Um
dos principais artistas brasileiros e detentor de potente trajetória na cultura
e na política do país, Caetano Veloso sempre teve a escrita e a poesia como
suas principais bases de criação. “Eu
organizo o movimento”, frase célebre que o consolidou como uma das
principais referências da Tropicália nos anos 60, Caetano provocou gerações.
Nesse
mesmo espírito, aos 75 anos, se torna colunista da Mídia NINJA para compartilhar
suas inquietudes e seus desejos diante a crise política, econômica e civilizatória
que vivemos. Muito bem vindo.
29/11/2017
Verdades
tropicais e ideias acima do muro. Confira a primeira coluna de Caetano na Mídia
NINJA.
Junto à Mangabeira Unger, ele compartilha suas inquietudes e desejos em
uma excelente entrevista.
Foto: Reprodução / Mídia Ninja
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Quarta,
29 de Novembro de 2017
Novo
colunista da Mídia Ninja, Caetano estreia com entrevista a Mangabeira Unger.
por
Jamile Amine
Caetano
Veloso, que atualmente tem intensificado o engajamento na discussão política do
país e em campanhas pelo fim da censura, acaba de se envolver em um novo
projeto. O artista baiano é agora o novo colunista da Mídia Ninja, rede de
comunicação independente, fundada em 2013 como alternativa à mídia tradicional.
“Verdades tropicais e ideias acima do
muro. Caetano irá compartilhar suas inquietudes e seus desejos em sua nova
coluna de entrevistas”. É desta forma que a coluna de Caetano é apresentada
ao público.
E nesta estreia, ele conversa com Roberto Mangabeira Unger,
filósofo e professor da Universidade de Harvard, além de ex-ministro da
Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidência dos governos Lula e Dilma.
Publicado el 29 nov. 2017
Nos 50 anos da Tropicália, temos a honra de apresentar nosso novo colunista: seja bem vindo Caetano Veloso :)
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27/8/2008 - Lançamento
do livro "O que a esquerda deve propor", do ministro Roberto
Mangabeira Unger, publicado pela editora Civilização Brasileira.
Na ocasião,
haverá um debate com o autor, o poeta Antônio Risério e o cantor e compositor
Caetano Veloso.
Local: Casa das Rosas
Quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Caetano:
"O brasileiro precisa ser responsável"
Thais Bilenky/Terra Magazine
27/8/2008 - Antonio Risério, Roberto Mangabeira Unger e Caetano
Veloso na Casa das Rosas em São Paulo
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Durante
debate na noite desta quarta-feira, 27/8, em São Paulo, o compositor Caetano
Veloso criticou os intelectuais de esquerda do Brasil, a quem atribuiu pouca
ação efetiva. Segundo o músico, é "essencial" perceber a
"obviedade da originalidade" do Brasil. E assim incitou:
-
O brasileiro precisa ser responsável. Tem o dever de originalidade diante do
mundo, de fazer uma intervenção relevante na história do mundo!
O
debate na Casa das Rosas foi sobre o novo livro do Ministro Extraordinário de
Assuntos
Estratégicos Roberto Mangabeira Unger chamado O que a esquerda deve propor
(editora Civilização Brasileira). Ao lado de Caetano e Mangabeira estava o
antropólogo baiano Antonio Risério, que traduziu a obra do inglês para o
português.
Mangabeira
propõe no livro e, ontem, oralmente, a insurgência de uma terceira esquerda - o
que seria uma "rebeldia criativa" dos brasileiros, que rompa com a
passividade de uma massa humana a esmo.
"Quero uma
dinâmica de rebeldia. Uma multidão de pequenas rebeldias que tirem a
camisa-de-força que o Brasil veste", vociferou o ministro. Suas palavras,
carregadas do já famoso sotaque americano, saíram claras, polidas e de tão
límpidas pareciam correr em algum teleprompter no fundo do salão.
O
ministro discursou em pé, o único que assim o fez entre os debatedores, por
cerca de vinte minutos. Neste tempo, enumerou as cinco obras que a
"terceira esquerda" deverá encabeçar, os três obstáculos que deverá
encontrar, caracterizou os dois outros grupos de esquerda existentes no Brasil.
Para
Mangabeira, a grande e necessária "aliada da rebeldia" é a
imaginação. E, de acordo com Frederico Barbosa, diretor da Casa das Rosas e
moderador da mesa, assim se explicava a presença de Risério ao seu lado.
Risério, dono de grande "inventividade", recebeu a palavra.
Sentado,
em tom de voz baixa, o antropólogo brevemente disse que aceitara traduzir o
livro - sugestão de João Santana Filho, marqueteiro do presidente Lula - logo
ao ler os primeiros parágrafos. Risério, que não é tradutor profissional, tomou
como "tarefa política e uma espécie de serviço emocional" deixar na
língua dos brasileiros o pensamento de Mangabeira. A seu ver, a prosa do professor
de filosofia recebeu influência da tradição poética inglesa.
-
Sua importância está no fato de o pensamento de Mangabeira não abrir mão de um
projeto de transformação maior e de coragem para pensar de forma nova. Ele
oferece roteiros e pistas para tirar-nos desta ditadura da falta de alternativa
de pensamento que vivemos no Brasil.
Caetano
Veloso então tomou a vez, concordando com Risério: o livro traz a esperança de
ampliação do círculo de intelectuais paulistas, em geral
"preconceituoso" com Mangabeira. O músico reclamou da imprensa
brasileira. Segundo ele, durante toda a década de 1990, das entrevistas que
dera, as referências a Mangabeira Unger foram cortadas. Uma "coluna
famosa" de um jornal, diz Veloso, publicou uma carta em que ele reclamava
da mídia, mas excluiu o trecho concernente ao ministro.
"Por
que fazia e continuei fazendo isso (falando de Mangabeira nas
entrevistas)? Porque para mim com Mangabeira se esboçava a
possibilidade de revitalização do processo de ser de esquerda", disse
Caetano.
O
ideal liberal se provou mais resistente que o ideal socialista, afirmou o
compositor. "A isso eu tinha chegado. Mas me sentia insatisfeito...",
relatou. E seguiu relatando suas impressões sobre a "clareza",
"lucidez" e "dimensão" do pensamento de Mangabeira. "A
ascendência dos Estados Unidos deve ser reconhecida como fato de fato, mas não
de direito!".
E
pela segunda vez na noite, Caetano elevou a voz para encerrar sua fala:
-
Não admito que intelectuais façam carinha de ironia, rindo do sotaque
americano... Porque eles não estão fazendo nada que chegue aos pés!
Com
o que recebeu um aperto de mão do Ministro Mangabeira. Todos se levantaram.
O
autor passou a autografar os exemplares, Caetano foi cercado por espectadores e
Risério se retirou... para fumar.
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