8 de julho de 2013
Gilberto Gil lança livro no
Rio de Janeiro
"Gilberto
bem perto" foi escrito pelo cantor em parceria com a jornalista Regina
Zappa
Gilberto
Gil lançou na noite desta segunda-feira, dia 8, o livro "Gilberto Bem
Perto", que conta sua trajetória de vida desde a Tropicália até os dias
atuais. A obra foi escrita por ele em parceria com a jornalista Regina Zappa.
Preta e Flora Gil, filha e mulher do cantor, além das atrizes Carolina Dieckmann e Arlete Salles e o músico Caetano Veloso fizeram questão de prestigiá-lo em uma livraria em Ipanema, no Rio de Janeiro.
Sempre muito atencioso, Gil distribuiu autógrafos e posou para fotos com os fãs e convidados.
Preta e Flora Gil, filha e mulher do cantor, além das atrizes Carolina Dieckmann e Arlete Salles e o músico Caetano Veloso fizeram questão de prestigiá-lo em uma livraria em Ipanema, no Rio de Janeiro.
Sempre muito atencioso, Gil distribuiu autógrafos e posou para fotos com os fãs e convidados.
Gil e Flora recebem Moreno Veloso com a mulher Clara Flaksmann - Foto: Marcelo Borgongino |
Anderson Borde / AgNews |
Anderson Borde / AgNews |
Créditos: Rio de Janeiro CGN - Central Gazeta de Notícias
A 11ª edição da
Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) já tem programação oficial.
O evento, que
ocorrerá entre 3 e 7 de julho, homenageia neste ano o escritor Graciliano
Ramos.
A abertura dos trabalhos começa com um show de Gilberto Gil na noite do
dia 3 (quarta-feira).
Show de Gilberto Gil tem interação com o público
"Pa...
pa..." O cantor e compositor baiano Gilberto Gil mal entoou as primeiras
sílabas de Palco, uma de suas mais famosas canções, e o público que nesta
quarta-feira à noite lotava a tenda do telão e suas adjacências, no Areal do
Pontal de Paraty, completou a frase: "Pa-pa-pa-ia-ia". Um pouco
tímida, a plateia de dentro da tenda se soltava aos poucos; o público do lado
de fora, no entanto, não demorou a incorporar o clima das ruas das últimas
semanas no país todo: depois da segunda música, começou a se manifestar. “Qual
é queixa?”, perguntou, bem-humorado, o cantor. “Estamos em assembleia.
Gil, que se
apresentou na Festa Literária Internacional de Paraty de 2003, retornou para o
show de abertura desta décima primeira edição: inaugurou, assim, a segunda
década da Flip. Subiu ao palco depois das falas de Izabel Costa Cermelli
(Belita), diretora-geral de criação da Associação Casa Azul e presidente e
diretora-geral da Flip, do prefeito de Paraty, Casé Gama Miranda, e de Liz
Calder, fundadora da Flip, e após o show do cantor paratiense Luís Perequê.
Celebrando 30 anos de carreira em 2013, Perequê apresentou cinco composições.
Em Beira-mar, beira de rio, os flipeiros acompanhavam o refrão com
palmas, aguardando a entrada de Gil.
Antes da
terceira canção de seu setlist, Domingo no parque, o baiano parou o
show para conversar com o público e entender em nome de que protestavam. “Tem
alguma queixa relevante ou é como as manifestações, tudo difuso?” O que
reclamavam era que se aumentasse o volume do som. Pedido atendido: Domingo
no parque foi acompanhada mais efusivamente. Ao final da canção, Gil
explicou que o som estava diferente porque esse show era mais “simplezinho”: “É
um show sem bateria, sem contrabaixo, só com a percussão leve de Gustavo Di
Dalva, meu violão e o violão de meu filho, Bem”. A apresentação intimista
daquela noite, disse, tinha também um caráter de experimento.
Seguiram-se
canções em homenagem a Dorival Caymmi, Tom Jobim e Jimi Hendrix e, ao final,
mais conversa com o público. Gil defendeu que na Copa do Mundo, no próximo ano,
as pessoas se organizassem para comprar em prestações ingressos para os jogos.
“Se não fizerem, eu vou fazer. Para que os negros vão ao estádio. Porque no
Brasil os negros ainda estão a maioria em classes menos favorecidas",
disse o ex-ministro da Cultura.
O show de abertura foi apenas a primeira participação de Gil na 11ª Flip. Nesta quinta-feira, ele integra com a historiadora Marina de Mello e Souza a mesa Culturas locais e globais, às 14h30, e lança sua fotobiografia, assinada com a jornalista Regina Zappa, Gil bem perto, pela editora Nova Fronteira.
O show de abertura foi apenas a primeira participação de Gil na 11ª Flip. Nesta quinta-feira, ele integra com a historiadora Marina de Mello e Souza a mesa Culturas locais e globais, às 14h30, e lança sua fotobiografia, assinada com a jornalista Regina Zappa, Gil bem perto, pela editora Nova Fronteira.
“Graciliano foi mestre de
minha geração”
8/7/2013
Texto e foto: Alexandre Bragion
Na Flip, Gilberto Gil
defendeu que se crie uma alternativa para que ingressos da Copa do Mundo possam
também chegar a pessoas de baixa renda de nosso país.
Atencioso, culto, muito
educado, simpático, genial. Por mais elogiosos que possam parecer essas
expressões, elas por outro lado não dão conta de – mesmo que parcialmente
– adjetivar a figura humana do cantor e compositor
Gilberto Gil. Sempre atento a causas e questões sociais, Gil realizou na última
quarta-feira (3) o show de abertura da Festa Literária Internacional de Paraty
e participou na quinta-feira (4) de uma coletiva de imprensa e também de uma
das mesas de debates do evento.
Ao lado da escritora Regina
Zappa, sua biógrafa, Gil falou com os jornalistas sobre o lançamento do livro
“Gilberto Bem Perto” publicado pela editora Nova Fronteira e lançado na Flip.
Versátil e muito inteligente, o cantor e compositor baiano falou também
sobre o momento político que o Brasil está vivendo, e disse que espera que as
mobilizações e manifestações populares continuem tão intensas quanto o
necessário – reafirmando que torce para que elas possam colocar o país nos eixos.
Gil também comentou sobre a
necessidade de – no seu ponto de vista – criar-se uma forma de fazer também com
que a população carente ou menos favorecida do Brasil possa assistir nos
estádios aos jogos da Copa do Mundo que acontecerão no país, em 2014. Para ele,
não é possível que apenas “cinco meninos ricos de São Paulo” possam ver os
jogos. Gil disse ainda que seria interessante que se criasse uma ONG que
pudesse trabalhar para tentar comprar ingressos a fim de fornecê-los aos negros
de baixa renda e pessoas carentes.
Sobre Graciliano Ramos – vulto
da literatura brasileira que foi homenageado nessa edição da FLIP – Gilberto
Gil declarou que o escritor e sua obra funcionaram sempre como um marco para
aqueles que, ligados a questões sociais, engajaram-se na luta por melhorias nas
condições de vida no Brasil.
“Graciliano foi um mestre da minha geração” –
disse. O cantor e compositor baiano também afirmou que é necessário se pensar o
processo de explosão demográfica de nosso país. “A explosão demográfica é um problema
social causado pela falta de instrução, pela falta de educação das pessoas” –
declarou também, ressaltando o fato de que é fundamental investir-se
efetivamente na formação das pessoas.
Destacando a importância da
Festa Literária Internacional de Paraty, Gilberto Gil comentou que, para ele,
eventos literários como a FLIP ajudam a fomentar a leitura entre os brasileiros
– havendo a necessidade de que muitas outras festas semelhantes aconteçam e se
espalhem Brasil afora.
“Gilberto Bem Perto”, em Paraty
Por Claudia Ferraz (*)
“Subo nesse
palco, minha alma cheira a talco…”
Ele fez o esperado show de abertura da Flip e trouxe seu Expresso 2222 para passar com entusiasmo por Paraty. Sua forte presença e o vigor de sua música chegaram a provocar em certo momento justos protestos por parte do público da área externa da tenda, que se sentiu excluído e prejudicado pelas grades e obstáculos que, embora organizando, impediram a integração de todos ao espetáculo. Nada mais natural nesses nossos tempos de protestos, com a discussão entre público e privado à flor da pele.
Ele fez o esperado show de abertura da Flip e trouxe seu Expresso 2222 para passar com entusiasmo por Paraty. Sua forte presença e o vigor de sua música chegaram a provocar em certo momento justos protestos por parte do público da área externa da tenda, que se sentiu excluído e prejudicado pelas grades e obstáculos que, embora organizando, impediram a integração de todos ao espetáculo. Nada mais natural nesses nossos tempos de protestos, com a discussão entre público e privado à flor da pele.
Gil e Regina Zappa, autora de "Gilberto Bem Perto" |
Com olhar tranqüilo e gestos largos, Gil enfrentou a maratona de
encontros com o público com sua espontaneidade peculiar. Muito aplaudido, foi a
grande estrela do debate Culturas Locais e Globais, dividindo a mesa com a
pesquisadora Marina de Mello e Souza.
“Paraty ganha e perde com o turismo de massa e eventos como esse, de
grande porte. É preciso ter cuidado, não perder de vista as possibilidades e o
caráter histórico e cultural da cidade. Estive na 1ª Flip, me lembro, era
começo, foi mais contida, hoje já é outra coisa, se agigantou, o que é
natural”, comentou.
Mostrando-se simpático ao conceito de “defeso cultural”, criado pelo
músico e poeta paratiense Luiz Perequê, “trata-se mesmo da necessidade de
defender, a palavra ganhou um sentido mais másculo, assemelha-se ao palavreado
poético de Guimarães Rosa, mas convoca mesmo à defesa cultural. O patrimônio
imaterial é o que nos sustenta e nos dá vida”, disse durante a entrevista que
concedeu à imprensa nacional e internacional nos jardins da Pousada do Sandi.
Não faltou assunto. Da paixão pelos livros ao alto preço dos ingressos
que vão impedir a presença maciça dos brasileiros mais pobres pelos estádios na
Copa do Mundo, muita coisa foi falada. Claro, as manifestações nas ruas, a
política cultural que ele não tem visto acontecer, o trabalho gigante e
silencioso das redes sociais, a sua atual fase de muito trabalho com shows e
viagens se contrapondo a um período de recesso criativo em termos de novas
composições.
Gil na coletiva de imprensa durante a Flip
2013
|
Um Gilberto Gil mais confessional, tal como se revela em sua biografia “Gilberto bem perto”, escrita com a
jornalista Regina Zappa, que teve seu pré-lançamento nesta 11ª Flip,
enriquecendo o acervo das boas publicações do evento.
“Pra falar a verdade, nunca
tive esse anseio de lançar minhas memórias. O interesse é das pessoas. Querem
transformar o milho em pipoca e saborear minhas memórias. É até interessante a
gente repensar, reviver os momentos e gostei do resultado. Mas acho que minha
vida nem merecia ser contada”, afirmou ele, ao lado da jornalista, que admitiu
ter sido adorável e muito rico o longo período que passou ao lado de Gil,
ajudando-o a resgatar fatos e situações marcantes de sua história como homem e
artista. Na verdade, um trabalho essencial, uma vez que ele próprio reconhece: ”Nunca tive uma memória muito forte.”
“Foram muitas conversas,
horas e horas, acompanhei Gil em muitas situações, inclusive cotidianas, um
período muito rico esse em que o vi tão de perto para conhecê-lo melhor. Gil é
um sujeito zen, porém intenso, aberto para o mundo”, aponta Regina Zappa, que
o ajudou a rememorar sua história como homem e artista.
Em nove capítulos, o registro se completa com um bem selecionado acervo
de fotos, escolhidas pelo próprio Gil, para dar o acabamento ao “bordado” da
sua contação de história – pontuada de momentos marcantes de alegrias, dores,
angústias, amores, fazeres e desfazeres, incursões pela política, sucessos e
poesias musicais de primeira grandeza, tudo em meio a confissões de um jeito
muito especial de sentir e tocar a vida.
… “Gil é regido pela
inspiração. Muitas de suas músicas vêm desse lampejo, dessa iluminação, que
pode chegar de diversas formas…”, registra Regina Zappa à página 237, sobre o
processo de criação de Gil. E com muito tempero, a obra ainda faz o leitor
mergulhar em facetas deliciosas da vida de Gilberto Gil, que confessou na Flip,
com absoluta “liberdade de ser”, ter
há muitos anos como um de seus livros de cabeceira o “Autobiografia de um Iogue”, do mestre indiano Paramahansa
Yogananda.
Na página 19, uma de suas memórias de infância documenta com riqueza de
detalhes as preferência alimentares de Gil, em lembranças cheias de afeto da “culinária variadíssima, comandada por minha
avó”. Quem diria… Gil apreciava muito o cominho, que preferia à
pimenta-do-reino”. Vale a pena conhecer Gil bem de perto. O lançamento oficial
do livro acontece amanhã, 8 de julho, no Rio de Janeiro, na Livraria da
Travessa de Ipanema. A partir das 19 horas, com a presença de ambos, Gilberto e
Regina.
(*) Claudia Ferraz é a jornalista responsável do ParatyOnLine e editora
do Blog sobre arte, viagens, design, arquitetura e decoração Adoro Azuis.
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