Show
Caetano Veloso e filhos
lotam Teatro RioMar Fortaleza com a nova turnê
Ao lado de Moreno, Zeca e Tom, o baiano emocionou a
plateia com um show familiar e algumas músicas inéditas
12.01.2018 por Roberta Souza
Zeca, Caetano, Moreno e Tom Veloso, em show da nova turnê no Teatro Riomar Fortaleza |
Na hora em que os primeiros versos de
"Alegria, Alegria", na voz de Caetano Veloso, ecoaram no Teatro
RioMar Fortaleza, nem todas as cadeiras estavam preenchidas.
Muitos atrasados entraram logo após a música de
abertura, quando o baiano já iniciava com os filhos a poesia de "O seu
amor", canção que outrora ele também cantara com parentes sanguíneos
(Bethânia) e outros não (Gil e Gal), na formação de Doces Bárbaros (1976). Os
ingressos para a turnê "Caetano Moreno Zeca Tom" na capital cearense
esgotaram na tarde de 30 de dezembro, e a lotação, que incluiu uma fileira de
cadeiras extras no teatro e algumas pessoas em pé nas laterais comprovaram que
estava ali no palco, naquela noite de quinta-feira 11, um dos principais
representantes da Música Popular Brasileira.
O show, que estreou no Rio de Janeiro em outubro
passado, já passou por São Paulo, Belo Horizonte, Recife. Mas na última noite,
foi Fortaleza que se tornou sala para essa reunião familiar. Sim, porque a
interação do pai e dos filhos fazia com que o público se sentisse num cômodo da
casa dos Veloso, tamanha era sintonia dos quatro.
> Músicos de Família
É certo que as clássicas "Reconvexo",
"Leãozinho", "Ilê Aiyê" - esta a primeira parceria de
Caetano com o mais velho, Moreno, quando ele ainda tinha 7 anos - estavam entre
as mais esperadas do público, mas canções inéditas de todos eles, incluindo "Todo Homem", do estreante Zeca,
emocionaram os presentes durante cerca de uma hora e meia de espetáculo.
Ouviu-se o "velosear" nos violões de
Caetano e Tom, na percussão e violoncelo de Moreno, nos teclados e guitarra de
Zeca. E viu-se também o gingado de três deles, menos do estreante mais tímido.
Funk, samba do recôncavo e samba carioca marcaram os passos dos mais
acostumados com o show, levando a plateia ao delírio.
Ficou claro que a herança dos meninos foi musical e
coreográfica. E, em nenhum momento você viu só o pai em destaque - ainda que
seu nome tenha levado boa parte do público para lá -, tampouco discreto. A
noite era de todos, com a rouquidão de Caetano se esvaindo a medida que a
resposta aumentava.
Ainda que a presença masculina fosse forte no
palco, canções para Dona Canô, mãe de Caetano, e para as mães dos três filhos,
cantadas em forma de homenagem, intensificaram o show com a importância da
figura feminina na vida dos quatro. "Todo homem precisa de uma mãe",
já reforçaria Zeca no trecho da canção que apresenta o CD e DVD da turnê,
"Ofertório", a ser lançado em abril deste ano.
O POVO
Shows e Espetáculos
VIDA&ARTE VIU
Encontro de gerações marca show de Caetano Veloso
com os filhos em Fortaleza
O show "Caetano Moreno Zeca Tom Veloso"
reuniu o baiano com seus três filhos no Teatro RioMar
12/01/2018
JOÃO GABRIEL TRÉZ
Foto: João Gabriel Tréz / O POVO |
Aprendi
a ouvir Caetano Veloso com minha mãe. Não tenho uma primeira memória concreta
de como começou, mas tenho muitas outras de momentos com ela que foram regados
pelo baiano: de uma tarde inteira de nós dois ouvindo músicas do cantor
enquanto eu, aos 10 ou 11 anos, escrevia poesias inspiradas nas composições,
passando pelo show do disco "Abraçaço", em 2013, primeira
apresentação dele que fomos juntos, primeira vez que o vi ao vivo. Na noite da
quinta, no Teatro RioMar, escrevemos outra parte dessa história com o show
"Caetano Moreno Zeca Tom Veloso", que reuniu o baiano com seus três
filhos.
Com os ingressos já esgotados para o evento, o
local ficou lotado. De gente e de diferenças entre elas. O público ia de
senhoras com dificuldades para andar, mas molejo suficiente para remexer os
ombros ao som das músicas mais animadas, a jovens tão fãs que pareciam seguir o
cantor, de 75 anos, desde os anos 1960. O próprio repertório levado pela
família Veloso foi democrático e misturado, indo de sucessos do pai (como
"Trem das Cores" e "Oração ao Tempo") a composições dos
filhos (como a positiva "Um Passo a Frente", de Moreno, a romântica
"Um Só Lugar", de Tom, e a emocionante "Todo Homem", de
Zeca). A abertura do espetáculo, com "Alegria, alegria" seguida de
"O seu amor", foi de fazer chorar. Outro destaque foi o funk
apresentado por Caetano, "Alexandrino".
Por mais que tenha sido protagonista de momentos de
brilho como esse, Caetano foi no show, antes de tudo, pai. A cada filho que ganhava
os holofotes, ele dividia, orgulhoso, histórias, risadas e olhares. A harmonia
entre os quatro no palco foi de fazer sorrir. Se um era a voz principal, os
outros acompanhavam com instrumentos, assobios, backing vocals.
Moreno foi o mais tranquilo da prole, experiente
que é — num outro momento memorável da noite, sambou com o pai ao som de
"How beautiful could a being be". Caçula, Tom foi descontraído:
chegou de chinelo, ficou descalço, dançou o funk do pai, sarrou no ar. Zeca,
como explicou Caetano, estreava nos palcos naquela turnê e o nervosismo era
visível nas mãos do jovem, que não paravam quietas. Numa das canções em que era
coadjuvante, ele fez menção de tirar o casaco que vestia, mas, discreto,
desistiu no meio do caminho e só completou a ação quando a música acabou, as
luzes cessaram e os aplausos irromperam. O tanto que foi tímido, foi charmoso.
Os encontros de gerações e a potência do que eles
podem significar, enfim, marcaram a noite. Eram vários pais, mães, filhos,
parentes, amigos, casais e recém-conhecidos. Era Caetano, no palco, acompanhado
dos filhos. Éramos, na plateia, minha mãe e eu. Era tudo em família.
O POVO
Fortaleza
ENCONTRO
Caetano Veloso visita MTST
em conjunto habitacional com nome do pai de Ciro Gomes
Em nota, o MTST afirmou que
a classe artística tem fundamental importância na defesa da democracia
12/01/2018
Redação O POVO Online com
informações do repórter Rômulo Costa
O cantor e compositor Caetano
Veloso encontrou, na tarde desta sexta-feira, 12, em Fortaleza, militantes do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), no conjunto habitacional José
Euclides Ferreira Gomes, antigo assentamento. Ele se apresentou ao lado dos filhos nessa
quinta, no teatro Riomar.
O movimento informa que a
visita do artista ao local, que leva o nome do pai dos irmãos Ciro, Cid e Ivo
Gomes, é para conhecer e conversar com os moradores do conjunto, onde o MTST
conquistou o direito a 200 moradias, das quais 100 já foram entregues.
Caetano, a companheira Paula
Lavigne e um integrante do MTST andaram pelo conjunto habitacional. Em um
trecho da caminhada, ao fundo, havia uma pichação de uma facção criminosa no
muro.
Caetano e um integrante do MTST conversam no conjunto habitacional (Foto: Mateus Dantas/O POVO) |
O
cantor é ativista do #342Agora, um grupo formado pela classe artística e
formadores de opinião, que se unem para pressionar investigação contra o
presidente Michel Temer.
Caetano visita casa de morador do conjunto habitacional. (Foto: Rômulo Costa/O POVO) |
Em
nota, o MTST afirmou que a classe artística tem fundamental importância na
defesa da democracia e ampliação da participação popular "na construção de
novos rumos para nosso país".
Caetano Veloso encontra
militantes do MTST no Jangurussu
Fotos: Mateus Dantas / O Povo
Fortaleza
BATE-PRONTO
Caetano Veloso fala sobre a possível candidatura de
Guilherme Boulos à presidência
O cantor visitou conjunto habitacional no
Jangurussu e fala ainda sobre a atuação do MTST no País
13/01/2018
O cantor e compositor Caetano Veloso fala ao O POVO
Online sobre a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e sobre a
possibilidade de candidatura à presidência da República do líder nacional do
movimento, Guilherme Boulos. Veloso visitou na noite desta sexta-feira, 12, o
conjunto habitacional José Euclides, no Jangurussu, que recebeu famílias de
militantes do MTST. Confira a entrevista com o cantor:
Como foi a visita ao conjunto
habitacional?
Foi muito ilustrativo para mim. Eu estive na
ocupação de São Bernardo do Campo (em São Paulo) e aprendi muita coisa. Aqui
vivenciei mais coisas, ouvindo as conversas das pessoas que agora têm casa.
Fiquei muito impressionado. Acho que essa experiência do MTST e dessas
conquistas que ele já fez e dos projetos que tem deveriam ser do conhecimento
da maioria dos brasileiros. Há um desprezo injusto em relação a essa questão
(da moradia) e ao enfrentamento dela.
O senhor disse que não tinha muito
conhecimento da atuação do MTST...
Eu sabia que tinha alguma ocupação em São Paulo,
mas era tido pela imprensa como uma ocupação indevida ou algo ilegal. Depois eu
aprendi melhor e, vendo de perto, eu aprendi mais ainda. A experiência, a
prática da solidariedade e da afirmação de cada indivíduo por conta de sua
relação com a coletividade. É muito bom.
Esse tipo de luta tem o que para dizer
ao Brasil de hoje?
Quase tudo. Tudo o que está faltando no Brasil de
hoje, todos os problemas que nós temos seriam resolvidos com um tipo de
consciência como o de dona Mazé (dos Santos, 64 anos, uma das militantes que
foi beneficiada com um apartamento no conjunto habitacional).
O senhor tem tido conversas com o
Guilherme Boulos (líder nacional do MTST). Ele está sendo cotado como
presidenciável. Ele seria uma saída?
Olha, é uma beleza que haja até a possibilidade de
uma candidatura do Boulos, porque ele é um sujeito importante. Um amigo meu
baiano que mora no Rio (de Janeiro) tinha me falado dele. Ele me disse que
achava muito impressionante o modo de ele pensar, a clareza, a
responsabilidade, mas eu não conhecia o Boulos pessoalmente. Quando teve um
negócio de Diretas Já, me pediram para cantar um show no Rio. Eu nem tava muito
nesse negócio de Diretas Já propriamente mas gostei de participar do show na
companhia de militantes. Boulos veio de São Paulo e foi a primeira vez que eu
estive com ele. Agora quando fui a São Bernardo (do Campo, em visita a ocupação
do MTST) estive com ele com mais tempo. Depois ele foi ao Rio e conversamos
mais longamente e muita cosia ficou esclarecida para mim. Ele é um sujeito que tem
tanto um grau de consciência, de resposabilidade que honra a história politica
do Brasil que ele seja pelo menos remotamente sugerido a presidente da
República.
Ele sintetiza o que o senhor espera da
esquerda de hoje?
Em grande parte sim. Até onde, pelo que sei, tudo o
que ele tem dito me parece justo. A questão da esquerda é mais longa, mais
complicada, mas nesse ponto que ele está eu acho que a resposta é sim.
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