miércoles, 25 de enero de 2017

2003 - GALÁXIA HAROLDO






São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

HOMENAGEM

"Happening" para poeta, morto em agosto, leva ao palco "homenageandos" como Caetano e Boris Schnaiderman 




Tuca recebe "galáxia" Haroldo de Campos



CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
 

 O poeta e crítico Haroldo de Campos (1929-2003), homenageado no evento "Galáxia Haroldo" - Fotos: Leonardo Colosso – 1/9/97 / Folha Imagem




As galáxias de Haroldo de Campos vão entrar hoje como um cometa porta adentro do teatro da PUC, em São Paulo. Dois meses após a morte do poeta, crítico e tradutor (ou transcriador, como preferia), ele ganha homenagem "haroldiana" no Tuca, a 500 metros da casa onde morava.

O eixo do evento "Galáxia Haroldo", se é que galáxia tem eixo, é a poesia, em torno da qual orbitarão a música, a dança, o vídeo, as artes plásticas, a fotografia.

Projeto que nasceu pequeno, como uma homenagem de ex-alunos do escritor na PUC, "Galáxia" se expandiu até tomar forma de pelo menos quatro núcleos.

O maior deles está marcado para as 21h de hoje. Mais de 40 artistas, poetas e músicos se revezarão no palco do Tuca.

Dirigidos pelo poeta, artista gráfico e videomaker Walter Silveira, diretor de programação da TV Cultura, vão ler poemas de Haroldo de Campos, dançar, tocar cítara e flautim irlandês.

O irmão do poeta, o também poeta Augusto de Campos, seu parceiro na criação da poesia concreta, fará a primeira leitura.

O "happening poético", como Silveira define o evento, seguirá adiante com participações breves de músicos como Caetano Veloso, Arnaldo Antunes e o compositor erudito Gilberto Mendes, de atrizes como Bete Coelho e Giulia Gam, de poetas como Alice Ruiz e Lenora de Barros.

O ensaísta e tradutor Boris Schnaiderman, que foi amigo de Haroldo por 40 anos, deve ler o poema "A Encantação pelo Riso", do escritor russo Vielimir Khlébnikov (1885-1922).

Costurando todo o espetáculo, como pano de fundo da "Galáxia Haroldo", estarão criações musicais e "ambientações eletrônicas" de Cid Campos, sobrinho do homenageado, e Lívio Tragtenberg.

"Quis dar dimensão de uma viagem para esse "panorama" da obra poética de Haroldo", diz Silveira.

A "trip" Haroldo de Campos não ficará só no Tuca. O espetáculo será transformado em um programa para a TV Cultura, que deverá ser exibido no final do ano.

Além do "happening", o teatro da PUC, recém-reinaugurado depois de longas reformas, recebe também uma série de exposições que procuram completar as constelações de Campos.

Estarão em exibição até quarta-feira no foyer do Tuca painéis com poemas do homenageado (e um emocionante texto do irmão Augusto), pinturas feitas para o concretista por artistas como Tomie Ohtake, Regina Silveira e Marco Giannotti, fotografias de Juan Esteves e livros de ou sobre Haroldo de Campos. Uma mostra de vídeos dirigida por Cristina Fonseca, na biblioteca da PUC, complementa o programa.

"A idéia do projeto é recolocar Haroldo na universidade", explica Ana Salles, superintendente do Tuca e coordenadora do evento.

Aluna da primeira turma dele de um curso de estudo da poesia na PUC, universidade que deu o título de honoris causa a Haroldo, Salles chama a atenção para o carisma do professor.

"Não fomos atrás de ninguém. Essas dezenas de pessoas que participam do evento foram sabendo que homenagearíamos o Haroldo e foram se engajando. Essa homenagem será muito calorosa.



GALÁXIA HAROLDO

Evento com mostra de vídeos, exposição de poemas visuais, fotos e pinturas, exposição de livros e espetáculo poético.



Direção do espetáculo: Walter Silveira

Direção musical: Cid Campos e Livio Tragtenberg

Videocenário: Grima Grimaldi
Produção: TV Cultura 





Fotos: Anselmo Gomes





Circuladô de Fulô - Fragmento de Galáxias - 1991









S. Paulo - CASA DAS ROSAS
ESPAÇO HAROLDO DE CAMPOS DE POESIA E LITERATURA 


 Livro de Caetano Veloso com dedicatória
Foto: Luz Bittar/ Gazeta Press





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