jueves, 3 de enero de 2013

2012 - 2013 - 2014 - RECANTO - el show


" ... Miranda, a nova casa de shows da Lagoa, tem um som primoroso, à altura da voz, “a” voz tamanha da baiana mítica.
Nessa mesma semana intensa, a caminho do show Las Vegas de Roger Waters, no Engenhão, meu enteado de 17 anos me mostrou na internet um vídeo de Tom Zé enaltecendo Gal que eu não conhecia. Ela, deslumbrante, com um chapéu de aba larga de feltro claro, cuja sombra deixava apenas a bocona à mostra, esmerilhava em Minha Estupidez. Doeu de tão belo. Pedro escuta sem parar Domingo, Legal, Fa-Tal, Índia, Água Viva e Cantar. Agora, vai ter a sorte de ver a estrela ao vivo, retomando a Gal de outrora; dona, como nenhum outro dos baianos imortais, do dom sagrado de cantar.
Chorei muito no show. Não é roteiro, é dramaturgia. Sem nenhum cenário, ou luzes bregas, as músicas se sucedem entre a melancolia e o gozo. As novas composições, de uma tristeza infinita, se fundem com uma seleção preciosa do que Gal entoou de melhor. Ela está solta, poderosa e feliz, deslavadamente feliz. Só o mano Caetano para saber de Maria da Graça assim. A ligação dos dois permeia tudo e é a razão de ser do espetáculo, além do canto, é claro.
A presença de Domenico, Pedro Baby e Bruno di Lulo traduz o que tentei dizer à minha mãe para lhe aplacar a dor: o tempo toma, mas também dá em troca. Os três moleques que não existiam antes, assim como meu enteado, cresceram imersos nos trinados da musa e, hoje, retribuem no palco o que descobriram com ela. Moreno trouxe a turma para dentro de casa e provocou no pai a vontade de revisitar o caráter experimental de Transa. Em Recanto, Caetano completa a volta, convidando a diva para o êxtase da adolescência madura. No dia em que chegarem ao Circo Voador, a rainha vai sair carregada nos braços do povo e tomar a Bastilha.
Vapor Barato consegue ser igual ou, arrisco dizer, maior do que a versão original. Gal canta virada para Baby, este lhe concede uma reverência, olho no olho, e ela estende os braços para o solo de guitarra do herdeiro de Baby e Pepeu. “Está rolando um amor”, diz ele.
De fato. Um pequeno momento puro de amor.
Amigos, melhor tê-los. Filhos, também."
(Fernanda Torres, 31/3/2012)

22 de março de 2012
Gal Costa se entrega à linguagem em evolução de Caetano Veloso
Cantora rompe com tudo o que fez depois do tropicalismo e começa a mostrar no palco o resultado

JULIO MARIA / RIO - O Estado de S.Paulo

Marcos de Paula/ AE
Caetano, Gal e Moreno Veloso falaram ao 'Estado' sobre 'Recanto'

É como um samurai que Gal Costa se entregou aos serviços de Caetano Veloso. Mesmo quando tudo ficava tosco, duro, fora dos padrões, ela confiava. "Sempre foi assim", diz, lembrando da tropicalista canção de Caetano Divino Maravilhoso gravada por ela pouco tempo depois de se lançar com o amigo em Domingo, de 1967. Sempre foi assim mas agora foi mais. Gal, em Recanto, lançado em dezembro, deixou uma classe inteira de cantoras jovens ou maduras falando sozinhas (muitas delas a imitando) para provocar o rompimento mais radical com tudo o que fez depois do tropicalismo.
A partir de hoje, Gal começa a mostrar o disco nos palcos. Dirigida por Caetano e produzida por Kassin, Recanto é frio e escuro, de silêncios e intervenções eletrônicas duras e rítmicas que deixam a voz de Gal em uma solidão de dar arrepios, como se estivesse sempre em oração. Ela própria chora quando canta a música que batiza o disco e o show. A estreia da turnê será hoje, para convidados, e a partir de amanhã para o público do Rio, na nova casa de shows Miranda, à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas. A São Paulo, a previsão de chegada é em abril. Apesar do estranhamento que poderia causar, o disco vendeu 25 mil cópias desde dezembro. O repertório, além de sete canções novas, terá Baby, Divino Maravilhoso e Vapor Barato. Caetano, Gal e Moreno Veloso, coprodutor do disco, receberam o Estado na plateia da casa de shows que vão inaugurar. Enquanto o repórter coloca a fita cassete no gravador analógico, Caetano começa:
Caetano: Gravador digital é um inferno, você não sabe como volta, não acha o lugar onde estava. Sempre que componho também uso esses analógicos.
Não é o que parece quando se ouve o disco da Gal...
Na verdade, eu fiz tudo para a Gal no GarageBand (software da Apple). Não só as composições como as sugestões da base, tudo. Há bases como a de Miami Maculelê, que tem aquele tum tá tá tum tum tá / tum tá tá tum tum tá.
Tudo no GarageBand?
Moreno: Mas, cá pra nós, aquele tum tá tá tum tum tá é um sobrevivente do GarageBand que passou na mão do Kassin, que meteu seus equalizadores analógicos e melhorou muito aquilo.
Gal, não é um exercício difícil abrir mão de suas convicções estéticas e se entregar para as ideias de outro artista?
Gal: Difícil o quê? Cantar as músicas do Caetano não é difícil. Caetano me propôs isso também porque ele sabe que eu gosto de desafios, que eu gosto da estranheza. Começou lá atrás com João Gilberto quando eu ainda era adolescente. Caetano sabia que eu ia encarar isso.
Fala-se muito sobre uma mudança de postura na canção, de que aquele formato está em crise. O novo disco da Gal fragmenta tudo e deixa a voz sozinha, praticamente sem harmonia que a sustente. Uma coisa tem a ver com a outra?
Caetano: Eu não sei se isso tem a ver com o chamado fim da canção. O Chico Buarque é quem gosta dessa ideia de que o ciclo da canção se esgotou, de que a canção está em vias de morrer. Eu tenho muita dificuldade em acreditar nisso porque a canção existe desde muito tempo. A estrutura social e estética que sustentou o nascimento do disco e da canção está se desfazendo com a difusão digital, mas a canção existe, mesmo com todas essas ferramentas que temos aí.
Tipo GarageBands....
Caetano: Sim, com a internet a estrutura da canção se desfaz, mas havia canção mesmo antes de haver disco e sempre haverá alguma coisa que a gente poderá chamar de canção. Não quer dizer que a canção vá acabar.
Recanto é um disco de Caetano Veloso ou um disco de Gal Costa?
Caetano: Então eu lhe pergunto: sobre o Canção do Amor Demais (álbum de 1958 com músicas de Tom e Vinícius cantadas por Elisete Cardoso, com violão de João Gilberto, considerado o ato inaugural da bossa nova), a Elisete é coadjuvante? Eu acharia errado dizer isso. Eles compuseram tudo para ela.
E você compôs tudo para a Gal. Isso é diferente de compor para si mesmo?
Caetano: É diferente. Quando componho para ela eu penso nela, como a conheci, as coisas que ela me disse, como tanta coisa se deu sem a gente se falar. Hoje a gente se fala mais, como aqui e agora, eu tenho ouvido coisas dela que tenho adorado. Fiz as canções sem medo. Ela me disse que a música que mais a emocionou foi Recanto Escuro. Agora, a melhor canção é Tudo Dói, é mais radical mais é a mais João Gilberto. Ela me disse isso, entendeu? Isso para mim vale mais do que tudo.
E Gal, você ainda chora quando canta Recanto Escuro?
Gal: Ontem mesmo eu chorei no ensaio. Cheguei com essa energia de show se aproximando e começamos sem Caetano e sem Moreno. E os meninos tocando comigo e eu cantando e sentindo de verdade. Caetano chegou e aí eu chorei. Não consigo cantar quando eu choro, minha voz vai para o beleléu.
Vocês tiveram quase que um namoro lá atrás. Vem daí esse entendimento?
Caetano: É muito entendimento mas a gente nunca teve esse negócio de namoro não. Quando eu conheci Gal eu conheci Dedé, e eu quis namorar a Dedé logo. E namoramos, e ela era a maior amiga de Gal.
Gal: Nossa relação de amor é musical.
Não é obrigação de cantor consagrado lançar novos compositores?

Caetano: Não, ninguém é obrigado a nada.
Gal: Ah, eu recebi um material de um compositor novo chamado Caetano Veloso.


23/3/2012 - Miranda - Gal con Pedro Baby, Domenico y Bruno di Lullo


2012 - HSBC Brasil, em São Paulo






Caetano Veloso no camarim após show da cantora Gal Costa no HSBC Brasil, São Paulo.






Foi nessa quinta-feira (24/5/2012) que os paulistas puderam conferir o tão esperado show “Recanto”, de Gal Costa, no HSBC Brasil, em São Paulo. A plateia estava recheada de gente bacana e até Caetano Veloso, diretor do espetáculo, fez questão de passar por lá.







Gal Costa supera rouquidão e é aplaudida por estrelas em São Paulo

25 de maio de 2012

Gal Costa recebeu um elenco estrelado na noite desta quinta-feira, 24, o show de estreia de seu trigésimo disco, intitulado 'Recanto', co-produção de seu parceiro de longa data Caetano Veloso com o filho Moreno Veloso


Gal Costa (66) fez em São Paulo, na noite desta quinta-feira, 24, a primeira de duas apresentações do show Recanto, para divulgar o disco homônimo lançado no ano passado - 30º da carreira, de sonoridade experimental, escrito e produzido por Caetano Veloso (69). 

Coube a Caetano, também, a direção do espetáculo que estreou no Rio no final de março.

Gal abriu o show com Da Maior Importância. Além de músicas do novo disco, não faltaram outras canções clássicas do repertório da artista, como Divino Maravilhoso, Folhetim, Dom de Iludir e Baby. "Muito obrigada pela presença. Ainda estou rouca por causa de uma faringite, laringite e outras ítes. É uma coisa terrível. Mas vamos fazer um show bonito", disse a cantora logo no início da apresentação. E brincou com Caetano: "Ele está ali nervoso... Imagina eu!".

Da plateia, além do amigo e parceiro de longa data, outros famosos prestigiaram a apresentação da cantora. A atriz Alice Braga (29), teve a oportunidade de ver Gal no palco pela primeira vez. "Cresci ouvindo as músicas dela, com a minha mãe. Quando soube que ia acontecer, a Marina Person (43), que é minha amigona, me chamou. E eu disse: 'Vamos, pelo amor de Deus!".

Marina sabe o disco de cor. "Ouvi Recanto pela primeira vez e achei super esquisito. Ouvi a segunda e percebi que tinha alguma coisa no disco que me intrigava. Na terceira, não conseguia mais tirar. Acaba uma música, começo a cantar outra", afirmou. "É muito legal artistas do porte da Gal e do Caetano, a essa altura da carreira, fazerem uma coisa tão provocadora. É inspirador para qualquer pessoa: você pode fazer o que quiser na vida, a hora que quiser", concluiu.

Quem vive de música também elogiou o projeto. "Sou fã da Gal de muitos anos. Acho que esse trabalho foi uma renovação e ela está cantando mais lindo do que nunca. Sou fã desse disco", disse Arnaldo Antunes (51). "Já vi vários DJs tocando. Eu mesmo toco Miami Maculelê e Neguinho, que são irresistíveis e super funcionam na pista de dança", contou o DJ Zé Pedro (46).

Apesar do problema com a voz, a experiência se sobressaiu ao nervosismo e, lá pela metade do show, em Cara do Mundo, Gal encarou com tranquilidade as notas agudas que são tão características dela. Na volta para o bis, encerrado com Meu Bem Meu Mal, pediu novamente desculpas. "Estava me queixando da rouquidão ali atrás, com meus meninos [os músicos]. Então me disseram: 'Você foi guerreira'. Tem que ser, né? Mas foi bom. Depois, quando estiver totalmente curada, faço outro show aqui", disse. Antes de cumprir a promessa, entretanto, Gal tem outro compromisso com o público paulistano: ela volta ao palco do HSBC Brasil nesta sexta, 25.

Ao final da apresentação de quinta, o amigo nervoso, que assistiu a tudo da primeira fila, era só elogios. "Achei uma beleza. O show saiu muito claro. Ela estava conectada, integrada com as coisas que tinha que dizer e fazer. Estava sem voz, mas superou isso e o show teve uma grande beleza. Os músicos são excelentes e a Gal é um escândalo". Palavras de Caetano.


Rouquidão de Gal Costa gera tensão em show de estreia da turnê Recanto em SP

25/05/2012 Vitor Angelo

Ela desafinou! Gal Costa, a maior voz da MPB já na segunda música, a enigmática “Tudo Dói”, comete uns deslizes em algumas notas. Como a música é cheia de dissonâncias e tem um caráter mais experimental, poderia até ser um certo charme tropicalista – pensariam os mais otimistas – na abertura da temporada paulistana da turnê "Recanto", nesta quinta-feira (24), no HSBC Brasil

Mas aí veio o seu clássico dos anos 60, “Divino, Maravilhoso”, e sua rouquidão se mostrou pronunciada. Tensa, ela evitou cantar alguns trechos, mas mesmo assim desafinou em outros. Como boa discípula de João Gilberto, Gal sabe que no peito dos desafinados também bate um coração e resolveu abrir logo o jogo.
“Estou com uma faringite, laringite, e outras ites, me recuperando. Mas vamos fazer um show bonito”. Neste momento não só ela e a banda estão tensos, a plateia fica em suspensão. Falando do palco com o diretor do show e mentor do álbum Recanto, Caetano Veloso, ela divide com o amigo de longa data: “Você também tá nervoso”. Estávamos todos.

Como seria este show que fala essencialmente do cantar, seja de forma explícita como “Força Estranha” ou implícita como a setentista “Mãe”? Como a máquina sonora perfeita de Gal Costa - agora debilitada - lidaria com os agudos e graves de um repertório difícil e exigente musicalmente? O próprio Caetano já tinha declarado que a voz de Gal era a mais apropriada para as bases eletrônicas, talvez limpa do peso interpretativo de muitas cantoras.

Mas foi o domínio interpretativo e a inteligência musical de Gal que fez ela virar aos poucos o jogo e emocionar uma plateia realizando um dos seus shows mais especiais.

Já na música “Segunda”, ela dominou sua rouquidão que ficou de fundo da melodia. Impossível não lembrar Billie Holiday já no fim de sua carreira que com a voz gasta, rouca pela cocaína, que conseguia trabalhar as canções com este aditivo a seu favor. Ainda tensa, Gal atrasava de forma esperta a entrada da melodia para não errar o tom no mesmo estilo da grande cantora americana.
Mas o clímax viria na sequência com outra música do álbum Recanto: “Autotune Autoerótico”. Já entendendo seus limites – e os forçando – e percebendo que poderia, assim como seu novo trabalho, ousar, Gal deixou de se intimidar com sua faringite.  Exatamente quando sua voz roçava em sua garganta, em uma música que explicitamente fala sobre o cantar em tempos eletrônicos, seu canto andou. Neste momento uma força estranha fez sua voz tamanha e a cantora foi aplaudida de pé como as divas da ópera quando alcançam notas altíssimas. Mas ali era a altíssima emoção.

Ganhou tom ainda mais dramático sua interpretação de “Minha Voz, Minha Vida” que cantou o tempo todo com a mão na garganta. Mas aí, o jogo já estava ganho. Mesmo assim, Gal não deixou de se desculpar no final e de reclamar de sua voz nos bastidores.


Ela desafinou e foi lindo. Afinal, cantar é um diálogo sobre afinação e desafinação, um comentário sobre a voz e suas possibilidades para além das tonalidades, é dar o tom do humano. A voz perfeita foi imperfeita, mas soube com a contribuição milionária de todos os erros estar para além da perfeição, transcendente. Sorte de quem pode ouví-la assim: ainda mais humana como o canto deve ser.


Foto: Manuela Scarpa









14/7/2012 - Vivo Rio, con Rafael Rocha reemplazando transitoriamente a Domenico


Vivo Rio, 14 y 15 de Julio de 2012



"Esse show tem a clareza que eu imaginei. Está tudo funcionando muito bem. A Gal está dizendo tudo o que esperávamos dizer com esse disco"
(14/7/2012, Caetano Veloso, Vivo Rio - Jornal do Brasil)




 

 




A esa altura de las declaraciones de Caetano, codirector del show con Moreno Veloso, el show estaba testeado: Gal había presentado Recanto en Rio de Janeiro, al aire libre en São Paulo, en Aracaju, nuevamente en São Paulo en HBCS Brasil y en el Teatro Gran Rex de Buenos Aires.

Cuando Gal Costa vuelva con Recanto el 26 de enero de 2013 al Circo Voador de Rio de Janeiro, se estarán cumpliendo diez meses de exitosas presentaciones.

El CD, lanzado en diciembre de 2011 recibió el Premio Contigo! como Mejor Álbum de MPB y el DVD grabado en octubre tiene lanzamiento previsto para el primer semestre de 2013.



No camarim da Gal, fotos da Bruni e lembranças do Canecão

Publicado em 18/7/2012 por Hildegard Angel



Eram tantas celebrities, o tititi era tamanho, o frisson, a vibração, que Fernanda Bruni não resistiu, sacou sua câmera e registrou as presenças no camarim de Gal Costa, depois de seu Recanto, no Vivo Rio.

É claro que, como sempre acontece nessas ocasiões, houve sempre alguém que lembrasse com saudades dos bons tempos do Canecão, pois estreias como aquelas do Caneco, o Rio de Janeiro não verá nunca mais… Foi um Rio que passou em nossas vidas, página de nossa história artística e cultural que aquele reitor da UFRJ, cuja memória está fadada ao esquecimento, fez o desfavor de encerrar…

Aí vão os flashes feitos por Fernanda Bruni e, por último, a própria Fernanda fotografada pela também ótima Thereza Eugenia, ao lado de Caetano Veloso…
 

 
14/7/2012 - Caetano Veloso e Maitê Proença



14/7/2012 - Fernanda Bruni e Caetano Veloso fotografados por Thereza Eugênia


14/7/2012 - Moreno Veloso, Gal Costa, Cassia Kiss e João Batista Magro



Thereza Eugênia e Gal Costa



Gal inauguró Miranda – Um tom acima, una Casa de Espectáculos estratégicamente ubicada a orillas de la Lagoa de Freitas en Rio de Janeiro.




 Gal Costa con el show RECANTO, inaguró en Rio de Janeiro la casa de espectáculos MIRANDA, el 23 de marzo de 2012.



Repertorio del show:

1. DA MAIOR IMPORTÂNCIA (Caetano Veloso)
2. TUDO DÓI (Caetano Veloso)
3. RECANTO ESCURO (Caetano Veloso)
4. DIVINO MARAVILHOSO (Gilberto Gil/Caetano Veloso)
5. FOLHETIM (Chico Buarque)
6. MÃE (Caetano Veloso)
7. SEGUNDA (Caetano Veloso)
8. MINHA VOZ, MINHA VIDA (Caetano Veloso)
9. BARATO TOTAL (Gilberto Gil)
10. AUTOTUNE AUTOERÓTICO (Caetano Veloso)
11. CARA DO MUNDO (Caetano Veloso)
12. DEUS É O AMOR (Jorge Ben)
13. DOM DE ILUDIR (Caetano Veloso)
14. NEGUINHO (Caetano Veloso)
15. O AMOR (Caetano Veloso/Ney Costa Santos - Vladimir Maiakovski)
16. BABY (Caetano Veloso)
17. VAPOR BARATO (Jards Macalé/Waly Salomão)
18. UM DIA DE DOMINGO (Michael Sullivan/Paulo Massadas)
19. MIAMI MACULELÊ (Caetano Veloso)
20. MANSIDÃO (Caetano Veloso)
21. FORÇA ESTRANHA (Caetano Veloso)


Músicos:
Domenico Lancellotti (batería/MPC)
Pedro Baby (guitarras)
Bruno di Lullo (bajo)




23 de marzo de 2012: Bruno di Lullo, Domenico Lancellotti y Pedro Baby




Recanto / GAL: presentaciones y premios.







  


23-24-29-30-31/3/2012 – RIO DE JANEIRO - MIRANDA









8/4/2012 – SÃO PAULO - Parque da Juventude










21/4/2012 - ARACAJU - Universidade Tiradentes







     
24-25/5/2012 - SÃO PAULO - HSBC Brasil




  






  

     
27/6/2012 – BUENOS AIRES (Argentina) - Teatro Gran Rex







 




14-15/7/2012 – RIO DE JANEIRO- Vivo Rio




23/7/2012 – Mejor Álbum MPB - 1ª Edición Prêmio Contigo! MPB Brasil de Música







       





16/8/2012 – CURITIBA – Teatro Guaíra - Auditório Bento Munhoz da Rocha Netto




  


21/8/2012 - FLORIANÓPOLIS - Teatro Pedro Ivo Campos



  
23/8/2012 – PORTO ALEGRE - Teatro do Bourbon Country


 
15/9/2012 – MACEIÓ - Teatro Gustavo Leite - Centro de Convenções



     

    Agradeciendo el Premio
18/9/2012 - Mejor Show - 19º Prêmio Multishow de Música Brasileira




  


Fotos: Mariana Neaime / Via Funchal

22/9/2012 - SÃO PAULO – Via Funchal - Mulheres do Brasil








6/10/2012 – RECIFE - Teatro Guararapes - Centro de Convenções







8-9/10/2012 – RIO DE JANEIRO - Theatro Net RIO (ex Tereza Rachel)
Grabación del show Recanto



 

 
23/10/2012  - SÃO LUÍS – MARANHÃO - São Luís Shopping



       Show transferido al Teatro Castro Alves

  

  
26/10/2012 – SALVADOR - Teatro Castro Alves


 

   

 
8/11/2012 – FORTALEZA – X Bienal Internacional do Livro do Ceará
Show "Voz & Violão" (acompañada por Luís Meira). Recanto se presentará en enero de 2013.




 

 

 




25/11/2012 – RIO DE JANEIRO - Back2Black Festival



     

  

  


11/12/2012 – GOIÂNIA - Centro de Eventos da UFG, Campus Samambaia




 


16/12/2012 – VITÓRIA DA CONQUISTA - Praça Barão do Rio Branco
Show "Voz & Violão" (acompañada por Luís Meira).



Enero 2013


3-4-5-6/1/2013 - SÃO PAULO - Sesc Vila Mariana


11/1/2013 – Fortaleza – Ceará - Planeta Verão Fortaleza - Aterro da Praia Iracema



26/1/2013 – RIO DE JANEIRO - Circo Voador




  

Gal Costa reúne muitos famosos em show no Rio

A cantora se apresentou sob a lona do Circo Voador, na Lapa.


do EGO no Rio





  



Gal Costa apresentou sob a lona do Circo Voador, na Lapa, Centro do Rio, o show "Recanto", inspirado no trigésimo disco da cantora.

Na apresentação de Gal, não faltaram famosos. Alessandra Negrini, Patrícia Pillar, Guilherme Piva, Carlos Tufvson com o marido André Piva e muitos outros foram curtir o show da artista, que é dirigido por Caetano Veloso.















10/8/2013









12/10/2013 – PRAIA DO FORTE

Coluna Vip: Caetano e Gal cantam em outubro na Praia do Forte

Caetano Veloso e Gal Costa vão cantar, no feriado de 12 de outubro, na Praia do Forte.

Os shows, no mesmo palco, serão separados, mas, claro, é grande a possibilidade de rolar um dueto entre os velhos amigos. Gal abre a noite, às 21h, com o espetáculo de Recanto, álbum em que todas as músicas foram compostas por Caê. É ele também quem assina a produção do disco, ao lado do filho Moreno.

A apresentação de Caê está marcada para as 23h30, com as canções do CD Abraçaço, o último da trilogia com a Banda Cê. O encontro musical, que promete agitar o balneário do Litoral Norte, é promovido pela Maurício Pessoa e a Forte Produções.


04/09/2013 

Gal Costa e Caetano Veloso fazem show na Praia do Forte, na Bahia

Cantora interpretará canções do álbum 'Recanto' e Caetano de 'Abraçaço'.

Do G1 BA

Gal Costa e Caetano Veloso durante coletiva de imprensa do álbum 'Recanto' (Foto: Flávio Seixlack/G1)

Caetano Veloso e Gal Costa farão um show no dia 12 de outubro, na Praia do Forte, um distrito de praia que pertence ao município de Mata de São João, na Estrada do Coco. O show ocorre no Eco Espaço Praia do Forte, a partir das 20h.

A organização informa que os shows serão separados, mas que há possibilidade de cantarem juntos também. A noite será aberta com o som de Gal, às 21h, com o espetáculo Recanto, cuja produção do álbum, o mais recente da artista, foi feita por Caetano e Moreno. Às 23h30, será a vez de Caetano Veloso, com a apresentação "Abraçaço", ao lado da Banda Cê.

Caetano Veloso e Gal Costa lotam show em Praia do Forte
Da Redação

Os cantores Caetano Veloso e Gal Costa se apresentaram no último sábado (12), em Praia do Forte. Caê apresentou o seu 'Abraçaço', álbum que encerra a trilogia registrada com a banda homônima, formada por Pedro Sá ( guitarra), Marcelo Callado (bateria) e Ricardo Dias Gomes (baixo e sintetizadores).

Já Gal cantou as músicas do disco 'Recanto', que tem todas as composições assinadas por Veloso. Com plateia lotada, o músico usou seu perfil na rede social para agradecer."Obrigado Praia do Forte. Não deu para ir embora!", escreveu.



Caetano Veloso - Foto: Edgar de Souza


Gal Costa - Foto: Edgar de Souza


J. Velloso e Gal Costa

Gal Costa e Sandra Gadelha - Foto: GB Souza

Lícia Fabio e Clara Velloso - Foto: GB Souza

J. Velloso, Rodrigo, Caetano, Clara e Roberto


Revista CARAS - 25/10/2013


Julio 2014


 



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03.10.2012

Entrevista: Gal Costa fala sobre show em Salvador, a nova fase na música e rebate polêmica

Uma das principais artistas da música popular brasileira conversou com o iBahia

Carol Andrade

Com show marcado em Salvador no dia 26 de outubro, no Salvador Barra Hall, Gal Costa apresenta a turnê do seu novo disco, Recanto, gravado em 2011, com composições e produção de Caetano Veloso.

Neste momento da carreira, a artista levou indicações ao Video Music Brasil (VMB), Prêmio Multishow e Grammy Latino. O último trabalho de Gal foi considerado por alguns críticos como o melhor de 2011 e traz uma nova sonoridade, mais alternativa, entre música eletrônica, rock e dub step. Essa é mais uma das inovações que acompanham a trajetória da baiana.

Em turnê pelas cidades brasileiras, o ano de 2012 parece agitado para Gal. Além das indicações, a voz da cantora volta para a televisão na novela Gabriela, da Rede Globo, e ganha espaço nos cinemas com o documentário Tropicália, de Marcelo Machado.

Aproveitando esse momento intenso, o iBahia conversou por e-mail com a artista que falou da nova fase na carreira, a parceria com Caetano e a polêmica declaração que supostamente fez sobre Salvador. Confira a entrevista.

iBahia - Sua trajetória na música é marcada por projetos ousados e inovadores, sendo sempre considerada uma artista à frente do seu tempo. Para muitos Recanto segue essa marca vanguardista...
Gal Costa
- É verdade. Minha carreira é feita de muitas mudanças, algumas radicais, e essa é uma faceta da minha personalidade. Recanto tem a ver com minha história, minha carreira.

iBahia - Neste novo trabalho é possível perceber uma veia mais alternativa, mesclando música eletrônica, rock e dub step, tudo bem diferente do que você já havia feito. Qual foi o maior desafio na construção desse trabalho? Em que ponto toda esta inovação interfere no seu canto? Na faixa Autotune Autoerótico, por exemplo, você até brinca com o citado programa de áudio...
GC
- Estou acostumada a cantar com sonoridade eletrônica. Nos anos sessenta usei música eletrônica e era uma cantora quase roqueira. Experimentei muitas sonoridades nesta época. Portanto, não há como não ter familiaridade com esse tipo de arranjo e sonoridade.

iBahia - O que os fãs baianos podem esperar do show no dia 26 de outubro, em Salvador?
GC
- Um show bonito, emocionante, como tem sido em todas as cidades por onde passamos. Em Salvador será mais especial por ser a minha terra.

iBahia - Ao longo desse período de divulgação o disco foi considerado pela crítica um dos melhores de 2011 e recebeu indicações ao Video Music Brasil (VMB), Prêmio Multishow e ao mais recente Grammy Latino. Como você avalia hoje a repercussão deste disco?
GC - Esse disco foi sempre muito instigante e querido para mim. Acho ele lindo e ousado. Do jeito que eu gosto.

iBahia - A cerimônia do VMB, na qual você cantou a música 'Neguinho', deu grande destaque ao rap nacional e ao sucesso da paraense Gaby Amarantos. O que você está achando deste novo momento do cenário musical brasileiro?
GC
- O cenário musical brasileiro sempre foi rico em sua diversidade musical. Eu sou democrática em meu gosto por música. Não sou radical, gosto do que é bom e do que me identifico.

iBahia - A banda que gravou Recanto e que vem acompanhando a sua turnê é composta por músicos da nova geração. Como se dá essa troca de experiências com eles?
GC - Uma troca muito boa e natural. Falamos a mesma língua quando tocamos juntos. É uma alegria só. A banda que toca comigo não é a mesma do disco, mas são muito competentes e creio que as músicas do disco Recanto que estão no show cresceram muito, ficaram mais bonitas e intensas.

iBahia - Na apresentação do Grammy está programada uma homenagem a Caetano Veloso que será comandada por Ivete Sangalo. Tanto os fãs dele quanto os seus podem aguardar uma participação sua nesta apresentação?
GC - Eu não poderei ir, pois tenho trabalho nesta época. Caetano merece todas as homenagens do mundo.

iBahia - O filme Tropicália está em cartaz nos cinemas brasileiros e reacendeu um saudosismo nos amantes da música brasileira dos anos 60 e 70. No seu caso, existe algum tipo de nostalgia na sua carreira?  
GC - Eu não sou uma pessoa nostálgica. Vivo o meu tempo e procuro incorporar toda a minha experiência de vida no meu trabalho.

iBahia - Em declaração à revista Isto É, você falou sobre um possível descaso dos governos atuais com a capital baiana. Em relação à cena cultural, você tem acompanhado a cena musical de Salvador?
GC
- O que acha da nova música do estado? Olha, esse site que divulgou uma nota extraída de uma entrevista que dei a uma revista foi de muita má fé. Tirou uma frase que estava dentro de um contexto e a escreveu solta para dar efeito negativo. Eu não disse aquilo. Nunca falaria mal da cidade que nasci e que amo. Disse que a Bahia estava mal cuidada e não sou somente eu quem acha isso. Salvador é uma das mais lindas cidades do mundo.

iBahia - Caetano Veloso é um conhecido parceiro de longa data na sua carreira e assina as canções e a produção do seu último disco. Existe alguma possibilidade de registrar essa parceria em forma de dueto em disco ou DVD inéditos no futuro?
GC
- Não posso prever o futuro. O futuro a Deus pertence.


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Terça, 23 de Outubro de 2012 - 15:46

Gal Costa:'Recanto acumula todas as Gals de todas as fases'


por Simone Melo

Quarenta anos depois de consumada a amizade entre Gal e Caetano, durante o movimento tropicalista, a intérprete ainda é a musa do compositor. Prova disso é que, no ano passado, ela recebeu um convite irrecusável. Caetano havia composto um álbum com canções inéditas e pensado em uma estética musical para um show com a voz dela. Gal aceitou na hora a proposta e se mudou para São Paulo, em janeiro deste ano, para trabalhar melhor a turnê. O resultado é o disco e o show “Recanto”, dirigido por Caetano Veloso, que será apresentado, nesta sexta-feira (26), no Teatro Castro Alves. Além de contar detalhes sobre a nova produção, ela explica as polêmicas que repercutiram em cima do seu nome, depois da entrevista à revista IstoÉ, em agosto, quando disse que “não sentia saudades da Bahia”. E ainda comenta o novo cenário musical, afinadores de voz tecnológicos e suas vozes femininas prediletas.

Bahia Notícias – Como é chegar ao 30º disco mantendo a parceria com o compositor que lhe inspirou desde o começo, Caetano Veloso?

Gal Costa – Caetano compôs canções lindas para mim ao longo desses anos todos e mais esse trabalho que ele idealizou. Compôs todas as canções, pensou na estética musical e me convidou para fazer. Eu aceitei. O show “Recanto” também foi dirigido por ele. Nós levamos para o palco a estética musical do disco com músicas arrojadas, que se intercalam com canções que eu gravei ao longo da minha carreira e algumas outras mais clássicas. E todas se harmonizam de uma maneira incrível no show.

BN – Você poderia falar um pouco mais sobre essa estética musical que você considera especial no "Recanto"…
GC – “Recanto” marca minha carreira e uma trajetória. É um disco que direciona um novo caminho, mas é coerente com toda a minha história, tem a ver com o meu passado e com tudo que eu fiz até hoje. Ele atinge a um público jovem e veio em um momento perfeito, porque os jovens ouvem muito o "Fatal", "Índia". Além disso, é instigante e de vanguarda. Eu gosto muito do disco, que me deu vitalidade e energia. O show tem uma vitalidade jovial intensa.

BN – E a concepção moderna do show "Recanto", que mescla programações eletrônicas e dubstep. Você se identifica com o estilo? 
GC – Eu me identifiquei totalmente. Foi um disco que me instigou e trouxe coisas muito boas, e o show também.

BN – De todos esses anos de parceria com Caetano, você guarda alguma música preferida?
GC – Eu gosto de todas as canções que Caetano fez para mim. Não existe uma preferida para sempre. Às vezes, a preferida de hoje pode não ser a preferida de amanhã, mas é porque eu gosto de todas, são todas lindas. Caetano é um compositor que eu adoro, tudo o que ele faz para ele e para outras pessoas, eu gosto. É difícil escolher.

BN – Há duas semanas você gravou o DVD "Recanto", no Rio de Janeiro, no histórico Teatro Thereza Rachel (que se chama Net Rio, atualmente), onde foi gravado o disco “Fatal” (1975). Como foi o show e a interação do público durante a gravação? Alguma surpresa para os fãs que estão na expectativa?
GC – Foi emocionante, não só porque aquele local é muito simbólico e muito importante para mim, foi ali que eu gravei o disco Fatal ao vivo [Fa-Tal – Gal a Todo Vapor], embora fosse o Therezão, completamente diferente do NetRio. Foi muito comovente. As pessoas estavam emocionadas, foi uma festa. Vai ficar muito bonito e muito emocionante. Moreno [Veloso] estava à frente do trabalho. Ele que tocou a gravação do DVD e Caetano estava lá assistindo ao show.

BN – Foi lançado recentemente o documentário "Tropicália", de Marcelo Machado. Como é, 40 anos depois, perceber a importância da sua atuação em um dos maiores movimentos culturais brasileiros? Caetano comentou recentemente, em Guadulupe, no Rio, que não gosta de se ver nesse papel. Como é para você?
GC – Ainda não vi o filme, estou louca para ver. Todo mundo me fala que é lindo. Eu vejo como um movimento maravilhoso que resgatou tantas coisas boas e enriqueceu a música brasileira. Primeiro poeticamente e a estrutura das canções já eram completamente novas desde "Alegria Alegria", a canção que deflagrou o movimento. O tropicalismo inseriu elementos eletrônicos na música brasileira que, até então, era só de instrumentos acústicos, pela influência da bossa nova. Resgatou compositores como Luiz Gonzaga e tantos outros que eram considerados classe C. Mostrou a importância de tanta gente no Brasil, Jackson do Pandeiro e tantos outros. Eu acho que trouxe um novo comportamento, foi importantíssimo para o Brasil. Agora, sobre o depoimento de Caetano, eu não vi essa entrevista, não li nada a respeito e não vi nada. Então prefiro me abster e não comentar.

BN – E sobre o show em Salvador, o que levou a produção a mudar do Barra Hall (que tinha apresentação marcada para o dia 26 de outubro) para o TCA?
GC – A Lídice, que é a produtora na Bahia, pode lhe dar uma informação mais precisa. Mas foi uma mudança muito positiva, porque o Teatro Castro Alves é maravilhoso, para mim, é o melhor teatro da América do Sul, tem uma acústica perfeita. E esse show vai ser perfeito lá. É um show musicalmente muito bonito e delicado, intenso, denso e forte. Depois, acho que os preços dos ingressos abaixaram bem, o que é uma alegria, porque eu sei que muita gente não pode pagar. Eu não gosto quando o produtor contratante cobra um preço muito alto.

BN – Inclusive, eu ia perguntar mesmo se o conceito do show, que seria no Barra Hall, foi definido só pelo produtor ou se você costuma interferir na produção? Muitas pessoas comentaram que o valor dos ingressos estavam muito inacessíveis…
GC – O produtor contrata o show e ele escolhe mesmo o local. A Lídice pode explicar melhor por que ela optou por isso. Mas, na minha opinião,foi uma mudança positiva em todos os aspectos, principalmente porque  o preço caiu. As pessoas que não poderiam pagar o preço que estava sendo cobrado no Barra Hall, vão poder pagar no Castro Alves. Isso para mim é uma alegria bastante grande.

BN – O local também influencia na estética do show, não é? No Barra Hall, seriam mesas e pessoas em pé…
GC – Eu pessoalmente gosto muito de cantar em teatro, porque acho que as pessoas vão para assistir, assistem, prestam atenção. Agora virou moda de uns anos para cá, casas de espetáculos com mesas, que as pessoas comem e bebem. Bem, é o que tem, então, a gente faz. Muitas são até boas acusticamente, mas nada se compara a um teatro.

BN – A mostra “Levando os elepês de Gal para passear” foi uma forma que o artista Arthur Scovino encontrou para fazer seus discos respirarem, ganhar novamente os ares das ruas. Você chegou a posar com uma das capas de seu vinil para a exposição. Como ficou sabendo do projeto? O que achou da ideia?
GC – Eu achei maravilhoso. O rapaz que fez essa exposição, vamos dizer assim, esse protesto que terminou com "Recanto". Eu achei lindo o trabalho que ele fez. Eu o conheci pessoalmente, quando ele foi ao Rio.

BN – Recentemente, "Recanto" concorreu ao Melhor Disco do prêmio Multishow, ao lado de Lucas Santtana e Tulipa Ruiz, e também no VMB, com outros artistas da nova geração, como Céu, Karina Buhr etc. Como você vê o fato de ser uma artista bem mais madura, em meio a esse cenário mais jovem?
GC – Da minha geração não sou só eu que continua influenciando e entrando em uma área jovem do público. O próprio Caetano e também Gil produzem isso também. A minha geração tem essa energia e essa capacidade de se renovar e buscar coisas novas, e eu me incluo dentro disso. Esse disco e esse show ganharam alguns prêmios. Eu soube ontem que o disco está concorrendo ao Latin Grammy, isso me deixou muito feliz também. A apresentação ganhou o prêmio Melhor Show do Multishow. Eu vejo isso com muita alegria, não só por mim, mas por toda a minha geração.

BN – Em 2011, você se envolveu em uma polêmica no Twitter, após publicar um comentário que afirmava "como na Bahia as pessoas são preguiçosas". Este ano, em entrevista à revista IstoÉ comentou que não sente saudades da Bahia, "Eu adoro morar em São Paulo, esse é o meu lugar". Depois de toda a repercussão nas redes sociais, você disse, em matéria do jornal Correio, que estava defendendo o estado. Você acredita que a mídia ‘sensacionalizou’ suas respostas realmente ou considera que  suas declarações foram polêmicas para uma figura pública?
GC – Olha eu acho que esse site baiano pegou uma frase solta de uma entrevista que eu dei e jogou no ar justamente para polemizar, de uma maneira muito maldosa, porque eu jamais falaria mal da Bahia. O fato é que saí da Bahia ainda muito nova para tentar minha carreira de cantora em São Paulo, fiquei aqui cinco anos, depois fui morar no Rio. Morei 24 anos lá e não tinha casa em Salvador. Eu voltava a Salvador sempre nos períodos de verão, de férias, alugava uma casa ou ficava em hotel, mas eu sempre voltava. Mas nos anos 90, quando minha mãe morreu, eu decidi sair do Rio e ir para Salvador. Comprei um imóvel e morei por 12 anos na cidade. Eu já tenho esse apartamento em São Paulo, há quatro anos, porque quando eu saia da Bahia para trabalhar com o show voz e violão, eu precisava ir para outros lugares, sempre passando por São Paulo. Decidi comprar esse apartamento em São Paulo para quando eu viesse na cidade, não ficar em hotel. Quando veio o convite de Caetano para fazer “Recanto”, com a quantidade de trabalho, eu resolvi me deslocar para cá. Aqui fica mais perto de tudo. Então, eu vim morar em São Paulo por essa razão prática, já que eu estava trabalhando muito, queria ficar mais perto dos lugares e das pessoas. Mas isso tudo é muita maldade e eu não chamei baiano de preguiçoso. Isso é um mito que se fala, mas pelo contrário, na Bahia se trabalha muito. O pessoal de axé, por exemplo, tem uma organização e trabalham de uma maneira incrível. Isso de preguiça baiana é um mito, um charme. Na verdade Salvador é uma cidade organizada onde as pessoas trabalham muito. Eu não vou falar mal da minha cidade. Quando eu digo que os governantes não estão cuidando bem da Bahia, é para dizer “eu estou de olho, cuidem bem da minha terra”. É um cuidado, um carinho. Eu adoro a Bahia.

BN –No dia 28, Salvador irá eleger um novo prefeito. Diante do seu descontentamento com a cidade, qual é o seu desejo para Salvador, e para a Bahia, de um modo mais geral?
GC – Não tem descontentamento. Quando eu chego na Bahia é essa alegria, essa cor, ver essa luz. O povo é doce. Eu me sinto feliz, quando eu estou na Bahia. Não há descontentamento, é apenas aquela mãe que reclama com um filho que fez uma coisa errada. Quando eu falo é por amor. Eu amo a minha terra. Eu amo a Bahia, eu nasci aí.

BN – Em uma entrevista à revista Veja, de maio deste ano, você comentou sobre o autotune e disse que, hoje em dia, “até quem não tem tanto talento nem é muito afinado pode cantar”. Diante disso, para você, o que define uma boa cantora hoje, com tantos recursos tecnológicos disponíveis?
GC – Hoje você pode afinar a voz de alguém. Mas ao vivo é diferente. Quem sabe faz ao vivo. Hoje, a tecnologia dispõe de coisas que qualquer pessoa, quer dizer, qualquer não, mas muita gente que não poderia, pode fazer um disco. Têm afinadores de voz, que deslocam a voz para onde você quer. Mas não é assim, bote no palco para ver se qualquer pessoa faz. Esse é o grande teste.

BN – Quem entre as novas vozes femininas você escuta e indica?
GC – Existem muitas cantoras boas. Eu gosto muito da Roberta Sá, que é de uma geração mais nova inclusive do que a Marisa Monte, de quem eu gosto bastante também. Existem várias cantoras, várias tendências, vários estilos. Muita gente legal.

BN – O que mudou mais significativamente na performance da Gal irreverente, com roupas coloridas e cabelo Black Power da década de 70, que bebia na fonte de Janis Joplin, para a Gal de hoje?
GC – Acho que hoje tem tudo isso. Se você for ver esse show, vai perceber que ele acumula todas as Gals de todas as fases. Desde a Gal do começo, até a Gal que se inspirou em Janis Joplin e está tudo ali. Esse show é a minha essência. Conta um pouco da minha história. Tem tudo isso, quem vê, recorda todas as fases que passaram, o presente e até do futuro.


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2012
Revista PERSONNALITÉ

Nº 20 | ANO 6

Página 76





MINHA VOZ NÃO SOU EU

MINHA VOZ VEM



Gal Costa passeia por canções icônicas dos 32 discos da carreira, detalha a relação com Caetano Veloso e tenta explicar o dom de (en)cantar em shows como Recanto, considerado o melhor do ano.



Por Eduardo Logullo



Aos 67 anos, mãe coruja de Gabriel, 7, Gal Costa ainda mantém certo jeito de garota rebelde. Ano passado, ela reassumiu o cume da vanguarda da MPB. Seu último CD, Recanto, produzido por Caetano Veloso, com composições inéditas do baiano e calcado em bases eletrônicas, foi destacado pela imprensa como um dos melhores de 2011. O novo show de Gal, com canções icônicas dos 32 discos de sua carreira, foi eleito pelo canal Multishow como o melhor de 2012. E conseguiu a proeza de conquistar em pouco tempo públicos novos e, de quebra, manter contentes os seus fiéis seguidores. Esse novo tempero pode ter algo a ver com sua mudança este ano para São Paulo, depois de décadas entre Salvador e Rio de Janeiro, cidade em que recebeu a Revista Personnalité para uma tarde de conversa.



Gal, seu público é formado por muitos jovens. Uma façanha entre os artistas da sua geração. O que você pensa disso?

Olha, eu já sabia que a garotada andava ouvindo músicas dos meus primeiros discos, como Meu nome é Gal, Gal 68, Fa-Tal, LeGal, Índia, Cantar... Sabia que adoravam minha coragem, os gritos, as guitarras, os cabelos, os arranjos radicais... Até me ocorria fazer algo voltado às novas gerações, na intenção de rever partes da minha história. Então, veio esse disco atual com Caetano, e o público jovem adorou. Percebo que tem tudo a ver com a minha história, com a minha carreira de rupturas. Hoje, digo até que me sinto roqueira no show, principalmente em “Cara do mundo”. Caetano, ao me ver no palco cantando essa música, disse: “Está maravilhoso! É rock! Está rock!”.



Como surgiu a estrutura do show Recanto?

Sugeri coisas. Mas Caetano amarrou o roteiro e pensou nas canções. Ele indicou algumas que não quis cantar. Ele fez o CD e o show.



Foi um desafio redescobrir autores como Jorge Ben Jor? Aliás, você é a cantora que mais gravou Ben Jor, com 14 registros.


“Deus é o amor” gravei em 1968. Cantei para Caetano, que a achou linda. Era uma canção feita para aqueles dias pesados da ditadura. A minha ligação com Jorge Ben Jor começou no início dos anos 1960, quando morava em Salvador. Eu não tinha vitrola ou eletrola, os nomes que diziam na época. Custava caro. Então ouvia rádio. Um dia minha mãe comprou um toca-discos e o meu primeiro vinil foi Samba esquema novo, de Jorge Ben Jor! Senti algo de bossa nova na atmosfera musical dele. Aquele jeito de tocar guitarra, um swing inacreditável.



Como você mudou da cantora tímida para a intérprete audaciosa e de visual arrojado no final dos anos 1960?

Logo no começo, fui perfeccionista e radical. Na fase da bossa nova, era exigente, gostava de pouca gente. Mas eu convivia aqui em São Paulo com a turma toda, participando... Nós cantávamos e tocávamos juntos, sempre havia reuniões no apartamento de Caetano na avenida São Luis. Assim, comecei a ouvir músicas com Gil: Jimi Hendrix, Beatles, Janis Joplin. Fiquei alucinada por Janis Joplin. Aquilo foi realmente me tomando. Foi quando eles, Caetano e Gil, compuseram “Divino, maravilhoso” e me convidaram para cantar e defender a música no Festival da Record. Gil virou e disse: “Como você pensa em cantar essa música?”. Respondi: “Quero cantar para fora”. Então ele fez o arranjo. Eu me vesti, aquele cabelo eriçado, ideia de Dedé [Gadelha, ex-mulher de Caetano]. E entrei no palco. Caetano, que não tinha visto nenhum ensaio, nem se envolvido, quase caiu duro ao me ver daquele jeito. Lembro bem de quando entrei no palco para cantar “Divino, maravilhoso”, com vontade e atitude. Muitos vaiavam e muitos aplaudiam. O engraçado foi que tinha um cara me vaiando e eu o encarei: coloquei o dedo em riste fui decidida e incisiva. Era também a primeira vez que me apresentava com banda elétrica. Uma ruptura total.

É verdade que você chorou muito quando Caetano enviou “Recanto escuro” para você ouvir e gravar?
Chorei muito mesmo. Muito. Porque é quase uma biografia, fala de mim, de Caetano. Quando cita a prisão [de Caetano durante a ditadura], eu não estava na prisão, mas estava lá, entendeu? Vivi aquilo, como sofrimento. Tem coisas ali que fazem parte do nosso começo, quando a gente se conheceu.

Gal, você costuma chorar quando recebe uma música que a emociona? No palco você nunca chora...
Eu digo que não posso chorar no palco, senão minha voz se desmantela. O show Recanto é uma entidade: ele me toma, é muito forte. Desde os ensaios, quatro dias antes da estreia, passei a sentir aquela comichão. Aí, um dia no ensaio, comecei a cantar e chorei. Tive que parar e esse choro se manifestou em todos. Caetano chorou. Todo mundo ficou comovido. Eu já estava recebendo a entidade que existe em Recanto.

E a imitação de Tim Maia, como surgiu essa ideia que acabou virando uma homenagem no seu show?
O meu encontro com Tim Maia aconteceu em 1985, quando mais de cem artistas da MPB se reuniram para gravar Chega de mágoa, um disco voltado a arrecadar dinheiro para o Nordeste. Todo mundo lá, a maior festa. Tim Maia estava num estúdio. Quando acabei de gravar, fui ouvi-lo. E ele me disse assim: “Pô, tu canta mesmo, hein... Vamos fazer um negócio juntos?”. Tim começou a me ligar até de madrugada. Logo apareceu “Um dia de domingo” e gravamos. Fui criticada, uma coisa desagradável. Eu só gravei por Tim Maia! Sem ele na faixa eu nem deixaria o disco sair! Agora, em Recanto, Caetano incluiu a música. É uma lembrança, uma homenagem.

Como saiu da era hippie para virar cantora pop no show Gal tropical, imenso sucesso de 1979?
Bom... Guilherme [Guilherme Araújo, empresário] me convenceu. No início, resisti. Mas ele disse: “O diretor vê o outro de fora. E você não está se vendo. Você não se veste mais como antes. Você mudou, olha estas suas roupas...”. Tinha razão! Eu estava mudando, era verdadeiro. Por isso deu certo. O diretor não deve impor. É preciso olhar e extrair o que existe no momento. Todos precisam mudar. Assim nasceu Gal tropical.

Vamos falar de canções que estão em seu show. “Vapor barato”, 40 anos depois, ainda deixa a plateia acesa...
É incrível. Não sei explicar. Ela representa tanto: a solidão de uma geração, os impasses da vida, o abandono, a busca...
Quando eu cantava no Fa-Tal, já continha tudo isso e remetia a Caetano e Gil no exílio... Canto essa música, cara, e em todos os shows é um sucesso! Pode ser voz e violão, pode ser com banda. Sempre foi assim. A nova versão de agora é muito intensa, forte. Aquele solo de guitarra de Pedro Baby é lindo. Ele fica comovido também por saber que o pai dele, Pepeu Gomes, tocou comigo em Fa-Tal...

“Da maior importância”, que abre o show, vem do seu disco Índia, de 1973. Qual a história dessa canção?
Sempre me pediam para cantá-la novamente. Caetano foi quem quis abrir com ela, composta ao voltar do exílio. Lembro de nós dois conversando na praia de São Conrado. Então surgiu um clima entre a gente... Mas a Dedé era grande amiga minha, nunca aconteceria nada. A canção surgiu desse momento particular, nosso. Meu e dele. É lindo abrir o show com ela: demonstra afetividade, amorosidade, carinho, respeito e amor entre Caetano e eu, tudo manifestado através da música. Emocionante por contar a minha história que se entrelaça com a dele. Uma coisa tão particular, tão verdadeira...“Minha voz, minha vida” contém uma história especial...Morava na Barra da Tijuca e estava gravando um disco. E pedi uma música a Caetano. Sempre peço a ele... Recebi “Minha voz, minha vida” numa fita e fiquei emocionada. Fui ouvindo no carro até o estúdio. E fui chorando. Dirigindo e chorando. Ouvindo e chorando. Hoje, ela ganhou outros sentidos. Tudo o que é dito, é dito de maneira nova. Isso é maravilhoso.

E “Força estranha”?
Essa música foi feita para Roberto Carlos. Mas, quando ouvi, me apaixonei. Um dia falei para Caetano: “Quando canto ‘Força estranha’ eu fico tonta, eu fico tonta”. Ele não entendeu nada.
Parecia que ia receber um santo. No Gal tropical minhas pernas tremiam. Achava que ia cair no chão. É fogo. Uma coisa iluminada, de pureza, de leveza. Fala de como as coisas se renovam. As mesmas coisas são diferentes em outros momentos.

Isso explica quase tudo: voz, canto, vontade?
Sinto que a minha missão é que a minha voz me foi dada e me foi passada. Meu trabalho é uma missão, vem de Deus. Acredito nessa transformação. Deus para mim é transformação, uma energia universal. Nesse show eu faço isso. É uma coisa que vem. A minha voz vem. Minha voz não sou eu. Minha voz vem.
 

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