lunes, 26 de noviembre de 2018

1965 - ESPETÁCULO EVOLUÇÃO



13/5/1965 - Última Hora


FOLHA DE S.PAULO

17/5/1965








Cartaz do espetáculo "Evolução", produzido por Walter Silva e apresentado no Teatro Paramount (São Paulo) em 17/05/1965.

O cartaz traz os nomes dos participantes do evento: Alaíde Costa, Bossa Jazz Trio, Caetano Veloso, Carlos Zara, Chico Buarque, Edu Lobo, Flora, Ivete, Jongo Trio, Marcos Valle, Mário Lima, Paulinho Nogueira, Quarteto em Cy, Sambalanço Trio, Taiguara, Tamba Trio, Toquinho, Tuca e Zimbo Trio, além do Grupo Opinião e do Grupo Zumbi.




FOLHA DE S.PAULO

São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997

O regime contra os 'bossa-nova'


ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL


Tempos depois, um capitão convocou Caetano para um rápido encontro que, sob o olhar do compositor, consistia numa "versão refinada" do papo com o sargento.

Acompanhe a narrativa do livro: "(O capitão) referiu-se a algumas declarações minhas à imprensa em que a palavra 'desestruturar' aparecia e, usando-a como palavra-chave, ele denunciava o poder subversivo do nosso trabalho. Dizia entender que o que Gil e eu fazíamos era muito mais perigoso do que o que faziam os artistas de protesto explícito e engajamento ostensivo. Ambos (o capitão e o sargento) confirmaram uma tese que eu teria usado para valorizar politicamente meu trabalho perante meus opositores da esquerda".



Os bossa-nova

O primeiro documento do Deops que sugere outro raciocínio por parte do governo é de junho de 1965. 

Revela que os agentes da repressão investigavam Caetano desde aquele mês -portanto dois anos antes de o tropicalismo nascer.

Em 18 de maio de 1965, de acordo com o relatório, o cantor integrara o show "Evolução" no badalado teatro paulistano Paramount.

Reuniram-se lá, entre outros, os protagonistas de dois musicais célebres, o "Opinião" e o "Arena Conta Zumbi", que se converteram em marcos dos espetáculos de participação política.

O Departamento Federal de Segurança Pública, responsável pelo documento, classificava o "Evolução" como "mais um show dos chamados bossa nova".

Alertava que servia de "estímulo aos movimentos estudantis, de caráter nitidamente esquerdista". Também considerava que, das canções e diálogos do espetáculo, extravasava "um nítido sentido subversivo".

Apontava, em especial, a música "Carcará" -que, interpretada por Maria Bethânia e composta pela dupla João do Vale/José Cândido, insinuava "uma aberta luta de classes".

Recomendava, assim, que o "Centro de Operações" passasse a investigar o "comportamento político" de todos os que entraram em cena naquele 18 de maio.

A lista incluía, além de Caetano, nomes que, já em 1965, se ligavam diretamente à "arte engajada" (ou iriam se ligar logo a seguir): Chico Buarque, Edu Lobo, Dina Sfat, Lima Duarte, Gianfrancesco Guarnieri e Marília Medalha.

Como os futuros tropicalistas ainda estavam próximos dos "artistas de protesto explícito", os militares tendiam a jogar gregos e troianos no mesmo saco -o dos "bossa-nova". Uma postura generalizante que se repetiu três anos depois, conforme deixa claro outro documento.


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