martes, 30 de agosto de 2016

1999 - FESTA DE SANTOS REIS

9 de Janeiro de 1999





 









2006 - OS 99 ANOS DE DONA CANÔ




11/9/2006 - CULTURA
Família Veloso comemora 99 anos de Dona Canô
Todos os membros da família Veloso desembarcam na Bahia, na região de Santo Amaro da Purificação, neste sábado, dia 16.

Isso porque vai haver comemoração dos 99 anos de dona Canô, mãe de Caetano e Maria Bethânia.

Caetano é o quinto e Maria Bethânia a sexta dos sete filhos de Dona Canô com Seu Zezinho.

Vale lembrar, que a cantora Daniela Mercury – que também é baiana - já compôs uma canção em homenagem à mãe dos músicos, que é muito querida por lá.

Ego

16/9/2006
Festa para matriarca
Dona Canô comemora hoje aniversário de 99 anos
Flávio Costa
A festa de aniversário de 99 anos de Claudionor Viana Teles Velloso, mais conhecida como dona Canô, teve início ainda na véspera. Animadas por um grupo de samba, dezenas de pessoas iniciaram ontem, por volta das 9h, os preparativos na casa número 179 da avenida Ferreira Bandeira, em Santo Amaro da Purificação (recôncavo baiano). Quem visse a matriarca dos Velloso pela primeira vez se surpreenderia ao constatar a vitalidade da senhora de porte diminuto (1.50m), prestes a completar quase um século de existência. Motivada pelas batidas do pandeiro e os acordes do bandolim e da viola, dona Canô foi a primeira a se prontificar a cortar o quiabo do caruru comemorativo. Faz questão de supervisionar todos os detalhes, mas revela que a festança é uma exigência mais dos filhos do que propriamente dela.
Antes do rega-bofe, será realizada uma missa na Igreja Matriz da cidade, às 11h. Celebrada pelo frei Edilson, o culto religioso terá  cânticos religiosos preferidos de dona Canô entoados pelo Coral Miguel Lima. O grupo será acompanhado da filha mais velha de dona Canô, Nicinha, 76 anos, que tocará órgão. “A missa para ela é mais importante do que a festa, é o que ela gosta mais”, diz outra filha de dona Canô, a professora aposentada Mabel Velloso. A mãe ainda mantém o ritual sagrado de ir todos os domingos à Igreja Matriz Nossa Senhora da Purificação. Dona Canô mesma confirma: “É a fé em Deus que me mantém viva”.
Após a missa, os cerca de 400 convidados (ou mais) serão recebidos na casa da família, com um caruru. É a comida que os aniversariantes do mês de setembro costumam oferecer aos santos gêmeos Cosme e Damião, celebrados no dia 26. Além do prato principal, os convidados poderão provar as frigideiras de camarão, siri e maturi – a preferida do cantor e compositor Caetano Veloso. Bebidas também não faltarão. A comemoração deverá se estender durante todo o dia de hoje. “Vai ser uma festa deslumbrante, com tudo a que se tem direto. Afinal, 99 anos não são 99 dias”, dizia, empolgado, o filho Rodrigo. Foi dele a idéia de se chamar o grupo de choro para animar os trabalhos na preparação do festejo.
Não é apenas em dias de festas que dona Canô levanta cedo. Às 5h30 ela já está de pé. “Eu durmo muito cedo, e logo que a luz do sol começa a refletir no meu quarto, eu me levanto”, explica dona Canô, adepta do despertador natural.
A chegada dos filhos famosos, Caetano e Maria Bethânia, está prevista para hoje bem cedo. Eles devem chegar a tempo de participar do café da manhã reservado apenas para os membros da família. “Ai deles que não venham”, dizia brincando dona Canô. Mas já demonstrando que faz questão da presença de todos os oito filhos, nove netos e seis bisnetos – a mais nova, Rosa, tem seis meses de nascida.
Nem os contratempos da idade, como uma queda ocorrida há dois anos, são capazes de abalá-la. “Ela sempre supera tudo, é o exemplo que nos guia. Ela tem uma força que anima a todos nós”, resume a filha Mabel. Para ela, a vida da mãe poderia ser resumida nos versos feitos por um amigo da família: “Passa o tempo/a vida passa/E minha alma ingênua não se cansa de acreditar”.
* * *
Segredos da longevidade
Dona Canô não se surpreende em chegar a uma idade tão avançada. Segredos para longevidade? “Tranqüilidade sempre. Não adianta se enraivar, nem procurar apressar os acontecimentos, todas as coisas têm seu tempo certo de acontecer quando Deus determina”, diz dona Canô, antes de tomar sua sopa para depois deitar-se e acordar ao nascer do sol do dia seu aniversário.
O apelido dona Canô vem de muito tempo, tomado de um garoto que não conseguia pronunciar seu nome. E hoje está inscrito na história santo-amarense, assim como os de seus dois filhos ilustres, o compositor e cantor Caetano Veloso e a intérprete Maria Bethânia, cuja fama e prestígio acabaram por conferir-lhe notoriedade.
O aniversário dela é um verdadeiro acontecimento em Santo Amaro da Purificação, cidade de 50 mil habitantes, distante 75km de Salvador. A missa na Igreja Matriz deverá ser acompanhada em peso pelos moradores do município, muitos deles afilhados de dona Canô. A tradicional festa da Purificação, a chamada Lavagem de Santo Amaro, do próximo ano, deverá ser preparada para celebrar o centenário da matriarca mais famosa do município.
17/9/2006
Aniversário de dona Canô pára Santo Amaro
Matriarca dos Velloso comemora os 99 anos com missa em igreja lotada, caruru e homenagens de gente simples e ilustre
Ciro Brigham
Buquês de flores, um atrás do outro. Homens, mulheres e crianças, um atrás do outro. Romaria para as congratulações. Chegam de carro, chegam a pé. Casa cheia, igreja matriz arrumada para a missa, tudo, desde cedo. Orquídeas. Caruru. A cidade pára sobre bicicletas e senta à beira do passeio – quer conferir. Vem Bethânia, vem Caetano. Vem a ação de graças. “Graças a Deus”, pode-se ouvir dos corações. A terra massapê de Nossa Senhora da Purificação e de Nossa Senhora Santana faz reverência a quem encanta sem fazer esforço. Dona Canô mandou chamar: a festa é dela.
Toda de azul, toda sorrisos. De vez em quando, lágrimas. O tempo inteiro, emoções. No dia de seus 99 anos, foi como sempre, Canô. Portas abertas, abraços fraternos, brilho nos olhos. A matriarca dos Velloso, que desde sexta-feira já se via metida numa festa sem precedentes, garimpou palavras para dar conta de explicar tanto burburinho. “Eu não sei qual o meu merecimento”, repetia. Incredulidade e felicidade. Não era nem preciso buscar respostas: Santo Amaro é mesmo assim.
Sentada numa cadeira em seu quarto, recebe os primeiros cumprimentos. Pede os óculos para ler os cartões que chegam junto com os presentes. Na verdade, dona Canô adoraria receber um monte de sabonetes e comida, para doar. A velha preocupação com os outros. A mesma em receber bem. “Todo o mundo aqui já chegou merendado”, adverte uma das filhas, tranqüilizando a anfitriã que se perguntava sobre o ronco dos estômagos alheios.
O telefone toca e o bisneto Jorge avisa que do outro lado a atriz Renata Sorrah quer dar os parabéns. Mais carinho, mais alegria. “Eu fico atordoada”, diz dona Canô. E atordoada permanece ao ver Maria Bethânia, que acaba de chegar. Um abraço e dez segundos de silêncio. Um elogio da filha ilustre e a aniversariante responde: “Este sapato foi você quem me deu”. Mãos dadas, até a invasão do batalhão de câmeras e microfones.
“Ela merece tudo isso, fez por onde e continua a fazer. Eu não tenho palavras, só tenho todo o meu amor por ela, e isso, ela carrega todos os dias”, declara a intérprete, num sentimento de quase criança. “Ainda temos muito o que aprender com ela, e por isso esperamos tê-la ainda por muito tempo ao nosso lado”, completa Maria Bethânia, entre beijinhos e afagos com a mãe.
Durante toda a manhã, maratona de arrumação. Não da casa, devidamente uniformizada de azul e branco por todos os cantos desde há muito. Mas dos comes-e-bebes. Entre piadas, Abdias, Isaura, Nena, Celma, Odília, Fifi, Edna, Linda e Dejaci assumem a batalha das iguarias. “Aqui é trabalhando e conversando”, diz Fifi. “Foi a semana toda cortando quiabo, tratando galinha e camarão. Mas ontem e hoje foi bem mais corrido”, comenta a atarefada Odília. Enquanto o pessoal do bufê se organiza, e mais gente de branco chega carregando sabe-se lá o quê, dona Canô vai à porta de casa, esperar outro filho pródigo. Duas meninas gêmeas, de roupas iguais, chupam o dedo e acompanham o movimento da velhinha, como se pensassem: “que avozinha linda!”.
Na casa vizinha, a funcionária pública Tânia Figueiredo fala com orgulho daquela mulher a quem todos devem algo, mesmo sem saber muito bem o quê. “Conheço dona Canô desde que nasci, e ela foi assim a vida inteira, a mesma coisa, a mesma disposição para participar de festa. Parece uma jovem de 20 anos, a gente morre de inveja dessa vitalidade”, se diverte. Alguns turistas tiram fotos e constroem comentários cheios de nada, enquanto Caetano Veloso desce do carro junto com a esposa Paula Lavigne e os filhos Zeca e Tom. Rodeada de grande parte da árvore genealógica – incluindo os oito filhos –, dona Canô está pronta para a missa em ação de graças.
***
Cidade vive clima de feriado
Ser dona Canô em Santo Amaro é estar preparada para absolutamente tudo e todos. Não adianta fazer convite para “x” ou “y”, porque a casa 179 da Avenida Ferreira Bandeira tem que ter espaço suficiente para abrigar carinho e curiosidade, católicos e povo-de-santo, amigos e nem tão conhecidos. Isto porque dona Canô é quase uma entidade. Se foi por ter partilhado com o saudoso Zeca Velloso o orgulho de pôr no mundo duas celebridades da música, ponto para ela. E em Santo Amaro, ponto para ela é ponto de todo o mundo.
“Ela foi sempre muito querida aqui na cidade, ela e meu pai. Já são muitos anos, isso é o que explica esse carinho todo”, teoriza sem compromisso o filho cantor e compositor, Caetano Veloso. Por essas e outras, aniversário dela é quase feriado municipal. Vem gente de tudo o que é canto para ajudar a organizar, se colocar à disposição ou, simplesmente, bisbilhotar. Coisa natural que acontece à volta de quem tem o coração e os braços sempre abertos.
Muitos acreditam que talvez esteja aí o segredo da longevidade de dona Canô. Ela própria nem discute outra possibilidade. “Encontrei muito amor nessa vida, o meu coração se acostumou a dar e a receber muito amor”, explica carinhosamente ao repórter de TV. Com a casa tomada de gente, privacidade vilipendiada em nome das boas-vindas, ela permanece feliz. “Alguma coisa eu fiz, não sei o que foi. Mas eu agradeço porque a dedicação, eu sei que é sincera”.
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Emoção marca celebração religiosa
Tapete vermelho estendido e lá vem dona Canô, de braço dado com o senador Antonio Carlos Magalhães, acompanhado de dona Arlette. A Igreja de Nossa Senhora da Purificação aguarda lotada, ansiosa. Baianas se adiantam no axé, vertendo uma chuva de folhas sobre a matriarca da família Velloso. “O aniversário dela é uma festa da Bahia. Ela merece viver eternamente”, declara ACM, pouco antes do início da missa em ação de graças pelos 99 anos de dona Canô.
“Quem está na casa de dona Canô se sente aquecido, acolhido. Quem um dia esteve com ela em sua casa, deste dia jamais esquecerá”, argumenta o frei capuchinho José Edilson de Bezerra, que comparou a aniversariante a uma orquídea – flor usada em toda a decoração da igreja. Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade se juntaram a Caetano Veloso, como referências poéticas da homilia, calorosamente aplaudida.
Dona Canô voltou a enxugar lágrimas durante o ofertório, quando recebeu o carinho e a homenagem dos filhos, netos e bisnetos, todos juntos. Mais emoção em seguida: olhos a brilhar e sorriso largo ao ter nos braços a pequenina Rosa, bisneta de 6 meses, filha de Moreno Veloso, o primogênito de Caetano. Ao fim da missa, a porção de Santo Amaro acomodada na igreja entoou, de pé, o tradicional “parabéns a você”.


SEGUNDA-FEIRA, 18 de setembro de 2006

Dona Canô comemora 99 anos
Salvador – A senhora Claudionor Vianna Telles Veloso, musa de toda uma geração de baianos, ou mais, completou no sábado os 99 anos de vida com festa, convidados, conversa e muita lucidez. Casa cheia, Dona Canô recebeu os filhos famosos Caetano e Maria Bethânia, preocupada em saber se não faltaria caruru para todo mundo. Depois da missa, na igreja cheia, inclusive, das orquídeas que decoravam a matriz, lá pelo meio-dia a casa já estava lotada de famosos, como o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), a amiga Zélia Gattai, e o padre Antônio Maria, que além de levar pessoalmente os cumprimentos, foram provar os quitutes da casa.


ROMARIA Dona Canô é saudada com chuva de confetes brancos



Caetano levou a ex-mulher, Paula Lavigne, e os filhos Zeca e Tom





Na hora de beijar a bisneta mais nova, Rosa, 8 meses, neta de Caetano, Dona Canô não segurou a emoção e chorou







Em casa, Dona Canô foi cercada pela família

A escritora Zélia Gattai foi abraçar a aniversariante

 




Belô Velloso escreve para os 99 anos de Dona Canô
Para minha avó Canô,

Obrigada por tanta luz que em nós reflete e nos alimenta.
Obrigada por tamanha força, vida e sabedoria, vó Canô.
Obrigada por nossa familia existir sob sua linda e preciosa sombra.
Que sua festa seja regida pela harmonia dos anjos.
Pelo amor maior de Nossa Senhora e pela soberania do Divino Espirito Santo.

Eu amo você minha avó e esse amor está presente na festa de seus 99 anos!




2006
Revista Caras
Outubro
Por Valdemir Santana


BAHIA FESTEJA OS 99 ANOS DE DONA CANÔ
ACM, BETHÂNIA E CAETANO NA HOMENAGEM PARA A MÃE MAIS FAMOSA DO ESTADO


A animada comemoração que os moradores de Santo Amaro da Purificação prepararam com o clã Velloso para celebrar os 99 anos de dona Canô, mãe de Caetano Veloso (64) e Maria Bethânia (60), seguiu a tradição baiana de fazer festa para durar um ano inteiro. “Este aniversário mostra que aos 99 anos ela é uma das pessoas mais importantes do Estado. Com isso já começamos a nos preparar para a chegada dos 100 anos, quando faremos uma das maiores festas da Bahia em 2007”, prometeu o senador Antonio Carlos Magalhães (79), amigo da aniversariante. O político assistiu ao lado de dona Canô a missa que iniciou os festejos, acompanhado de sua mulher, Arlette (73), no primeiro banco da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação.

Para os convidados, era difícil desviar os olhos das cenas familiares curiosas que aconteciam nasprimeiras fileiras, como Caetano rezando ao lado de suas duas exmulheres, Paula Lavigne (37) e Dedé Gadelha (54), e trocando carinho com os filhos menores Zeca (14) e Tom (9). Perto, Moreno (33), o filho mais velho que também é cantor e compositor, era pura corujice, se alternando com a mulher, Clara Mariani Flaskman (29), para segurar no colo a filhinha, Rosa (oito meses), primeira neta de Caetano. Fato raro, Caetano chegou logo de manhã, ao contrário de outros aniversários, quando sempre aparece à tarde. “Foi um dia tão especial que cheguei cedo para tomar o café da manhã com minha mãe”, explicou. Paula explicou que não podia ficar de fora. “E já estou ligada na festa dos 100 anos. Vai ser enorme, não se fala em outra coisa”, avisou. Um pouco à frente do grupo, Bethânia fazia orações com os outros irmãos, a poetisa Mabel (72) e o artista plástico Rodrigo (70), organizadores da festa. “Minha mãe Canô me ensina tudo na vida. O que comemoro são as lições que ela nos traz no dia-a-dia. São luzes”, confessou a cantora. A grande família estava representada pelos oito filhos, nove netos e seis bisnetos da aniversariante querida.

A missa foi concelebrada por dez padres de várias cidades baianas, liderados pelo frei capuchinho Edílson Bezerra (56) e com destaque para o padre Antônio Maria (60), que cantou o Salmo 32 e emocionou os 500 convidados no templo, decorado com orquídeas catléia e lisiantos brancos. No fim da cerimônia, uma orquídea desenvolvida em um horto da região e batizada de Dona Canô foi exibida no altar. “É linda, vai ficar decorando o meu quarto”, garantiu a homenageada.

Mal a missa terminou e a casa da família ficou lotada para a festa gastronômica, com caruru, vatapá, frigideiras e patês de frutos do mar. A escritora Zélia Gattai (90) se divertiu ao lado dos filhos, João Jorge (58) e Paloma (55), e da nora, Dora. “Estou feliz em lhe ver alegre, terna, cheia de vida. Torço para chegar à sua idade”, almejou a viúva do escritor Jorge Amado (1912-2001).

Até o início da tarde, dona Canô praticamente não falara em público. Mas bastou subir no palco armado para os músicos na varanda para mostrar porque se fazia tanto festa para ela. De microfone na mão, começou a chamar os filhos pelo nome, um por um. Família reunida, discursou na maior descontração. “Estou vendo aqui gente de São Paulo, da Espanha, de Portugal, e principalmente da Bahia. Vocês não vieram por causa dos bolos, por causa de samba. Vieram aqui porque gostam de mim. É por isso que fico feliz e vivo mais. Vamos vivendo então esta festa para os meus 100 anos.”




2006
Revista Contigo!
Dona Canô
Uma festa de toda a Bahia
Por Ana Carolina Soares
Fotos Edson Ruiz
Santo Amaro recebeu até turistas para comemorar os 99 anos da mãe de Caetano e Maria Bethânia
A casa de Claudionor Vianna Telles Velloso, a Dona Canô parece estreita, mas recebeu bem mais de 400 pessoas que foram cumprimentá-la pelos 99 anos completados no sábado (16). Pelas portas, sempre abertas, entraram os filhos célebres, Maria Bethânia, 60, e Caetano Veloso, 64, além dos outros seis irmãos dos cantores, de noras, ex-noras, genros, netos, bisnetos, do senador Antonio Carlos Magalhães, 79, da escritora Zélia Gattai, 90, de baianas do candomblé, padres da igreja, amigos, vizinhos, curiosos e até mesmo um grupo de turistas que fretou um ônibus e despejou uma chuva de confetes em cima da aniversariante.

Parecia Carnaval ou feriado na cidade onde vive Dona Canô, Santo Amaro - de 61 mil habitantes, a 75 quilômetros de Salvador. "Ela merece viver eternamente", declara ACM.

"Eu não sei qual o meu merecimento", repetia Dona Canô. Mas todos sabem. "Ela merece tudo isso. Ainda temos muito o que aprender com ela e por isso esperamos tê-la ainda por muito tempo a nosso lado", disse Maria Bethânia. Caetano completou: "Ela foi sempre muito querida na cidade".

Portas abertas
A romaria de Dona Canô começou às 8h da manhã, quando se abriram as portas da casa para quem quisesse entrar. Na mesa do café da manhã, uma variedade de pães, cuscuz, frios, pastel de forno e queijadinhas. Para beber, achocolatado com leite. No toca-CDs, só músicas de Maria Bethânia.

Caetano foi o último filho a chegar, às 10h40. Ele veio acompanhado da ex-mulher, a empresária Paula Lavigne, 37, e dos filhos Zeca, 14, e Tom, 9. Zeca deu à avó um quadro com o atual time do Fluminense. Pouco depois, chegou Moreno, 33, filho mais velho de Caetano, com a mulher, a economista Clara, 29, e a filha, Rosa, 8 meses, nos braços.

Ao ver a bisneta mais nova, Dona Canô chorou de emoção. Minutos depois, Caetano e a família seguiram para a missa na Igreja de Nossa Senhora da Purificação.

Na escadaria, as baianas do candomblé saudaram a matriarca. Quer dizer, a chefe da família, pois Dona Canô não gosta da palavra. "Matriarca influencia a opinião de todos da família. Eu não sou assim. Cada um tem a sua opinião e a gente se respeita", disse. Tanto que entrou na igreja de braços dados com ACM, que já foi criticado pelo filho Caetano.

A missa, que estava marcada para às 11h, teve um atraso de quase meia hora. A filha mais velha, Nicinha, 76 anos, tocou o órgão e o coral Miguel Lima entoou os cânticos prediletos da aniversariante. O frei capuchinho José Edílson de Bezerra conduziu a cerimônia. Ele foi auxiliado pelo padre Antônio Maria, que também cantou algumas músicas de seu repertório. Na homilia, o religioso deu o seu recado: "Esperamos comemorar o centenário de Dona Canô com a igreja reformada. Para isso, peço o auxílio do senador Antonio Carlos Magalhães aqui presente".

Almoço com as estrelas
Às 13h, acabou a missa e todos seguiram novamente para a casa. Um grupo de pagode tocava no palco alguns sambas de roda. A mesa de comida era bastante farta. Tinha caruru, vatapá, acarajé, xinxim de galinha, com frigideiras de camarão, siri e maturi. De sobremesa, ambrosia, morango com chocolate, brigadeiro e doce de leite.

Dona Canô partiu dois bolos: um com o número 99 e outro com três andares. Na base, lia-se o nome dos filhos, no meio, os dos netos, e, no topo, os dos bisnetos. Na hora de parti-lo, às 14h30, ela subiu ao palco e pegou o microfone. Primeiro, pediu um guaraná e depois chamou todos os oito filhos. Mabel, uma das filhas, seguiu convocando os netos e os bisnetos.

Às 17h30, a festa já durava nove horas. E Dona Canô lá, em pé, com o seu vestido azul impecável, cumprimentando todos. O segredo de tanta disposição e vitalidade? "O meu coração se acostumou a dar e a receber muito amor", disse.









2015 - MOSQUITO




Neste domingo (14/6/2015) vai rolar o lançamento do novo CD ‘Ô Sorte’ do Mosquito, com participações de Caetano Veloso e Xande de Pilares, no palco da Miranda.


 


7/7/2015

Mosquito canta com seus ídolos em disco de estreia

Fabiana Schiavon
do Agora

Depois de emplacar a música "Ô Sorte" na trilha sonora da novela "Babilônia" (Globo), o cantor e compositor Mosquito lança o seu primeiro disco de canções inéditas.
"Eu me apresentava sempre nos shows do Revelação, na época em que o Xande fazia parte do grupo", lembra Mosquito.
Até que uma vez, o público começou a pedir músicas a Mosquito. Foi quando Xande de Pilares se deu conta de que ele não era só cantor, mas guardava boas composições.
Depois de emplacar uma de suas canções na novela "Babilônia", logo veio a chance de gravar o disco. "Eu já tinha muitas músicas, oito das 13 faixas são minhas, entre elas, 'Ô Sorte' e 'O Dono da Favela'", conta Mosquito.
No quesito regravações, destaque para "Não Enche", de Caetano Veloso, e "O Amor Mandou Dizer", composição de Xande com a participação do próprio músico.
Há, ainda, a faixa "Atalho", em que Mosquito canta com o seu maior ídolo, Zeca Pagodinho.
"Era um sonho gravar com ele, principalmente uma canção como essa, já registrada pelo Fundo de Quintal, nos anos 1990."


15/7/2015

Mosquito fala de seu álbum de estreia e confessa que se considera sortudo: "Acho que foi tudo uma grande coincidência"

Apadrinhado por Xande de Pilares, sambista que já gravou com Zeca Pagodinho e arrancou elogios de Caetano Veloso lança clipe com exclusividade no TVZ

Por Louise Palma


Foto: Fernando Young
Mosquito é novo no samba, mas é tratado no meio com as honras de um veterano. Aos 27 anos, ele já é reconhecido por grandes nomes do gênero, como seu padrinho Xande de Pilares e Arlindo Cruz; já gravou com Zeca Pagodinho, seu ídolo e principal inspiração; ganhou elogios rasgados de Caetano Veloso pela regravação de "Não Enche".  O primeiro single de Mosquito não poderia ter título mais adequado. "Ô Sorte" faz parte da trilha da novela Babilônia e terá seu clipe lançado com exclusividade no TVZ desta quarta-feira (15).

"Acho que foi tudo uma grande coincidência. Eu não pretendia viver de música até metade do que eu vivi", revelou o cantor em entrevista ao site do Multishow. Tímido "até pelo telefone", Mosquito contou que optou pela simplicidade da hora de gravar seu primeiro videoclipe.

Em um fundo preto, o cantor aparece sem camisa interpretando a canção com a ajuda de símbolos emoji, que ficaram famosos na troca de mensagens por celular. "Considero o meu samba simples e eu gosto de coisas simples. O clipe ficou engraçado e explicou a letra, que passa essa mensagem legal de positividade", resumiu.

A "carcaça", como ele diz, foi o que inspirou o apelido que o deixou conhecido nas rodas da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Mosquito começou a ouvir samba aos 16 anos, na casa de um amigo, e foi tomando gosto pelo gênero. Daí para o cavaquinho foi um pulo. Depois de ganhar o instrumento de presente, ele aprendeu a tocar sozinho: "Comecei a aprender por obrigação porque todo mundo lá da rua sabia tocar alguma coisa e eu não sabia tocar nada, só atrapalhava".

E aos poucos sua habilidade para a composição foi surgindo. No quartel do exército, ele criou suas primeiras letras: "Eu ficava duas horas parado de frente para o muro, tinha que fazer alguma coisa! Aí eu inventava na cabeça. Comecei a fazer muita música assim". Mas foi o improviso que chamou a atenção de Xande de Pilares em uma roda, quando Mosquito foi convidado por Anderson Leonardo, do Molejo, para mostrar seus versos.

"As pessoas não conheciam meu lado compositor mas já conheciam meu lado versador. E eu, abusado, já cantava música minha. Quando viam eu já tinha dominado o palco e, aos poucos, as pessoas foram me conhecendo".

Álbum de estreia

Quase todo autoral, seu álbum de estreia apresenta ao público o lado compositor de Mosquito. Produzido por Max Pierre, o disco homônimo também traz algumas regravações e participações. Xande de Pilares era presença certa desde que o disco começou a ser pensado: "Era prioridade ele participar de alguma forma e eu tinha escolhido, "Cadê Viola Maria", um samba de roda da Bahia que fizemos em parceria com Gilson Bernini". No fim, a eleita foi “O Amor Mandou Dizer”, composta pelo padrinho.

Já ao lado de Zeca Pagodinho, Mosquito cantou "Atalho", composição dos conterrâneos da Ilha, Kleber Augusto e Djalma Falcão, que foi gravada em 1991 pelo Fundo de Quintal. "O Zeca é a minha principal referência e eu sempre fui louco por ele. Quando o Max perguntou o que eu achava de convidar o Zeca, eu disse que ele podia convidá-lo para cantar as 13 músicas! 'Atalho' já estava no repertório e sabia que Zeca gostava", contou.

“Não Enche”, de Caetano Veloso, ganhou uma nova versão na voz de Mosquito, que rendeu elogios ao novato. "É incrível, porque o Xande sempre foi um ídolo próximo, mas Caetano é tipo Deus. Você não vê Caetano, ninguém vê Caetano!", brincou.

Música Boa Ao Vivo (14/4/2015)

Foi ao lado de Xande e Caetano que Mosquito fez sua estreia no Multishow, em abril deste ano. No palco do Música Boa Ao Vivo, ele apresentou "Ô Sorte" e "O Filho da Mãe" e ficou surpreso com a recepção do público: “Todo mundo bateu palma, gritou, cantou... Foi mágico!"