“Fui delineando
minha carreira na
emoção da juventude,
sem a noção de que o
meu trabalho poderia
ser eterno, por isso
fico comovida de ver
que essa história já
está registrada”
Gal Costa, Revista CLAUDIA, Abril 2022
2021 - Fonte: Reprodução/Instagram |
Gal Costa anuncia estreia de fotobiografia inédita para março de 2022
GUILHERME
ARAUJO
21/12/2021
A cantora Gal Costa publicou nesta terça-feira (21/12), em seu perfil no Instagram, um vídeo em que revela ao público um lançamento literário. Batizada com o nome da artista, a obra deve repassar sua vida e obra em fotografias e textos inéditos.
A organização é do diretor artístico do show “As Várias Pontas de uma Estrela”, Marcus Preto, Leo Lichote e Omar Salomão. A coordenação é de Ana Basbaum e a pesquisa, por sua vez, fica a cargo do jornalista Renato Vieira e do produtor Arlindo Hartz.
Ainda não está claro qual será a editora responsável por colocar a novidade no mercado. O livro, que deve encerrar as comemorações dos 75 anos de Gal, também simboliza o primeiro lançamento de um material biográfico da artista.
Atualmente, após um afastamento forçado dos palcos em virtude da pandemia, a musa da Tropicália voltou à estrada e segue em turnê. Em 2020, ela lançou o disco “Nenhuma Dor”, que celebra a partir de uma delicada curadoria sua trajetória na música.
A
compilação revive clássicos do repertório em versões inéditas, gravadas ao lado
de nomes como Jorge Drexler, Seu Jorge, Criolo e Silva. Ouça nas plataformas de
streaming.
1970 - Gal
ensaiando nos Estúdios da Radio Televisão Portuguesa (RTP) Fotos: Claudio Mello e Souza |
2022
Revista VOGUE
Março 2022
Págs. 90-91
Gal Costa
Organização: Leonardo Lichote, Marcus Preto, Omar
Salomão
BEĨ Editora
SINOPSE
Gal Costa é mais que um livro de fotografias. O mais novo lançamento da BEĨ compõe um quadro da trajetória intensa e prolífica de uma artista que nasceu com a Tropicália mas não para de se reinventar.
Um quadro incompleto, certamente, mas que inteira o leitor de 2022 da contribuição de Gal Costa para a música brasileira. Um legado vivo, do qual se apropriam artistas de toda uma nova geração de cantores e compositores que inclusive trabalharam com a cantora em seus últimos discos, e que não deixa de ser explorado no livro.
Organizado por Leonardo Lichote, Marcus Preto e Omar Salomão, o volume conta com depoimentos e entrevistas da cantora – uma delas ao lado de Maria Bethânia –, contribuições de nomes como Caetano Veloso e Zé Simão, além de textos assinados por importantes estudiosos da cultura brasileira – entre eles Antonio Risério, Júlio Diniz, Pedro Duarte e Renato Vieira.
Textos e fotos tratam da influência de João Gilberto, do período com os Doces Bárbaros, da parceria artística com Waly Salomão, de histórias deliciosas como a da gravação de “Um dia de domingo” com Tim Maia, e da consagração de Gal como uma das matriarcas da MPB.
“Quantas artistas há em Gal Costa? Quantas vozes já
passaram por sua garganta e quantas ainda estão por atravessá-la nos próximos
anos e depois?”, é o que pergunta Preto na introdução ao volume. Essa constante
metamorfose dá forma a Gal Gosta, um mosaico visual e intelectual da obra da
cantora, em si múltiplo e diverso como ela.
PROJETO
GRÁFICO
Omar Salomão
TEXTOS
Gal
Costa, Antonio Risério, Leonardo Lichote, Júlio Diniz, Marcus Preto, Omar
Salomão, Pedro Duarte, Renato Vieira.
264 pág.
29/3/2022 - Jornalismo Musical |
30/3/2022 - Pesquisa Musical e Acervos da Música Brasileira |
3/4/2022 - São Paulo |
3/4/2022 - Leonardo Lichote e Marcus Preto, organizadores do livro |
●●
P. 1 - Foto
para o primeiro disco solo de Gal, gravado em 1968. Foto:
Cynira Arruda |
P. 2 - Gal em 1974, apresentando o show Cantar em São Paulo Foto: Agilson Gavioli |
.
P. 3 – Foto: Jorge Bodanzky |
P.
5 – Show Índia, 1973 – Foto: Nilton
Ricardo |
P. 6 – Foto: Marco Antônio Cavalcanti |
P. 7 - Gal e Gilberto Gil no período do show Até 73 (1972), que fizeram juntos. Fotógrafo desconhecido. |
P.
8 – Início dos anos 1970 – Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã |
P. 9 - Em maio de 1969, divulgando o primeiro álbum solo. Foto: Arquivo/ Agência O Globo |
P. 10 - Foto: Bob Wolfenson |
P. 11 – Gal e a cachorra Joplin, batizada em homenagem a Janis Joplin Foto: Thereza Eugênia |
P. 12 – Gal e o grupo The Bubbles, que a acompanhou em
1970. Foto: Carlos Leonam/Arquivo
Nacional/ Fundo Correio da Manhã |
P. 13 - Foto: Bob Wolfenson |
P.
14 – Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã |
P.
17 – Ensaio comemorativo dos 75 anos de Gal para a revista Vogue Foto:
Bob Wolfenson/ Acervo Vogue (2021) |
P.
18 – Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã |
P. 19 - Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã |
P. 20 – Foto: Anizio
Carvalho |
P.
22 – Foto: Arquivo Público do Estado de São Paulo |
P.
26 - Foto: Bob Wolfenson/ Acervo Vogue (2020) |
P.
29 – Itapuã, Salvador – Início dos anos 1970 - Foto: Antônio Bastos |
meu
nome
é
gal
Nasci na Barra Avenida,
Bahia
P.
34 – Itapuã, Salvador – Início dos anos 1970 - Foto: Antônio Bastos |
P.
36 – Itapuã, Salvador – Início dos anos 1970 - Foto: Antônio Bastos |
P.
37 – Itapuã, Salvador – Início dos anos 1970 - Fotos: Antônio Bastos
|
P. 38 - Itapuã, Salvador – Início dos anos 1970 - Fotos: Antônio Bastos |
P. 39 - Itapuã, Salvador – Início dos anos 1970 - Fotos: Antônio Bastos |
P. 40 - Itapuã, Salvador – Início dos anos 1970 - Fotos: Antônio Bastos |
P. 44 - Foto: Acervo Gal Costa |
P. 45 - Com a mãe, dona Mariah |
P. 45 - Imagens
da infância de Gal em Salvador
Fotos do acervo Gal Costa
P. 47 e 48 – Em 1967, no periodo de lançamento do disco Domingo, gravado com Caetano Veloso - Fotos: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã
P.
50 – Acervo Museu da Imagem e do Som de São Paulo |
P. 54 - Foto: Arquivo/ Agência O Globo |
P.
55 -62
De Gracinha a
Divino Maravilhoso
RENATO
VIEIRA
P. 57 – Show no Rio de Janeiro, ao lado de Caetano Veloso e Sidney Miller (ao fundo, no escuro) - Fotógrafo desconhecido |
P.
57 – Foto: Revista Manchete |
Foto: Revista Manchete n° 922 - 20/12/1969 |
P.
60 – Gal canta “Divno, Maravilhoso” no Festival da Record. Foto:
Acervo Museu da Imagem e do Som de São Paulo |
P.
66 – Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã |
P.
70 - Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã |
P.
77 – Foto: Wilma Grunfeld/Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã |
P.
84 – Gal pela lente de Thereza Eugênia. |
P. 85 – Gal e Wally Salomão, que a dirigiu diversas vezes nos palcos. Foto:
Thereza Eugênia. |
P.
86 – Uma cantora a todo vapor – Foto: Maurício Cirne – Arquivo Nacional |
P.
89 – O teatro Tereza Rachel, em Copacabana, recebeu o espetáculo que daria
origem ao disco Fa-Tal. Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã |
P.
96 – Gal se apresenta no Festival Internacional da Canção de 1972. Foto: U. Dettmar.
Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã. |
P.
98 – Na praia, o lugar de comunhão entre artistas, hippies
e queles que queriam liberdade em plena
ditadura militar. Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã |
P.
110 – Temporada do show Índia (1973) em São Paulo. Foto: Agilson Gavioli |
P. 116 – Foto: Marco Antônio Cavalcanti |
P.
122 – 123 – O show Doces Bárbaros (1976) marcou a primeira reunião de Gal,
Bethânia, Caetano e Gil desde que o quarteto deixou a Bahia. Foto: Ricardo
Beliel |
P.
124 - Foto: Paulo Ricardo |
P.
125 – Foto: Paulo Ricardo |
P.
126 – Com André Midani, presidente da Phonogram, gravadora na qual Gal
permaneceu de 1966 a 1983 – Foto: Arquivo Público do Estado de São Paulo
gal &
bethânia
P.
160 – Ney Matogrosso convidou Gal para gravar “Espinha de Bacalhau” em 1981.
Fotos:
Wilton Montenegro
P.
171 - Com Lulu Santos, autor de varias
músicas do disco Lua de mel como o diabo
gosta.
Foto:
Cristina Granato |
P. 172 - Gal
Costa, Cor Van Dijk (presidente da PolyGram), o produtor Marco Mazzola, Milton
Nascimento e o técnico de gravação Luigi Hoffer. |
P. 176 - Foto: Acervo Lúcia Veríssimo |
P. 176 - Foto: Acervo Lúcia Veríssimo |
P. 176 - Foto: Acervo Lúcia Veríssimo |
P. 177 - Foto: Acervo Lúcia Veríssimo |
P. 180 - Foto: Acervo Lúcia Veríssimo |
P. 203 – Foto: Thereza Eugênia. Acervo Antonio Carlos Jobim / Instituto Antonio Carlos Jobim |
P.
208 – Gal Costa e Gilberto Gil cantam juntos em 1994. Foto: Beti Niemeyer |
P.
209 – Com Plácido Domingo e Tom Jobim - Concerto para a Vida (1992) |
P. 209 - Gal Costa e Paulo Ricardo - Foto: Cristina Granato |
|
P. 209 - Herbert Vianna e Gal Costa - Foto: Cristina Granato |
P. 223 – Com Marcus Preto, director artístico dos projetos de Gal desde 2013 Foto: Giovana Chanley |
P. 225 – Foto: Daryan Dornelles |
P.
240 - Foto: Bob Wolfenson/ Acervo Vogue (2021) |
P. 246 - Foto: Giovana Chanley |
P.
248 - Gal ao lado de Mãe Menininha do
Gantois. Fotógrafo desconhecido |
2022
Revista CLAUDIA
Abril
Famosos
Seu
nome
ainda é
Gal
Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã/ CLAUDIA |
Trajetória da cantora Gal Costa é revisitada
em livro que reúne mais de uma centena
de fotografias e constrói um mapa das suas
atitudes livres e empoderadas desde os anos
1960. Aqui, em entrevista exclusiva, ela reflete
sobre memória, carreira e desejos de futuro.
TEXTO DIRCEU ALVES JR.
7 abr 2022
Em uma entrevista ao jornalista e produtor Ronaldo Bôscoli, em maio de 1977, Gal Costa, com 31 anos, pede licença para ser feminista – na época, talvez fosse necessário – e afirma que considera a mulher um ser superior aos representantes do sexo masculino. “O homem ser mais forte, poder mais que a mulher, é uma coisa transferida a ele pela sociedade. E, muitas vezes, isso o faz mais fraco”, disse. “Eles não têm muito pelo que lutar e eu desconfio dos que conquistam as coisas sem luta”, completou a cantora nas páginas da revista Manchete.
Lembrada de tal declaração, incluída entre as reportagens reproduzidas na recém-lançada fotobiografia Gal Costa (Editora Bei, 264págs., R$ 145), a estrela assina embaixo das palavras publicadas um tempo em que o Brasil vivia sob uma ditadura militar. “Nossa, é exatamente isso. Acho que faço parte da primeira geração de mulheres que conquistou o direito de existir, de manifestar as próprias ideias, porque antes todas vinham de uma educação castradora, eram humilhadas”, comenta, aos 76 anos, na tentativa de compreender o seu papel em um mapa redesenhado a partir da década de 1960. “Talvez essa mudança tenha acontecido porque nós, que nos tornamos adultas nessa fase, já chegamos com aspirações de liberdade, de trabalhar e cuidar da nossa vida.”
O livro, organizado pelo jornalista Leonardo Lichote, o produtor Marcus Preto e o poeta Omar Salomão, sob coordenação de Ana Basbaum, refaz em mais de uma centena de imagens o percurso artístico, comportamental e, dentro do possível, íntimo da musa incontestável da MPB. Grande parte delas é inédita, recuperadas em arquivos de amigos e fotógrafos, que comprovam o empoderamento crescente e o amadurecimento de uma profissional em quase seis décadas de carreira. São sutilezas que hoje passariam batidas, como posar de pernas abertas, usar pequenos biquínis ou se apresentar com a barriga de fora, mas que causavam furor e serviam de modelo, mesmo sem ela se esforçar, para uma geração libertária.
Nada, nem um retrato, veio do baú de Gal. Aliás, esse baú nem existe. “Nunca me preocupei em guardar essas coisas e até me arrependo de não ter contratado alguém para cuidar de um acervo meu”, confessa. O pouco interesse na preservação do passado não deixa de ser coerente com uma artista que rejeita o saudosismo e descarta, inclusive, a possibilidade de escrever uma biografia mais aprofundada. “Fui delineando minha carreira na emoção da juventude, na vontade fazer as coisas e sem a noção de que o meu trabalho poderia ser eterno, por isso fico comovida de ver que essa história já está registrada”, justifica.
Muitas destas imagens falam por si, mas saltam em relevância
diante da costura de ensaios inéditos assinados pelos três organizadores e
pelos pesquisadores da cultura brasileira Antonio Risério, Júlio Diniz, Pedro Duarte e Renato Vieira. Os textos
estruturam de forma analítica a carreira de Gal e abrem espaço para histórias
de bastidores, como o duelo de vaidades travado entre ela e o cantor Tim Maia
até chegar ao resultado da gravação da música “Um Dia de Domingo”, em 1985.
“Fui
delineando minha carreira
na
emoção da juventude, sem a
noção
de que o meu trabalho
poderia
ser eterno, por isso fico
comovida
de ver que essa história
já
está registrada”
Uma fresta para vida pessoal é aberta pelas reportagens, a exemplo de uma em que a artista fala da ligação com a psicanálise – “A análise foi uma busca para não perder a minha identidade e não me confundir com o mito” – ou uma entrevista, em 1974, que a juntou a Maria Bethânia. “Ela era a mais quietinha do grupo, desprotegida. Era muito bobinha e ficava sempre calada, encolhida pelos cantos. Depois, aqui no Rio, mudou um pouco”, entrega a colega e amiga desde o fim da adolescência. Textos do compositor Caetano Veloso, falando sobre o processo do álbum Recanto (2011), e do jornalista José Simão, que trata do agito em torno das míticas Dunas da Gal, na Praia de Ipanema, completam a coletânea.
Ao folhear as páginas, porém, a artista reconhece que suas transgressões significavam emancipação e uma boa parte dessa herança é creditada a sua mãe, Dona Mariah, que morreu em 1993. “Tenho um orgulho enorme de minha mãe porque ela sofreu muito para criar uma filha sozinha e sempre me deu bastante liberdade, algo incomum naquela Bahia em que vivíamos”, diz, citando que os pais se separaram antes de seu nascimento e ela cresceu longe de uma presença masculina. Vem de Mariah a capacidade que Gal reconhece ter para não dar ouvidos ao que as pessoas falam ao seu respeito – ainda mais na era das redes sociais – e boa parte do espelho para a educação de Gabriel, seu filho, de 16 anos. “Até para, em certos casos fazer o oposto, porque minha mãe, por excesso de amor, talvez não tenha posto algumas coisas na balança durante a minha criação.”
Uma felicidade para Gal é ter a intuição de que essa história está longe do fim. “Eu me vejo aos 90 anos cantando e fazendo as coisas que gosto, talvez em espetáculos intimistas, gravações esporádicas, mas trabalhando”, aposta. E, no livro, ela se mostra boa de premonições. Lá pelos 12 anos, em Salvador, percebeu muita gente na rua correndo atrás de um cantor em busca de um autógrafo. Achou aquilo uma tolice. Ao mesmo tempo, contudo, se enxergou, adulta, em uma situação semelhante, assinando pedaços de papel para fãs. Décadas mais tarde, consagrada, recorda o dia em que o empresário Guilherme Araújo ventilou ideias sobre o show Gal Tropical (1979), um dos ápices de sua carreira, e veio a intuição de que ficaria um ano em cartaz. Foi um ano e dois meses só no Rio de Janeiro, antes de seguir para São Paulo, correr o Brasil e chegar até ao Japão.
O isolamento da pandemia renovou o entusiasmo pelo palco. “Foi assustador tudo o que vivemos, quer dizer, ainda estamos vivendo. Senti muita falta do contato com o público”, lamenta. E, concomitante, o descaso com a cultura, a saúde e a ecologia evidenciado pelo presidente Jair Bolsonaro trouxeram à tona uma Gal militante-política, como raras vezes se fez explícita. O show As Várias Pontas de uma Estrela, que estreou em outubro do ano passado, apresenta perto do fim o samba-rock “Brasil”. A letra de Cazuza, presente em diferentes fases da carreira da intérprete, retorna atual e com renovados significados.
Em 1988, a gravação foi tema de abertura da novela Vale Tudo e, durante o show O Sorriso do Gato de Alice, dirigido por Gerald Thomas, em 1994, a artista mostrava os seios enquanto vociferava o refrão em uma imagem tão emblemática quanto polêmica. Desta vez, “Brasil” pode ser ouvida como um descarrego da plateia, que forma um coro seguido dos gritos de “Fora, Bolsonaro!”. “Eu acho esse governo uma coisa horrorosa, que faz de tudo para sabotar a arte, o povo, então só me resta levar essa indignação ao palco, que sempre foi o meu palanque”, justifica. “Lutamos tanto por um país melhor, mais democrático, que nunca pensei que, depois de tantas conquistas, veria essa desigualdade e retrocesso.”
O espetáculo será gravado no meio do ano, provavelmente em Belo Horizonte, para gerar um álbum ao vivo e uma versão audiovisual. Desta forma, as energias da intérprete ficarão concentradas na turnê, pelo menos, até dezembro, quando deve cumprir uma agenda pela Europa. “Não tenho a menor pressa de fazer um álbum de estúdio e vou pensar nisso só no ano que vem.”
Será também em 2023 que Gal, depois de virar livro, entrará em cartaz nas telas dos cinemas. Protagonizado por Sophie Charlotte, o filme Meu Nome é Gal, dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi, enfoca sua fase inicial, entre a saída da Bahia, a explosão do tropicalismo e o exílio de Caetano e Gilberto Gil em Londres. A artista garante que não leu nada além de um esboço do roteiro e achou que se visitasse o set, inibiria a equipe. “Confio plenamente nas diretoras”, diz.
O contato com Sophie, porém, tornou-se estreito e carinhoso. As duas se encontraram mais de uma vez no apartamento da cantora, em São Paulo, saíram para jantar e, com o início das filmagens, trocam mensagens pelo WhatsApp. “Nós ouvimos juntas algumas gravações, falei das minhas intenções, sobre o que quis revelar com aquelas músicas e o que senti em cada momento”, afirma. “Gosto muito da Sophie, mas a minha curiosidade é ver se ela conseguiu captar minha essência, se me sentirei projetada neste filme.” A nossa também!
Foto: Antônio Bastos/ CLAUDIA
Foto: Antônio Bastos/ CLAUDIA
Caminho de descoberta da essência: “A
análise foi uma busca para não perder a minha identidade e não me confundir com
o mito” - Foto: Antônio Bastos/ CLAUDIA
Revolta com o momento atual:
“Desigualdade
e retrocesso”
Show Índia - Foto: Agilson Gavioli
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