sábado, 30 de septiembre de 2017

2005 - “O BRASIL VAI DAR CERTO PORQUE EU QUERO”





2005
Revista MTV
Dezembro
Ano 5 – n° 55
Editora Abril

Pág. 100






entrevistão


“O BRASIL VAI DAR CERTO PORQUE EU QUERO”


SE MUDAR O MUNDO FOSSE FÁCIL,
GENTE COMO CAETANO VELOSO
JÁ TERIA FEITO ISSO HÁ TEMPOS.
AO MENOS NO NOSSO PAÍS. DONO
DE TENDÊNCIAS PESSIMISTAS,
AINDA ASSIM ELE OPTA PELO
OTIMISMO, NÃO COMO UM “PENSAR
POSITIVO”, MAS COMO O COMPRO-
MISSO DE FAZER SEMPRE O MELHOR.



POR GAL ROCHA E RICARDO CRUZ - FOTOS EMANUELLE BERNARD


Não se deixe enganar pela frase de efeito que salta amarela aos olhos nas páginas anteriores. Nem Caetano Veloso nem ninguém sozinho vai fazer o Brasil dar certo. E ele bem sabe disso. Tanto que o texto original de sua autoria, uma polêmica provocação lida há mais de dez anos em uma conferência no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, traz embutida uma conclamação a todos os que querem o mesmo.

“É diferente do mero otimismo de quem acha que as coisas vão ficar bem porque vão”, pontua o artista, assistindo o sol ir embora na cobertura de um apart hotel em Ipanema, com as luzes do Vidigal surgindo poéticas ao fundo.

Por “O Brasil vai dar certo porque eu quero” entenda: o Brasil, e qualquer coisa, só se resolve se a gente se comprometer de verdade, em nossas realizações diárias, nas atitudes tidas como as mais banais, a pensar e agir positivamente. A ser, cada um de nós, bom exemplo para nós mesmos, gerando “um desenvolvimento que pode disparar um círculo virtuoso”, segundo ele mesmo acredita.

Do alto dos seus 63 anos de idade, mais de 45 deles de carreira, de calças e jaqueta jeans, camiseta branca, Caetano não dá conselhos, muito menos se revela dono de fórmulas pré-testadas. “cada indivíduo vai ver no seu cotidiano o que é mais produtivo nesse sentido”, diz. Mas Caetano não é um cara necessariamente otimista. Tende ao pessimismo, por razões reais ou “mera inclinação psicológica” e, no fim das contas, se deixa dominar por “uma deliberação de optar por algum otimismo”. Talvez seja esta uma das pequenas atitudes que podem nos fazer grandes: se deixar levar, mesmo que inconsequentemente, por ondas e mais ondas de bons pensamentos.


Revista MTV - Sua frase “O Brasil vai dar certo porque eu quero” expressa bastante otimismo. É assim que você se sente?
Caetano Veloso – “O Brasil vai dar certo porque eu quero” é um otimismo baseado num compromisso de realizações, a partir de quem diz “eu quero”. É diferente do mero otimismo de quem acha que as coisas vão ficar bem porque vão.

Com essa frase, você está convidando outros brasileiros a se unirem a você. Como levar essa ideia adiante?
É uma coisa individual. Procuro fazer com que se realize. Se eu convoco outras pessoas ao dizer isso, é para elas dizerem o mesmo e, portanto, tentarem, como eu tento, resolver as questões. Cada indivíduo vai ver no seu cotidiano o que é mais produtivo nesse sentido. Por exemplo, que o grande problema do Brasil é não ter superado a má distribuição de renda. Isso se traduz de uma certa forma numa quase exigência por uma segunda abolição da escravatura. Há certos pontos que são consensuais, todo mundo vê. O que a gente vai fazer para superar essas questões centrais? Não sei, mas, se as pessoas realmente quiserem mesmo e fizerem algo que contribua para isso, a coisa pode acontecer. Agora, não sei na vida prática o que é, não sei dar conselho.

Dar uma direção, então?
Há duas décadas digo para as pessoas respeitarem o sinal de trânsito, por exemplo. Isso é uma coisa simples. Por um lado, é uma decisão que tem um valor simbólico importante. E, por outro lado, pressupõe um entendimento do que seja a auto-educação do cidadão. É muito simplista dizer que as pessoas evitam parar nos sinais para se proteger contra assaltos. Isso está mal pensado sob todos os pontos de vista, porque, em primeiro lugar, as estatísticas dizem que os brasileiros morrem, sobretudo, de acidentes de automóvel, e muito pouco por causa de assaltos. Uma coisa não dependeria da outra do ponto de vista estatístico. E, por outro lado, o controle da criminalidade depende da adesão às leis. Se todo mundo furar sinal vermelho, está botando muito mais pilha em todos os outros criminosos, não tenho dúvida.

É uma questão de dar o exemplo, de proceder?
Já houve testes em cidades grandes. No metrô de Nova York, por exemplo: quando era todo pichado, sujo e parecia que ninguém ligava, a criminalidade era alta. Eles limparam os trens de metrô, as estações, e a criminalidade baixou. Li também outro teste que foi feito: você deixa um automóvel de classe média, de boa qualidade, estacionado num lugar de classe média, abandonado uns dias. Se esse carro estiver bem tratado, demora muito para que alguém venha saqueá-lo. Se estiver com uma aparência de descuido, no primeiro dia algum protobandido já começa o saque. Então, se todo mundo fura o sinal vermelho, a verdade é que aumenta a criminalidade, dá a impressão a todas as outras pessoas de que assaltar está dentro das possibilidades, está dentro das manobras que uma pessoa pode fazer para se dar bem. Se der o exemplo de que você fura, todo mundo fura, que aquilo é do governo, que ninguém é responsável por aquilo. Dá uma sensação social de que vale tudo. Se todo mundo passar a respeitar o sinal vermelho, o risco de assalto diminui. E isso freia as tendências protocriminais de várias personalidades individuais.

Mas você não se sente sozinho nesse pensamento?
Muitas vezes, sim. Hoje em dia, tenho muitos companheiros nas ruas. Paro no sinal vermelho, mesmo de madrugada, e vejo que muitas pessoas também estão parando. Às vezes chego e já tem gente parada lá, esperando o sinal abrir. Então eu não me sinto sozinho, isso é uma coisa que as pessoas têm mais ou menos consciência. E é uma consciência crescente. Mas é só um exemplo. Em muitas coisas, se atitudes como essa forem tomadas, você tem um desenvolvimento que pode disparar um círculo virtuoso. No teatro Vila Velha, na Bahia, vi desenvolverem-se coisas que não esperava que fossem possíveis no Brasil acontecer. A gente chegou a níveis profissionais e a um desembaraço no trato técnico, e consciência de responsabilidade, pontualidade, acabamento profissional. Uma série de coisas que se desenvolveram muito e cada um de nós contribuiu um bocado para isso, e vai contribuindo todos os dias, e assim nas outras coisas todas, também nas relações interpessoais…

Você não é necessariamente um cara otimista, mas se encontra otimista neste momento em relação às coisas do país e do mundo?
Não sou um cara necessariamente otimista, mas sempre tive uma atitude de decidir pelo otimismo como uma espécie de compromisso para fazer, entendeu? Muitas vezes me sinto com razões, ou mesmo com uma mera inclinação psicológica nesse sentido, para ser pessimista. Mas predomina em mim, no fim das contas, uma deliberação de optar por algum otimismo, apostar.

Mas, depois de tudo isso que aconteceu no Brasil este ano, as pessoas estão muito desiludidas. Será que elas não se sentem desestimuladas? Dá a sensação, às vezes, de que é pouco o que você pode fazer em relação ao que está acontecendo…
É. Tem realmente um momento de desestímulo, porque havia um investimento simbólico muito exagerado sobre o PT e sobre o Lula. Essa quebra do ideal de pureza ética do PT causou uma grande desilusão. Mas pessoalmente não sofri disso. Não tinha uma visão salvacionista do PT, nem do Lula, nunca tive. Sei que a maioria sofreu, mas há também uma preocupação conservadora de recuperar a mitologia do PT a qualquer custo, tentando apagar traumas, lembranças, tentando descaracterizar o que aconteceu como malfeitos, pelos quais são responsáveis figuras importantes na história política recente ligadas ao PT ou do PT. Ou seja, essas manobras tentam dizer que, na verdade, porque o PT é um partido de esquerda e o Lula é um trabalhador que chegou à presidência da República, mais cedo ou mais tarde as elites iriam reagir contra. Fica parecendo que isso tudo é uma armação da mídia por causa de um partido da esquerda estar no poder. E hoje parece que a CPI do mensalão se encerra sem que se tenha comprovado que houve mensalão e sim “apenas” caixa 2.

Você acha que faltou o povo ir às ruas, o povo falar mais? Você acha que haveria essa necessidade?
Não sei se será bom necessariamente, porque talvez isso tivesse levado ao impeachment. Não havendo mobilização social, era difícil se conseguir o impeachment que alguns queriam. A oposição, na verdade, preferiu deixar Lula lá. O que acho é que a população também não se manifestou de uma maneira muito visível porque também continuou guardando a simpatia que sempre teve pelo Lula. E não sem razão, porque ele é um sujeito que se fez como figura pública. Ele é digno dessa simpatia.

Você acha que, de alguma forma, O Lula já foi absolvido pela população depois de tudo o que aconteceu?
Não, ainda está no meio do caminho. Existe essa tendência de preferir apoiá-lo se for possível. Percebo assim na população. Agora, há um desencanto com a política em geral, mas isso já é um velho conhecido nosso. A novidade foi ter havido um encanto grande e que esse encanto tenha sido quebrado e a gente vai ter que ver onde vai pôr esse desejo agora. De minha parte, já fiz duas chamadas para o Roberto Mangabeira. Porque ele, há muito tempo, apresenta um desenho de um programa alternativo e dedica muito da sua capacidade intelectual para solucionar as questões do Brasil. Resolvi. Já faz muito tempo, apostar nele, na disposição dele, porque acho que o Brasil não se pode dar ao luxo de jogar fora essas ofertas que se colocam, como é o caso do Roberto Mangabeira, que eu já citei. De certa forma, ele fez esses esforços e foi, relativamente, ignorado.

O Roberto Mangabeira ingressou no Partido Republicano Brasileiro, que é ligado á Igreja Universal do Reino de Deus. Isso não o incomoda?
Pois é, vi nos jornais. Pelo menos não é nem o PT nem o PSDB, é um partido novo. Já é uma vantagem. Ser ligado a igrejas evangélicas pra mim não é nenhuma surpresa em se tratando de Roberto Mangabeira, porque li o livro dele sobre política e justamente as igrejas evangélicas aparecem no livro como a melhor contribuição que a religião pode dar á solução dos problemas da sociedade brasileira agora. Do ponto de vista dos grupos religiosos, ele destaca nitidamente no livro, escrito muitos anos antes, as igrejas evangélicas. Já li isso há muito tempo e venho observando há muito também a importância na sociedade do surgimento dessas igrejas evangélicas, das associações, do modo como se inserem na sociedade, com um olhar consideravelmente otimista, porque aquilo dá uma opção de coisas que nós precisamos. Elas resolvem muitos problemas em muitas áreas da sociedade e trazem uma ideia de que prosperar é bom, que é uma ideia que não está incluída no catolicismo.

Os católicos têm aquela coisa do voto de pobreza, uma espécie de bênção.
É. Sou fã de São Francisco de Assis, mas acho muito bom que apareçam grupos religiosos para quem prosperar é bom. O país precisa gerar prosperidade para distribuir renda e gerar de uma maneira menos centralizada ainda. Esses grupos têm uma porção de auto-ajuda grupal, que é realmente positiva. E isso o Roberto Mangabeira flagrou no livro dele. O que pesa contra é que a igreja evangélica é um dos fundadores do partido, não é isso? O que não quer necessariamente dizer que o partido pertença ao Bispo Macedo e que seja da igreja evangélica. Se for, não acho coerente com o pensamento político, verdadeiramente democrático do Roberto Mangabeira. Mas suponho que ele não fechará um acerto com um partido que seja apenas uma igreja disfarçada de partido político. Não acho que isso seja possível. Agora, não tenho esse preconceito, somente porque alguém lá dentro é ligado à Igreja Universal e nós devemos nos opor imediatamente. Não sinto isso. Parece a própria Igreja Universal nos dizendo: “Não assistam à TV Globo, tudo que sai da TV Globo foi o diabo que mandou”. Não sou da Igreja Universal nem da TV Globo, nem do PT nem do PSDB.




Você aceitaria algum cargo político em um governo do Roberto Mangabeira?
Faço questão de chamar atenção para ele. Acho que ele merece muito mais atenção do que lhe tem sido dada. Mas não tenho o menor interesse no poder que ele, por ventura, venha angariar. Já vou avisando: não me venham convidar pra ser Ministro da Cultura de governo nenhum.

Você fala bastante da nossa originalidade enquanto povo miscigenado, maior país da América do Sul com uma língua diferente do espanhol. O que você acha que o Brasil tem a oferecer ao mundo, além da música que já é mundialmente conhecida?
Há muito a gente tem oferecido alguma originalidade na música, alguma coisa apenas, mas que não é tão determinante na história internacional da música. Tem a presença, teve algo a dizer e vem tendo e acredito que sempre terá. É a tarefa, que é revelar pra si mesmo e para os outros, o que é essa originalidade que nós temos a oportunidade histórica de exercer, por causa dessas coisas que você falou na pergunta. Um país de dimensões continentais, na América, no hemisfério sul, no terceiro mundo, altamente miscigenado e que fala português. É um conjunto de coisas que nos dá uma oportunidade de, e mesmo uma obrigação, de apresentar uma solução original ao mundo. A mera presença do Lula como presidente da República e a expectativa que se criou em torno dele internacionalmente, e a atenção que se tem a ele em todos os lugares do mundo, ao que acontece com ele e ao Brasil, já é um pouco um esboço dessa vocação, da realização dessa vocação brasileira. Às vezes alguns gestos da política internacional, da política externado Brasil, parecem caricaturas disso e termina se frustrando, mas talvez em vez de caricatura, eles sejam apenas esboços, e sejam realmente, sob esse ponto de vista, mais positivos do que os “conseguimentos” concretos assegurariam. Viajando pelo mundo, é possível sentir em toda parte, na Europa e mesmo nos Estados Unidos, uma atenção especial ao Lula, deposita-se muita esperança na figura dele, na história dele, no Brasil. E ele também fala ao mundo com uma espécie de narcisismo disso. E às vezes fica ridículo, mas não faz mal, porque isso é um esboço de uma coisa que, se está acontecendo, é porque de fato há essa oportunidade do Brasil, e todo mundo vê, ela é verdadeira e legítima. A não ser que a gente seja mesmo incompetente e não faça coisa nenhuma com tudo isso. Mas pode ser que a gente faça. Eu quero.

No documentário Notícias de uma Guerra Particular, do João Moreira Salles, há uma cena em que dois garotos dizem que trabalham para o tráfico porque ganham mais ali do que numa farmácia, que podem comprar o tênis tal, de tal marca. Você consegue apontar uma solução possível para esse problema?
Bom, não sei apontar uma solução para esse problema geral de as crianças serem mais atraídas pelo tráfico, porque dá mais dinheiro. Uma coisa que a gente precisa saber é que essa grande criminalidade que cresceu nas periferias não se deve à pobreza, e sim à riqueza, se deve ao fato de a cocaína ser muito cara e ter passado a fazer muito sucesso. E de eles serem os fornecedores de cocaína, porque eles já têm uma vida fora-da-lei ali. Aí quando veem muito dinheiro… Com muito dinheiro você compra polícia, advogado, promotor, juiz, deputado e jornalista. Compra tudo, em princípio. Então o cara fala: “Vou ser o quê? Office boy, na melhor das hipóteses, ou trabalhar na farmácia, ganhar um pouquinho, uma merreca, quando posso ficar aqui e ganhar um dinheirão segurando arma? E rola uma grana incrível, posso comprar um tênis maravilhoso”.

No fim, as soluções para combater esse monstro social da distribuição desigual de renda são muito radicais, não?
Em primeiro lugar, pra solucionar isso, você precisa ter uma melhor distribuição de renda. É uma coisa maior, pra que não haja crianças que entrem nessa de crime. E, por outro lado, legalizar as drogas. As drogas deveriam ser legais. É uma pena que o Brasil não possa fazer isso, mesmo que queira. Mesmo que nós queiramos, não poderemos fazer sem os EUA fazerem, sem ser uma coisa internacional, e deveria ser feito o mais breve possível e com uma combinação internacional. Mas os puritanos americanos hipócritas não vão fazer, muito menos os que agora estão agora no poder, que são os mais reacionários. Mas uma hora vai ter de ser feito. A solução é essa, é você fazer gestos difíceis pra reorientar o modo de distribuir a renda no Brasil. Gestos que, sem dúvida, precisam ser grandes, tem que não ter vergonha de uma porção de coisas. Tem que ser um gesto tão grande como uma revolução, sem as mazelas das revoluções, que em geral só trazem primeiro o terror, depois a opressão. Mas uma revolução dentro das pessoas que vão fazer coisas pragmáticas. E essas coisas pragmáticas não devem ter conflito. Em primeiro lugar, redirecionar a distribuição de renda. Atuar nisso de uma maneira eficaz sem medo, nem de morrer. Não ter medo nenhum. Dizer: “Eu vou fazer isso!” e fazer. Mexer nisso. Qual a maneira mais eficaz de mudar esse problema de distribuição de renda no Brasil? Essa é a primeira coisa. E a segunda é conseguir com a nossa originalidade liderar mundialmente a liberação das drogas, para acabar com o poder dessas pessoas. Aí, esses meninos, que estão falando de tênis no filme do Joãozinho Moreira Salles, não estariam fazendo isso. A solução que vejo é essa. Não sei se vou ver algo semelhante a isso ser feito, pode ser que se faça alguma coisa, um gesto importante nesse sentido depois de amanhã, pode ser que nem tão cedo, pode ser que nunca. Mas a realidade é que o negócio é esse. Por que eu fiz propaganda do Roberto Mangabeira? Porque ele propõe uma reorientação do enfrentamento da questão de distribuição de renda no Brasil, ele se opõe ao modo como é feita a política econômica. Gostaria de apostar numa pessoa que quisesse fazer diferente por entender, por querer intervir nessa questão de distribuição de renda. Isso tem como coadjuvantes importantes o planejamento da educação, da verdadeira democratização da educação com a elevação do nível do ensino para todos. Essas são as questões que acho fundamentais. Então, quanto a isso, sou às vezes pessimista, às vezes otimista. Mas precisa de um grande otimismo para, no mínimo, desejar isso, conceber, achar que é concebível. Embora remotamente, acho que isso já é uma atitude otimista.


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