jueves, 11 de enero de 2018

2018 - CAETANO MORENO ZECA TOM VELOSO [8]







Música

No Recife, Caetano Veloso recorda e elogia filme pernambucano O Som ao Redor: 'Divino'

Cantor recordou do longa-metragem de Kleber Mendonça Filho ao observar a paisagem do bairro de Boa Viagem

Por: Emannuel Bento - Diario de Pernambuco
Publicado em: 09/01/2018


Cantor está em Recife para realizar o show Caetano Moreno Zeca Tom Veloso.
Foto: Instagram/Reprodução

Caetano Veloso já está em Recife para realizar o show Caetano Moreno Zeca Tom Veloso no Teatro RioMar, no bairro do Pina, nesta quarta-feira (10). Em um vídeo divulgado no Instagram nesta terça-feira (9), o cantor relembrou o filme pernambucano Som ao redor, de Kleber Mendoça Filho, ao observar a paisagem do alto de um prédio em Boa Viagem, Zona Sul da cidade. "Som ao redor, é lá que aparecem esses prédios assim. É bem o ambiente do Som ao Redor. O filme é divino", elogia o músico. "Isso aqui é Boa Viagem, ainda existe o Recife mesmo”, concluiu, se referindo a quantidade de prédios do bairro.

Em 2013, na época do lançamento do longa-metragem ambientado na Zona Norte do Recife, Caetano teceu elogios ao filme em uma crítica em sua coluna no jornal O globo: "Raramente um diretor encontra com tanta precisão o tom do filme que deve e quer fazer", escreveu. "É um dos melhores filmes brasileiros de sempre. É um dos melhores filmes feitos recentemente no mundo. Gonzaga, Brown, Clarindo, axé, Glauber, Ivan Lins, todos se engrandecem com isso. Deve-se isso ao tom encontrado por Kleber", opinou.

Em outro trecho, o artista cita justamente a paisagem de edifícios que compõe alguns bairros da cidade: "Não há pontes nem Marco Zero, não há sobrados nem maracatu. Mas os prédios feios, as decorações tolas, a fantasmagórica percepção do dia a dia dos recifenses de agora deixa entrever todas as nuances da sociedade pernambucana, de toda a sociedade brasileira mirada daquele ângulo".

No show que será realizado nesta quarta-feira, Veloso irá tocar violão. Moreno, Zeca e Tom se revezarão nos instrumentos. No repertório, haverão músicas como O leãozinho, Reconvexo, Um canto de Afoxé para o Bloco do Ilê e Todo homem, sendo esta última uma composição de Zeca Veloso.




APRESENTAÇÃO


Caetano e Moreno Veloso ironizam rixa entre frevo e axé durante show no Recife

Vai dar certo isso aqui em Pernambuco?', brincou o filho mais velho do baiano, antes de um axé

Por: Luiza Maia -  Diario de Pernambuco
Publicado em: 10/01/2018


Caetano Veloso dançou ao som dos filhos. Fotos: Luiza Maia/DP

Caetano e Moreno Veloso, já no bis do show familiar que apresentaram nesta terça-feira no Teatro RioMar, no Recife, ironizaram a rixa entre o frevo e o axé, mantida principalmente por pernambucanos. "Vai dar certo isso aqui em Pernambuco?", brincou o filho mais velho, após pedido do patriarca para entrar no clima carnavalesco com o axé Deusa do amor, de Moreno. Ao questionamento, o pai respondeu com um resgate sobre a relação entre os dois gêneros e recordou a gênese do primo baiano do ritmo centenário. "Vocês sabem a importância do Recife para a gente?", arrematou Moreno.

Os comentários descontraídos nos intervalos das canções são característica marcante da turnê Caetano Moreno Zeca Tom Veloso. O ícone da música popular brasileira estava falante - muito mais que nos shows solo ou nos duetos recentes ao lado de Gilberto Gil, com quem circulou Brasil e mundo para mostrar a comemorativa Dois amigos, um século de música, e Teresa Cristina, parceira musical cujo próximo show, Teresa canta Noel: Batuque é um privilégio, terá direção musical dele.

Os pés descalços, depois de descartadas as Havaianas, de Tom denunciam: é fruto um encontro informal. Como quem lambe as crias, Caetano apresenta cada música e a participação deles na composição ou como inspiração para tal, quando é o caso, e comenta traços caseiros, como a religiosidade dos filhos. "Zeca e Tom são cristãos. Moreno é macumbeiro", dispara, com carinho, sobre o termo geralmente utilizado de forma pejorativa, sobre as crenças deles. Caetano é ateu, mas compôs Ofertório para os 90 anos da mãe, Dona Canô, para atender pedido da irmã Mabel, e entoou a canção.

As reações são íntimas. Moreno (44) responde com expressões marcadas: aperta os olhos, arregala-os para o público ou prende a boca em concordância. Mais velho e experiente, assume o papel de "cerimonialista" vez por outra. Tom (25) ri silenciosamente diante dos comentários do pai, notadamente quando confessa ter sido esta ou aquela música uma exigência dele, mesmo que sejam repetidos a cada cidade da viagem. Caçula, Zeca (20) é o mais contido. Por trás do piano, revela-se mesmo na amplitude vocal.

Todos os membros do quarteto Veloso em palco são compositores, cantores e instrumentistas. As revelações de Caê permitem adentrar a família musical e imaginar o surgimento das parcerias, a primeira delas quando Moreno tinha apenas 9 anos, Um canto de afoxé para o bloco do Ilê. Os quatro permanecem sempre no palco. Dividem-se entre cinco bancos - as mudanças são decorrentes dos instrumentos tocados -, diante de um cenário minimalista sustentado no jogo de luzes.

Como esperado, tanto pelo tempo quanto pela popularidade da carreira, as composições de Caetano são maioria no repertório. Ele ainda inseriu uma inédita, acompanhada por passinhos de Tom: o funk Alexandrino, no qual, ao som do batidão, evoca os ortodoxos versos alexandrinos (de doze sílabas por verso) e ainda poetas como o parnasiano Olavo Bilac ao mesmo tempo em que exalta o baile, o bairro da periferia Vigário Geral e menciona novinhas.

Reconvexo, Gente, Oração ao tempo e Força estranha foram alguns clássicos escolhidos. O leãozinho foi interpretada por Moreno, por exigência do pai. "Eu tive que aprender", revelou ele. "Mas até que é bonitinha", finalizou, em tom de brincadeira. Todo homem, primeiro single do projeto, lançado no YouTube, do CD e DVD gravado no Theatro Net São Paulo e com lançamento previsto para este ano, foi executado por Zeca - o autor - ao piano, com apoio dos três.

De Moreno, entraram músicas como Um passo à frente, gravada por Gal Costa, uma das principais intérpretes das músicas do pai, ou Um só lugar, parceria com Cézar Mendes, a quem é dedicado o show, mas também o samba em inglês How beautiful could a being be, com a qual, ainda adolescente, presenteou o pai. O encerramento - pode-se dizer inesperado - é com Tá escrito, de Xande de Pilares. Mas, como se sabe, em reunião de família, pode tudo.






ACONTECE

Caetano, Moreno, Tom e Zeca são som, poesia e muita luz

O palco do Teatro RioMar foi inundado, na noite de terça-feira (9), pela musicalidade e sensibilidade da família Veloso


Por: Gabriella Autran em 10/01/18 


Zeca, Caetano, Moreno e Tom subiram ao palco do Teatro RioMar, na noite desta terça-feira (9) - Foto: Paullo Allmeida


Bahia e Rio de Janeiro tiveram encontro no show que Caetano Veloso e os filhos, Moreno, Tom e Zeca, trouxeram ao palco do Teatro RioMar, na noite desta terça-feira (9). As duas horas de apresentação revelam muito da família nascida, criada e florida em Santo Amaro da Purificação. O espetáculo traduz o sentimento do pai pelas crias e vice-versa: um mix de orgulho, amor e identificação. “Alegria Alegria” abriu o caminho para os novos e antigos sucessos de Caê e dos meninos.


A cada canção, uma frase explicando o porquê de estar no repertório, algum significado, dedicatória. “Esta música entrou no roteiro porque o Tom quis”, explicava Caetano. E foi assim que ele apresentou cada um dos filhos à plateia. “Zeca e Tom são cristãos. Moreno é macumbeiro”, continuou. “Zeca é novo nisso, Moreno tem um tempo e Tom, um tempinho”. Pouco a pouco, cada herdeiro musical era revelado: Zeca é o tímido, dono de falsetes surreais. Moreno é o gaiato, com mil piadas a cada troca de música. Tom é o descolado, que “gosta de música sofisticada”, como disse o próprio pai. Todos igualmente talentosos e musicais.


 Caetano foi revelando, aos poucos, cada filho durante o show - Crédito: Paullo Allmeida


Nas mãos de Moreno, um prato, uma faca e duas lixas eram tão instrumentos quanto o pandeiro e o violoncelo. A experimentação musical de Caetano, também vista no filho, é das suas melhores qualidades artísticas. O funk, ritmo revisitado pelo cantor, foi o seu fator novo. “Alexandrino” mostra que o baiano está afinado com o que anda tocando por aí. “Reconvexo”, “O Leãozinho”, “Trem das Cores”, “Alguém Cantando”, “A tua presença morena”, “Força Estranha” e tantos outros hits da carreira ganharam corpo no palco.

“Todo Homem”, música de Zeca, emocionou. “Um Passo à Frente”, de Moreno, garantiu a animação. Momento de reverência a Dona Canô foi de arrepiar. Caetano entoou a canção que sua irmã Mabel pediu que compusesse para o ofertório da mãe. "Escrevi a letra como se fosse minha mãe dizendo aquelas palavras”, revelou. As histórias foram muitas: músicas para os filhos, para as mães deles, Andréa Gadelha e Paula Lavigne, para a mãe.


Os sucessos da carreira de Caetano ganharam corpo na apresentação
 Crédito: Paullo Allmeida

A volta ao palco, depois do encerramento, foi marcada por reverência a Pernambuco. Caetano e Moreno falaram da nossa importância na cultura. “Tudo começou aqui, até o Carnaval da Bahia”, brincaram. O comentário foi seguido por uma belíssima versão do axé “Deusa do Amor”, imortalizado pelo Olodum, e do samba “Tá Escrito”.


Na plateia, muitos admiradores de Caetano e novos possíveis fãs de seus filhos. Sonia Braga, que mantém uma relação cada vez mais próxima com o Recife, veio à Cidade só para assistir ao show. Estava com o cineasta Kleber Mendonça Filho. Ainda anotados a blogger Camila Coutinho, o apresentador do GNT Caio Braz, Mauro e Claudia Alencar, Bruno e Priscila Schwambach e outros nomes.


A atriz Sonia Braga assistiu ao show com o cineasta Kleber Mendonça Filho e a mulher dele, Emilie Lesclaux - Crédito Paullo Allmeida


Kleber Mendonça Filho

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