martes, 23 de agosto de 2016

2015 - CORDILHEIRAS NO MAR: A FÚRIA DO FOGO BÁRBARO


17ª edição do Festival do Rio


“Esse é um filme de suprema importância, porque Glauber não acaba nunca. Tudo isso que ele aborda, as ideias, estão por se cumprir. Acho oportuno esse filme ser lançado nesse cenário que o Brasil vive. Os brasileiros precisam se lembrar que este é um país muito grande, em todos os sentidos”  [Caetano Veloso, 5/10/2015]





GENETON MORAES NETO
PREMIERE BRASIL
Um documentário sobre Glauber Rocha – mas não trata de cinema. Trata de política, trata do Brasil. O filme parte da grande polêmica que Glauber Rocha provocou ao declarar publicamente apoio ao projeto de “abertura política” conduzido pelo general Ernesto Geisel. 



Data de lançamento: 5 de outubro de 2015
Direção: Geneton Moraes Neto
Elenco: Paulo Cesar Pereio, Claudio Jaborandy, Paloma Rocha, Miguel Arraes, Caetano Veloso, Carlos Heitor Cony, Fernando Gabeira, Zuenir Ventura, Arnaldo Jabor
Gênero: Documentário
Nacionalidade: Brasil

Sinopse
Quando ainda era estudante de cinema, Geneton Moraes Neto conheceu pessoalmente o cineasta Glauber Rocha em Paris, em 1981. Após voltar para Recife, Moraes Neto gravou ainda outras entrevistas para montar um documentário com a visão de Glauber sobre a situação política e cultural do Brasil.
 


Celebração para Glauber no Festival do Rio
O mito do baiano Glauber Rocha, considerado o cineasta genial que revigorou a cena da cultura contemporânea, agitou o arrojado “Cine Lagoon”, anteontem, no Rio de Janeiro, durante o “Festival de Cinema do Rio” que a coluna já noticiou com exclusividade. O agito foi pelo lançamento de “Cordilheiras no Mar: A Fúria do Fogo Bárbaro”, o inusitado documentário de Geneton Moraes Neto que fala sobre a ação política do autor de “Terra em Transe”, morto em agosto de 1981. 
Na plateia e foyer coalhados de celebridades estavam artistas com lugares cativos nos holofotes como o sul mato-grossense Ney Matogrosso e o baiano Caetano Veloso. Sem falar nas estrelas da vanguarda baiana formada por, entre outros, as atrizes Ingra Liberato e a cunhada dela Luiza Prosérpio, e o flautista e mestre em música João Liberato, namorado de Luiza e irmão de Ingra.  

O GLOBO
No Festival do Rio, longa lembra veia política de Glauber Rocha
Documentários sobre cineastas brasileiros deram continuidade à mostra, nesta segunda

por Fabiano Ristow
5/10/2015

RIO - A mostra competitiva de documentários da Première Brasil seguiu nesta segunda-feira com a exibição de duas obras que celebram cineastas brasileiros: o longa-metragem “Cordilheiras no mar: A fúria do fogo bárbaro”, de Geneton Moraes Neto sobre Glauber Rocha, e o curta “Mar de fogo”, de Joel Pizzini sobre Mario Peixoto. Ambos estão em cartaz no Festival do Rio.

Glauber foi preso e exilado durante a ditadura, e, segundo os depoimentos das pessoas que o conheceram, ressentiu-se da rajada de críticas que recebeu dos movimentos de esquerda, que o chamaram de incoerente quando declarou apoio a Geisel — um espinaframento que teria, inclusive, contribuído para a sua morte, em 1981.
— Independentemente da qualidade do filme, o Glauber chama a atenção pela capacidade de pensar livremente o Brasil — defendeu Geneton, antes da sessão. — É lastimável que o filme tenha ganho uma atualidade dramática, já que é uma obra contra a patrulhagem política. Glauber está aí para dizer que o Brasil é maior que a batalha de intolerâncias. Ele dizia que temos de romper com a mediocridade. Isso deveria ser um mantra para o Brasil.
 
Geneton Moraes Neto e Luiz Carlos Barreto



Sob o olhar atento do "Corisco": Caetano Veloso diz que a voz de Glauber vibra "além do tempo" - logo depois da exibição do nosso documentário "Cordilheiras no Mar: a Fúria do Fogo Bárbaro", no Fest Rio. Ao lado, o grande ator Othon Bastos,o eterno Corisco de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", sonda o ambiente.... (Foto: Fernando Souza )

Uma chance rara, uma noite mágica, sob luzes glauberianas: encontro com as feras Walter Cavalho, Caetano Veloso, Othon Bastos, Ruy Solberg, Luiz Carlos Barreto, Antônio Pitanga - na exibição do nosso documentário sobre Glauber Rocha "Cordilheiras no Mar: a Fúria do Fogo Bárbaro" - no FestRio. Já valeu por tudo (Foto: Fernando Souza )






Geneton Moraes Neto
Recife, 13 de julho de 1956 — Rio de Janeiro, 22 de agosto de 2016


"Geneton era um repórter adolescente quando o conheci. Gostei dele imediata e imensamente. Depois, fiquei tão impressionado com a honradez que ele demonstrou ao publicar nosso diálogo (eu tinha dito alguma coisa que soaria picante se fosse usada por um jornalista ordinário, e ele, tendo entendido o sentido respeitoso com que foi dito o que eu disse, nem publicou a frase arriscada), fiquei mesmo tão grato à sua grandeza que, para deixar para trás um período de dois anos em que me recusava a conceder entrevista a qualquer veículo da imprensa (muita agressão gratuita e muita inverdade oportunista se lia nas páginas dedicadas à música), escolhi falar com ele, e só com ele, para reiniciar um diálogo normal com a confusão dos cadernos B. A impressão que o garoto pernambucano me causara e a percepção de sua inteligência honesta só fizeram crescer ao longo dos anos. Se o jornalismo brasileiro tem algo de que se orgulhar, Geneton o representa melhor que ninguém - se não for exemplo único. Eu o adorava. Fiquei tristíssimo hoje ao saber que ele tinha morrido. Eu nem sabia que ele estava doente. Como disse Fernando Salem, essa é 'a notícia que mata a notícia. Quando morre um verdadeiro jornalista a verdade fica triste'"
Caetano Veloso, cantor e compositor

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