Jornal Zero
Hora
Coluna
Juarez Fonseca: Caetano, Araújo, Lupicínio
Caetano Veloso volta ao palco no qual se
apresentou pela primeira vez após retorno do exílio
O músico baiano em foto de novembro de 1972 - Foto: Galeno/Hipólito / Agencia RBS |
O show de
Caetano Veloso no Auditório Araújo Vianna, dia 25 próximo, traz à tona antigas
histórias. Ele retorna ao lugar em que se apresentou pela primeira vez em
novembro de 1972, com o show da volta do exílio em Londres. Lá, o repertório
básico era o do recém-lançado LP Transa, para muitos um de seus melhores
discos. Tinha canções como You Don’t Know Me, It’s a
Long Way, Mora na Filosofia e Triste
Bahia, esta construída sobre um poema de Gregório de Matos
(1636-1695), com algumas incrustações folclóricas. Pois 41 anos depois, Triste
Bahia revive no show Abraçaço, que chega a Porto Alegre. Na
estreia da turnê no Rio, duas semanas atrás, Caetano se espantou ao ver o
público jovem entoando junto o refrão da música.
Outra canção daquele show era Volta, de Lupicínio Rodrigues. Antes de subir ao palco, Caetano manifestou à amiga Tânia Carvalho que queria conhecer Lupi. Ela se prontificou a fazer o meio de campo e o encontro ocorreu no bar Chão de Estrelas, onde atravessaram a madrugada cantando. Quase 20 anos depois, em 1991, Caetano lembraria daquela noite em uma entrevista à revista alternativa Bric a Brac, de Brasília:
– Fui ouvi-lo cantar e ele cantou coisas lindas, sem acompanhamento nenhum. Aliás, foi uma noite fantástica. Era o show que fiz com batom vermelho. Já havia tido o show da Gal e eu brincava com essa imagem. Pintava a boca com batom vermelhíssimo, e o cabelo grandão. Ficava meio Gal. Saí do show para encontrar o Lupicínio. Fui com o batom vermelho. Usava um bolerinho de cetim, uma calça justíssima, bem baixa, uns tamancos.
Lupi teria manifestado estranheza com o “modelito”?
– Nada disso, não teve nenhum clima de choque ou de espanto. Ficou na dele. Cheguei e disse: “Estou chegando do show e nem tive tempo de ir ao hotel”. Ele abriu os braços, “oh, Caetano, que alegria, sente aqui”. Muito doce. Fiquei impressionado com o estilo dele.
Menos de dois anos depois Caetano gravaria Felicidade, uma das marcas da recuperação histórica de Lupicínio, lançada com sucesso nacional poucos dias antes de sua morte, em 27 de agosto de 1974.
O Araújo que o receberá agora é completamente diferente do antigo auditório ao ar livre. Mas o show poderá ter bons momentos de evocação.
Outra canção daquele show era Volta, de Lupicínio Rodrigues. Antes de subir ao palco, Caetano manifestou à amiga Tânia Carvalho que queria conhecer Lupi. Ela se prontificou a fazer o meio de campo e o encontro ocorreu no bar Chão de Estrelas, onde atravessaram a madrugada cantando. Quase 20 anos depois, em 1991, Caetano lembraria daquela noite em uma entrevista à revista alternativa Bric a Brac, de Brasília:
– Fui ouvi-lo cantar e ele cantou coisas lindas, sem acompanhamento nenhum. Aliás, foi uma noite fantástica. Era o show que fiz com batom vermelho. Já havia tido o show da Gal e eu brincava com essa imagem. Pintava a boca com batom vermelhíssimo, e o cabelo grandão. Ficava meio Gal. Saí do show para encontrar o Lupicínio. Fui com o batom vermelho. Usava um bolerinho de cetim, uma calça justíssima, bem baixa, uns tamancos.
Lupi teria manifestado estranheza com o “modelito”?
– Nada disso, não teve nenhum clima de choque ou de espanto. Ficou na dele. Cheguei e disse: “Estou chegando do show e nem tive tempo de ir ao hotel”. Ele abriu os braços, “oh, Caetano, que alegria, sente aqui”. Muito doce. Fiquei impressionado com o estilo dele.
Menos de dois anos depois Caetano gravaria Felicidade, uma das marcas da recuperação histórica de Lupicínio, lançada com sucesso nacional poucos dias antes de sua morte, em 27 de agosto de 1974.
O Araújo que o receberá agora é completamente diferente do antigo auditório ao ar livre. Mas o show poderá ter bons momentos de evocação.
No hay comentarios:
Publicar un comentario