lunes, 21 de enero de 2013

1969 - SARAVAH











24/2/1970 - JORNAL DO BRASIL





3 de abril de  1970, Correio da Manhã, Brasília


“— Sempre gostei mais de ensaios do que de shows, por isso optei por filmar Bethânia ensaiando, com os músicos — diz Barouh que, meio sem querer, registrou as entranhas do show histórico de Bethânia, onde vê-se músicos como o pianista Luiz Carlos Vinhas, o trombonista Raul de Souza, entre outros.”

Pierre Barouh, 2005





Documental filmado por Pierre Barouh (Paris, 1934 - 2016), en Rio de Janeiro en febrero de 1969 -plena vigencia del AI-5-, cuando Caetano se encontraba bajo régimen de  prisión domiciliaria en Salvador.

Editado en DVD en Japón en 2003 y dos años despues en Francia, Estados Unidos y en Brasil.

Pierre Barouh en escena de Saravah












1969
SARAVAH - un film de Pierre Barouh
Editions Saravah / AWA Films et Pierre Kast
Fotografía: Yann Le Masson

Edition Saravah DVD (Japón, 25/9/2003)
City Hall Records DVD 4006 (EE. UU., 22/2/2005)
Fremeaux et Associes FA4006 (Francia, 2005)
Biscoito Fino DVD BF-711 (Brasil, Junio 2005)


1. SAMBA DA BENÇÃO (SARAVAH) (Baden Powell/Vinícius de Moraes – Versión: Pierre Barouh) Pierre Barouh / Baden Powell
FILHO - Baden Powell
2. CANTO DE IEMANJÁ (Baden Powell/Vinícius de Moraes) Baden Powell
3. QUE QUERE QUE QUE (João da Baiana) João da Baiana
YAÔ (Pixinguinha/Gastão Vianna) João da Baiana, Pierre Barouh, B. Powell
4. SERMÃO (Baden Powell/Paulo Cesar Pinheiro) Baden Powell
5. CORAÇÃO VULGAR (Paulinho da Viola) Maria Bethânia / Paulinho da Viola
6. ROSA MARIA (Hannibal da Silva/Eden Silva) Maria Bethânia / Paulinho da Viola
7. Canções de Escolas - Maria Bethânia / Paulinho da Viola
TUDO É ILUSÃ0
MINHAS MADRUGADAS
PECADORA
COISAS DO MUNDO MINHA NEGA
8. PRANTO DE POETA (Guilherme de Brito/Nelson Cavaquinho) Maria Bethania / Paulinho da Viola
9. BABY (Caetano Veloso) Maria Bethânia
10. TROPICÁLIA (Caetano Veloso) Maria Bethânia
11. FREVO NO.1 DO RECIFE (Antonio Maria) Maria Bethânia
12. PRA DIZER ADEUS - Maria Bethânia
13. LAMENTO (Pixinguinha/Vinícius de Moraes) Pixinguinha / João da Baiana / Baden Powell Quartet / Manoelzinho / Márcia
14. FORMOSA (Baden Powell/Vinícius de Moraes) Baden Powell Quartet / Márcia
15. TEMPO DE AMOR (Vinícius de Moraes/Baden Powell) Baden Powell Quartet / Manoelzinho / Márcia
16. SAMBA DA BENÇÃO (SARAVAH) (Baden Powell/Vinícius de Moraes – Versión: Pierre Barouh) Pierre Barouh
 




con Baden Powell

con João da Baiana y Baden


con Baden y Pixinguinha


Bethânia y Paulinho da Viola










Ensayo en Boite Barroco


BABY
1969 – MARIA BETHÂNIA
Ed. Warner BRPUI-05-00481
SARAVAH - un film de Pierre Barouh
Biscoito Fino DVD BF-711, Track 9. (Brasil, Junio 2005)








Pierre Barouh, Maria Bethânia, Luiz Carlos Vinhas (piano) y Raul de Souza (trombón) en ensayo en Boite Barroco.


TROPICÁLIA
1969 – MARIA BETHÂNIA
Ed. Warner BRPUI-05-00482
SARAVAH - un film de Pierre Barouh
Biscoito Fino DVD BF-711, Track 10. (Brasil, Junio 2005)







São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2005

FOLHA DE S. PAULO 

MÚSICA

"Saravah", filmado por Pierre Barouh há 36 anos, reúne Pixinguinha e Baden Powell, Paulinho da Viola e Bethânia

DVD traz cena musical histórica brasileira

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Passados 36 anos das filmagens, só agora o público brasileiro terá o privilégio de ver cenas que japoneses e europeus já conhecem há tempos. Cenas que impressionam por reunir os mestres Pixinguinha, João da Baiana e Baden Powell; por reunir os então jovens Paulinho da Viola e Maria Bethânia; e por reunir Bethânia e craques do samba-jazz, como Raul de Souza e Luiz Carlos Vinhas.
São imagens de importância rara na música brasileira não só por mostrarem Pixinguinha e João da Baiana, cujos registros visuais são escassos. As interpretações nunca constaram de discos. O que se cantou e tocou ali não saiu em nenhum outro lugar.
Esse ineditismo de quase quatro décadas está sendo finalmente superado com o lançamento pelo selo Biscoito Fino do DVD "Saravah", documentário dirigido pelo cantor e compositor francês Pierre Barouh. O DVD já havia sido lançado no Japão e na Europa.
Pixinguinha (1897-1973), João da Baiana (1897-1974), Baden (1937-2000), Paulinho, Bethânia e o próprio Barouh são as estrelas de "Saravah", gravado no Rio durante três dias de fevereiro de 1969. Para o lançamento, a gravadora trouxe Barouh ao Brasil, onde participará de noite de autógrafos em São Paulo e no Rio (veja locais e horários abaixo).

Em entrevista à Folha ontem, Barouh relembrou as circunstâncias que o levaram a fazer o documentário. Admirador da música brasileira, o cantor havia estado aqui pela primeira vez em 1959. Na metade dos anos 60, havia morado por seis meses em uma casa na então deserta praia de Itaipu (Niterói, cidade a 15 km do Rio). Em 1966, estourara na Europa com "Saravah", a versão em francês do "Samba da Bênção", umas das composições célebres da parceria Baden-Vinicius de Moraes.
Foi por intermédio de Baden, já então seu parceiro na canção improvisada "Saudade", que Barouh conheceu Pixinguinha e João da Baiana. Paulinho da Viola e Bethânia já eram seus amigos. Na ocasião, ele estreava como documentarista. Nunca filmara nada. Ao chegar ao Rio, procurou Baden, "que era mais do que um amigo, era um irmão".

"Foi tudo de improviso. Eu tinha três dias para filmar. Não tive tempo de preparar nada", contou.

O improviso fica evidente ao se assistir ao filme, de 62 minutos (mais 30 minutos de extras). A descontração e a espontaneidade são as marcas da obra.

Em um bar suburbano, acontece o raro encontro de três expoentes da música brasileira. Pixinguinha ao saxofone, Baden ao violão e João da Baiana conversam e interpretam "Lamentos". A canção de Pixinguinha, com a letra de Vinicius de Moraes, também aparece no filme na interpretação de Baden e da cantora Márcia.
Pioneiro do samba, João da Baiana interpreta "Okekerê", de sua autoria, e "Yaô", de Pixinguinha e Gastão Vianna. Com Baden ao violão, ele toca prato e faca, sua marca como ritmista.

Bethânia, aos 22 anos, e Paulinho da Viola, aos 26, gravaram em um bar na areia de Itaipu. Ele, sem camisa. Ela, de tomara-que-caia vermelho e cabelos alisados. Juntos, cantam, de Paulinho, "Coração Vulgar", "Minhas Madrugadas" (com Candeia) e "Coisas do Mundo Minha Nega", mais "Pranto de Poeta" (Nelson Cavaquinho-Guilherme de Brito), "Pecadora" (Jair do Cavaquinho-Joãozinho da Pecadora), "Rosa Maria" (Aníbal Silva-Eden Silva) e "Tudo É Ilusão" (Aníbal-Eden-Tufy Lauar). Tudo intercalado por conversas e risadas.

Bethânia aparece ainda ao violão, acompanhando-se em "Frevo Nº 1 do Recife" (Antônio Maria) e "Pra Dizer Adeus" (Edu Lobo-Torquato Neto). Com um conjunto onde se destacam o trombonista Raul de Souza e Luiz Carlos Vinhas (1940-2001) ao piano, ela canta, do irmão Caetano Veloso, "Baby" e "Tropicália".

O filme ficou pronto naquele ano. Chegou a ser exibido na TV francesa. Depois, foi esquecido até ser descoberto pelos japoneses. Barouh, que já esteve no Brasil pelo menos umas dez vezes, tem entre seus amigos o cineasta Walter Salles Júnior, o compositor Sivuca (seu parceiro em duas composições) e o escultor Franz Krajcberg. Paulinho e Bethânia ele não encontra há pelo menos 20 anos. Ele espera, desta vez, ter a oportunidade de revê-los.


Saravah (DVD)
Direção: Pierre Barouh
Lançamento: Biscoito Fino
Quanto: R$ 35 (em média)
Quando: autógrafos, dia 6, a partir das 19h, na Fnac (av. Pedroso de Moraes, 858, SP, tel. 0/ xx/ 11/4501-3000); dia 7, às 19h30, na Livraria da Travessa de Ipanema (r. Visconde de Pirajá, 572, Rio, tel. 0/xx/21/ 3205-9002)






06/07/2005

O Globo

Música brasileira, como era em 69

Hugo Sukman


Num dia de 1959, em Salvador, Gilberto Gil ouviu “Chega de saudade”, com João Gilberto, e ficou ligando para a rádio pedindo para tocar de novo e de novo. Em São Paulo, foi Chico Buarque que mudaria sua vida ao ouvir o samba-choro de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Em Santo Amaro, diante do Bar de Bubu, foi Caetano Veloso, que começava ali a para sempre ser desafinado, enquanto no Rio, Edu Lobo decidia-se pela música ao ouvir João.

Sem nada com história tão brasileira, do outro lado do oceano o jovem francês Pierre Barouh chegava para trabalhar como chansonier numa cantina italiana de Lisboa quando um colega chamou-o num canto.

— Ouve isso — disse o colega, um tal de Sivuca, que tocava acordeom como ninguém.

A vitrola roda. O choque.

— Era “Chega de saudade” e um mundo novo se abriu para mim — recorda hoje Pierre Barouh num terraço encravado no alto do Humaitá, vendo de lá o Rio que ele, então, começou a imaginar, logo depois passou a conhecer e para sempre a amar. — Dei um jeito de vir para o Brasil num cargueiro achando que encontraria Tom, Vinicius, João. Fiquei três dias no Rio, não conhecia ninguém e não encontrei ninguém.

Barouh chegou ao Rio para filmar em pleno AI-5.

Quando, em fevereiro de 1969, Barouh desembarcou no Galeão para rodar um documentário sobre música brasileira já conhecia uma pá de gente. Mas também não encontrou quase ninguém.

— Vinicius estava fora, Caetano, Gil e Chico no exílio — diz Barouh, que chegou três meses depois do AI-5, ditadura alta. — Mas aí o Baden Powell me trouxe o Pixinguinha e o João da Baiana. E me apresentou a Paulinho da Viola e Maria Bethânia. Em três dias, filmamos.

O resultado é “Saravah”, um documentário de antologia que após décadas sumido foi lançado em DVD há um ano no Japão (e logo virou objeto de culto e correu mundo), depois na França, e agora sai finalmente no Brasil, via Biscoito Fino.

É de tirar fôlego de quem gosta de música brasileira.

Traz as únicas imagens coloridas de Pixinguinha tocando saxofone, ora fazendo um “Lamentos” com Baden ao violão, ora acompanhando João da Baiana em pontos de candomblé estilizado como “Que quere que que” e o clássico “Yaô”. Sim, há o ancestral João da Baiana cantando, dançando, ensinando a Barouh coisas sobre a religião afro-brasileira.

Há um encontro, num bar, dos jovens Maria Bethânia e Paulinho da Viola. Este, explica a Barouh o que é uma Escola de Samba, que não era apenas o que se via no carnaval, mas um dia a dia dedicado ao samba. Com Bethânia, canta sambas de terreiro de escolas como Salgueiro (“Tudo é ilusão”), Portela (“Minhas madrugadas”, “Pecadora”) e Mangueira (“Pranto de poeta”). E mostra um samba que acabara de fazer, simplesmente a obra-prima “Coisas do mundo, minha nega”, que Bethânia delira ao ouvir.

E tem Bethânia ensaiando na boate Barroco: “Baby” e “Tropicália”, “Frevo nº 1 do Recife” e “Pra dizer adeus”.

— Sempre gostei mais de ensaios do que de shows, por isso optei por filmar Bethânia ensaiando, com os músicos — diz Barouh que, meio sem querer, registrou as entranhas do show histórico de Bethânia, onde vê-se músicos como o pianista Luiz Carlos Vinhas, o trombonista Raul de Souza, entre outros.

E tem Baden no auge, seja solando virtuose em “Sermão”, seja acompanhando a afinadíssima cantora paulista Márcia em “Formosa” e “Tempo de amor”.

— Tudo isso se deveu a Baden — diz Barouh.

Tudo mesmo, não apenas os números musicais de “Saravah”. Pois, entre 1959 e 1969 o Brasil tornou-se marcante na vida de Barouh, via Baden e Vinicius.

— Uma vez, em 65, estava num bistrô do Leblon com Baden, Vinicius e um pessoal de música. Ouvi “Samba da benção” e, ali, a pedido do Vinicius, fiz a versão francesa.

No dia seguinte, Barouh voltaria para a França para rodar “Um homem, uma mulher”, de Claude Lelouch, filme no qual foi ator, co-autor da trilha-sonora (as letras para os famosos temas de Francis Lai) e que ganharia a Palma de Ouro em Cannes. O sucesso musical do filme, “Samba Saravah”, só entrou porque Lelouch ouviu a versão que Barouh fizera do “Samba da benção”. O Brasil era mesmo destino.










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