“Numa excursão pelo Brasil com o show Muito, creio, no final dos anos 70, recebi, no hotel em Teresina, a visita de Dr. Eli, o pai de Torquato. Eu já o conhecia pois ele tinha vindo ao Rio umas duas vezes. Mas era a primeira vez que eu o via depois do suicídio de Torquato.
Torquato estava, de certa forma, afastado das pessoas todas. Mas eu não o via desde minha chegada de Londres: Dedé e eu morávamos na Bahia e ele, no Rio (com temporadas em Teresina, onde descansava das internações a que se submeteu por instabilidade mental agravada, ao que se diz, pelo álcool).
Eu não o vira em Londres: ele estivera na Europa mas voltara ao Brasil justo antes de minha chegada a Londres. Assim, estávamos de fato bastante afastados, embora sem ressentimentos ou hostilidades. Eu queria muito bem a ele. Discordava da atitude agressiva que ele adotou contra o Cinema Novo na coluna que escrevia, mas nunca cheguei sequer a dizer-lhe isso.
No dia em que ele se matou, eu estava recebendo Chico Buarque em Salvador para fazermos aquele show que virou disco famoso. Torquato tinha se aproximado muito de Chico, logo antes do tropicalismo: entre 1966 e 1967. A ponto de estar mais freqüentemente com Chico do que comigo. Chico eu eu recebemos a notícia quando íamos sair para o Teatro Castro Alves. Ficamos abalados e falamos sobre isso. E sobre Torquato ter estado longe e mal.
Mas eu não chorei. Senti uma dureza de ânimo dentro de mim. Me senti um tanto amargo e triste mas pouco sentimental. Quando, anos depois, encontrei Dr. Eli, que sempre foi uma pessoa adorável, parecidíssimo com Torquato, e a quem Torquato amava com grande ternura, essa dureza amarga se desfez. E eu chorei durantes horas, sem parar.
Dr. Eli me consolava, carinhosamente. Levou-me à sua casa. D. Salomé, a mãe de Torquato, estava hospitalizada. Então ficamos só ele e eu na casa. Ele não dizia quase nada. Tirou uma rosa-menina do jardim e me deu. Me mostrou as muitas fotografias de Torquato distribuídas pelas paredes da casa. Serviu cajuína para nós dois. E bebemos lentamente. Durante todo o tempo eu chorava.
Diferentemente do dia da morte de Torquato, eu não estava triste nem amargo. Era um sentimento terno e bom, amoroso, dirigido a Dr. Eli e a Torquato, à vida. Mas era intenso demais e eu chorei. No dia seguinte, já na próxima cidade da excursão, escrevi Cajuína.”
Torquato estava, de certa forma, afastado das pessoas todas. Mas eu não o via desde minha chegada de Londres: Dedé e eu morávamos na Bahia e ele, no Rio (com temporadas em Teresina, onde descansava das internações a que se submeteu por instabilidade mental agravada, ao que se diz, pelo álcool).
Eu não o vira em Londres: ele estivera na Europa mas voltara ao Brasil justo antes de minha chegada a Londres. Assim, estávamos de fato bastante afastados, embora sem ressentimentos ou hostilidades. Eu queria muito bem a ele. Discordava da atitude agressiva que ele adotou contra o Cinema Novo na coluna que escrevia, mas nunca cheguei sequer a dizer-lhe isso.
No dia em que ele se matou, eu estava recebendo Chico Buarque em Salvador para fazermos aquele show que virou disco famoso. Torquato tinha se aproximado muito de Chico, logo antes do tropicalismo: entre 1966 e 1967. A ponto de estar mais freqüentemente com Chico do que comigo. Chico eu eu recebemos a notícia quando íamos sair para o Teatro Castro Alves. Ficamos abalados e falamos sobre isso. E sobre Torquato ter estado longe e mal.
Mas eu não chorei. Senti uma dureza de ânimo dentro de mim. Me senti um tanto amargo e triste mas pouco sentimental. Quando, anos depois, encontrei Dr. Eli, que sempre foi uma pessoa adorável, parecidíssimo com Torquato, e a quem Torquato amava com grande ternura, essa dureza amarga se desfez. E eu chorei durantes horas, sem parar.
Dr. Eli me consolava, carinhosamente. Levou-me à sua casa. D. Salomé, a mãe de Torquato, estava hospitalizada. Então ficamos só ele e eu na casa. Ele não dizia quase nada. Tirou uma rosa-menina do jardim e me deu. Me mostrou as muitas fotografias de Torquato distribuídas pelas paredes da casa. Serviu cajuína para nós dois. E bebemos lentamente. Durante todo o tempo eu chorava.
Diferentemente do dia da morte de Torquato, eu não estava triste nem amargo. Era um sentimento terno e bom, amoroso, dirigido a Dr. Eli e a Torquato, à vida. Mas era intenso demais e eu chorei. No dia seguinte, já na próxima cidade da excursão, escrevi Cajuína.”
[6/6/2006, Blog do Jorge Bastos Moreno: CAETANO VELOSO FALA DE CAJUÍNA]
Música y letra: Caetano Veloso
© 1979 Ed. Gapa / Warner Chappell
Existirmos - a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos, intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina
com Geraldo Brito em Teresina
com Geraldo Brito em Teresina
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1979 - CAETANO VELOSO
6091 7350 / 2:20
Álbum "Cinema Transcendental"
Philips LP 6349 436, B-3.
CD 838.289-2, Track 9.
1981 - ELBA RAMALHO
6137 0967 / 3:04
Álbum "Elba"
Epic/CBS LP 144.458, B-4.
1981 - ELBA RAMALHO
Álbum Elgin [Promocional]
Álbum Elgin [Promocional]
Discos CBS EP n° 640.014, B-2
1981 – RENATO ARAGÃO
Álbum “O Forró dos Trapalhões”
Ariola LP 201.625, B-1.
1981 - BETH GOULART
Álbum “Vida” / ”Cajuína”
Philips S 7” nº 6069 244-B.
1991 – GERALDO BRITO
Canta: João Cláudio
Álbum “Teresina canta Theresina” [Varios intérpretes]
Prefeitura de Teresina LP 101.931, B-1.1.
1994 – OFICINA DE CORDAS, TREM DE CORDA, DUO BEM TEMPERADO,
GRUPO ANIMA
Álbum “Trilhas”
Independente CD 199000328, Track 12.
1995 - GAL COSTA
6573 0640 / 2:19
Álbum "Mina d'água do Meu Canto"
BMG / RCA LP 7432126323-1, A-5.
BMG / RCA CD 7432126323-2, Track 5.
1995 - TRIO MAFUÁ
[Zezé Vilhora / Beppe Fornaroli / Marquinho Baboo]
Álbum “Tanta saudade”
Nuova Durium di Milano CD 208, Track 9. [Italia]
1996 - BAMDA MEL
6650 4988 / 2:40
Álbum "Axé - Caê! Jovens Baianos Cantam Caetano"
Mercury/PolyGram 532 444-2, Track 7.
1996 – TRIO VIRGULINO
Álbum “Trio Virgulino ao vivo”
Independente CD, Track 1.2.
1996 – FEMMOUZES T.
[Rita Macedo / Françoise Chapuis]
Álbum “Femmouzes T.”
Willing Productions CD WG 9602, Track 4. [Francia]
Willing Productions CD WG 9602, Track 4. [Francia]
1997 - RENATO GRINBERG
Instrumental
Álbum "Caetano Sem Palavras"
Camerati CD, Track 5.
1997 – AQUILO DEL NISSO
Instrumental
Álbum “Festa Brasileira”
Visom Digital VICD 00098, Track 5.
1999 - ELBA RAMALHO
Álbum "Solar"
BMG / RCA 2 CD’s 7432170243-2, CD 1 (estudio), Track 5.
1999 - CAETANO VELOSO
6909 0191 / 2:21
Álbum "Omaggio a Federico e Giulietta"
Gravado ao vivo em Teatro Nuevo, Dogana - RSM (República de San Marino) nos dias 28,29 e 30 de outubro de 1997
Universal Music CD 7314546638-2, Track 12.
1999 – RITA
[“Concertina Palestina” [Cajuína] (Caetano Veloso – Versión
en hebreo]
Álbum
“Tiftach Chalon” [Open a window]
Helicon Records 2 CD’s, CD 1, Track 8 HL8166 [Israel]
Helicon Records 2 CD’s, CD 1, Track 8 HL8166 [Israel]
2000 - PATRIZIA LAQUIDARA
Álbum “Para Você Querido Caé”
AudioRecords/Velut Luna CD 276537, Track 12. [Italia]
2001 - GILBERTO GIL
Álbum "São João Vivo!"
Gravado ao vivo na sala Via Funchal, em São Paulo, em 11 de junho de 2000.
Warner Music CD 809274605221, Track 8.1. | DVD 5051011943720, Track 10.1. [2007]
2001 - CAETANO VELOSO
BRMCA0100606 / 4´44”
Álbum “Noites do Norte ao Vivo”
Gravado ao vivo, nos dias 15 de julho de 2001 no Direct TV Hall, São Paulo e 06 e 07 de agosto de 2001 na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, Salvador.
Universal Music 2CD’s 04400165272, CD 2, Track 10.
DVD (2002) 548362-9, Track 26.
2001 - LEGIÃO URBANA
Álbum “Como é que se diz eu te amo”
Gravado ao vivo no Metropolitan – Rio de Janeiro, nos dias 08 e 09/10/94.
EMI Music 2 CD’s 531608 2, CD 2, Track 13.2.
2001 – ARMANDINHO MACEDO
Instrumental
Álbum “A Voz do Bandolim” – Caetano & Gil
Visom Digital VICD 00123, Track 7.1.
2002 – CAIANA
[Thiago Lopes / Gilvan / Cassio Zerbinato / Ledu / Daniel Lopes]
Álbum “Girassóis”
Continental/Warner Music CD 092744591-2, Track 5.
2003 - LUIZ CALDAS
Álbum “Luz e Fogueira”
Independente CD EEMB-0016, Track 2.
2002 – CAETANO VELOSO/JORGE MAUTNER
BRMCA0200404 / 3:12
Álbum “Eu Não Peço Desculpa”
Universal Music CD 04400645192, Track 12.
2005 - FERNANDO ROCHA E NONATO LUIZ
6845866-0 /
Álbum “Palavra Nordestina”
Rocha Sonora/Tratore CD 7898369063636, Track 15.
2006 – CIBELLE
Álbum “The shine of dried electric leaves”
Six Degrees Records/Crammed Discs CD Cram 123, Track 14. [EE. UU.]
2006 - FORRO IN THE DARK
[Mauro Refosco / Jorge Continentino / Smokey Hormel / Guilherme Monteiro / Gilmar Gomes / Davi Vieira]
Instrumental
Álbum “Bonfires of São João”
Nublu Records CD NUB00009, Track 10. [EE. UU.]
2010 – CLARA SANDRONI
Álbum “Gota Pura”
Biscoito Fino CD BF 337, Track 4.
2012 - TOMÁS JENSEN
Álbum “Face A | Face B - Hommage à Caetano Veloso”
Disques L-Abe LABECD 1986, Track 2. [Canadá]
2012 – CLARICE ASSAD
Álbum
“Home”
Adventure
Music CD823421106928, Track 3. [EE. UU.]
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2012 – ELBA RAMALHO con
Participación Especial: CAETANO VELOSO
Álbum “São João Carioca” [Varios intérpretes]
Gravado em 12 de junho de 2011 na Quinta da Boa Vista (RJ)
Som Livre CD 7891430246624, Track 13. | DVD 7891430068394, Track 18.
2016 – TONY CANTO
Álbum
“Moltiplicato”
["Ma chi lo sa" - Versión en italiano: Max
de Tomassi]
Leave Music CD, Track 6. [Italia]
2017
– CIDA MOREIRA
Álbum “Soledade solo”
Gravado ao vivo em
2016 na Casa de Francisca, na cidade de São Paulo (SP)
Joia Moderna CD 789998990635-8, Track 2.
2019 - ZÉ LOURENÇO E FABIANO BIANCO
Álbum “Gil, Chico e Caetano”
Independente 2 CD’s, CD1 ZL&FB02,
Track 10. │ CD2 ZL&FB01
2022 – MÚ CARVALHO
Instrumental
Álbum “Trem das cores” - MÚ CARVALHO INTERPRETA CAETANO VELOSO
Boogie Woogie Music BW2022001,
Track 2.
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