martes, 10 de enero de 2017

1994 - A MORTE DE TOM JOBIM














 






 
 

Marcelo Soubhia/Folha Imagem





























São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 1994

Caetano e Gil prestam homenagem a Jobim
ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL


"É... É difícil... Não sei... Envelheci 150 anos." Foi assim, engasgando nas frases, que o compositor Caetano Veloso tentou explicar o quanto a morte de Tom Jobim o abalou.

"Tudo isso me pegou de surpresa. Sabia que o Tom estava doente, mas..." O cantor falou sobre o "maestro soberano" ontem de madrugada, depois do show "Tropicália Duo", que faz em parceria com Gilberto Gil no Palace, zona sul de São Paulo.

"Somos todos muito menores do que Tom. E eu sou ainda menor. O curioso é que ele não nos esmaga. Ele nos ilumina", disse, repetindo com outras palavras o que escrevera recentemente no "press release" de "Antonio Brasileiro", décimo e último disco solo de Jobim.

Logo no primeiro parágrafo do texto, Caetano afirma: "A exuberância esmagadora do seu talento tem sido, para os que crescemos à sua luz, mais estimulante do que inibidora".

Sem citar nem mesmo uma vez o nome de Tom e sem jamais usar a palavra morte, Caetano homenageou o músico durante o show de quinta-feira à noite. Cerca de 1.700 pessoas lotavam o Palace.

Por volta das 22h30, quando ficou sozinho no palco, dispensou o roteiro original do espetáculo e cantou "Eu Sei que Vou te Amar", de Jobim e Vinicius de Moraes. O público interrompeu com aplausos.

Caetano mostrou, então, outros dois clássicos de Tom e Vinicius: "Chega de Saudade" e "A Felicidade". A platéia o acompanhou verso por verso.
Emocionado, Caetano começou a tocar "Sem Você", também de Tom e Vinicius. O público se calou e o cantor não conseguiu ir adiante. Chorou enquanto balbuciava: "Você é o que resiste ao desespero e à solidão /  Nada existe e o tempo é triste sem você / Meu amor, meu amor, nunca te ausentes de mim / Para que eu viva em paz / Para que eu não sofra mais".
Enxugando as lágrimas, prometeu: "Vai sair. Tem que sair." Tomou fôlego e recomeçou. Chorou de novo.

Gil voltou ao palco e deu um lenço para o parceiro. O público insistiu: "Ajuda o Caetano."

Gilberto Gil acariciou a cabeça do amigo e pegou o violão. Caetano finalmente se acalmou e, na quinta tentativa, conseguiu terminar a canção.










Gilberto Gil diz que morte não o deprimiu
DA REPORTAGEM LOCAL

Bem mais tranquilo que Caetano, Gilberto Gil também homenageou Tom durante o show de quinta-feira à noite.

Sozinho no palco com o violão, cantou "Desafinado", música de Jobim e Newton Mendonça que o tempo acabou transformando em manifesto informal da bossa nova.

Quando começou a dedilhar "Aquele Abraço", Gil anunciou: "Este samba vai para Dorival Caymmi, Caetano Veloso e hoje, pela saudade dele... Este samba de amor por sua terra, o Rio, terra de Antonio Carlos Brasileiro Jobim."

No finalzinho do espetáculo, à 0h10, tocou outro sucesso de Tom, "Samba do Avião". Desta vez, Caetano Veloso o acompanhou.

"Sua morte não me deprimiu. Fiquei apenas com aquele fio suave de emoção. Não sei explicar o porquê", comentou Gil logo depois do espetáculo. "A morte do Senna me deixou mais triste, me deu maior pesar."

O cantor revelou que tinha dificuldade para reconhecer a "grandeza planetária" de Tom Jobim. "Ele era um gênio, um mestre. Mas também era muito próximo da gente, muito afetivo. Falava com todo mundo. Era um homem de bar, um homem de boteco. Ficava difícil encará-lo como um daqueles ídolos internacionais."

Tanto Caetano quanto Gil disseram que deverão manter "Samba do Avião" nas próximas apresentações de "Tropicália Duo".

Nenhuma música de Tom fazia parte do espetáculo. "Talvez volte a tocar 'Sem Você"', cogitou Caetano. "Quero ver se sou capaz de cantá-la com mais calma."












 







Foto: Clara Palacios

















 
SÁNCHEZ, José Luis. Tom Jobim - a simplicidade do gênio. Rio de Janeiro: Editora Record, 1995. Pág. 239.




 
SÁNCHEZ, José Luis. Antonio Carlos Jobim – La sencillez del genio. Barcelona : Leqtor Universal, 2014. 280 pág.
 




"Me sorprendió la generosidad de Caetano Veloso –con quien pasé tres días inolvidables en Salvador–, Ana Lontra Jobim, Paulo Jobim, Edu Lobo, Kabinha, Ophelia, Leila Pinheiro y Toquinho. Todos ellos me recibieron en sus casas y me dedicaron muchas horas, sin duda en homenaje al maestro Jobim." 

(José Luis Sánchez) 



José Luis Sánchez e Tom Jobim




José Luis Sánchez, Gilberto Gil e Caetano Veloso






ÍNDICE

Prólogo                                                                 13
Paulinho Jobim. Instantes                                     17
Helena Jobim. Toda una vida                               21
Billy Blanco y Aloysio de Oliveira.
El principio del éxito                                           43
Vidas paralelas                                                   53
Historias de amor                                               59
El descubrimiento de la naturaleza                      69
Carlos Lyra: al otro lado del disco.
Ambiente de bossa nova                                 75
De Carlos a Carlos                                          83
La arquitectura de los sonidos                          85
Edu Lobo y un cometa universal                       99
Simplemente dos amigos                                 117
Toquinho, Vinícius y Tom.
Veladas fructíferas                                         125
Caetano Veloso.
Amigo, admirador, admirado                    .               137
La familia Buarque de Hollanda                        151
Ana y Luiza Jobim                                          165
Los amigos, la familia y las giras
por el mundo                                                 177
Vinícius y Jobim                                             213
Tom ha vuelto                                               237
Djavan                                                         245
Songbooks                                                    249
Leila Pinheiro                                                 255
Beth Jobim y Paulo Jobim. Instantes                  265



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