16/09/2007
Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia,
faz 100 anos neste domingo, 16
Matriarca que não
gosta de novela e assiste a 'Tom & Jerry' é famosa por sua personalidade
benevolente
Luciana
Tecidio
DO
EGO, NO RIO
Claudionor Vianna, ou simplesmente Canô, faz 100 anos |
Santo Amaro da Purificação, no interior da Bahia a
71 quilômetros da capital, Salvador, aguarda ansiosa a chegada do domingo, 16.
Neste dia, a cidade vai dar uma pausa para comemorar os 100 anos de sua
personalidade mais ilustre: Claudionor Vianna, mais conhecida como Dona
Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia.
Neste dia, a casa com dez quartos e dois salões na
parte de cima, repintada em suas cores orginais, branca e azul, vai abrigar
toda a família que vem de longe para o seu aniversário.
MISSA E CAFÉ DA
MANHÃ
A comemoração no domingo começa cedo. Após a missa às 9h30 da manhã na Igreja de Nossa Senhora da Purificação com a presença dos filhos ilustres Caetano Veloso e Maria Bethânia, será servido um café da manhã na praça em frente à Igreja para 1 mil 200 pessoas.
A escritora e compositora Mabel Velloso, uma das
oito filhas de Dona Canô do casamento de 53 anos dela com o telegrafista-chefe
dos Correios e Telégrafos da cidade, José Telles Velloso, conta que não vai
faltar xícara de chocolate para ninguém.
“Como dizem... será um brunch. Contratamos
um buffet e fizemos questão de explicar como dever ser feito o chocolate
quente. Mamãe ficou preocupada achando que a cozinheira não ia dar conta de
fazer sozinha o chocolate para todo esse povo. Ela achou que só uma pessoa ia
fazer tudo...”, lembra Mabel que é mãe da cantora Belô Velloso. Aliás, o Veloso
de Caetano deveria ganhar mais um L. O erro foi cometido e se institucionalizou
no registro de seu nascimento.
Após o brunch previsto para terminar às 12h30, a
família e os convidados seguem para a Enseada do Caeiro, um resort na praia da
Itapema. Lá, os convidados vão saborear as iguarias típicas da Bahia: vatapá,
xinxim de galinha, feijão-fradinho, farofa de dendê, acarajé, abará, rapadura.
Só para o caruru serão gastos cerca de 10 mil centos de quiabo (na Bahia ele é
vendido aos centos).
SAPATO SOB ENCOMENDA
Sapato de camurça com cristal Swarovski feito para ela usar na festa de 100 anos |
A roupa que Dona Canô vai usar no dia é uma
surpresa preparada por Maria Bethânia. Bem como a confecção de um sapato
tamanho 34 a ser usado pela mãe no dia de seu aniversário. A pedido da
matriarca, que quando fez 90 anos usou um modelo de veludo com laço de gorgorão
e strass, Bethânia mandou confeccionar um modelo mais confortável. Também
desenhado por César Coelho Gomes, da grife Swains, o sapatinho dos seus 100
anos é feito de camurça de cabra marfim com uma tira de cetim e fivela de
cristal Swarovski (veja foto ao lado).
Uma leitura da vida de dona Canô leva a crer que tanta festa em torno dessa baiana de metro e meio de altura e com uma saúde ótima não é somente porque gerou dois gênios da Música Popular Brasileira. Canô não é o que é por causa de Caetano e Bethânia. Caetano e Bethânia sim, são o que são por causa dela.
"FAZER 100
ANOS É UM SURPRESA QUE DEUS ME FEZ"
Para criar os filhos- Claudionor que ganhou o
apelido de Canô de um menino que não conseguiu soletrar seu nome verdadeiro-,
ela trabalhou muito. Além dos filhos naturais frutos de seu casamento com Zeca
– Roberto José, Maria Isabel, Clara Maria, Rodrigo Antonio, Caetano Emanoel e
Maria Bethânia-, a baiana criou mais duas meninas: Nicinha e Irene. Foi em
homenagem à irmã de criação, Irene, que Caetano criou a famosa canção quando
esteve exilado: “Eu quero ir minha gente,
eu não sou daqui/ eu não tenho nada/ quero ver Irene dar sua risada”. Os
partos dos filhos foram fáceis e em casa com a ajuda da sogra e da mãe.
Com uma lucidez e memórias impressionantes, Dona Canô falou com a reportagem do
EGO pelo telefone como se sente aos 100 anos. “Me sinto da mesma forma. Não
mudei nunca. Fazer 100 anos é uma surpresa que Deus me fez e estou aceitando”,
disse ela que fez um rápido balanço da vida de um século. “Já realizei tudo.
Chegar até aqui é uma realização muito grande”.
MULHER CULTA
Criada numa casa de família rica da região
pertencente a Dona Sinhazinha Batista, mulher de um senador, Canô aprendeu lá
tudo sobre teatro, música e poesia. A cultura adquirida foi ramificada para os
filhos que conheceram tudo sobre arte com a mãe.
Ao circular pelas ruas de Santo Amaro no carro com
motorista presenteado por Maria
Bethânia, é comum ouvir o povo falar: “Lá vai Dona Canô fazer o bem”.
Preocupada com os pobres, seu nome batiza um centro oftamológico para pobres
além de um viaduto no aeroporto de Salvador, um teatro e uma biblioteca
pública. Nos seus aniversários ela avisa que não quer presente. Em troca, pede
donativos para os menos abastados que são distribuídos a eles a mando
dela. “Meus filhos serem unidos é meu maior presente”, diz a matriarca.
ELA NÃO VÊ NOVELA
Todo o dia, por volta das 11h da manhã, Canô vai
até a cozinha e saboreia num pires o arroz fresco que cozinha na panela. Em
seguida, após o lanche frugal, faz um almoço consistente e dorme todas as
tardes. O jantar é sempre uma sopa. Na televisão, nada de novelas – ela não
gosta. No lugar delas, assiste a desenhos animados e entre seus preferidos
estão “Tom e Jerry” e “Pato Donald”.
No domingo, 16, Caetano Veloso que costuma dormir de madrugada e despertar por
volta das 17h, terá que acordar mais cedo. Ao EGO, o cantor e compositor disse
qual é a maior lição de vida que sua mãe lhe deu: “Foi ter a capacidade de gozar a existência. Aprendi observando ela.
Minha mãe é minha voz. Gosto de cantar como se fosse ela (Dona Canô costumava
cantar para a família). Acho ela uma pessoa feliz que é um negócio pouco
difícil”, analisa ele.
16/9/2007
Multidão
participa das homenagens a dona Canô
O
clímax dos festejos pelos 100 anos da matriarca dos Vellosos foi a vinda da
imagem de Nossa Senhora
Mariana Rios
Acolhida no abraço da filha Maria
Bethânia, dona Canô sucumbiu à emoção na Igreja Matriz da Purificação
completamente lotada. Foi lá que recepcionou a convidada mais especial da festa
– a imagem de Nossa Senhora de Aparecida, vinda do santuário do Alto Vale do
Paraíba, interior de São Paulo. Para a anfitriã, a visita foi o clímax do dia
de ontem e das comemorações do seu aniversário de 100 anos, que prosseguem
hoje. Ao som da voz inconfundível de Bethânia, que cantou a música Romaria,
abraçou e beijou com candura a imagem. Antes de devolvê-la ao padre que a
conduzia, encostou a cabeça no manto azul. O momento de fé de dona Canô foi
visto por todos no templo.
Ela não pôde acompanhar o restante da
celebração – a missa programada para 12h. Visivelmente comovida, foi levada
pela filha e por familiares para casa situada no centro de Santo Amaro.
Precisava se recompor. Aquela visita muito aguardada foi um momento ímpar das
celebrações que movimentam desde sexta-feira o município, a 75 km de Salvador.
Desde cedo, estava ansiosa, segundo o filho Rodrigo Velloso. “Para ela, a festa
maior é essa aqui”, afirmou, momentos antes do encontro na nave da igreja,
tendo às mãos uma garrafa térmica, com café com leite, para que a
aniversariante bebesse, após a procissão pela cidade.
E a população compareceu às ruas,
protagonizando um belo espetáculo de fé. Segundo cálculos da Polícia Militar
(PM), mais de seis mil pessoas foram recepcionar a padroeira do Brasil, que
seguiu em carro aberto, do Corpo de Bombeiros, atrás da imagem de Santo Amaro.
“Não posso descrever este merecimento. Só Deus para me dar, Nossa Senhora
abraçando a mim e a minha terra”, declarou dona Canô. Cercada por dezenas de
câmeras, reverenciou a santa. Demonstrou força e altivez, mesmo quando o corpo
sucumbiu ao cansaço.
“Ela será sempre linda, serena,
comovida e mariana. É uma mulher de muita humildade, segura, determinada. Este
é o momento mais comovente e ela merece tudo”, elogiou Bethânia. Durante a
celebração, Bethânia não desgrudou da mãe, como faz costumeiramente quando vai
a Santo Amaro.
Festividades - Tudo começou por volta
das 10h30, com a chegada da imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Segundo o
padre Josafá Moraes, do santuário situado em Aparecida do Norte, a vinda da
santa foi uma retribuição à ida de dona Canô ao santuário em 2004. “Foi uma
recepção muito bonita, forte e expressiva. Uma das melhores que participei”,
garantiu o padre. Durante o cortejo, todos queriam tocar, ver, tirar uma
fotografia, acenar para a imagem.
Atrás do caminhão dos bombeiros, dona Canô
também era saudada. Recebeu abraços, cumprimentos, votos de saúde.
O cortejo seguiu pelas ruas do centro
até a Igreja Matriz. No trajeto, a multidão segurava bandeiras e imagens da
santa. Nas portas das casas, pequenos altares, lenços brancos nas janelas. A
equipe da TV Aparecida também compareceu à homenagem para a gravação de um
programa especial. Gente do povo, religiosos, políticos, pescadores e
marisqueiras, todos vieram saudar a aniversariante e sua convidada especial.
“Trouxemos nosso material de trabalho para que Nossa Senhora abençoe e para que
as pessoas conheçam nosso trabalho”, afirmou o presidente da Associação dos
Marisqueiros e Pescadores de Caieiras, José Roque Filho. O filho Caetano Veloso
participava do seminário na Casa do Samba de Santo Amaro e não acompanhou a
celebração. A imagem de Nossa Senhora permanece na igreja até às 18h de hoje.
***
Programação do aniversário
9h30 – Missa em homenagem a dona
Canô
10h30 – Café da manhã com a comunidade na Praça da Purificação
13h – almoço com a família e convidados, em um resort de Caieiras
10h30 – Café da manhã com a comunidade na Praça da Purificação
13h – almoço com a família e convidados, em um resort de Caieiras
CartaCapital
Um viva à mãe Canô
por Valéria Almeida
Autoridades presentes,
missa e inaugurações festejam o aniversário de Dona Canô. Ela diz não merecer.
Os filhos dão mostras de mau humor.
Faltam
48 horas para o grande dia. Nas ruas de pedra da pequena Santo Amaro da
Purificação o povo se agita, dança. À beira do rio Subaé, a bela Casa do Samba
é inaugurada para marcar a data. Políticos, artistas, amigos e admiradores se
reúnem no Recôncavo Baiano. Todos querem prestigiar o momento.
É
véspera de aniversário de Claudionor Vianna Telles Velloso, ou simplesmente
Dona Canô. A senhora de um metro e cinquenta, voz doce e passos firmes está
prestes a completar cem anos. É ela quem brilha nesse momento, apesar dos
rompantes de estrelismo dos filhos Caetano, que grita afastando a imprensa, e
Maria Bethânia, que pede licença batendo com leque e não quer que ninguém a
toque.
Faixas
espalhadas pela cidade explicitam a importância dada a ela, considerada “o
alicerce de Santo Amaro”. No palanque posicionado à frente do Teatro Dona Canô,
as autoridades discursam sem parar. Todos querem dizer algo. Quebram o
protocolo, fazem política. Lá embaixo, o povo dança. Mas, de repente, chega
Canô. Por ela o samba pára. A população ovacionada. “É a grande matriarca”.
Todos
querem pegar na senhora que, de mansinho, chega acolhida por filhos e amigos.
Lá está no palco. Querem que ela fale. Ela atende o público. Sem se levantar,
pede com voz embargada que o povo cuide daquele lugar que “um dia foi nada”.
Fala da sua vida, do que viu, mas ninguém escuta. O povo grita declarações de
amor.
Faltam
24 horas. Por ela Nossa Senhora Aparecida vai à Bahia. Na praça central, em
frente à Igreja Nossa Senhora da Purificação, crianças, adultos e idosos
esperam com flores, bandeirinhas e músicas na ponta da língua. Quase meio-dia e
uma carreata percorre as ruas do Centro. A santa chega, logo atrás vem dona
Canô. Entre o tumulto armado, uns pedem a benção à padroeira, outros a mãe santo-amarense.
A
imprensa se amontoa. Fotógrafos e cinegrafistas se aglomeram diante de Canô.
Com olhar um tanto assustado ela segue. Que ver Nossa Senhora. Lá na frente,
diante do altar, está a filha cantora, Maria Bethânia, que ora em forma de
música, consagrando a imagem da santa. A aniversariante se emociona.
Já
em sua casa, famosa pela acolhida, dona Canô se recolhe aos aposentos. Precisa
descansar, seguindo o ritual de todos os dias. Enquanto isso, amigos e
familiares mantêm a tradição de meio século. Com facas a mão e esparadrapos nos
dedos, todos se põe a cortar quiabos para o preparo do caruru servido no dia 16
de setembro. Entre lembranças de toda a vida, eles riem e cantam para os erês.
Na
rua, todos passam a olhar a simples casa branca de portas e janelas azuis, na
avenida Ferreira Bandeira, 179. De bengala na mão, um senhor diz: “quando vier
a Santo Amaro cante assim: Se Dona Canô chamar, já não posso resistir, sigo o
toque da viola, vou pro samba por aí...”. Chamada de Samba para Canô, a música
é a mesma que faz trilha sonora no almoço às margens do rio que cruza a cidade.
Nascida
na própria Santo Amaro, Canô viu a construção da primeira praça, a chegada da
luz elétrica, os bondes puxados por burros. Aos 23 anos, casou-se com o
telegrafista José Telles Velloso, seu Zeca, e teve oito filhos. Sem muito,
passou a ser admirada...
Chega
então o grande dia. A igreja da Purificação está decorada com flores brancas.
Há uma passarela feita a Canô. Na porta está um laço de fita azul, a ser
descerrado na entrada triunfal da aniversariante. No chão, um tapete branco
conduz ao altar. Está tudo realmente perfeito. Lá dentro está Nossa Senhora
Aparecida e os amigos que chegaram cedo para garantir o lugar.
Do
lado de fora, uma multidão espera. O sol brilha forte. Chega então a matriarca
da família Velloso. De roupa branca bordada, sapatinho dourado e bolsinha, ela
está sorridente. Acena. Pega na mão dos amigos. As crianças querem ver Canô. Os
adultos e idosos também. Todos querem desejar o que há de melhor.
No
pescoço, carrega um colar com pingentes feito com três símbolos: o coração, a
espada e a âncora. São seus símbolos de vida, amor, força e alicerce. Sua
família também os tem no peito. No altar, feitos com flores, eles também estão
presentes.
Dona
Canô entra. A imprensa pisoteia o tapete branco, enquanto ela continua a
caminhar, agora com um semblante mais fechado. A anfitriã senta ao lado da
amiga de 100 anos, dona Luizinha (na cidade há outro centenário, com 104 anos).
Tem
início a celebração à vida. O cardeal agradece a presença do governador, do
prefeito e demais autoridades políticas, e Canô faz ar de contragosto. A todo
instante uma das filhas pede silêncio, assim como licença a repórtes,
cinegrafistas, fotógrafos e curiosos que, no altar, não deixam que a mãe
assista a missa.
Bethânia
se enerva e diz que a cena é “assustadora”. Logo mais canta à matriarca e faz
questão de estar junto dela. Dá água. Vê se está tudo bem. No púlpito, amigos
declamam poemas, declarações de amor, e um dos bisnetos lê um texto que mostra
como a bisa conduz a vida “como a receita do bolo que não sola”.
Chega
a hora das ofertas. Em fila, a família leva à Dona Canô oferendas da natureza.
Em vasilhas de vidro entregam água do rio, água do mar, terra. Mais uma vez,
ela se emociona. Os correios eternizam a chefe Velloso em selo. Sorridente, ela
passará a ser vista no mundo em correspondência.
Chega
ao fim a cerimônia e os flashes “protocolares”, como ressalta o padre. Lá fora
a banca toca, crianças cantam e Canô, em seu dia de rainha, diz com
simplicidade e sabedoria: “eu não fiz nada para merecer tudo isso. Famosos são
meus filhos”.
17/09/07
Bethânia e Caetano comemoram 100 anos de dona Canô
Festa e missa foram realizadas em Santo Amaro, na Bahia
Do EGO, no Rio
Dona Canô é acordada com festa em sua casa na Bahia |
Maria
Bethânia e Caetano Veloso comemoram os 100 anos da mãe, Dona Canô, no domingo,
16, em Santo Amaro na Bahia. Os músicos não conseguiram chegar a tempo para o
café da manhã com a aniversariante, mas os outros irmãos estavam presentes.
Dona Canô saiu do quarto acompanhada
das filhas Mabel Veloso, Clara Maria e da neta Ju. Ela foi aplaudida quando
chegou na sala. Em seguida, banhou-se com água da cachoeira, que armazena em
uma garrafa, e brindou com a filha Mabel com uma xícara de café preto. "O
segredo para chegar aos 100 anos é procurar ser feliz", afirmou Claudionor
Vianna, mais conhecida como Dona Canô.
Bethânia, Caetano e Tom na igreja onde foi celebrada a missa de 100 anos de dona Canô |
FARTURA
O
café da manhã foi servido numa grande mesa. O cardápio variado e apetitoso
permitiu a Dona Canô degustar ao lado dos filhos Mabel, Irene, Clara Maria,
Rodrigo, Roberto (Bob) e Nicinha e de amigos como Alcina, Leda e Sílvia
(sobrinhas), Ana, Mire, Lucya Adães, que a homenageou com um poema. Às 9h30, o
grupo seguiu para a Igreja Matriz, onde aconteceu a celebração da missa
reunindo políticos, amigos, familiares e populares. Maria Bethânia e Caetano já
estavam no local. O cantor levou os filhos Zeca e Tom para a comemoração.
"Benção, minha mãe", pediu Caetano à Dona Canô.
Ao
término da missa, a festa não terminou. Todos foram para o Hotel Fazenda
Enseada do Caeiro, onde foi servida comida típica baiana. Estiveram presentes
no evento personalidades como o ministro Gilberto Gil, o governador da Bahia
Jacques Wagner, ACM Neto, ACM Filho, Cesar Borges, Regina Casé, Margareth
Menezes e Antonio Imabassaí, entre outras. "Ela contribui para que tudo
fique legal em volta dela", disse Regina Casé.
18/9/2007
GENTE
Valdemir Santana
Luxo local
Duas estilistas tradicionais de Santo Amaro se
esmeraram em produzir o look de Dona Canô para os dois dias de festas que
encerraram a comemoração pelo centenário da matriarca da família Velloso. Maria
Bethânia comprou os tecidos, renda e cetim, no Rio de Janeiro, e enviou para o
outro filho da matriarca, Rodrigo, artista plástico, que acompanhou tudo.
Tereza Pinto fez o modelo principal, para domingo,
bordado com pérolas e barras frisadas sob calor de maçarico. Mas quem
surpreendeu pela rapidez na produção foi Ina, que recebeu a encomenda em cima
da hora. “O vestido ficou pronto tarde da noite e pela manhã minha mãe vestiu,
ficou linda’, comemorou Rodrigo.
Longa amizade
Mais velha do que ela, uma amiga de infância de
dona Canô não arredou pé da festa da amiga. Luizinha Pedreira estudou na mesma
turma do Colégio Sacramentinas, onde se lia Victor Hugo no original, em
francês. Completou 100 anos dia 18 de agosto e dona Canô foi para a festa que
ferveu os jardins da residência na Avenida Ferreira Bandeira, no mesmo
quarteirão em que mora a família Velloso. As duas não trocaram grandes elogios
pelo centenário. “A gente se vê todo dia, conversa o tempo inteiro, como é que
vai se preocupar com frases bonitas só porque fez 100 anos?”, perguntou, cheia
de sabedoria.
Medida radical
Dona Canô não faltou a um só, de quase oito eventos
programados para os dois dias de encerramento da comemoração dos 100 anos. Lá
estava ela desde cedo recebendo visitas em casa, na concentração para receber
Nossa Senhora de Aparecida, no cortejo, na missa de sábado, missa de domingo,
no camarote para os cumprimentos no domingo, no café da manhã na praça e no
almoço para celebridades no final.
O perigo foi o entusiasmo dos que queriam ficar à
sua volta, incluindo o excesso de profissionais da mídia. A pressão foi tão
grande no primeiro dia que precisou sair da Matriz da Purificação sem assistir
à missa de recepção à imagem peregrina da padroeira do Brasil. No resort, a
aglomeração foi tão absurda em sua volta que tirou o filho Rodrigo do sério.
Quando ele viu a sua mãe em perigo, deixou de lado a tradicional elegância e
ameaçou com a decisão radical:
“Vou chamar Bethânia”, ameaçou. E cumpriu a ameaça.
Barato society
Wangry Gadelha teve participação importante durante
a Tropicália. Socialite discreta, não chegou a virar personagem na mídia como
os artistas. Era na mansão dela, na Graça, que acontecia o que se pode chamar
de parte social do movimento artístico.
As filhas Dedé, que casou com Caetano Veloso, e
Sandra, que casou com Gilberto Gil, chamavam os amigos, e ela fazia as
festinhas sempre elogiadas. Ficou viúva, mais reservada, e nunca cultuou os
holofotes da imprensa.
Estava animadíssima no domingo ao lado da filha e
do neto Moreno Veloso, que junto com a mulher Clara Mariani Flaksman paparicava
a filha Rosa, de 3 anos, na Praça da Purificação.
Santa mídia
A família Velloso tentou disciplinar o
acesso da imprensa na cobertura do evento principal, a missa com dom Geraldo
Magela, mas alguns profissionais reagiram e deu no que deu.
No altar-mor, onde estavam o cardeal,
mais 15 padres e oito diáconos, havia 34 fotógrafos, repórteres, cinegrafistas
e auxiliares. Repito: dentro do altar-mor, a área mais reservada da nave em um
templo católico.
Um fotógrafo ficou longo tempo
exatamente em frente, ocultando a imagem de Nossa Senhora da Purificação, que é
em tamanho natural. Apenas a coroa da santa padroeira da cidade podia ser vista
pelos féis.
Sempre em movimento, o fotógrafo
cutucou um dos padres perto dele, em plena celebração, e mandou segurar o
colete enquanto trocava as lentes da máquina.
Fez pior ainda. Quando os padres
desceram um degrau e formaram novo semicírculo mais próximo do cardeal, para a
final da concelebração, o fotógrafo instalou uma escada de quatro degraus entre
os religiosos, subiu e ficou fotografando.
No hay comentarios:
Publicar un comentario