"Viva os Mutantes em Ribeirão"
[Caetano Veloso, 16/6/2007]
HOMENAGEM
AOS 'BATERAS'
Inicialmente (2002) o evento Festival JOÃO ROCK seria
chamado de “Rock Brasil”, afirma o gerente de projetos, mas os donos acabaram
optando pela atual nomenclatura por dois motivos: a existência de outro
festival com mesmo nome e a vontade de homenagear os bateristas.
João e John nomeiam
“bateras” de grandes bandas no rock brasileiro e internacional – a exemplo de
João Barone, dos Paralamas; John Densmore, do The Doors; e John Bonham, do Led
Zeppelin. A menção honrosa até hoje figura no símbolo do festival, ilustrado
por bumbos e pratos.
“Sem o baterista uma banda
de rock não é nada, então eles resolveram homenagear esse ícone. Além disso,
João Rock traduz brasilidade, que vem a calhar com o foco do festival no rock
nacional”, complementa.
A banda Os Mutantes fez um
show histórico no festival. A cantora Zélia Duncan assumiu o lugar estrelado
por Rita Lee na década de 1970. Ao lado dos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio
Dias, Zélia cantou sucessos como ‘A Minha Menina’ e ‘Balada do Louco’.
Mas além de relembrar
clássicos, o show contou com uma participação muito especial – a de Caetano
Veloso, que estava em Ribeirão Preto para outro evento e resolveu dar uma canja
para o público.
No
decorrer da história do João Rock, a reunião dos ícones do rock nacional não
somente aconteceu no backstage, como também em cima do palco.
Em 2007, os
Mutantes interagiram com Caetano Veloso diante de uma multidão surpresa com a
aparição inesperada. O ícone do tropicalismo esteve em Ribeirão para uma apresentação
no Theatro Pedro II, mas não estava confirmado entre as atrações do festival.
Domingo, 17 de junho de 2007.
Caetano Veloso surpreende e canta
com Mutantes no João Rock
Os
Mutantes fizeram um show histórico no festival João Rock, realizado na noite
deste sábado em Ribeirão Preto, São Paulo. Após subir ao palco, o grupo recebeu
a visita surpresa do cantor Caetano Veloso, que improvisou um dueto com Zélia
Duncan da música Baby, emocionando os milhares de fãs que aguardavam a
apresentação.
A
chegada de Caetano aconteceu logo após a performance da música El Justiciero,
quando Sérgio Dias brincou fazendo piadas em espanhol. Caetano, que estava
visivelmente nervoso com a improvisação, empolgou o público, que pedia bis.
"Viva
os Mutantes em Ribeirão", gritou ele, recebendo aplausos.
Assim
como as outras atrações, a apresentação dos Mutantes foi bem reduzida em
relação à turnê que a banda vem realizando em diversas capitais do País. Dos
hits cantados, destacaram-se Ando Meio Desligado, Batmacumba, Technicolor,
e Cantor de Mambo, entre outras.
Embora
Os Mutantes tenham sido anunciados como a atração principal, muita gente foi
embora antes do início do show, deixando espaço no estádio do Comercial para
fãs antigos e novos. Grande parte deles sabia cantar as canções inteiras.
A
presença mais notável no gargarejo foi a de Chorão, que acompanhou o show no
cercado de seguranças em frente ao palco. O vocalista do Charlie Brown Jr.
chorou ao ver a banda no palco e se ajoelhou sempre que Sérgio Dias se
aproximava com sua guitarra.
Em
rápida conversa com a imprensa após o show, Zélia Duncan falou sobre seu
ingresso na banda e descartou, pelo menos no momento, a possibilidade de um dia
deixar o grupo. "A vida jogou isso no meu colo, e agarrei. Para soltar vai
ser difícil", disse.
Caetano canta Baby com Zélia Duncan |
Zélia Duncan e Caetano trocam selinho durante o show dos Mutantes |
Jornal A Cidade
Ribeirão Preto, 22 de Junho de 2007.
Caetano,
o alquimista - Show "Cê"
Caetano
Veloso no palco é um menino fazendo travessuras. Mas que travessuras! Ele se
apresentou no Theatro Pedro II nesse último domingo (17/6/2007), com casa lotada, trazendo a
tiracolo a banda com quem gravou seu último CD. Foi um espetáculo de música
popular que tão cedo não se verá igual.
Um
cenário simples, mas que, no mínimo, se poderá chamar de elegante. Delgados
bastões iluminados por diversas cores oscilando no espaço, uma linha formando
um arco ao fundo. E era só, mas o suficiente para criar o clima de força
poética e de delicadeza lírica que dominou todo o espetáculo.
Não
houve detalhe em cuja construção não tivesse recebido os maiores cuidados.
A
iluminação exata e inteligente mostrou como as diversas linguagens podem-se
articular. As luzes contaram sua história paralela, mas sempre em reforço da
música.
Falar
da música, da qualidade dos instrumentistas e de Caetano Veloso, é pleonasmo,
mas não se pode deixar sem comentário. Quando artistas que levam a sério sua
arte dão importância a cada nota, a cada nuance do som, a cada pormenor,
acontece o que vimos e o ouvimos no Pedro II.
Uma
banda que se mostra competente fazendo música progressiva, que faz música
experimental, pesquisa sons e suas combinações, que procura novas
possibilidades de seus instrumentos quando acompanha um Artista, arranca-nos de
nossa circunstância material e comezinha para nos transportar de alma leve até
as alturas.
O
espetáculo foi mais um presente do SESC, hoje, no Brasil, a instituição que
melhor atua no campo cultural e artístico. Muito obrigado, Mariângela, e
parabéns pela iniciativa.
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