El 21 de febrero de 2001, el álbum “João voz e violão”, producido por Caetano Veloso, recibió el Premio Grammy (43rd Annual Grammy Awards) como Mejor Álbum en la categoría Word Music.
1999 - JOÃO GILBERTO
Álbum “João voz e violão”
Universal Music CD 546713-2
1. DESDE QUE O SAMBA É SAMBA (Caetano Veloso)
2. VOCÊ VAI VER (Tom Jobim)
3. ECLIPSE (Margarita Lecuona)
4. NÃO VOU PRA CASA (Antônio Almeida/Roberto Roberti)
5. DESAFINADO (Tom Jobim/Newton Mendonça)
6. EU VIM DA BAHIA (Gilberto Gil)
7. CORAÇÃO VAGABUNDO (Caetano Veloso)
8. DA COR DO PECADO (Bororó)
9. SEGREDO (Herivelto Martins/Marino Pinto)
10. CHEGA DE SAUDADE (Tom Jobim/Vinicius de Moraes)
O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 13 de janeiro de
2000
JOÃO, VOZ E VIOLÃO
Mauro Dias
Melhor do que ouvir Araci de
Almeida cantando Camisa Amarela, só ouvir Nora Nei cantando Menino Grande ou Nara Leão cantando Diz Que Fui por aí. Melhor do que isso, só mesmo
o silêncio. E melhor que o silêncio só João. É a conclusão a que chega Caetano
Veloso nos versos da bossa nova Pra Ninguém. A música é a última faixa do disco
Livro, com o qual Caetano está concorrendo ao Grammy deste ano.
É, mais uma vez, a confissão da adoração de Caetano por João Gilberto. Foi ao ouvi-lo, há 41 anos, pelo serviço de alto-falantes da praça central de Santo Amaro da Purificação, que Caetano resolveu ser músico. E o tempo fez do ídolo o idolatrado. Caetano é o produtor do novo disco de João Gilberto: João Voz e Violão (sem a vírgula depois do nome do cantor), lançamento da gravadora Universal, que chega às lojas no fim de semana. Dez faixas, apenas, pouco mais de 30 minutos de música. Duas das músicas são de Caetano Veloso: Coração Vagabundo, da fase pré-tropicalista (saiu no disco Domingo, que Caetano dividiu com Gal Costa, em 1967) e Desde Que o Samba É Samba, originalmente no disco com que, em 1993, Caetano e Gilberto Gil comemoravam os 25 anos da explosão tropicalista.
"Eu jamais sugeriria canções minhas a João", disse o produtor-compositor Caetano, em entrevista transcrita no libreto que acompanha os exemplares de divulgação de João Voz e Violão. "Mas ele me surpreendeu com duas", admite. "Nunca imaginei que João fosse gravar Desde Que o Samba É Samba", conta. "Achei maravilhoso."
Caetano nem se considera produtor do CD, de fato. "Eu fui uma espécie de produtor executivo do João, não do disco", diz. A idéia de João Gilberto era regravar algumas músicas de seus três primeiros discos - Chega de Saudade, de 1959, O Amor, o Sorriso e a Flor, de 1960, e João Gilberto, de 1961. Foram os discos que deram cara à bossa nova. A rigor, são não apenas os discos inaugurais do movimento, mas sua súmula: contêm tudo o que é indispensável a uma discoteca da bossa. Mas Caetano conveceu João a selecionar outras músicas.
No entanto, duas músicas daqueles três discos entraram no repertório de João Voz e Violão: Desafinado, de Tom Jobim e Newton Mendonça, e Chega de Saudade, de Tom e Vinícius de Morais. E há mais uma regravação, no novo disco: Eclipse, de Ernesto Lecuona, cantada em espanhol, como João havia feito no disco João Gilberto en Mexico, de 1979.
Completando o repertório estão Você Vai Ver, letra e música de Tom Jobim, que Tom havia gravado em dueto com a mulher, Ana Lontra Jobim, em 1980; Não Vou pra Casa, número pouco conhecido de Antônio Almeida e Roberto Riberti, de 1941; Eu Vim da Bahia, de Gilberto Gil, sucesso original nas vozes do Quarteto em Cy, no fim dos anos 60; Da Cor do Pecado, de Bororó, samba lento lançado em 1939 por Sílvio Caldas, que João canta em shows, mas nunca havia gravado; e Segredo, de Herivelto Martins e Marino Pinto, gravado primeiro, com enorme êxito, por Dalva de Oliveira, em 1947.
Banquinho, violão - A imagem da bossa nova está associada ao banquinho e ao violão tanto quanto à figura de João Gilberto, com seu indefectível terno marrom, figura sóbria, de óculos, pernas cruzadas, contrição ao tocar e cantar. No entanto, João Gilberto nunca havia gravado, em estúdio, um disco só de voz e violão. Há discos seus de voz e violão, sim, mas gravados ao vivo, com ruídos de platéia, interferências diversas.
E João Gilberto é melhor em estúdio, onde pode estar à vontade consigo e com sua arte. Tanto que João Voz e Violão foi gravado em meros dois dias, no ano passado. O disco custou para sair porque havia a hipótese de ser, posteriormente, acrescentada orquestra às faixas já gravadas. Jaques Morelenbaum escreveria os arranjos. Mas João não conseguia decidir-se. Ora preferia o disco como estava - voz e violão -, ora imaginava como seriam as orquestrações (que Morelenbaum não chegou a escrever, ao contrário do que andou sendo divulgado: o arranjador esperava a palavra do cantor para começar o trabalho). Por fim, Caetano Veloso convenceu João Gilberto de que o disco deveria ficar como estava. E aí está o primeiro voz e violão de estúdio do cantor. Melhor do que isso, nada.
É, mais uma vez, a confissão da adoração de Caetano por João Gilberto. Foi ao ouvi-lo, há 41 anos, pelo serviço de alto-falantes da praça central de Santo Amaro da Purificação, que Caetano resolveu ser músico. E o tempo fez do ídolo o idolatrado. Caetano é o produtor do novo disco de João Gilberto: João Voz e Violão (sem a vírgula depois do nome do cantor), lançamento da gravadora Universal, que chega às lojas no fim de semana. Dez faixas, apenas, pouco mais de 30 minutos de música. Duas das músicas são de Caetano Veloso: Coração Vagabundo, da fase pré-tropicalista (saiu no disco Domingo, que Caetano dividiu com Gal Costa, em 1967) e Desde Que o Samba É Samba, originalmente no disco com que, em 1993, Caetano e Gilberto Gil comemoravam os 25 anos da explosão tropicalista.
"Eu jamais sugeriria canções minhas a João", disse o produtor-compositor Caetano, em entrevista transcrita no libreto que acompanha os exemplares de divulgação de João Voz e Violão. "Mas ele me surpreendeu com duas", admite. "Nunca imaginei que João fosse gravar Desde Que o Samba É Samba", conta. "Achei maravilhoso."
Caetano nem se considera produtor do CD, de fato. "Eu fui uma espécie de produtor executivo do João, não do disco", diz. A idéia de João Gilberto era regravar algumas músicas de seus três primeiros discos - Chega de Saudade, de 1959, O Amor, o Sorriso e a Flor, de 1960, e João Gilberto, de 1961. Foram os discos que deram cara à bossa nova. A rigor, são não apenas os discos inaugurais do movimento, mas sua súmula: contêm tudo o que é indispensável a uma discoteca da bossa. Mas Caetano conveceu João a selecionar outras músicas.
No entanto, duas músicas daqueles três discos entraram no repertório de João Voz e Violão: Desafinado, de Tom Jobim e Newton Mendonça, e Chega de Saudade, de Tom e Vinícius de Morais. E há mais uma regravação, no novo disco: Eclipse, de Ernesto Lecuona, cantada em espanhol, como João havia feito no disco João Gilberto en Mexico, de 1979.
Completando o repertório estão Você Vai Ver, letra e música de Tom Jobim, que Tom havia gravado em dueto com a mulher, Ana Lontra Jobim, em 1980; Não Vou pra Casa, número pouco conhecido de Antônio Almeida e Roberto Riberti, de 1941; Eu Vim da Bahia, de Gilberto Gil, sucesso original nas vozes do Quarteto em Cy, no fim dos anos 60; Da Cor do Pecado, de Bororó, samba lento lançado em 1939 por Sílvio Caldas, que João canta em shows, mas nunca havia gravado; e Segredo, de Herivelto Martins e Marino Pinto, gravado primeiro, com enorme êxito, por Dalva de Oliveira, em 1947.
Banquinho, violão - A imagem da bossa nova está associada ao banquinho e ao violão tanto quanto à figura de João Gilberto, com seu indefectível terno marrom, figura sóbria, de óculos, pernas cruzadas, contrição ao tocar e cantar. No entanto, João Gilberto nunca havia gravado, em estúdio, um disco só de voz e violão. Há discos seus de voz e violão, sim, mas gravados ao vivo, com ruídos de platéia, interferências diversas.
E João Gilberto é melhor em estúdio, onde pode estar à vontade consigo e com sua arte. Tanto que João Voz e Violão foi gravado em meros dois dias, no ano passado. O disco custou para sair porque havia a hipótese de ser, posteriormente, acrescentada orquestra às faixas já gravadas. Jaques Morelenbaum escreveria os arranjos. Mas João não conseguia decidir-se. Ora preferia o disco como estava - voz e violão -, ora imaginava como seriam as orquestrações (que Morelenbaum não chegou a escrever, ao contrário do que andou sendo divulgado: o arranjador esperava a palavra do cantor para começar o trabalho). Por fim, Caetano Veloso convenceu João Gilberto de que o disco deveria ficar como estava. E aí está o primeiro voz e violão de estúdio do cantor. Melhor do que isso, nada.
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