2005
Revista MTV
Dezembro
Ano 5 – n° 55
Editora Abril
Pág. 100
Pág. 100
entrevistão
“O BRASIL VAI DAR CERTO PORQUE EU QUERO”
SE MUDAR O MUNDO FOSSE FÁCIL,
GENTE COMO CAETANO VELOSO
JÁ TERIA FEITO ISSO HÁ TEMPOS.
AO MENOS NO NOSSO PAÍS. DONO
DE TENDÊNCIAS PESSIMISTAS,
AINDA ASSIM ELE OPTA PELO
OTIMISMO, NÃO COMO UM “PENSAR
POSITIVO”, MAS COMO O COMPRO-
MISSO DE FAZER SEMPRE O MELHOR.
POR GAL ROCHA E RICARDO CRUZ - FOTOS EMANUELLE BERNARD
Não se deixe enganar pela frase de efeito que salta amarela aos olhos
nas páginas anteriores. Nem Caetano Veloso nem ninguém sozinho vai fazer o
Brasil dar certo. E ele bem sabe disso. Tanto que o texto original de sua
autoria, uma polêmica provocação lida há mais de dez anos em uma conferência no
Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, traz embutida uma conclamação a todos
os que querem o mesmo.
“É diferente do mero otimismo de quem acha que as coisas vão ficar bem
porque vão”, pontua o artista, assistindo o sol ir embora na cobertura de um
apart hotel em Ipanema, com as luzes do Vidigal surgindo poéticas ao fundo.
Por “O Brasil vai dar certo porque eu quero” entenda: o Brasil, e
qualquer coisa, só se resolve se a gente se comprometer de verdade, em nossas
realizações diárias, nas atitudes tidas como as mais banais, a pensar e agir
positivamente. A ser, cada um de nós, bom exemplo para nós mesmos, gerando “um
desenvolvimento que pode disparar um círculo virtuoso”, segundo ele mesmo
acredita.
Do alto dos seus 63 anos de idade, mais de 45 deles de carreira, de
calças e jaqueta jeans, camiseta branca, Caetano não dá conselhos, muito menos
se revela dono de fórmulas pré-testadas. “cada indivíduo vai ver no seu
cotidiano o que é mais produtivo nesse sentido”, diz. Mas Caetano não é um cara
necessariamente otimista. Tende ao pessimismo, por razões reais ou “mera
inclinação psicológica” e, no fim das contas, se deixa dominar por “uma
deliberação de optar por algum otimismo”. Talvez seja esta uma das pequenas
atitudes que podem nos fazer grandes: se deixar levar, mesmo que
inconsequentemente, por ondas e mais ondas de bons pensamentos.
Revista MTV - Sua frase “O Brasil vai dar certo porque eu quero”
expressa bastante otimismo. É assim que você se sente?
Caetano Veloso – “O Brasil vai dar certo porque eu quero” é um
otimismo baseado num compromisso de realizações, a partir de quem diz “eu
quero”. É diferente do mero otimismo de quem acha que as coisas vão ficar bem
porque vão.
Com essa frase, você está convidando outros brasileiros a se unirem a
você. Como levar essa ideia adiante?
É uma coisa individual. Procuro fazer com que se
realize. Se eu convoco outras pessoas ao dizer isso, é para elas dizerem o
mesmo e, portanto, tentarem, como eu tento, resolver as questões. Cada
indivíduo vai ver no seu cotidiano o que é mais produtivo nesse sentido. Por
exemplo, que o grande problema do Brasil é não ter superado a má distribuição
de renda. Isso se traduz de uma certa forma numa quase exigência por uma
segunda abolição da escravatura. Há certos pontos que são consensuais, todo
mundo vê. O que a gente vai fazer para superar essas questões centrais? Não
sei, mas, se as pessoas realmente quiserem mesmo e fizerem algo que contribua
para isso, a coisa pode acontecer. Agora, não sei na vida prática o que é, não
sei dar conselho.
Dar uma direção, então?
Há duas décadas digo para as pessoas respeitarem o
sinal de trânsito, por exemplo. Isso é uma coisa simples. Por um lado, é uma
decisão que tem um valor simbólico importante. E, por outro lado, pressupõe um
entendimento do que seja a auto-educação do cidadão. É muito simplista dizer
que as pessoas evitam parar nos sinais para se proteger contra assaltos. Isso
está mal pensado sob todos os pontos de vista, porque, em primeiro lugar, as
estatísticas dizem que os brasileiros morrem, sobretudo, de acidentes de
automóvel, e muito pouco por causa de assaltos. Uma coisa não dependeria da
outra do ponto de vista estatístico. E, por outro lado, o controle da
criminalidade depende da adesão às leis. Se todo mundo furar sinal vermelho,
está botando muito mais pilha em todos os outros criminosos, não tenho dúvida.
É uma questão de dar o exemplo, de proceder?
Já houve testes em cidades grandes. No metrô de
Nova York, por exemplo: quando era todo pichado, sujo e parecia que ninguém
ligava, a criminalidade era alta. Eles limparam os trens de metrô, as estações,
e a criminalidade baixou. Li também outro teste que foi feito: você deixa um
automóvel de classe média, de boa qualidade, estacionado num lugar de classe
média, abandonado uns dias. Se esse carro estiver bem tratado, demora muito
para que alguém venha saqueá-lo. Se estiver com uma aparência de descuido, no
primeiro dia algum protobandido já começa o saque. Então, se todo mundo fura o
sinal vermelho, a verdade é que aumenta a criminalidade, dá a impressão a todas
as outras pessoas de que assaltar está dentro das possibilidades, está dentro
das manobras que uma pessoa pode fazer para se dar bem. Se der o exemplo de que
você fura, todo mundo fura, que aquilo é do governo, que ninguém é responsável
por aquilo. Dá uma sensação social de que vale tudo. Se todo mundo passar a
respeitar o sinal vermelho, o risco de assalto diminui. E isso freia as tendências
protocriminais de várias personalidades individuais.
Mas você não se sente sozinho nesse pensamento?
Muitas vezes, sim. Hoje em dia, tenho muitos
companheiros nas ruas. Paro no sinal vermelho, mesmo de madrugada, e vejo que
muitas pessoas também estão parando. Às vezes chego e já tem gente parada lá,
esperando o sinal abrir. Então eu não me sinto sozinho, isso é uma coisa que as
pessoas têm mais ou menos consciência. E é uma consciência crescente. Mas é só
um exemplo. Em muitas coisas, se atitudes como essa forem tomadas, você tem um
desenvolvimento que pode disparar um círculo virtuoso. No teatro Vila Velha, na
Bahia, vi desenvolverem-se coisas que não esperava que fossem possíveis no
Brasil acontecer. A gente chegou a níveis profissionais e a um desembaraço no
trato técnico, e consciência de responsabilidade, pontualidade, acabamento
profissional. Uma série de coisas que se desenvolveram muito e cada um de nós
contribuiu um bocado para isso, e vai contribuindo todos os dias, e assim nas
outras coisas todas, também nas relações interpessoais…
Você não é necessariamente um cara otimista, mas se encontra otimista
neste momento em relação às coisas do país e do mundo?
Não sou um cara necessariamente otimista, mas
sempre tive uma atitude de decidir pelo otimismo como uma espécie de
compromisso para fazer, entendeu? Muitas vezes me sinto com razões, ou mesmo
com uma mera inclinação psicológica nesse sentido, para ser pessimista. Mas
predomina em mim, no fim das contas, uma deliberação de optar por algum
otimismo, apostar.
Mas, depois de tudo isso que aconteceu no Brasil este ano, as pessoas
estão muito desiludidas. Será que elas não se sentem desestimuladas? Dá a
sensação, às vezes, de que é pouco o que você pode fazer em relação ao que está
acontecendo…
É. Tem realmente um momento de desestímulo, porque
havia um investimento simbólico muito exagerado sobre o PT e sobre o Lula. Essa
quebra do ideal de pureza ética do PT causou uma grande desilusão. Mas
pessoalmente não sofri disso. Não tinha uma visão salvacionista do PT, nem do
Lula, nunca tive. Sei que a maioria sofreu, mas há também uma preocupação
conservadora de recuperar a mitologia do PT a qualquer custo, tentando apagar
traumas, lembranças, tentando descaracterizar o que aconteceu como malfeitos,
pelos quais são responsáveis figuras importantes na história política recente
ligadas ao PT ou do PT. Ou seja, essas manobras tentam dizer que, na verdade,
porque o PT é um partido de esquerda e o Lula é um trabalhador que chegou à
presidência da República, mais cedo ou mais tarde as elites iriam reagir
contra. Fica parecendo que isso tudo é uma armação da mídia por causa de um
partido da esquerda estar no poder. E hoje parece que a CPI do mensalão se
encerra sem que se tenha comprovado que houve mensalão e sim “apenas” caixa 2.
Você acha que faltou o povo ir às ruas, o povo falar mais? Você acha que
haveria essa necessidade?
Não sei se será bom necessariamente, porque talvez
isso tivesse levado ao impeachment. Não havendo mobilização social, era difícil
se conseguir o impeachment que alguns queriam. A oposição, na verdade, preferiu
deixar Lula lá. O que acho é que a população também não se manifestou de uma
maneira muito visível porque também continuou guardando a simpatia que sempre
teve pelo Lula. E não sem razão, porque ele é um sujeito que se fez como figura
pública. Ele é digno dessa simpatia.
Você acha que, de alguma forma, O Lula já foi absolvido pela população
depois de tudo o que aconteceu?
Não, ainda está no meio do caminho. Existe essa
tendência de preferir apoiá-lo se for possível. Percebo assim na população.
Agora, há um desencanto com a política em geral, mas isso já é um velho
conhecido nosso. A novidade foi ter havido um encanto grande e que esse encanto
tenha sido quebrado e a gente vai ter que ver onde vai pôr esse desejo agora.
De minha parte, já fiz duas chamadas para o Roberto Mangabeira. Porque ele, há
muito tempo, apresenta um desenho de um programa alternativo e dedica muito da
sua capacidade intelectual para solucionar as questões do Brasil. Resolvi. Já
faz muito tempo, apostar nele, na disposição dele, porque acho que o Brasil não
se pode dar ao luxo de jogar fora essas ofertas que se colocam, como é o caso
do Roberto Mangabeira, que eu já citei. De certa forma, ele fez esses esforços
e foi, relativamente, ignorado.
O Roberto Mangabeira ingressou no Partido Republicano Brasileiro, que é
ligado á Igreja Universal do Reino de Deus. Isso não o incomoda?
Pois é, vi nos jornais. Pelo menos não é nem o PT
nem o PSDB, é um partido novo. Já é uma vantagem. Ser ligado a igrejas
evangélicas pra mim não é nenhuma surpresa em se tratando de Roberto
Mangabeira, porque li o livro dele sobre política e justamente as igrejas
evangélicas aparecem no livro como a melhor contribuição que a religião pode
dar á solução dos problemas da sociedade brasileira agora. Do ponto de vista
dos grupos religiosos, ele destaca nitidamente no livro, escrito muitos anos
antes, as igrejas evangélicas. Já li isso há muito tempo e venho observando há
muito também a importância na sociedade do surgimento dessas igrejas
evangélicas, das associações, do modo como se inserem na sociedade, com um
olhar consideravelmente otimista, porque aquilo dá uma opção de coisas que nós
precisamos. Elas resolvem muitos problemas em muitas áreas da sociedade e
trazem uma ideia de que prosperar é bom, que é uma ideia que não está incluída
no catolicismo.
Os católicos têm aquela coisa do voto de pobreza, uma espécie de bênção.
É. Sou fã de São Francisco de Assis, mas acho muito
bom que apareçam grupos religiosos para quem prosperar é bom. O país precisa
gerar prosperidade para distribuir renda e gerar de uma maneira menos
centralizada ainda. Esses grupos têm uma porção de auto-ajuda grupal, que é
realmente positiva. E isso o Roberto Mangabeira flagrou no livro dele. O que
pesa contra é que a igreja evangélica é um dos fundadores do partido, não é
isso? O que não quer necessariamente dizer que o partido pertença ao Bispo
Macedo e que seja da igreja evangélica. Se for, não acho coerente com o
pensamento político, verdadeiramente democrático do Roberto Mangabeira. Mas
suponho que ele não fechará um acerto com um partido que seja apenas uma igreja
disfarçada de partido político. Não acho que isso seja possível. Agora, não
tenho esse preconceito, somente porque alguém lá dentro é ligado à Igreja
Universal e nós devemos nos opor imediatamente. Não sinto isso. Parece a
própria Igreja Universal nos dizendo: “Não assistam à TV Globo, tudo que sai da
TV Globo foi o diabo que mandou”. Não sou da Igreja Universal nem da TV Globo,
nem do PT nem do PSDB.
Você aceitaria algum cargo político em um governo do Roberto Mangabeira?
Faço questão de chamar atenção para ele. Acho que
ele merece muito mais atenção do que lhe tem sido dada. Mas não tenho o menor
interesse no poder que ele, por ventura, venha angariar. Já vou avisando: não
me venham convidar pra ser Ministro da Cultura de governo nenhum.
Você fala bastante da nossa originalidade enquanto povo miscigenado,
maior país da América do Sul com uma língua diferente do espanhol. O que você
acha que o Brasil tem a oferecer ao mundo, além da música que já é mundialmente
conhecida?
Há muito a gente tem oferecido alguma originalidade
na música, alguma coisa apenas, mas que não é tão determinante na história
internacional da música. Tem a presença, teve algo a dizer e vem tendo e
acredito que sempre terá. É a tarefa, que é revelar pra si mesmo e para os
outros, o que é essa originalidade que nós temos a oportunidade histórica de
exercer, por causa dessas coisas que você falou na pergunta. Um país de
dimensões continentais, na América, no hemisfério sul, no terceiro mundo,
altamente miscigenado e que fala português. É um conjunto de coisas que nos dá
uma oportunidade de, e mesmo uma obrigação, de apresentar uma solução original
ao mundo. A mera presença do Lula como presidente da República e a expectativa
que se criou em torno dele internacionalmente, e a atenção que se tem a ele em
todos os lugares do mundo, ao que acontece com ele e ao Brasil, já é um pouco
um esboço dessa vocação, da realização dessa vocação brasileira. Às vezes
alguns gestos da política internacional, da política externado Brasil, parecem
caricaturas disso e termina se frustrando, mas talvez em vez de caricatura,
eles sejam apenas esboços, e sejam realmente, sob esse ponto de vista, mais
positivos do que os “conseguimentos” concretos assegurariam. Viajando pelo
mundo, é possível sentir em toda parte, na Europa e mesmo nos Estados Unidos,
uma atenção especial ao Lula, deposita-se muita esperança na figura dele, na
história dele, no Brasil. E ele também fala ao mundo com uma espécie de
narcisismo disso. E às vezes fica ridículo, mas não faz mal, porque isso é um
esboço de uma coisa que, se está acontecendo, é porque de fato há essa oportunidade
do Brasil, e todo mundo vê, ela é verdadeira e legítima. A não ser que a gente
seja mesmo incompetente e não faça coisa nenhuma com tudo isso. Mas pode ser
que a gente faça. Eu quero.
No documentário Notícias de uma Guerra Particular, do João Moreira
Salles, há uma cena em que dois garotos dizem que trabalham para o tráfico
porque ganham mais ali do que numa farmácia, que podem comprar o tênis tal, de
tal marca. Você consegue apontar uma solução possível para esse problema?
Bom, não sei apontar uma solução para esse problema
geral de as crianças serem mais atraídas pelo tráfico, porque dá mais dinheiro.
Uma coisa que a gente precisa saber é que essa grande criminalidade que cresceu
nas periferias não se deve à pobreza, e sim à riqueza, se deve ao fato de a
cocaína ser muito cara e ter passado a fazer muito sucesso. E de eles serem os
fornecedores de cocaína, porque eles já têm uma vida fora-da-lei ali. Aí quando
veem muito dinheiro… Com muito dinheiro você compra polícia, advogado,
promotor, juiz, deputado e jornalista. Compra tudo, em princípio. Então o cara
fala: “Vou ser o quê? Office boy, na melhor das hipóteses, ou trabalhar na
farmácia, ganhar um pouquinho, uma merreca, quando posso ficar aqui e ganhar um
dinheirão segurando arma? E rola uma grana incrível, posso comprar um tênis
maravilhoso”.
No fim, as soluções para combater esse monstro social da distribuição
desigual de renda são muito radicais, não?
Em primeiro lugar, pra solucionar isso, você
precisa ter uma melhor distribuição de renda. É uma coisa maior, pra que não
haja crianças que entrem nessa de crime. E, por outro lado, legalizar as
drogas. As drogas deveriam ser legais. É uma pena que o Brasil não possa fazer
isso, mesmo que queira. Mesmo que nós queiramos, não poderemos fazer sem os EUA
fazerem, sem ser uma coisa internacional, e deveria ser feito o mais breve
possível e com uma combinação internacional. Mas os puritanos americanos
hipócritas não vão fazer, muito menos os que agora estão agora no poder, que
são os mais reacionários. Mas uma hora vai ter de ser feito. A solução é essa,
é você fazer gestos difíceis pra reorientar o modo de distribuir a renda no
Brasil. Gestos que, sem dúvida, precisam ser grandes, tem que não ter vergonha
de uma porção de coisas. Tem que ser um gesto tão grande como uma revolução,
sem as mazelas das revoluções, que em geral só trazem primeiro o terror, depois
a opressão. Mas uma revolução dentro das pessoas que vão fazer coisas
pragmáticas. E essas coisas pragmáticas não devem ter conflito. Em primeiro
lugar, redirecionar a distribuição de renda. Atuar nisso de uma maneira eficaz
sem medo, nem de morrer. Não ter medo nenhum. Dizer: “Eu vou fazer isso!” e
fazer. Mexer nisso. Qual a maneira mais eficaz de mudar esse problema de
distribuição de renda no Brasil? Essa é a primeira coisa. E a segunda é
conseguir com a nossa originalidade liderar mundialmente a liberação das
drogas, para acabar com o poder dessas pessoas. Aí, esses meninos, que estão
falando de tênis no filme do Joãozinho Moreira Salles, não estariam fazendo
isso. A solução que vejo é essa. Não sei se vou ver algo semelhante a isso ser
feito, pode ser que se faça alguma coisa, um gesto importante nesse sentido
depois de amanhã, pode ser que nem tão cedo, pode ser que nunca. Mas a
realidade é que o negócio é esse. Por que eu fiz propaganda do Roberto
Mangabeira? Porque ele propõe uma reorientação do enfrentamento da questão de
distribuição de renda no Brasil, ele se opõe ao modo como é feita a política
econômica. Gostaria de apostar numa pessoa que quisesse fazer diferente por
entender, por querer intervir nessa questão de distribuição de renda. Isso tem
como coadjuvantes importantes o planejamento da educação, da verdadeira
democratização da educação com a elevação do nível do ensino para todos. Essas
são as questões que acho fundamentais. Então, quanto a isso, sou às vezes
pessimista, às vezes otimista. Mas precisa de um grande otimismo para, no
mínimo, desejar isso, conceber, achar que é concebível. Embora remotamente,
acho que isso já é uma atitude otimista.
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