoje, porém, gosta apenas de brincar e experimentar com as batidas – no show, ele dá uma amostra disso no funk Alexandrino, de Caetano. “Sempre conversamos sobre música e outras coisas da vida. Uma noite, mostrei a ele a gravação de Adeus, Batucada com Carmen Miranda. Ele gostou, mas depois que lhe contei que Noel Rosa não gostava de Carmen e que sua favorita era Aracy de Almeida, ele me pediu que tocasse um exemplo. Pus Três Apitos e lágrimas correram pelo seu rosto silencioso”, conta o pai.

É provável que, em breve, Zeca faça outras lágrimas correrem pelos rostos dos ouvintes. Além de Todo Homem e Você me Deu, ele já tem composições (que chama de “ideias”) na gaveta. E já entendeu que seu lugar é na música, como comprova a turnê, que ganha CD e DVD no próximo mês com o nome de Ofertório. “A voz dele e sua presença trazem densidade e grandeza ao nosso trabalho familiar. Conheço outras canções dele que poderiam estar ali e que podem se unir num álbum. Mas se quiser ser escritor, pastor religioso ou dançarino também pode”, completa Caetano.



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