domingo, 14 de agosto de 2016

2013 - GILBERTO BEM PERTO



8 de julho de 2013 




Gilberto Gil lança livro no Rio de Janeiro
"Gilberto bem perto" foi escrito pelo cantor em parceria com a jornalista Regina Zappa 


Gilberto Gil lançou na noite desta segunda-feira, dia 8, o livro "Gilberto Bem Perto", que conta sua trajetória de vida desde a Tropicália até os dias atuais. A obra foi escrita por ele em parceria com a jornalista Regina Zappa.

Preta e Flora Gil, filha e mulher do cantor, além das atrizes Carolina Dieckmann e Arlete Salles e o músico Caetano Veloso fizeram questão de prestigiá-lo em uma livraria em Ipanema, no Rio de Janeiro.

Sempre muito atencioso, Gil distribuiu autógrafos e posou para fotos com os fãs e convidados.



  
Anderson Borde / AgNews










Gil e Flora recebem  Moreno Veloso com a mulher Clara Flaksmann - Foto: Marcelo Borgongino


Anderson Borde / AgNews


Anderson Borde / AgNews




Créditos: Rio de Janeiro CGN - Central Gazeta de Notícias 








A 11ª edição da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) já tem programação oficial.


O evento, que ocorrerá entre 3 e 7 de julho, homenageia neste ano o escritor Graciliano Ramos. 

A abertura dos trabalhos começa com um show de Gilberto Gil na noite do dia 3 (quarta-feira).




 




 



Show de Gilberto Gil tem interação com o público
"Pa... pa..." O cantor e compositor baiano Gilberto Gil mal entoou as primeiras sílabas de Palco, uma de suas mais famosas canções, e o público que nesta quarta-feira à noite lotava a tenda do telão e suas adjacências, no Areal do Pontal de Paraty, completou a frase: "Pa-pa-pa-ia-ia". Um pouco tímida, a plateia de dentro da tenda se soltava aos poucos; o público do lado de fora, no entanto, não demorou a incorporar o clima das ruas das últimas semanas no país todo: depois da segunda música, começou a se manifestar. “Qual é queixa?”, perguntou, bem-humorado, o cantor. “Estamos em assembleia.


Gil, que se apresentou na Festa Literária Internacional de Paraty de 2003, retornou para o show de abertura desta décima primeira edição: inaugurou, assim, a segunda década da Flip. Subiu ao palco depois das falas de Izabel Costa Cermelli (Belita), diretora-geral de criação da Associação Casa Azul e presidente e diretora-geral da Flip, do prefeito de Paraty, Casé Gama Miranda, e de Liz Calder, fundadora da Flip, e após o show do cantor paratiense Luís Perequê. Celebrando 30 anos de carreira em 2013, Perequê apresentou cinco composições. Em Beira-mar, beira de rio, os flipeiros acompanhavam o refrão com palmas, aguardando a entrada de Gil.


Antes da terceira canção de seu setlist, Domingo no parque, o baiano parou o show para conversar com o público e entender em nome de que protestavam. “Tem alguma queixa relevante ou é como as manifestações, tudo difuso?” O que reclamavam era que se aumentasse o volume do som. Pedido atendido: Domingo no parque foi acompanhada mais efusivamente. Ao final da canção, Gil explicou que o som estava diferente porque esse show era mais “simplezinho”: “É um show sem bateria, sem contrabaixo, só com a percussão leve de Gustavo Di Dalva, meu violão e o violão de meu filho, Bem”. A apresentação intimista daquela noite, disse, tinha também um caráter de experimento.


Seguiram-se canções em homenagem a Dorival Caymmi, Tom Jobim e Jimi Hendrix e, ao final, mais conversa com o público. Gil defendeu que na Copa do Mundo, no próximo ano, as pessoas se organizassem para comprar em prestações ingressos para os jogos. “Se não fizerem, eu vou fazer. Para que os negros vão ao estádio. Porque no Brasil os negros ainda estão a maioria em classes menos favorecidas", disse o ex-ministro da Cultura.

O show de abertura foi apenas a primeira participação de Gil na 11ª Flip. Nesta quinta-feira, ele integra com a historiadora Marina de Mello e Souza a mesa Culturas locais e globais, às 14h30, e lança sua fotobiografia, assinada com a jornalista Regina Zappa, Gil bem perto, pela editora Nova Fronteira.



“Graciliano foi mestre de minha geração”


8/7/2013 

Texto e foto: Alexandre Bragion


Na Flip, Gilberto Gil defendeu que se crie uma alternativa para que ingressos da Copa do Mundo possam também chegar a pessoas de baixa renda de nosso país.


Atencioso, culto, muito educado, simpático, genial. Por mais elogiosos que possam parecer essas expressões, elas por outro lado não dão conta de  – mesmo que parcialmente –  adjetivar a figura humana do cantor e compositor Gilberto Gil. Sempre atento a causas e questões sociais, Gil realizou na última quarta-feira (3) o show de abertura da Festa Literária Internacional de Paraty e participou na quinta-feira (4) de uma coletiva de imprensa e também de uma das mesas de debates do evento.


Ao lado da escritora Regina Zappa, sua biógrafa, Gil falou com os jornalistas sobre o lançamento do livro “Gilberto Bem Perto” publicado pela editora Nova Fronteira e lançado na Flip. Versátil  e muito inteligente, o cantor e compositor baiano falou também sobre o momento político que o Brasil está vivendo, e disse que espera que as mobilizações e manifestações populares continuem tão intensas quanto o necessário – reafirmando que torce para que elas possam colocar o país nos eixos.

Gil também comentou sobre a necessidade de – no seu ponto de vista – criar-se uma forma de fazer também com que a população carente ou menos favorecida do Brasil possa assistir nos estádios aos jogos da Copa do Mundo que acontecerão no país, em 2014. Para ele, não é possível que apenas “cinco meninos ricos de São Paulo” possam ver os jogos. Gil disse ainda que seria interessante que se criasse uma ONG que pudesse trabalhar para tentar comprar ingressos a fim de fornecê-los aos negros de baixa renda e pessoas carentes.

Sobre Graciliano Ramos – vulto da literatura brasileira que foi homenageado nessa edição da FLIP – Gilberto Gil declarou que o escritor e sua obra funcionaram sempre como um marco para aqueles que, ligados a questões sociais, engajaram-se na luta por melhorias nas condições de vida no Brasil. 

“Graciliano foi um mestre da minha geração” – disse. O cantor e compositor baiano também afirmou que é necessário se pensar o processo de explosão demográfica de nosso país. “A explosão demográfica é um problema social causado pela falta de instrução, pela falta de educação das pessoas” – declarou também, ressaltando o fato de que é fundamental investir-se efetivamente na formação das pessoas.

Destacando a importância da Festa Literária Internacional de Paraty, Gilberto Gil comentou que, para ele, eventos literários como a FLIP ajudam a fomentar a leitura entre os brasileiros – havendo a necessidade de que muitas outras festas semelhantes aconteçam e se espalhem Brasil afora.





“Gilberto Bem Perto”, em Paraty


Por Claudia Ferraz (*)

“Subo nesse palco, minha alma cheira a talco…” 

Ele fez o esperado show de abertura da Flip e trouxe seu Expresso 2222 para passar com entusiasmo por Paraty. Sua forte presença e o vigor de sua música chegaram a provocar em certo momento justos protestos por parte do público da área externa da tenda, que se sentiu excluído e prejudicado pelas grades e obstáculos que, embora organizando, impediram a integração de todos ao espetáculo. Nada mais natural nesses nossos tempos de protestos, com a discussão entre público e privado à flor da pele.
 


Gil e Regina Zappa, autora de "Gilberto Bem Perto"

Com olhar tranqüilo e gestos largos, Gil enfrentou a maratona de encontros com o público com sua espontaneidade peculiar. Muito aplaudido, foi a grande estrela do debate Culturas Locais e Globais, dividindo a mesa com a pesquisadora Marina de Mello e Souza.


“Paraty ganha e perde com o turismo de massa e eventos como esse, de grande porte. É preciso ter cuidado, não perder de vista as possibilidades e o caráter histórico e cultural da cidade. Estive na 1ª Flip, me lembro, era começo, foi mais contida, hoje já é outra coisa, se agigantou, o que é natural”, comentou.


Mostrando-se simpático ao conceito de “defeso cultural”, criado pelo músico e poeta paratiense Luiz Perequê, “trata-se mesmo da necessidade de defender, a palavra ganhou um sentido mais másculo, assemelha-se ao palavreado poético de Guimarães Rosa, mas convoca mesmo à defesa cultural. O patrimônio imaterial é o que nos sustenta e nos dá vida”, disse durante a entrevista que concedeu à imprensa nacional e internacional nos jardins da Pousada do Sandi.


Não faltou assunto. Da paixão pelos livros ao alto preço dos ingressos que vão impedir a presença maciça dos brasileiros mais pobres pelos estádios na Copa do Mundo, muita coisa foi falada. Claro, as manifestações nas ruas, a política cultural que ele não tem visto acontecer, o trabalho gigante e silencioso das redes sociais, a sua atual fase de muito trabalho com shows e viagens se contrapondo a um período de recesso criativo em termos de novas composições.


Gil na coletiva de imprensa durante a Flip 2013



Um Gilberto Gil mais confessional, tal como se revela em sua biografia “Gilberto bem perto”, escrita com a jornalista Regina Zappa, que teve seu pré-lançamento nesta 11ª Flip, enriquecendo o acervo das boas publicações do evento.


“Pra falar a verdade, nunca tive esse anseio de lançar minhas memórias. O interesse é das pessoas. Querem transformar o milho em pipoca e saborear minhas memórias. É até interessante a gente repensar, reviver os momentos e gostei do resultado. Mas acho que minha vida nem merecia ser contada”, afirmou ele, ao lado da jornalista, que admitiu ter sido adorável e muito rico o longo período que passou ao lado de Gil, ajudando-o a resgatar fatos e situações marcantes de sua história como homem e artista. Na verdade, um trabalho essencial, uma vez que ele próprio reconhece: ”Nunca tive uma memória muito forte.”


“Foram muitas conversas, horas e horas, acompanhei Gil em muitas situações, inclusive cotidianas, um período muito rico esse em que o vi tão de perto para conhecê-lo melhor. Gil é um sujeito zen, porém intenso, aberto para o mundo”, aponta Regina Zappa, que o ajudou a rememorar sua história como homem e artista.


Em nove capítulos, o registro se completa com um bem selecionado acervo de fotos, escolhidas pelo próprio Gil, para dar o acabamento ao “bordado” da sua contação de história – pontuada de momentos marcantes de alegrias, dores, angústias, amores, fazeres e desfazeres, incursões pela política, sucessos e poesias musicais de primeira grandeza, tudo em meio a confissões de um jeito muito especial de sentir e tocar a vida.

… “Gil é regido pela inspiração. Muitas de suas músicas vêm desse lampejo, dessa iluminação, que pode chegar de diversas formas…”, registra Regina Zappa à página 237, sobre o processo de criação de Gil. E com muito tempero, a obra ainda faz o leitor mergulhar em facetas deliciosas da vida de Gilberto Gil, que confessou na Flip, com absoluta “liberdade de ser”, ter há muitos anos como um de seus livros de cabeceira o “Autobiografia de um Iogue”, do mestre indiano Paramahansa Yogananda.


Na página 19, uma de suas memórias de infância documenta com riqueza de detalhes as preferência alimentares de Gil, em lembranças cheias de afeto da “culinária variadíssima, comandada por minha avó”. Quem diria… Gil apreciava muito o cominho, que preferia à pimenta-do-reino”. Vale a pena conhecer Gil bem de perto. O lançamento oficial do livro acontece amanhã, 8 de julho, no Rio de Janeiro, na Livraria da Travessa de Ipanema. A partir das 19 horas, com a presença de ambos, Gilberto e Regina.


(*) Claudia Ferraz é a jornalista responsável do ParatyOnLine e editora do Blog sobre arte, viagens, design, arquitetura e decoração Adoro Azuis.

 




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