Grupo formado por Palito (voz e baixo), Mauricio Pacheco (voz e guitarra), Pedro Sá (voz e guitarra) e Domenico Lancellotti (voz e bateria) se
reencontra para comemorar os 20 anos do lançamento de seu disco homônimo.
Participação especial: Moreno Veloso.
31/10/2014
Circo Voador em festa: o
retorno do ‘Mulheres Q Dizem Sim’
Caetano
Veloso esteve, nessa quinta-feira
(30/10), no Circo Voador, no show para comemorar os 20 anos do único
disco da banda “Mulheres Q Dizem Sim”.
Pedro
Sá, voz e guitarra do
“Mulheres”, é o guitarrista da banda Cê, que acompanhou o baiano em seus
três últimos CDs.
Atribui-se
a Pedro Sá, aliás, a sonoridade mais roqueira que domina os últimos trabalhos
de Caetano. Não bastasse isso, Moreno Veloso também fez uma participação
especial no show. A noite foi aberta pelo Acabou La Tequila e teve
discotecagem de Maurício Valladares, da festa Ronca Ronca. O
Circo ficou cheio de gente bacana.
O GLOBO
Mulheres Q Dizem Sim tocam
nesta quinta-feira no Circo Voador
Banda que influenciou artistas como Los Hermanos e
Romulo Fróes apresenta seu único e cultuado disco, que completa 20 anos
Maurício Pacheco e Domenico Lancellotti - Ana Branco
por Carlos Albuquerque
30/10/2014
RIO — Maurício Pacheco fala com alguém, em inglês, no celular, enquanto
o dono da casa, Palito, mostra a Domenico Lancellotti, num monitor, as
espetaculares imagens que gravou com a ajuda de um drone durante uma recente
viagem ao Havaí. Pedro Sá é o último a se juntar aos amigos de vários carnavais
no apartamento na Lagoa. Há muito o que planejar, afinal eles estão prestes a
voltar a ser Mulheres com M maiúsculo. Mulheres Q Dizem Sim.
Hoje, no Circo Voador, Maurício (voz e guitarra), Palito (baixo),
Domenico (bateria) e Pedro (guitarra) se reúnem para celebrar os 20 anos de
lançamento do primeiro e único disco que o grupo gravou, num show com a
participação de Moreno Veloso, abertura do Acabou La Tequila e som do DJ
Maurício Valladares. Mesmo sem sucesso comercial — um inevitável parâmetro nos
anos 1990, quando as grandes gravadoras ainda dominavam o mercado fonográfico —
“Mulheres Q Dizem Sim”, um “produto” Warner, com sua personalíssima mistura de
rock, funk, soul e samba, acabou se tornando referência para bandas e artistas
que vieram depois, como Los Hermanos e Romulo Fróes.
O nome, dizem, veio de um antigo filme pornô que Domenico teria visto e
gostado. O primeiro show com roupas de mulher, que se tornaria uma
característica do grupo, foi durante um sarau no colégio Senador Corrêa, em
Laranjeiras, no começo daquela década.
— Foi de improviso, e aí resolvemos pegar roupas nos armários de nossas
mães, uma coisa bem ridícula — brinca Palito.
— Que foi ficando ainda mais ridícula quando passamos a ter até uma figurinista
amiga para cuidar dessa parte — completa Pedro Sá, guitarrista da Banda Cê, que
acompanha Caetano Veloso, classificado como “brilhante” em recente crítica do
“New York Times”.
Alguns shows bem falados, uma fita demo, produzida com a ajuda do tecladista
Fabio Fonseca, e um clipe da música “SOS”, dirigido por Arthur Fontes e
Andrucha Waddington, com a participação de Regina Casé, foram o passaporte de
entrada do grupo na Warner em 1993. Os quatro pediram Arto Lindsay na produção.
— O Arto gostava da banda, achava que ela era pop de um jeito estranho —
diz Maurício, que tocou com Vanessa da Mata e Lenine e fez parte do grupo
F.U.R. T.O., de Marcelo Yuka.
— Mas o Arto não pôde por problemas de agenda, e a Warner sugeriu o Guto
Graça Mello. — afirma Domenico, que lançou um disco solo, “Cine privê”, em
2011, e é integrante das bandas Orquestra Imperial (com Pedro Sá) e Domenico +2
(com Kassin e Moreno Veloso).
Então os Mulheres disseram sim ao produtor que já tinha assinado discos
de Gilberto Gil, Rita Lee e, importante para eles, o primeiro disco do Barão
Vermelho, ao lado de Ezequiel Neves. Vendo aquele bando de adolescentes, ele
deixou o grupo trabalhar como queria. “Mulheres Q Dizem Sim” trazia diálogos
inusitados entre as guitarras de Maurício e Pedro Sá e entre o baixo de Palito
e a bateria de Domenico. Mesmo assim, soava, como previra Arto, estranhamente
pop em faixas como “Eu sou melhor que você” (mais tarde regravada por Moreno) e
a própria “SOS” (“Os darks a 40 graus não sabem que o sol tem vitamina D”).
Mesmo com alguns shows de lançamento bem-sucedidos, como um em Salvador
que todos recordam com carinho (“Kassin foi nosso roadie naquele show. Pronto,
falei”, diverte-se Pedro Sá), o disco não teve o retorno esperado pela
gravadora e eles começaram a ouvir muitos “não”.
— Diziam que tentaram nos colocar no segmento adulto contemporâneo, e a
gente dizia que nem sabia o que era aquilo. Só queríamos tocar e seguir fazendo
shows. Foi quando começamos a nos desconectar da gravadora e fazer as coisas por
conta própria — conta Maurício.
Esse breve momento de independência gerou uma fita demo, produzida por
Chico Neves, um prêmio de melhor demo clipe na MTV Brasil (pela música “Salsa
punk”), em 1996, e uma música (“Cicciolina”) lançada em uma coletânea do
projeto CEP 2000, encartada na revista “Trip”, em 2000. Mas ali o grupo já não
existia, e cada um dos seus integrantes seguira seu próprio caminho.
— Por isso, imagina o baque que foi quando nos reunimos, pela primeira
vez em muito tempo, para os primeiros ensaios dessa volta, no final do ano
passado, quando fizemos as contas e vimos que o disco ia completar 20 anos —
conta Palito. — Foi emocionante.
LEVADAS NOVAS
Nesse reencontro inédito e único (“Vai ser só um show, foi essa a
combinação”, garante Maurício), as 12 músicas de “Mulheres Q Dizem Sim” — cujo
relançamento em formato digital o grupo negocia com a ex-gravadora — serão
revistas, com o acréscimo de composições da fita com Chico Neves.
— Quando a gente voltou a tocar as músicas do disco, eu não reconhecia
mais aquelas levadas — admite Domenico. — Só depois de alguns ensaios é que
tivemos ideias novas para elas, que foi o que nos animou mais para essa volta.
Não faria sentido tocá-las igualzinho ao disco. Na verdade, seria impossível.
E, sim, no show os quatro estarão vestidos de mulher, festejando como se
fosse 1994.
— Vestidos e maquiados — avisa Pedro Sá.
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