13/7/2009
– Entrevista a Dona Canô
Terça-feira,
4 de Agosto de 2009
ELIANDSON
SANTOS
SUELY ALVES
SUELY ALVES
No
dia 13 de Julho, o blog COMART2 esteve em Santo Amaro da Purificação, cidade
natal dos cantores Caetano Velozo e Maria Bethânia. Santo Amaro possui uma área
de 486 km² e uma população de 58 414 habitantes (2000), o que dá uma densidade
demográfica de 120,2 h/km². Foi fundada em 1557 e elevada à cidade no ano de
1837.
Chegamos
ao município de manhã cedo. Entrevistamos Dona Canô, o prefeito municipal,
vereadores, o secretário municipal de cultura e figuras ilustres da cidade.
Desde o início, nos deparamos com a hospitalidade do povo santoamarense e com a
beleza de sua arquitetura colonial, mantida por projetos de manutenção e
restauração do patrimônio histórico do governo federal. A cada instante e metro
quadrado andado, nos dávamos conta de uma coisa nova. Todo o trajeto nos chamou
a atenção, de modo que ficamos inteiramente surpreendidos diante de cada
descobrimento e das singularidades de Santo Amaro.
A
cidade estava movimentada, com um centro comercial grande para a região e bem
articulado. Um dos moradores nos revelou que Santo Amaro é o único município da
região do recôncavo que a feira-livre acontece durante toda a semana. Além do
comércio, da agricultura e dos serviços públicos, a população santoamarense
conta com algumas indústrias de médio porte, como a fábrica de papel e
embalagem Penha e a de tubulação Conduto, para trabalhar.
É
inegável a importância cultural do município para o Estado.
Além
de Maria Bethânia e Caetano, temos que destacar cantores e compositores de nome
em todo o território nacional, também filhos de Santo Amaro: Assis Valente,
Jorge Portugal, Roberto Mendes, Marcio Valverde, Jota Veloso, entre outros. As
festas populares e um rico folclore também são riquezas inestimáveis que Santo
Amaro tem a oferecer seus visitantes.
DONA CANÔ: UMA
HISTÓRIA DE VIDA
Quem é dona Canô?
Claudionor
Viana Telles Velloso, nascida no dia 16 de setembro de 1907 na cidade de Santo
Amaro da Purificação BA.
Residente
numa casa simples de arquitetura tradicional, repleta de fotografias espalhadas
no seu interior.
Sinônimo de simplicidade e carisma, dotada de uma sabedoria indescritível, é assim que podemos definir a matriarca da família Veloso. Uma mulher guerreira nas suas atitudes e simples nos seus hábitos. Agraciada com a capacidade de procriar 8 filhos, inclusive Caetano Veloso e Maria Bethânia, devido aos quais, tornou-se famosa internacionalmente. A sua fama também, deve-se ao fato de dona Canô ser uma pessoa humilde e receptiva, sendo que as portas da sua casa estão sempre abertas à visitação.
Sinônimo de simplicidade e carisma, dotada de uma sabedoria indescritível, é assim que podemos definir a matriarca da família Veloso. Uma mulher guerreira nas suas atitudes e simples nos seus hábitos. Agraciada com a capacidade de procriar 8 filhos, inclusive Caetano Veloso e Maria Bethânia, devido aos quais, tornou-se famosa internacionalmente. A sua fama também, deve-se ao fato de dona Canô ser uma pessoa humilde e receptiva, sendo que as portas da sua casa estão sempre abertas à visitação.
Seus
cabelos brancos denunciam a sua idade, mas a sua lucidez contradiz com os seus
101 anos. Dona Canô emana inteligência e sabedoria, nas palavras sinceras e
objetivas que revelam a sua identidade.
Por tudo isso Dona Canô, é a entrevistada da semana do COM-ART 2, confira abaixo a entrevista realizada pelos repórteres Eliandson Santos e Suely Alves.
COM-ART 2: A senhora mora nesta casa há mais de 60 anos. O que esse lugar tem de especial para a senhora?
Por tudo isso Dona Canô, é a entrevistada da semana do COM-ART 2, confira abaixo a entrevista realizada pelos repórteres Eliandson Santos e Suely Alves.
COM-ART 2: A senhora mora nesta casa há mais de 60 anos. O que esse lugar tem de especial para a senhora?
DONA
CANÔ: Eu nasci em Santo Amaro, toda a minha família é de Santo Amaro, tanto a
minha quanto a de Zeca, e as crianças todas nasceram aqui em Santo Amaro, então
me habituei a viver numa cidade do interior e estou vivendo.
COM-ART 2: A senhora já recebeu muitas homenagens na vida. Qual delas guarda com maior apreço?
DONA CANÔ: Eu queria saber o porquê de tantas homenagens, se eu não sou nada, meus filhos é que cresceram e saíram para o mundo, mas eu não sou nada.
COM-ART 2: Não se sente privilegiada de ser a mãe de uma família tão bonita?
DONA CANÔ: Não. Eu acho que isso chegou para mim, mas não é privilégio meu, é de qualquer mãe que tinha que acontecer isso. Agora chegou para mim que era mais humilde como a mãe dos outros todos, mais humilde como a mãe de Roberto Carlos, mais humilde como a mãe de Erasmo Carlos, mais humilde como a mãe de Francisco Alves, eu só posso agradecer.
COM-ART 2: Dona Canô, qual o segredo para se chegar aos 101 anos com tanta lucidez e beleza?
DONA CANÔ: 102 daqui a pouco e não tem segredo, eu nunca disse que tinha. Nunca escondi de ninguém a minha vida. Apenas eu procurei viver em paz, recebendo as graças e aguardando o que tinha de acontecer, o que aconteceu de bom eu vi, o que aconteceu de ruim, eu vi também.
COM-ART 2: Qual é o presente de aniversário que a senhora gostaria de receber no seu aniversário de 102 anos?
DONA CANÔ: Presente? Velho não precisa mais de presente. Eu já falei quem quiser me dar presente, me traga sabonete, pasta de dente, lençol, toalha de banho, para que eu doe aos meus velhinhos, desde que eu fiz 80 anos, não peco mais presente. Quando chega eu distribuo, tem os velhinhos, tem o convento.
(Neste momento nossa equipe é surpreendida pelo gato de estimação de Dona Canô, “Negão”, que tentou morder uma estudante de jornalismo que acompanhava a entrevista).
DONA CANÔ: Ô Negão mordeu? Ô Negão, ta maluco? Ta caduco!
(Sem perceber Dona Canô volta a falar de sua vida, e fala inclusive do seu casamento com o falecido Zezé Velloso).
DONA CANÔ: Eu queria que minhas filhas, meus netos e bisnetos que estão aí para casar, tivessem a sorte que eu tive. Mas, não chega para todo mundo.
COM-ART 2: No ano passado a senhora contou a mulher do Governador Jacques Wagner, que o seu sonho era comemorar os seus 102 anos na igreja restaurada. A senhora vai realizar esse sonho?
DONA CANÔ: Se não morrer, vou. Eu já pedi aos meninos:
“Olhem, continuem da mesma forma, missa na Purificação, e alguma coisa em casa, não quero mais que façam fora de minha casa.”
COM-ART 2: A senhora já recebeu muitas homenagens na vida. Qual delas guarda com maior apreço?
DONA CANÔ: Eu queria saber o porquê de tantas homenagens, se eu não sou nada, meus filhos é que cresceram e saíram para o mundo, mas eu não sou nada.
COM-ART 2: Não se sente privilegiada de ser a mãe de uma família tão bonita?
DONA CANÔ: Não. Eu acho que isso chegou para mim, mas não é privilégio meu, é de qualquer mãe que tinha que acontecer isso. Agora chegou para mim que era mais humilde como a mãe dos outros todos, mais humilde como a mãe de Roberto Carlos, mais humilde como a mãe de Erasmo Carlos, mais humilde como a mãe de Francisco Alves, eu só posso agradecer.
COM-ART 2: Dona Canô, qual o segredo para se chegar aos 101 anos com tanta lucidez e beleza?
DONA CANÔ: 102 daqui a pouco e não tem segredo, eu nunca disse que tinha. Nunca escondi de ninguém a minha vida. Apenas eu procurei viver em paz, recebendo as graças e aguardando o que tinha de acontecer, o que aconteceu de bom eu vi, o que aconteceu de ruim, eu vi também.
COM-ART 2: Qual é o presente de aniversário que a senhora gostaria de receber no seu aniversário de 102 anos?
DONA CANÔ: Presente? Velho não precisa mais de presente. Eu já falei quem quiser me dar presente, me traga sabonete, pasta de dente, lençol, toalha de banho, para que eu doe aos meus velhinhos, desde que eu fiz 80 anos, não peco mais presente. Quando chega eu distribuo, tem os velhinhos, tem o convento.
(Neste momento nossa equipe é surpreendida pelo gato de estimação de Dona Canô, “Negão”, que tentou morder uma estudante de jornalismo que acompanhava a entrevista).
DONA CANÔ: Ô Negão mordeu? Ô Negão, ta maluco? Ta caduco!
(Sem perceber Dona Canô volta a falar de sua vida, e fala inclusive do seu casamento com o falecido Zezé Velloso).
DONA CANÔ: Eu queria que minhas filhas, meus netos e bisnetos que estão aí para casar, tivessem a sorte que eu tive. Mas, não chega para todo mundo.
COM-ART 2: No ano passado a senhora contou a mulher do Governador Jacques Wagner, que o seu sonho era comemorar os seus 102 anos na igreja restaurada. A senhora vai realizar esse sonho?
DONA CANÔ: Se não morrer, vou. Eu já pedi aos meninos:
“Olhem, continuem da mesma forma, missa na Purificação, e alguma coisa em casa, não quero mais que façam fora de minha casa.”
COM-ART
2: E como estão os preparativos para a festa de 102 anos?
DONA
CANÔ: Não, é uma missa e depois um café aqui em casa. E um caruru que há muitos
anos meus filhos fazem.
COM-ART 2: Graças a sua religiosidade a senhora recebeu uma benção solene do Papa Bento XVI, Como foi para a senhora enquanto católica, receber isso?
DONA CANÔ: Uma coisa tão grande, que eu nem posso agradecer, porque é uma graça que eu não podia esperar uma mensagem do Papa para mim! Meus amigos padres se comunicaram com ele, e ele aceitou a proposta e me mandou. Eu não pedi, chegou pra mim porque Deus quis. Todo dia eu digo o que eu tenho hoje, o que eu sou hoje, eu agradeço a Deus.
(Aqui, mais pessoas chegam para visitar Dona Canô, e ela mais uma vez muda o rumo da conversa).
DONA CANÔ: Agora estão dizendo que aqui é a casa dos famosos. Não dizem “A casa de Canô”, ou “A casa de Zeca”, dizem “A casa dos famosos”. Graças a Deus, me deram fama e eu não pedi.
COM-ART 2: A senhora acha que ficou famosa, por causa de sua humildade?
COM-ART 2: Graças a sua religiosidade a senhora recebeu uma benção solene do Papa Bento XVI, Como foi para a senhora enquanto católica, receber isso?
DONA CANÔ: Uma coisa tão grande, que eu nem posso agradecer, porque é uma graça que eu não podia esperar uma mensagem do Papa para mim! Meus amigos padres se comunicaram com ele, e ele aceitou a proposta e me mandou. Eu não pedi, chegou pra mim porque Deus quis. Todo dia eu digo o que eu tenho hoje, o que eu sou hoje, eu agradeço a Deus.
(Aqui, mais pessoas chegam para visitar Dona Canô, e ela mais uma vez muda o rumo da conversa).
DONA CANÔ: Agora estão dizendo que aqui é a casa dos famosos. Não dizem “A casa de Canô”, ou “A casa de Zeca”, dizem “A casa dos famosos”. Graças a Deus, me deram fama e eu não pedi.
COM-ART 2: A senhora acha que ficou famosa, por causa de sua humildade?
DONA
CANÔ: Humilde eu sou até hoje. Quem quiser achar que a minha humildade é de
propósito ache eu não posso fazer nada, eu sou humilde. Se eu ainda pudesse
fazer alguma coisa mais eu não posso fazer nada, dependo do meu povo que
trabalha para mim. E meus filhos a Clara Maria está aí, veio passar o fim de
semana com o neto. Rodrigo foi trabalhar, mas daqui a pouco ele está aí. É o
que eu digo a graça maior que eu tenho é meus filhos não esquecerem que eu
existo. Eles subiram, mas não esquecem que existo. Então, isso é uma graça
muito grande que Deus me deu. Acho que minha graça maior é essa ter meus filhos
comigo.
COM-ART 2: Mas, a senhora é uma mãe coruja com seus filhos?
DONA CANÔ: Nunca fui coruja não. Nunca escondi o mal que fizeram, mas foram criados sem pancada, sem castigo, com liberdade, porque hoje não se pode dar liberdade a um menino, já vão errando.
COM-ART 2: Nesse quase 102 anos de vida, ainda tem algum projeto ou algum sonho que a senhora gostaria de realizar?
DONA CANÔ: Tem sim, eu to atrás de um pedido que eu fiz ao Lula, e ele vai me atender.
COM-ART 2: E que pedido foi esse?
DONA CANÔ: Aqui nós temos um hospital de quase 300 anos, que trabalha só com os pobres. E de repente encheram de coisas, atrapalhou tudo, ta quase fechando. Lula veio, mandou um recado que queria me ver, eu fui encontrar com ele em Cachoeira. E eu disse:
“Lula, eu só tenho um pedido pra lhe fazer. A Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro, que é de misericórdia, não tem que cobrar nada. Os pobres vinham, eram tratados, tinham médicos de muitas especialidades.”
Agora quase fechou, só não fechou por um milagre. Embolou tudo nem médico tinha mais. Isso eu pedi, a Igreja do Amparo estava quase caindo, e a obra ainda não terminou, então eu pedi a Nossa Senhora do Amparo, que mostrasse uma solução para nossa sociedade para que fizessem alguma coisa para nossa igreja não cair. Deus ajudou, eu ganhei um prêmio, dei para a igreja.
COM-ART 2: O COM-ART 2 ficou sabendo que a senhora gosta muito de ler. O que a senhora anda lendo atualmente?
DONA CANÔ: Atualmente, eu leio muito pouco, to lendo os jornais que Rodrigo traz uma revista de Aparecida que eu comprei e as revistas que Rodrigo compra, Nissinha compra, eu leio. Mas, eu lia muitos livros de histórias,
COM-ART 2: E a senhora já leu o livro que fala da sua vida “Lembranças do saber viver”?
DONA CANÔ: Já li não, eu quem fiz com a minha boca. Pediram pra fazer, deixei eles fazerem.
COM-ART 2: E o livro de receitas?
DONA CANÔ: O livro de receitas, quem fez foi minha filha Mabel, ela copiava as receitas e eu nem sabia, um dia ela disse:
“Olha minha mãe, eu fiz um livro com as receitas da senhora.”
E aí esse livro de receita ta vendendo até hoje. Ainda ontem eu autografei um. Porque gostaram muito, foram dois amigos que me pediram pra fazer, eu disse: “Vai ser chato eu contar a minha vida. O que é que eu vou dizer? Dizer o que eu passei, o que eu não passei.” Mas, aí contei a vida de meus filhos, a vida de Caetano, a vida de Bethania, como chegaram onde chegaram. Não custou nada fazer.
COM-ART 2: A senhora que já foi conselheira de ACM e até do Presidente Lula, daria que conselho para nós do COM-ART 2, que estamos iniciando no jornalismo? DONA CANÔ: É uma carreira muito boa, muito bonita. Mas um pouco pesada, porque tem coisas que você tem que escrever e tem medo de escrever. Mas, procurando fazer a coisa certa, Não procurando aumentar nem diminuir, eu tenho um bisneto que fez jornalismo, hoje ta trabalhando com Caetano. Não tem nada a ver com jornalismo. (risos) Trabalhou muitos meses na TV Bahia, mas ele dizia:
“Minha 'bisa' eu não gosto desse trabalho, de ficar dentro de um escritório, eu quero uma coisa que eu possa fazer o que eu aprendi.”
E Nossa Senhora ajudou Caetano precisou dele e ele ta lá. Ainda hoje ele ta em São Paulo, arrumando porque Caetano vai lá.
(Aqui ela passa a falar sobre os gostos dos seus filhos).
COM-ART 2: Mas, a senhora é uma mãe coruja com seus filhos?
DONA CANÔ: Nunca fui coruja não. Nunca escondi o mal que fizeram, mas foram criados sem pancada, sem castigo, com liberdade, porque hoje não se pode dar liberdade a um menino, já vão errando.
COM-ART 2: Nesse quase 102 anos de vida, ainda tem algum projeto ou algum sonho que a senhora gostaria de realizar?
DONA CANÔ: Tem sim, eu to atrás de um pedido que eu fiz ao Lula, e ele vai me atender.
COM-ART 2: E que pedido foi esse?
DONA CANÔ: Aqui nós temos um hospital de quase 300 anos, que trabalha só com os pobres. E de repente encheram de coisas, atrapalhou tudo, ta quase fechando. Lula veio, mandou um recado que queria me ver, eu fui encontrar com ele em Cachoeira. E eu disse:
“Lula, eu só tenho um pedido pra lhe fazer. A Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro, que é de misericórdia, não tem que cobrar nada. Os pobres vinham, eram tratados, tinham médicos de muitas especialidades.”
Agora quase fechou, só não fechou por um milagre. Embolou tudo nem médico tinha mais. Isso eu pedi, a Igreja do Amparo estava quase caindo, e a obra ainda não terminou, então eu pedi a Nossa Senhora do Amparo, que mostrasse uma solução para nossa sociedade para que fizessem alguma coisa para nossa igreja não cair. Deus ajudou, eu ganhei um prêmio, dei para a igreja.
COM-ART 2: O COM-ART 2 ficou sabendo que a senhora gosta muito de ler. O que a senhora anda lendo atualmente?
DONA CANÔ: Atualmente, eu leio muito pouco, to lendo os jornais que Rodrigo traz uma revista de Aparecida que eu comprei e as revistas que Rodrigo compra, Nissinha compra, eu leio. Mas, eu lia muitos livros de histórias,
COM-ART 2: E a senhora já leu o livro que fala da sua vida “Lembranças do saber viver”?
DONA CANÔ: Já li não, eu quem fiz com a minha boca. Pediram pra fazer, deixei eles fazerem.
COM-ART 2: E o livro de receitas?
DONA CANÔ: O livro de receitas, quem fez foi minha filha Mabel, ela copiava as receitas e eu nem sabia, um dia ela disse:
“Olha minha mãe, eu fiz um livro com as receitas da senhora.”
E aí esse livro de receita ta vendendo até hoje. Ainda ontem eu autografei um. Porque gostaram muito, foram dois amigos que me pediram pra fazer, eu disse: “Vai ser chato eu contar a minha vida. O que é que eu vou dizer? Dizer o que eu passei, o que eu não passei.” Mas, aí contei a vida de meus filhos, a vida de Caetano, a vida de Bethania, como chegaram onde chegaram. Não custou nada fazer.
COM-ART 2: A senhora que já foi conselheira de ACM e até do Presidente Lula, daria que conselho para nós do COM-ART 2, que estamos iniciando no jornalismo? DONA CANÔ: É uma carreira muito boa, muito bonita. Mas um pouco pesada, porque tem coisas que você tem que escrever e tem medo de escrever. Mas, procurando fazer a coisa certa, Não procurando aumentar nem diminuir, eu tenho um bisneto que fez jornalismo, hoje ta trabalhando com Caetano. Não tem nada a ver com jornalismo. (risos) Trabalhou muitos meses na TV Bahia, mas ele dizia:
“Minha 'bisa' eu não gosto desse trabalho, de ficar dentro de um escritório, eu quero uma coisa que eu possa fazer o que eu aprendi.”
E Nossa Senhora ajudou Caetano precisou dele e ele ta lá. Ainda hoje ele ta em São Paulo, arrumando porque Caetano vai lá.
(Aqui ela passa a falar sobre os gostos dos seus filhos).
"Cada um tomou
sua distância e procurou fazer aquilo que gosta. Mabel gostava muito de
ensinar, de dar palestras, de escrever poesias. Caetano pôs-se a cantar e
Bethania, cada um tem sua família. E vivem bem. Clara mesmo, esse aqui é neto
dela, esse João (apontando para um bisneto que acompanhava a entrevista)."
COM-ART 2: Se pedíssemos para a senhora definir quem é Dona Canô? Como à senhora definiria?
DONA CANÔ: Eu não sei falar. Caetano tava na Itália fazendo um show me telefonou:
“Minha mãe, a senhora tem retrato com todo mundo? Veio uma moça aqui, um grupo pra me conhecer, porque conhecem a senhora. E trouxeram seu retrato aqui.”
Aqui vem gente da Europa toda. Até na Austrália, eu tenho uma amiga lá. Muita gente me quer bem minha filha não dá nem para definir. É porque me procuram muito aqui, e eu agradeço a Deus.
COM-ART 2: Inclusive meu sonho era conhecer a senhora...
DONA CANÔ: Eu não sou nada. Todo mundo que vem me ver, pergunta a menina que trabalha aqui. Todo mundo entra, que querem saber, eu sei que não é por minha causa, é por causa de meus filhos. Quando vem o pessoal da Itália aqui, conhecem muito Caetano, conhecem muito meus filhos,
É isso, tem o pessoal que trabalha aí comigo, Lurdes vem passa a manhã, outra vem passa à tarde.
COM-ART 2: E quando a senhora sente saudades dos seus filhos que estão fora. Como a senhora faz para matar essa saudade?
DONA CANÔ: Eles me chamam ao telefone. A maioria das vezes é eles que me chamam, porque eu não tenho o telefone de Caetano e também posso dizer que não tenho o de Bethania. Caetano deve passar aqui no dia 16, ele vai pra Feira, vai cantar em Feira.
COM-ART 2: Dona Canô tem alguma música de Caetano ou de Bethania,com a qual a senhora se identifique?
DONA CANÔ: Interpretação de Bethania, qualquer uma pra mim é bonita. Porque ela sabe interpretar muito bem. E de Caetano tem muitas que eu gosto, mas eu escolhi uma, porque ele tava muito novo quando fez uma música, Força estranha, é uma música muito forte pra um menino de 13 anos. É muito forte.
COM-ART 2: Ele tinha só 13 anos?
DONA CANÔ: É com 12 ele já escrevia. A primeira música dele foi Ciclo, O professor de português fez e pediu pra ele musicar, era um poema muito bonito, Aí foi que Zeca viu que ele sabia escrever música, Era ele escrevendo, Mabel tomando, Foi quando ele chamou:
"Meu pai, venha ver uma coisa, o professor da escola pediu pra musicar esse poema, eu vou tocar pro senhor ouvir. Com 12 anos, ele já apresentava no ginásio pros companheiros mais velhos do que ele.’’
COM-ART 2: E a música que fizeram pra senhora, que Daniela canta: “Dona Canô chamou...” a senhora gosta dessa música?
DONA CANÔ: A Didá aquela que toca no tambor foi ela que inventou isso. Aí logo aprenderam porque esse povo aprende tudo, (risos) Eu fui pra Feira de Santana, quando eu cheguei um retrato meu enorme, e o povo cantando Dona Canô chamou, ora, mas já se viu? Me deixe. (risos) Foi uma festa bonita, tinha muita gente, tavam chamando a atenção dos homens mulheres para o câncer de mama.
COM-ART 2: Dona Canô, nós queríamos agradecer o seu carinho e a sua simpatia.
DONA CANÔ: Simpatia sempre, nunca deixo de atender. Não olho personalidade, todos pra mim são iguais, homens, mulheres, meninos, tudo que me procura.
COM-ART 2: Então deixe uma mensagem para o COM-ART 2...
DONA CANÔ: Não parem, continuem se aperfeiçoando, porque o jornalismo é muito bom pra quem tem capacidade de escrever. Se vocês gostam de escrever estudam para escrever, vai ser uma beleza. Não deixem, continuem, sejam permanentes nas aulas. Agora, procurem ler tudo o que você puder... Livros e jornais, porque muitas vezes é tudo mentira. (risos)
9/9/2009
COM QUASE 102 ANOS, DONA CANÔ É
ADEPTA DO PILATES
Redação CORREIO
Prestes
a completar 102 anos, no próximo 16 de setembro, Dona Canô mostra um dos
segredos de sua vitalidade: não ficar parada, nunca! Mãe de Nicinha, Clara
Maria, Maria Isabel, Rodrigo, Roberto, Caetano, Maria Bethânia e Irene, ela
segue uma rotina de execícios físicos com o pilates três vezes por semana em
casa.
Dona Canô pratica pilates em sua casa, em Santo Amaro
“A médica aconselhou exercícios depois que ela sofreu uma queda.
Mas agora está tudo bem, graças a Deus, e ela continua com o pilates”, contou a
filha Maria Isabel, a Mabel.
Dona
Canô se exercita três vezes por semana com a ajuda de uma médica que vai de
Salvador até Santo Amaro da Purificação para orientá-la. Ela possui uma barra
afixada em seu quarto e também faz alguns exercícios com uma bola própria para
pilates.
Além da rotina de exercícios, Dona Canô está às voltas com a
preparação da comemoração de seu centésimo segundo aniversário.
No
dia 16, os festejos começam com uma missa na Igreja de Nossa Senhora da
Purificação, às 10h. Depois, acontece o almoço com a presença de todos os
filhos, netos e bisnetos na casa da matriarca, o famoso caruru de Dona Canô. A
vizinhança também costuma passar pela casa dela para festejar, e a comemoração
de intenção simples acaba virando festa da cidade.
Dona Canô completa 102 anos com bolo e missa
Uma missa foi marcada
para celebrar a data, em Santo Amaro.
Ela deve participar ainda do tradicional caruru com a família.
Ela deve participar ainda do tradicional caruru com a família.
Do G1, em São Paulo, com informações do iBahia.com
Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia, completa 102 anos nesta quarta-feira (16). Uma missa foi marcada para as 10h, na Igreja de Nossa Senhora da Purificação, em Santo Amaro, para comemorar a data (Foto: Edgar de Souza)
Mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia, Dona Canô completa 102 anos
Rio - Dona Canô completa 102 anos nesta quarta-feira. A festa, que será em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, terá a presença dos filhos famosos Caetano Veloso e Maria Bethânia. O prato principal do evento é o tradicional caruru preparado pelas auxiliares da matriarca. Amiga de longa data de Bethânia, Alcione também viajou para a Bahia para festejar com Dona Canô.
15/9/2009
Hoje, a cidadezinha baiana de Santo
Amaro da Purificação está em festa; sua filha mais ilustre, Claudionor Velloso,
Dona Canô, está completando 102 anos. De manhã será a missa com Maria Bethânia
cantando e depois na casa da matriarca será servido caruru, preparado pelo
filho mais velho Rodrigo, para mais de cem convidados chegados do Brasil
inteiro. Caetano veio com os filhos e as ex Dede Veloso e Paula Lavigne.
Dona Canô, mãe de oito filhos, dá
dica para sua grande forma aos 102: come arroz e feijão no almoço todos os
santos dias e só faz um lanchinho à noite, e ainda duas vezes por semana
enfrente uma viagem de duas horas de carro indo a Salvador para fazer Pilates.
Viva ela!
A Tarde On Line
Santo Amaro em festa para aniversário de Dona Canô
Reginaldo
Pereira/ Agência A Tarde
Dona Canô recebeu o carinho do filho Caetano Veloso na Igreja de Santo Amaro |
A cidade de Santo Amaro da Purificação, localizada
no Recôncavo Baiano, ficou lotada na manhã desta quarta-feira, como costuma
acontecer anualmente no dia 16 de setembro, quando se comemora o aniversário de
Dona Canô. A matriarca da família Veloso completou 102 anos.
As comemorações o aniversário começaram por volta
das 10h30, na igreja da Nossa Senhora da Purificação, com uma missa celebrada
pelo frei Gilmar Magno, de Salvador. Estavam presentes familiares, como os
filhos Caetano e Maria Bethânia, netos e bisnetos de Dona Canô, além da cantora
Alcione, que cantou, a pedido da aniversariante, o canto de louvação à Nossa
Senhora.
A ex-nora de Dona Canô, Paula Lavigne, chegou de
surpresa às comemorações, ao lado de Tom, seu segundo filho com Caetano. Os
dois chegaram para a cerimônia já no final, depois das 11h. A missa foi
encerrada às 11h30, depois que antigos presentes, recebidos por Dona Canô ao
longo dos anos, foram depositados no altar pelos filhos.
Parabéns! Dona Canô
completa 102 anos cercada pela família
Mãe de
Caetano e Maria Bethânia comemora data com festa
Do EGO, no Rio
Dona Canô completa 102 anos nesta quarta-feira, 16. a matriarca da família Veloso acordou cedinho para a comemoração. Já às 7h30, ela tomou café da manhã e recebeu os parabéns pelo tefelone. Além dos filhos, Maria Bethânia e Caetano, a cantora Alcione passou a data com a aniversariante.
Ainda nesta manhã, a família celebra a data com uma missa na Igreja do Amparo, em Santo Amaro, na Bahia. A festa não acaba por aí: depois da celebração religiosa tem almoço para convidados. No cardápio, uma receita da região: Caruru. Parabéns, Dona Canô!
A festa começou logo
cedo. Ela tomou café da manhã com amigos e ganhou um bolo personalizado. Depois
da celebração religosa, ela deve participar do tradicional caruru com os filhos
e netos (Foto: Edgar de Souza)