Os natalenses esta
semana vão poder desfrutar das presenças de grandes nomes da literatura
nacional e lusa, no Festival Literário de Natal (Flin), que inicia suas
atividades nesta quarta-feira, 6/11, e segue até o sábado, 9/11, com show de
encerramento do cantor e compositor Caetano Veloso.
Sábado (9/11)
Mesa 2
19h30 – Tema: “A POESIA NA CANÇÃO, A CANÇÃO NA POESIA”
Caetano Veloso
Eucanaã Ferraz
Show de Encerramento
23h – Caetano Veloso – “Abraçaço"
Mesa 2
19h30 – Tema: “A POESIA NA CANÇÃO, A CANÇÃO NA POESIA”
Caetano Veloso
Eucanaã Ferraz
Show de Encerramento
23h – Caetano Veloso – “Abraçaço"
Tribuna
do Norte
Prosa e verso
Publicação: 09/11/2013
QQCoisa
- Dácio Galvão
daciogalvao@globo.com
daciogalvao@globo.com
Letra e música formam a união hoje no Festival
Literário de Natal.
Na companhia do poeta, amigo Eucanaã Ferraz,
Caetano Veloso falará sobre escritas, canções, percursos reflexivos, livros.
Depois, fecha o FLIN com um “Abraçaço”:
Livros lançados (“Alegria, alegria”, “Verdade Tropical”, “O
mundo não é chato”, “Letra só”) trazendo artigos, crônicas, pensamentos
traduzindo também um percurso reflexivo da cultura moderna brasileira e
correlações ao cosmopolitismo.
A
prosa amplia e dialoga com a poética cantada? Ou tudo termina em poesia?
Espero que a prosa dialogue com as canções e o resto.
Vladimir Maiakovski, John Donne, Gregório de Matos Guerra, Sousândrade, Ferreira Gullar, Augusto e Haroldo de Campos, Agripino de Paula, Paulo Leminski, Torquato Neto, Antonio Cícero... Poetas que você cantou ampliando o repertório saindo da página do livro para a oralidade de canções. Um exercício íntimo sem fronteiras de códigos?
Fiquei surpreso com o número de casos assim. Me dei conta de que faltou Waly nela. Tem sido tudo muito circunstancial. Nunca parei para pensar muito no que significa o conjunto dessas colaborações.
Espero que a prosa dialogue com as canções e o resto.
Vladimir Maiakovski, John Donne, Gregório de Matos Guerra, Sousândrade, Ferreira Gullar, Augusto e Haroldo de Campos, Agripino de Paula, Paulo Leminski, Torquato Neto, Antonio Cícero... Poetas que você cantou ampliando o repertório saindo da página do livro para a oralidade de canções. Um exercício íntimo sem fronteiras de códigos?
Fiquei surpreso com o número de casos assim. Me dei conta de que faltou Waly nela. Tem sido tudo muito circunstancial. Nunca parei para pensar muito no que significa o conjunto dessas colaborações.
E
Oswald de Andrade aonde entra nisso tudo?
Bem, musiquei “Escapulário”, um grande pequeno poema. E ele foi uma figura estimulante. Cheio de inteligência, cultura e ousadia, criou ambiente para a desprovincianização da arte brasileira.
No CD Abraçaço há uma homenagem a Carlos Marighella. Sentimentos e memórias?
Sim. Memórias que já estavam em Verdade Tropical, mas que precisaram voltar em forma de canção. Houve o livro, o filme, o rap... Acho que o monumento a Marighella, que Jorge Amado tanto sonhava em construir na Bahia, achou seu tempo. A minha é uma canção estranha. Tem ecos das canções de protesto dos anos 1960 e enfia ideias que nunca caberiam numa delas. E faz isso de modo aparentemente prosaico e didático demais, além de relativamente equívoco. Para mim, o conjunto dessas características dá encanto poético a uma peça aberrante.
Há no ar de Natal uma positividade, uma expectativa da sua fala no Festival Literário de Natal-FLIN. O jornalista Woden Madruga assim falou sem tietagem: Caetano vindo e ficando mudo já disse tudo. Que expectativa você remete para a plateia?
Espero não ficar mudo.
Bem, musiquei “Escapulário”, um grande pequeno poema. E ele foi uma figura estimulante. Cheio de inteligência, cultura e ousadia, criou ambiente para a desprovincianização da arte brasileira.
No CD Abraçaço há uma homenagem a Carlos Marighella. Sentimentos e memórias?
Sim. Memórias que já estavam em Verdade Tropical, mas que precisaram voltar em forma de canção. Houve o livro, o filme, o rap... Acho que o monumento a Marighella, que Jorge Amado tanto sonhava em construir na Bahia, achou seu tempo. A minha é uma canção estranha. Tem ecos das canções de protesto dos anos 1960 e enfia ideias que nunca caberiam numa delas. E faz isso de modo aparentemente prosaico e didático demais, além de relativamente equívoco. Para mim, o conjunto dessas características dá encanto poético a uma peça aberrante.
Há no ar de Natal uma positividade, uma expectativa da sua fala no Festival Literário de Natal-FLIN. O jornalista Woden Madruga assim falou sem tietagem: Caetano vindo e ficando mudo já disse tudo. Que expectativa você remete para a plateia?
Espero não ficar mudo.
No
show ‘Abraçaço’ para além da sonoridade, da poética há remessas para a
gestualidade e a celebração de Kazimir Malevich?
Foi Helio Eichbauer quem trouxe Malévich para o palco do nosso show. Ele assistu a um ensaio e logo ficou com a imagem do quadrado negro na cabeça. Eu terminei adorando o resultado.
Waly Salomão aqui lançou o livro ‘Armarinho de Miudezas’. Na entrevista que nos concedeu, falou: “Natal, agulha de luz”. Você em entrevista se referindo à cidade: “Diamante do nordeste”. Metafóricos brilhos de uma cidade na leitura de dois olhares baianos?
Natal impressiona mesmo muito. Parece que é o nordeste destilado.
No FLIN você e Eucanaã Ferraz discorrerão sobre o tema “A poesia na canção e a Canção na poesia”. Um bom porto para uma boa ancoragem?
Espero que sim.
Foi Helio Eichbauer quem trouxe Malévich para o palco do nosso show. Ele assistu a um ensaio e logo ficou com a imagem do quadrado negro na cabeça. Eu terminei adorando o resultado.
Waly Salomão aqui lançou o livro ‘Armarinho de Miudezas’. Na entrevista que nos concedeu, falou: “Natal, agulha de luz”. Você em entrevista se referindo à cidade: “Diamante do nordeste”. Metafóricos brilhos de uma cidade na leitura de dois olhares baianos?
Natal impressiona mesmo muito. Parece que é o nordeste destilado.
No FLIN você e Eucanaã Ferraz discorrerão sobre o tema “A poesia na canção e a Canção na poesia”. Um bom porto para uma boa ancoragem?
Espero que sim.
Caetano
Veloso e Eucanaã Ferraz conversam sobre “A poesia na canção, a canção na poesia”
10/11/2013
Ressaltou que quando ouviu a música “O estrangeiro”, de Caetano, foi um aprendizado. Disse que todo mundo depois de ouvir os baluartes da MPB não ficam imunes: ”Era um privilégio”,
Em seguida, Caetano Veloso fez sua participação inteligente no debate. Ele disse que para a geração dele, Vinícius de Morais foi um divisor de águas. O primeiro contato com a obra do Poetinha foi a peça “Orfeu da Conceição”. A partir daí, procurou conhecer a obra poético-musical de Vinícius: “Pensei que Vinícius de Morais fosse negro. Confundia Vinícius com Haroldo Costa”, assinalou.
Caetano citou, ainda, a obra de Lou Reed, morto há poucos dias, destacando que Reed citava nos shows William Shakespeare, Lord Byron e Edgar Allan Poe. “Rock era coisa de subúrbio e de gente ignorante até os Beatles aparecerem”, disparou. Disse que quando começou a fazer as canções já conhecia a obra poética de Vinícius, além de Carlos Drummond, Cecília Meireles e Manoel Bandeira. “A demarcação entre a música popular e a erudita foi irrelevante para a minha geração”, observou.
Para Caetano, o artista pop de vanguarda, Andy Warhol, quebrou o gelo entre a pop-art e os museus sofisticados. “Os Beatles deram uma virada. Eram muito sofisticados. Gil me chamou a atenção para os Beatles e a Betânia para o Roberto Carlos”, informou.
Na sua opinião, Oswald de Andrade precedeu Marshall McLuhan e Andy Warhol. Lembrou que musicou o poema “Escapulário”, de Oswald de Andrade, além dos irmãos Augusto (“Pulsar”) e Haroldo de Campos (“Circuladô de Fulô”).
Respondendo a platéia, Caetano disse que Nara Leão foi uma figura histórica de enorme importância para a música brasileira. Confessou que foi influenciado por poesia e ensaio, na infância. Só depois passou a gostar do romance.
Ao final, Eucanaã Ferraz recitou letras de Caetano (“Itapoã”), e o compositor baiano, por sua vez, leu poemas de Eucanaã, do livro “Sentimental”.
Foto: Claudio Abdon |
Foto: Claudio Abdon |
Foto: Claudio Abdon |
Encerrando o Festival Literário de Natal, Caetano Veloso - Foto: Márlio Forte |
Abraçaço
14 de novembro de 2013
Por Tácito Costa (*)
Trinta anos depois voltei a assistir um show de Caetano Veloso. A
primeira vez foi na década de 1980, no estádio Juvenal Lamartine, ali no Tirol.
Não lembro exatamente o ano, mas é bem provável que algum pluralista também
tenha visto e lembre. Ele veio outras vezes a Natal e embora minha
admiração seja grande passei batido.
Poxa, trinta anos é um bocado de tempo, mas no último sábado o Caetano
que se apresentou na Ribeira, no encerramento do Festival Literário de Natal
(FLIN) não era muito diferente daquele de trinta anos atrás, claro, não me
refiro a aspectos físicos (rugas, cabelos grisalhos, óculos etc), mas ao vigor,
criatividade, trejeitos e provocações no palco. Era o mesmo Caetano que cantou
“eu sou neguinha” (“Totalmente terceiro sexo totalmente terceiro mundo
terceiro”) no Juvenal Lamartine, não tenho a menor dúvida.
Eu sempre gostei muito do trabalho dele, que considero um dos mais
inquietos e arrojados artistas brasileiros. E o seu show “Abraçaço” na Ribeira
foi revelador nesse sentido. Como eu só tinha ouvido duas ou três músicas do
álbum, de forma isolada, não tinha uma idéia mais precisa do CD, que tem uma
pegada bem chegada ao rock.
Algumas pessoas reclamaram porque ele dedicou grande parte do show ao CD
“Abraçaço”, Ruim pra uns melhor pra outros. Pois foi justamente isso, a
execução das canções de “Abraçaço”, o que mais curti. As interpretações mais
conhecidas dele eu não tinha tanto interesse em assistir. Embora tenha gostado
de ouvi-las na etapa final da apresentação.
Vi o show de bem perto, embora a praça estivesse lotada (um público
social heterogêneo), achei um cantinho próximo ao palco. Se não me engano
foi o primeiro show de Caetano em Natal ao ar livre e eu gostei por demais, da
banda, do cantor, da seleção das músicas, do público. Um show pra ficar na
história.
Um dia depois da apresentação comentei com um amigo que gostei de ver
tantas gentes, juntas e misturadas na praça, na paz, curtindo uma boa música.
Ontem ele me ligou para contar, horrorizado, que na academia de ginástica que
ele frequenta uma jovem senhora estava chateada porque tinha muito “povão” no
show. Ele me disse que, por essas e outras, vai deixar essa academia, o que
conta com o meu mais entusiasmado apoio.
(*) Tácito Costa
Jornalista
formado em 1984 pela UFRN. Trabalhou nos principais veículos de comunicação e
assessorias de imprensa do RN. Foi professor da UNP, editou a revista PREÁ e
coordenou o Concurso de Poesia Luís Carlos Guimarães.
Blog do Walter Baptista
Glamuor e
bom gosto ! Foi a marca registrada no fim do Flin em Natal
Foto: Márlio Forte |
Neste sábado, dia (09/11/2013), quem desembarcou em
Natal/RN, para encerrar o Festival Literário de Natal (Flin), foi o cantor
tudo de bom com Caetano Veloso.
A vinda do baiano é fruto da sensibilidade e competência de Dácio Galvão, que no contraponto do sempre..., mostrou com verdade que a cultura pode acontecer em Natal/RN, com bom gosto, qualidade e refinamento... Como diz a jornalista Laurita Arruda "dando uma pausa no rotineiro besteirol, onde a cultura é confundido com tanta coisa…", e que coisas...né?
Foi assim, que a primeira edição do Flin, foi encerrado ontem, depois de quatro dias de painéis e mesas redondas, expondo sobre da gastronomia a literatura. Caetano Veloso, aconteceu falando sobre “A poesia na canção, e vice-versa” ao lado do escritor Eucanaã Ferraz.
Além do debate, o astro baiano encerrou o Festival com toda a brazilidade do seu novo show “Abraçaço”. "Dando a Cesar o que é de Cesar", palmas para quem merece, no caso em tela, Dácio Galvão, que reaparece na batuta do Flin, como uma luz no fim do túnel para a cultura na capital potiguar, e também para o prefeito de Natal, Carlos Eduado Alves, que mostrou que a coisa publica pode ter qualidade, sim. Quanto custou a luxuosa participação de Caetano Veloso no festival, com certeza, não foi tão barato assim. Mas, também vamos combinar de depois de anos afio de atraso cultural, com escandalos e desabores com o nosso rico e pobre dinheirinho, curtir um show com a qualidade de Caetano Veloso, com certeza, não faz mal a ninguém.
A vinda do baiano é fruto da sensibilidade e competência de Dácio Galvão, que no contraponto do sempre..., mostrou com verdade que a cultura pode acontecer em Natal/RN, com bom gosto, qualidade e refinamento... Como diz a jornalista Laurita Arruda "dando uma pausa no rotineiro besteirol, onde a cultura é confundido com tanta coisa…", e que coisas...né?
Foi assim, que a primeira edição do Flin, foi encerrado ontem, depois de quatro dias de painéis e mesas redondas, expondo sobre da gastronomia a literatura. Caetano Veloso, aconteceu falando sobre “A poesia na canção, e vice-versa” ao lado do escritor Eucanaã Ferraz.
Além do debate, o astro baiano encerrou o Festival com toda a brazilidade do seu novo show “Abraçaço”. "Dando a Cesar o que é de Cesar", palmas para quem merece, no caso em tela, Dácio Galvão, que reaparece na batuta do Flin, como uma luz no fim do túnel para a cultura na capital potiguar, e também para o prefeito de Natal, Carlos Eduado Alves, que mostrou que a coisa publica pode ter qualidade, sim. Quanto custou a luxuosa participação de Caetano Veloso no festival, com certeza, não foi tão barato assim. Mas, também vamos combinar de depois de anos afio de atraso cultural, com escandalos e desabores com o nosso rico e pobre dinheirinho, curtir um show com a qualidade de Caetano Veloso, com certeza, não faz mal a ninguém.
"... O Festival Literário de Natal teve
também uma destacada parte musical, com o tema “A poesia na canção, a canção
na poesia”, a cargo do cantor e compositor Caetano Veloso, hoje em
muita evidência por causa da discussão nacional em torno do tema das biografias
autorizadas (sim ou não?). A sua apresentação foi feita pelo especialista Eucanaã
Ferraz, poeta nascido no Rio de Janeiro e que é autor de uma bem sucedida
Antologia Poética. Foi a noite em que a FLIN recebeu o seu maior e mais
entusiasmado público, o que, aliás, não surpreendeu, pelo prestígio de Caetano.
..."
[28/11/2013, Arnaldo Niskier, Membro da Academia Brasileira de Letras, Presidente do CIEE/RJ e ex-Secretário de Estado de Educação e Cultura do RJ; Folha Dirigida (RJ)]
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