viernes, 30 de junio de 2023

2012 - Revista PERSONNALITÉ - Gal Costa

 

2012

Revista do Itaú Personnalité
n° 20 | Ano 6
setembro | outubro | novembro
 

Gal Costa “Minha voz não sou eu. Minha voz vem”


Produção de moda: Bárbara Achoua e Satomi Maeda
Fotos: André Schiliró
Styling: Drica Cruz (Abá MGT)
Beleza: Carlos Carrasco








Gal Costa passeia por canções icônicas dos 32 discos da carreira, detalha a relação com Caetano Veloso e tenta explicar o dom de (en)cantar em shows como Recanto, considerado o melhor do ano

 

 

 

Paulo Vinicius Coelho pergunta:

Quando um time pequeno luta por título, as reportagens tocam “Festa do Interior”. O que acha disso?

Gal Costa responde:

Que curioso... Eu nem sabia disso. Talvez seja porque essa música de Moraes Moreira é animada, pulsante, vigorosa... Lembra movimentos, alegrias. E animar as pessoas para vitórias sempre é bom, não? Aliás, Moraes me enviou naquela época cinco composições. Por acaso, escolhi essa para gravar. “Festa no interior” acabou se tornando um megassucesso, graças também ao maravilhoso arranjo da gravação.



Gal, seu público é formado por muitos jovens. Uma façanha entre os artistas da sua geração. O que você pensa disso? 

Olha, eu já sabia que a garotada andava ouvindo músicas dos meus primeiros discos, como Meu nome é Gal, Gal 68, Fa-Tal, LeGal, Índia, Cantar... Sabia que adoravam minha coragem, os gritos, as guitarras, os cabelos, os arranjos radicais... Até me ocorria fazer algo voltado às novas gerações, na intenção de rever partes da minha história. Mas precisaria ser algo bem pensado. Então, veio esse disco atual com Caetano, e o público jovem adorou e se identificou. Percebo que tem tudo a ver com a minha história, com a minha carreira de rupturas. Hoje, digo até que me sinto roqueira no show, principalmente em “Cara do mundo”. Caetano, ao me ver no palco cantando essa música, disse: “Está maravilhoso! É rock! Está rock!”.





Em 1969, plena ditadura militar, Danuza Leão, entrevistada pelo semanário carioca O Pasquim, provocava o regime: “Gal Costa é a mulher mais elegante do Brasil, porque não combina sapato com bolsa”. 

No mesmo período, o compositor baiano Tom Zé, um dos mentores da Tropicália, declarava na TV outra sentença curiosa sobre aquela cantora descabelada que se tornara o emblema da oposição musical do país. “Sabe uma faca me rasgando, um mundo se acabando? Gal Costa cantora, a mulher, a mulher terrível, a mulher linda, a noiva, a morta, a viúva, a maravilha: é muito difícil falar, Gal Costa sempre me trata com choques elétricos. Chego pra vê-la e me arrebento e me desarrumo, é sempre surpreendente.” 

Quatro décadas se passaram. E que mulher foi essa, que artista é essa, que importância ela continua a ter? No mínimo, Gal Costa é a matriz do canto moderno no Brasil. Seu estilo, seu jeito, as escolhas que fez exploraram limites. Ela já reinventou canções de Gil (“Barato total”), Roberto e Erasmo (“Meu nome é Gal”), Adoniran Barbosa (“Trem das onze”), Jorge Ben Jor (“Que pena”), Jards Macalé e Waly Salomão (“Vapor barato”) e, claro, composições de seu grande parceiro, Caetano Veloso. Essas, aos magotes. “London, London”, “Baby”, “Coração vagabundo”… 

No ano passado, ela reassumiu o cume da vanguarda da MPB. Seu último CD, Recanto, foi produzido por Caetano Veloso a partir de composições inéditas do baiano. Calcado em bases eletrônicas, foi destacado pela imprensa como um dos melhores de 2011. O novo show de Gal, com canções icônicas dos 32 discos de sua carreira, acaba de ser eleito pelo canal Multishow como o melhor de 2012. 

Pois é. Agora mãe coruja de Gabriel, 7, ela ainda mantém certo jeito de garota rebelde – mesmo aos 67 anos. E tem mais: Gal conseguiu a proeza de conquistar em pouco tempo públicos novos e, de quebra, manter contentes os seus fiéis seguidores. A MTV, que a indicou para três premiações no VMB realizado em setembro, encontrou uma definição para o atual momento da cantora: “Tropicalista, baiana e – por que não? – rock’n’roll”. Esse novo tempero pode ter algo a ver com sua mudança este ano para São Paulo, depois de décadas entre Salvador e Rio de Janeiro, cidade em que recebeu a Revista Personnalité para uma tarde de conversa.









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