Criação, escolha de repertório e apresentação:
Maria Bethânia
Seleção de textos: Eucanaã Ferraz
Produção: Ana Basbaum
Edição e finalização: Filipe Di Castro
Arte: Estúdio Mirante
Foto: Ana Basbaum |
'Tabuleiro': Maria Bethânia
une música e literatura na rádio Batuta
Série de seis episódios será exibida na internet
pelo IMS (Instituto Moreira Salles)
Redação, O Estado de S.Paulo
23
de outubro de 2021
Por
Danilo Casaletti, Especial para o Estadão
Maria Bethânia e Eucanaã Ferraz preparando o programa “Tabuleiro” que irá ao ar nesta quinta-feira, 04/11, na @radio_batuta . |
Em uma série de seis programas temáticos, a cantora oferece música e literatura aos ouvintes
No primeiro episódio Tabuleiro, programa que Maria Bethânia estreia nesta quinta-feira, dia 4, na Rádio Batuta, pertencente ao Instituto Moreira Salles (IMS), textos de Clarice Lispector se conectam com a música negra americana, sobretudo o blues e o jazz. Trechos de A Hora da Estrela, Água Viva e A Paixão Segundo G.H. encontram relações, por exemplo, com Nina Simone cantando Pirate Jenny. Ou, com o clássico Summertime na voz de Mahalia Jackson.
A ideia dessa "mistura", como diz Bethânia ao Estadão, em entrevista por telefone, surgiu depois que o escritor e professor Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do IMS e responsável pela seleção de textos para o projeto, lhe enviou sugestões sobre o que ler de Clarice, embora a cantora, apaixonada pela escritora, já tivesse lido tudo dela.
Essa relação pensada por Bethânia e alinhavada por Ferraz se dá de forma natural. Em Tabuleiro, a cantora apenas lê os textos. Não há qualquer introdução, explicação ou referência. E eles são intercalados pelas canções, que também recebem o mesmo tratamento. Assim quis Bethânia. Como em seus shows, Bethânia joga sua rede de sentimentos. Cabe ao público, em seguida, recolhê-la.
Ao todo, serão 6 episódios, cada um com um tema diferente, disponibilizados semanalmente, até 9 de dezembro. Além de Clarice, os demais temas passam pelo Brasil dos modernistas, Caetano Veloso e as traduções de Augusto de Campos, os poemas e a canções de Vinicius de Moraes, Chico Buarque e a poesia de Carlos Drummond de Andrade, e, por fim, a poesia portuguesa, com a qual Bethânia ilustrou com fado, ópera e Dalva de Oliveira - outra três de suas paixões.
No papo descontraído com o Estadão, Bethânia falou
sobre o programa, Clarice, Nina, Caetano e seu costume de escrever e depois
queimar tudo o que redigiu.
Você dedica o primeiro episódio ao Caetano, que te mostrou Clarice e o blues. Que impacto isso teve na sua vida?
Lembro quando Caetano e João Augusto, diretor da Escola de Teatro da Bahia, me mostraram Summertime, com Mahalia Jackson, em um compacto simples. Um mundo novo se abriu. Para mim, essa é a música mais bonita que existe. De uma classe, uma nobreza. Inclusive, as versões (das canções) que escolhi são todas ligadas à minha memória mais bonita de princípio de juventude. Fiquei louca atrás para consegui-las. O mesmo encantamento aconteceu quando li pela primeira vez um conto de Clarice. A verdade dela, a necessidade de existir por meio de sua expressão... Fiquei maluca! Clarice e o blues têm tudo a ver.
O Eucanaã (Ferraz) disse que a ideia de juntar Clarice e blues foi sua e
que ele, a princípio, não enxergou essa relação. Entretanto, depois, viu que há
de fato uma relação.
Eucanaã levou alguns sustos (risos). Eu queria Clarice no primeiro programa. Só não sabia como iria mexer com as músicas. Quando chegaram os textos, muitos, um dos primeiros que li foi justamente o que eu abro o programa. Eu senti que nele Clarice falava da dor dos pretos e sobre o óleo dos cisnes-negros que impermeabiliza a pele (ela se refere a um trecho do livro Água Viva). Entendi que a literatura dela e o blues ficaram do mesmo tamanho, com a mesma verdade, mesma força. Disse: é isso! Misturar Clarice, que eu adoro, com o blues que tenho ouvido muito.
A Clarice e o blues trazem, segundo o Eucanaã, ao mesmo tempo, a dor e a
superação desse sofrimento.
Sim. Eles não morrem. Fazem blues para sobreviver. Clarice escreve para sobreviver. É imperativo. Não tem uma escolha.
Seu cantar também é assim?
É. Eu tenho que cantar.
Você conheceu Clarice?
Sim. Não tive grande aproximação. Ela era muito amiga do Fauzi Arap (diretor de teatro). Quando fizemos o show Rosa dos Ventos (1971) ela foi a dois ensaios. E, no dia da estreia, era a primeira pessoa ali, na fileira. Eu sentadinha no palco, dizendo o Poema do Menino Jesus (de Fernando Pessoa), quando abri os olhos, vi Clarice, em close. Quase morri. Ela gostou muito do espetáculo, disse coisas muito fortes.
Ainda sobre o primeiro episódio, na parte musical,
há Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Chet Baker, Janis Joplin, mas quem abre é
Nina Simone, com a canção Pirate Jenny.
Por conta da dramaticidade. A Ópera dos Três Tostões (de Bertolt Brecht, da qual a canção faz parte) foi o primeiro espetáculo musical que Caetano me levou para ver em Salvador. Me apaixonei pelo teatro. Minha vida mudou. Fiquei enlouquecida com as personagens. Imagina, esse espetáculo foi montado nas ruínas do Teatro Castro Alves, que tinha acabado de incendiar. A Lina Bo Bardi fez a cenografia. Era uma coisa inacreditável! Mandei para o Caetano ouvir esse primeiro programa. Ele me escreveu dizendo: fiquei muito feliz em a primeira canção ser da Ópera dos Três Tostões. Foi o primeiro espetáculo que eu te levei para que você entendesse a cidade.
Você tem uma história com a Nina. Gravaram juntas uma canção, Pronta pra
Cantar, de Caetano, no seu disco de 1990. Como isso se deu?
Um empresário dela ficou encantado com o meu trabalho quando me viu em turnê pela Europa. Ele achava que tinha uma relação com a Nina. Ele insistiu para fazermos algo juntas. Eu disse que, para que eu conseguisse fazer, teria que ser algo mais para meu lado. Eu não falo e nem canto inglês. E cantar com Nina era difícil. Uma musicista extraordinária e uma cantora com estudo e preparações líricas, além de ser negra e cantar blues daquela maneira. Pedi a Caetano para fazer a canção. Nina aceitou. Brava que só ela, mas quis fazer. Ela gravou em Londres e eu aqui no Rio de Janeiro. Tinha medo dela! Já pensou encontrar com aquela figura? Era zangada. Depois, ela escreveu perguntando se podia gravar uma versão toda em inglês para o disco dela, o que não ocorreu porque ela logo deu uma parada na carreira.
No segundo episódio, o tema é o Brasil, os sons, sensações. Que país
você irá mostrar?
Tem relação com a Semana de Arte Moderna (1922), com textos de Mário e Oswald de Andrade. É o programa mais curto, concentrado. Abro com Gal Costa naquela genial versão de Aquarela do Brasil. Gal é a voz, um retrato do país que se mantém há tanto tempo. Depois, entro nos textos dos negreiros, dos cabralinos. Tem Caetano com Vamo Comer.
Eucanaã disse que você é mais Mário e Caetano mais Oswaldo...
Eu sou Mario mesmo. Adoro! É calmo, relaxado, para aproveitar. Oswald é mais preciso, seco. É mais a cara de Caetano que é cabeção (inteligente).
Há episódios sobre Vinicius, Caetano, Chico. Três de suas grandes
paixões na música, não? Em todos eles há o cruzamento da literatura com a
canção popular.
Eu sou cantora popular. É isso que sei e o que gosto de fazer. E gosto de ler, falar, completar o pensamento com textos (no palco) que levem o pensamento e o sentimento mais adiante. É meu jeito de trabalhar, o que aprendi com o Fauzi. Gostei muito de fazer esses programas. Foi divertido. Tem poesia, reflexão, esculhambação.
Por falar em Fauzi, foi com ele, no show Comigo Me Desavim, de 1967, que
você começou a dizer textos e poesias no palco, não?
Foi. No show Opinião (1965) havia textos mais coloquiais, conversados. Em Comigo Me Desavim eu lia, por exemplo, O Mineirinho, (conto) de Clarice, inteiro.
Você tem um modo muito próprio de dizer os textos. As pausas, os
alongamentos de sílabas. Há até o filme que você fez com a professora Cleonice
Berardinelli (O Vento Lá Fora, de 2014) no qual ela dirige sua leitura, com
momentos curiosos. De onde veio isso?
É muito natural. É o meu jeito de entender e de sentir. Com a professora Cleonice é outra praia. Ela é linda. Tem que ler direitinho (risos).
Você pode falar sobre o último episódio, dedicado à poesia portuguesa,
pela qual você tem muito apreço?
Oh "paisinho" para ter bons poetas! No programa Fernando (Pessoa), mas nem tanto. Eu queria mostrar a poesia portuguesa não só com o fado. Porém, com a música brasileira, era preciso que tivesse um pouquinho de humor. Então, por exemplo, coloquei Dalva de Oliveira cantando "joguei meu cigarro no chão e pisei" (Bethânia cantarola o samba Pela Décima Vez, de Noel Rosa). Isso com a poesia portuguesa é meio maluco, inesperado. Essa é a grande graça. A mistura. Tem Amália (Rodrigues) arrebentando, claro. E tem ópera. Escolhi Maria Callas, que é minha paixão, com uma ária de Bizet, e o Pavarotti, que é voz masculina de ópera mais bonita, com Una Furtiva Lacrima, que tem tudo a ver com um poema extraordinário de Eugênio de Andrade.
Nos dias de hoje, neste ano, sobretudo no Brasil, qual a importância da
poesia, da literatura - e mais, a relevância de você e Caetano lançarem discos
profundos e que estimulem a reflexão?
Resistência. Um chamado para resistir. Esse é o nosso trabalho como artista.
Recentemente, você foi eleita imortal na Academia de Letras da Bahia,
para a cadeira de número 18. Foi chamada pelos agora colegas como
"defensora das letras". Como recebeu isso?
Fiquei emocionada. Receber essa honraria da Academia de Letras da minha terra me deixou tocada. Estou preocupadíssima com o meu discurso. Mas tivemos essa perda muito grande do maestro (o Estadão conversou com Bethânia um dia após a morte do músico Letieres Leite, que trabalhou com ela em seu mais recente disco, Noturno). Então as coisas estão paradinhas. Deixa o tempo passar.
Você escreveu algumas letras de músicas, textos. Você escreve sempre?
Tem guardados?
Não guardo nada. Escrevo, sim, muito. O que vou
sentindo. Escrever me liberta. É igual cantar. Depois, queimo, rasgo, jogo
fora. O Waly (Salomão, poeta) brincava comigo dizendo que ia me dar um baú pra
eu jogar tudo dentro em vez de queimar (risos).
Com temas tão distintos, cada episódio teve um método próprio de construção - embora a seleção de textos sempre coubesse a Eucanaã Ferraz e a escolha das canções à Maria Bethânia. Ora Ferraz apresentou primeiro o material escrito selecionado, como no caso de Clarice Lispector. Ora foi Bethânia que veio com as canções, como no episódio que aborda a obra de Caetano. E, desse modo, os programas tomaram forma.
"Esses programas têm algo de muito lindo que é a Bethânia ouvinte de música. Quais são as canções que ela ouve em casa, mas não canta? Quais cantoras ela gosta de ouvir? Tudo veio da memória afetiva dela. Ela não colocou Janis Joplin à toa no primeiro episódio. Ela ama Janis", diz Ferraz.
O Brasil, claro, passa pelo Tabuleiro. A obra de Chico Buarque foi abordada pelo viés carioca e associada à poesia de Carlos Drummond de Andrade também por essa ótica. No episódio dedicado aos autores portugueses, tem Beth Carvalho cantando As Rosas não Falam, de Cartola, e Elizeth Cardoso, Serenata do Adeus, de Vinicius de Moraes. Anitta está presente no programa oferecido à obra do Poetinha, com a citação de Garota de Ipanema que ela fez em Gril From Rio, cujo videoclipe oficial no YouTube já passa de 35 milhões de visualizações.
"Bethânia é, simultaneamente, um intérprete do Brasil e uma criação do Brasil. O país produziu Maria Bethânia. Quando ela fez o disco e show Brasileirinho (2003/2004) ela se consagrou como uma cantora-pesquisadora. Esse show é um ensaio sobre o Brasil. Tem um gosto de Mário de Andrade", analisa Ferraz.
Sobre os cruzamentos que o programa propõe, de música popular e alta literatura, Ferraz afirma que a canção no Brasil é forte, importante e excelente demais para não merecer uma atenção ensaística, crítica ou teórica. "Não há antagonismo. Ninguém questionará Chico associado a Drummond. Essa talvez essa seja a maior grandeza do Brasil. Repercute em inteligência, expressão, criação, mobilidade social", diz.
Para Ferraz, a função da literatura neste momento
que o Brasil atravessa é ser o oposto daquilo que é triste. "A poesia, as
artes em geral, continuam sendo feitas - e na direção contrária a esse vento
horrível. Nossa capacidade de sobreviver vem daí", diz.
Maria Bethânia lança podcast pela rádio
Batuta; conheça os detalhes
Marcelo Argôlo
27/10/2021
Um dos nomes mais consagrados da música brasileira, Maria Bethânia lança em novembro o podcast Tabuleiro, pela Rádio Batuta, do Instituto Moreira Sales (IMS). A cantora explora no programa a sua relação com a literatura.
A ideia do podcast é intercalar canções a textos literários, que foram selecionados pela artista e pelo poeta Eucanaã Ferraz. Serão, ao todo, seis episódios disponibilizados gratuitamente no site da Rádio Batuta a partir de 04 de novembro.
O primeiro episódio traz a obra da escritora Clarice Lispector, por quem Maria Bethânia já demonstrou admiração. Em gravações dos anos 1970, mais específicamente o disco “Drama”, de 1972, a cantora chegou a incluir textos da autora. Bethânia lerá no episódio trechos de romances e crônicas de Clarice em diálogo com canções de nomes como Billie Holiday e Mahalia Jackson.
Em outros episódios, poetas como Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes também serão abordados, além de compositores como Chico Buarque, amigo de Bethânia, e Caetano Veloso, irmão da artista.
O colunista da Folha de S. Paulo
Walter Porto aponta que Maria Bethânia também deve abordar a poesia portuguesa.
Segundo o jornalista, a artista baiana já demonstrou um interesse sobre o tema
no documentário O Vento Lá Fora, de Marcio
Debellian. No filme, há um divertido diálogo dela com a crítica literária
Cleonice Berardinelli sobre Fernando Pessoa.
No Tabuleiro
de Bethânia tem...
29 DE
OUTUBRO DE 2021 | NANI RUBIN
A coisa toda se insere na categoria luxo. Em 4 de novembro, Maria Bethânia estreia na Rádio Batuta o primeiro dos seis episódios do programa Tabuleiro. Concebido e apresentado por uma das maiores intérpretes da música brasileira, o programa reúne literatura e música em conjunções nada óbvias. O primeiro deles, por exemplo, terá Clarice Lispector, uma paixão antiga, e a música negra americana, cantada por nomes como Billie Holiday, Alberta Hunter e Mahalia Jackson. O segundo, disponível a partir da quinta-feira seguinte, dia 11 de novembro, se intitula Brasil, sons, sensações, palavras, e relaciona textos de pensadores como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Davi Kopenawa e Lina Bo Bardi a músicas de Cazuza, Milton Nascimento e Luiz Gonzaga, entre outros.
"Quando as coisas são bonitas, elas podem estar juntas e tudo dá certo", disse Bethânia para o poeta Eucanaã Ferraz, consultor de Literatura do IMS e responsável pela seleção de textos do programa (cabe à cantora a escolha do repertório musical). E, de fato, o que num primeiro momento pode parecer inusitado encontra pontos importantes de interseção.
"Bethânia me dizia que música negra e Clarice tinham a mesma intensidade, uma força, algo que tinha a dor e também a superação da dor, como se houvesse um equilíbrio entre o mais terrível, o mais doloroso e a alegria mais intensa", conta Eucanaã. "Ela falou muito disso, os homens que cantavam depois do trabalho e faziam da música, do canto, do seu instrumento, uma forma de sobrevivência. E como em Clarice, de certo modo, a escrita também significa isso: uma sobrevivência, uma superação."
Eucanaã foi então perscrutar os textos de Clarice, "sem saber muito bem aonde chegaria". E encontrou a escritora falando dos africanos, da dor dos negros. "Ela fala da África, de blues, de jazz. Eu não sabia disso, que os textos poderiam se encaixar tão perfeitamente. Bethânia também não. É um programa muito emocionante. Ela o dedica a Caetano Veloso, que a apresentou a Clarice."
A ideia do programa nasceu de uma conversa de Luiz Fernando Vianna, coordenador da Rádio Batuta, com Ana Basbaum, colaboradora próxima da cantora e produtora de Tabuleiro. Bethânia topou o projeto e assumiu tarefas para dar forma e criar uma concepção para o que vai ao ar a partir do dia 4. "É uma honra e um privilégio para a rádio ter o programa de uma artista do tamanho da Bethânia", diz Luiz Fernando. "Atesta a programação de qualidade que a rádio busca fazer e que tem nisso o melhor exemplo."
O coordenador da Batuta observa que a rádio representa dois braços do IMS – tanto a música quanto a literatura, com séries como Literatura em voz alta e a cobertura da Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty. Tabuleiro fará essa síntese, sustentando-se sobre esses dois pilares. A propósito, o nome vem de uma ideia descartada ao longo do processo de produção: iniciar cada um dos episódios com uma vinheta em que Bethânia cantaria o primeiro verso da canção No tabuleiro da baiana (1936), de Ary Barroso. A vinheta não vingou, mas deixou Tabuleiro, o título, como legado – um lugar de oferta, em que a cantora oferece textos e músicas.
Cada um dos episódios de Tabuleiro teve uma dinâmica diferente de construção. Para os de Chico e Caetano, por exemplo, Bethânia mandou primeiro as canções selecionadas. Eucanaã começou a escolher poemas de Carlos Drummond de Andrade e sugeriu então que fosse apenas Chico e Drummond, reunindo "o grande poeta da canção e o grande poeta do livro". O episódio estará disponível a partir de 25/11.
Quanto a Caetano, Eucanaã admite que num primeiro momento não soube o que fazer. Mas, munido da lista de canções enviadas por Bethânia, teve um insight e foi buscar poemas traduzidos por Augusto de Campos. No episódio dedicado ao mano, acessível a partir de 2/12, Bethânia lê poetas provençais e criações de Vladimir Maiakovski, Lord Byron, John Keates e John Donne, entre outros.
"É uma maneira de homenagear o Caetano não só por ser um programa todo sobre ele, com canções selecionadas pela irmã", diz Eucanaã. Ao escolher Augusto, uma pessoa que ele ama e admira, fazemos uma homenagem à amizade dos dois. É uma homenagem à compreensão que o Caetano tem do Augusto e dos concretistas e à compreensão que o Augusto e os concretistas tiveram do Caetano e dos tropicalistas desde a primeira hora."
O ouvinte da rádio vai escutar, portanto, uma seleção muito particular de canções e textos, não canções escolhidas como repertório para cantar. Como ressalta Eucanaã, é "uma coisa mais íntima": são canções que Bethânia está escolhendo para ouvir e para fazer o público ouvir. No episódio totalmente dedicado a Vinicius de Moraes, com lançamento em 18/11, a cantora lê sonetos, trechos da peça Orfeu da Conceição, seleciona parcerias com Tom Jobim e canções do poeta cantadas por um amplo arco de intérpretes, de Elizeth Cardoso a Anitta.
O último episódio será lançado no dia 9/12 e é dedicado à poesia portuguesa, uma paixão da artista, conjugada com músicas cantadas por Amália Rodrigues, Maria Callas e Beth Carvalho. Mas aqui ela vai além dos poetas de presença recorrente em seus espetáculos, e lê entre outros, pela primeira vez, Eugenio de Andrade.
"Tem uma coisa muito bonita, que é o fato de a
Bethânia não ter se recusado a experimentar novos autores", diz Eucanaã.
"O que significa novos ritmos, novas formas, novas respirações. Porque
tudo aquilo implica o modo de respirar, de dizer, de sentir, de se colocar no
mundo, de pôr a voz, de dar a voz, tudo isso é muito novo para ela. Então é
muito bonito o quanto ela esteve disponível para fazer isso tudo."
Nani
Rubin é jornalista e integra a Coordenadoria de Internet do IMS
O Globo
Cultura/Música/Literatura
Maria Bethânia junta música
e literatura em podcast: 'A arte é a única saída'
Parceria da cantora com o poeta Eucanaã Ferraz, 'Tabuleiro' estreia
nesta quinta-feira (4/11) com episódio que aproxima blues e Clarice Lispector
Ruan de Sousa Gabriel
04/11/2021
Maria Bethânia ainda se lembra da primeira vez que ouviu Mahalia Jackson, cantora americana de voz solene que gravou versões insuperáveis de clássicos da música gospel e do blues. Tinha uns 12 ou 13 anos quando, junto do irmão Caetano Veloso e João Augusto, diretor da Escola de Teatro da Bahia, escutou Mahalia cantar “Summertime”. Mais ou menos na mesma época, recebeu do irmão um exemplar da revista “Senhor” e a indicação para ler a crônica “Os desastres de Sofia”, assinada por Clarice Lispector. A partir dali, Bethânia se tornou “a maior tiete” da escritora.
Não é de estranhar, portanto, que Bethânia dedique o primeiro episódio de “Tabuleiro”, programa que ela estreia nesta quinta-feira (4/11) na Rádio Batuta, “a meu irmão Caetano, que me ensinou Clarice Lispector e o blues, com suas vozes extraordinárias”. O episódio intercala canções como “Pirate Jenny” (Nina Simone), “Strange Fruit” (Billie Holiday) e “Abalama Blues” (J.B Lenoir) e trechos de romances, contos e crônicas de Clarice declamados pela cantora. Ao final do episódio, Bethânia lê uma passagem de “Água viva”, que termina com a afirmação “sou uma nota musical grave”, e Mahalia começa a cantar “Summertime”, a mesma versão que a baiana ouviu adolescente. A voz de Mahalia, porém, logo se transforma na voz de Janis Joplin, interpretando a mesma canção, mas numa “versão enlouquecida”, que Bethânia conheceu quando já era “mulher e cantora”.
— Acho que Clarice tem alguma coisa a ver com blues: com a dor do blues, a beleza do blues, a esquisitice do blues. Tanto Clarice quanto o blues têm uma coisa criativa, livre e dolorida — diz Bethânia, por telefone, ao GLOBO. — Durante esse tempo que passei dentro de casa, ouvi muito blues para sair dessa tristeza da pandemia. O Brasil está muito difícil.
A certeza de que há realmente uma relação entre Clarice e a música negra americana veio quando o poeta Eucanaã Ferraz, parceiro de Bethânia no programa, mostrou a cantora um outro trecho de “Água viva”. “Pode-se transformar a dor em prazer”, diz a narradora, referindo-se aos escravizados que apanhavam de chicote dos brancos, a “um fio de lamento triste e largo e selvático” e ao “jazz em fúria”.
Carta branca
Eleita mês passado para a Academia Baiana de Letras, Bethânia conta que o convite para fazer “Tabuleiro” veio do Instituto Moreira Salles (IMS), mantenedor da Rádio Batuta.
— Me disseram que eu podia falar o que quisesse e escutar a música que quisesse no programa. Achei divertido e resolvi unir as duas coisas que eu gosto: literatura e música. É um programa amoroso. É para eu gostar (risos) — diz a cantora que, em vez de “falar o quisesse”, preferiu ler trechos de alguns de seus autores preferidos. — Já estou cansada de falar de mim, do que penso, do que acho. Nem sabia que ia dar entrevista sobre o programa. Pensei que ia ser uma coisa escondidinha, pequeninha. Prefiro que os autores falem por mim. É assim que realizo meu ofício, no palco e no disco. Eles dizem o que eu gostaria de dizer, são meus porta-vozes.
“Tabuleiro” terá seis episódios, disponibilizados às quintas-feiras. Bethânia escolheu as canções e os autores e Eucanaã selecionou os trechos declamados pela cantora. Haverá episódios dedicados à obra poética e musical de Vinicius de Moraes (com direito a Anitta cantando “Garota de Ipanema”), à paixão de Carlos Drummond de Andrade e Chico Buarque pelo Rio, e aos poetas portugueses, tão queridos por Bethânia. Ela lamenta ter conseguido incluir apenas dois poemas de seu “querido Fernando (Pessoa)” no programa. Além dele, o episódio luso trará versos de Sophia de Mello Breyner, Eugênio de Andrade e Manuel Alegre e as vozes de Amália Rodrigues, Luciano Pavarotti e Maria Callas. Caetano vai dividir um episódio com versos de Maiakóvski, Rimbaud, Byron e Keats traduzidos pelo poeta concretista Augusto de Campos.
Haverá ainda um episódio sobre o Brasil, com escritos dos modernistas Mário de Oswald de Andrade e de outros intelectuais que se atreveram a interrogar o país, como o líder yanomani Davi Kopenawa e a arquiteta Lina Bo Bardi, e canções de Milton Nascimento, Cazuza, Luiz Gonzaga e Nana Caymmi. Segundo Eucanaã, neste episódio, os ouvintes vão escutar Bethânia declamando alguns autores pela primeira vez. A cantora é mais conhecida por suas interpretações de trechos de Clarice e de poetas portugueses, como Pessoa e Sophia de Bello Breyner.
— É uma coisa bonita de ver uma artista como Bethânia, que criou uma carreira tão sólida, com repertório próprio, se arriscando e se abrindo para o novo com tanto entusiasmo — diz afirma Eucanaã, que conheceu Pessoa primeiro na voz da cantora e só depois nos livros.
Bethânia, que lançou um novo disco ("Noturno") em julho, diz que passou a pandemia preocupada em não se contaminar, sem cabeça para leitura.
—
O maior esforço é sobreviver a essa violência massiva, que está no ar 24 horas
por dia no Brasil. Estamos num período difícil, que precisa acabar. Estamos
todos muito abatidos — diz. — A arte é a única saída.
Episódio
1: Clarice Lispector e a música negra norte-americana - 4/11/2021
Episódio
2: Brasil, sons, sensações, palavras - 11/11/2021
Episódio
3: Vinicius de Moraes por Vinicius de Moraes - 18/11/2021
Episódio
4: Chico Buarque e Carlos Drummond de Andrade - 25/11/2021
Episódio
5: A música de Caetano Veloso e traduções de Augusto de Campos - 2/12/2021
Episódio
6: Poesia portuguesa - 9/12/2021
Maria Bethânia e Eucanaã Ferraz - Foto: Ana Basbaum |
4/11/2021 |
"... Lembro
quando Caetano e João Augusto, diretor da Escola de Teatro da Bahia, me
mostraram Summertime, com Mahalia Jackson, em um compacto simples. Um mundo
novo se abriu. Para mim, essa é a música mais bonita que existe. De uma classe,
uma nobreza. Inclusive, as versões (das canções) que escolhi são todas ligadas
à minha memória mais bonita de princípio de juventude. Fiquei louca atrás para
consegui-las. O mesmo encantamento aconteceu quando li pela primeira vez um
conto de Clarice. A verdade dela, a necessidade de existir por meio de sua
expressão... Fiquei maluca! Clarice e o blues têm tudo a ver. ..."
[Maria Bethânia, O Estado de S.Paulo, 23/10/2021]
Episódio 1: CLARICE LISPECTOR E A MÚSICA NEGRA NORTEAMERICANA
Maria Bethânia dedica a
estreia de seu programa ao irmão Caetano Veloso, que lhe apresentou a obra de
Clarice Lispector e o blues. Para ela, os textos da escritora e a música negra
têm em comum a intensidade. Permitem que se suporte a dor com beleza e até
alegria. Há sons e palavras fortes no primeiro episódio de “Tabuleiro”, como na
frase da crônica “dies irae”, de Clarice: “Acho certo roubar para comer”.
Roteiro:
Água viva (romance)
Pirate Jenny (Kurt Weill e Bertolt
Brecht) Nina Simone
A hora da estrela (romance)
Poema, op. 94 nº 1 para violino e
orquestra (Marlos Nobre) Camerata Sesi de Vitória, regida por Leonardo David.
Solista: Gabriela Queiroz
A hora da estrela (romance)
My handy man ain’t handy no more
(Andy Razaf e Eubie Blake) Alberta Hunter
A maçã no escuro (romance)
Stormy
weather (Harold Arlen e Ted Koehler) Billie Holiday
Água
viva (romance)
Cheek
to cheek (Irving Berlin) Ella Fitzgerald e Louis Armstrong
Água viva (romance)
Uma aprendizagem ou O livro dos
prazeres (romance)
Strange
fruit (Abel Meeropol) Billie Holiday
dies irae (crônica)
Alabama blues (J.B. Lenoir) J.B.
Lenoir
O
terror (crônica)
‘Round
midnight (Thelonious Monk) Chet Baker
Estive em Bolama, África (crônica)
Abstrato é o figurativo (crônica)
You
gotta move (Mr. Dark Blue Eyes) – Mr. Dark Blue Eyes (voz e guitarra de caixa
de charuto), Richard “The Teacher” (violão) e Geison Cesare (gaita)
As
três experiências (crônica)
Texas
blues in A (daddystovepipe) daddystovepipe
Água
viva (romance)
Summertime
(George Gershwin, DuBose Heyward e Ira Gershwin) Mahalia Jackson
Summertime
(George Gershwin, DuBose Heyward e Ira Gershwin) Janis Joplin
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11/11/2021 |
Episódio 2: BRASIL, SONS, SENSAÇÕES, PALAVRAS
No segundo episódio da
série, Maria Bethânia mostra o Brasil que se ama, que merece ser amado e,
ainda, o que se destrói, como retratado nas palavras de Davi Kopenawa Yanomami
e Cazuza.
Roteiro:
AQUARELA DO BRASIL (Ary Barroso) Gal Costa
MANIFESTO DA POESIA PAU-BRASIL (Oswald de Andrade)
MANIFESTO ANTROPÓFAGO (Oswald de Andrade)
VAMO COMER (Caetano Veloso) Caetano Veloso e Luiz Melodia
A QUEDA DO CÉU (Davi Kopenawa Yanomami/Bruce Albert)
BRASIL (Cazuza/George
Israel/Nilo Romero) Cazuza
NORDESTE, do catálogo da exposição inaugural do Museu de Arte Popular do Unhão,
em Salvador, em 1963 (Lina Bo Bardi)
TRISTEZA DO JECA (Angelino de Oliveira) Maria Bethânia e Caetano Veloso
CONGRESSO DOS VENTOS (Joaquim Cardozo)
TRAVESSIA (Milton Nascimento/Fernando Brant) Milton
Nascimento
MELODIA MOURA (Mário de Andrade)
MORENA DE ENDOIDECER (Djavan) Djavan
INOCÊNCIA (Visconde de
Taunay)
POR CAUSA DESTA CABOCLA (Ary Barroso/Luiz
Peixoto) Nana Caymmi
O POETA COME AMENDOIM (Mário de
Andrade)
LUAR DO SERTÃO (João Pernambuco/Catulo da Paixão Cearense) Luiz
Gonzaga e Milton Nascimento
PÁTRIA MINHA (Vinicius de Moraes)
MELODIA SENTIMENTAL (Heitor Villa-Lobos/Dora Vasconcelos) Zizi Possi
A VIDA DO VIAJANTE (Gonzaguinha) Luiz Gonzaga e Gonzaguinha
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18/11/2021 |
Episódio 3: VINICIUS DE MORAES POR VINICIUS DE MORAES
Bethânia entrelaça o
Vinicius poeta e o Vinicius compositor numa trama que tem o amor como eixo.
Podem ser amores desesperados, como o de Orfeu por Eurídice; podem ser
infinitos enquanto durem, e também há os dedicados ao Rio, à Bahia, ao Brasil,
às garotas que passam a caminho do mar.
Roteiro:
O
MAIS QUE PERFEITO (Jards Macalé/Vinicius de Moraes) Jards Macalé
CAMELÔ
DO AMOR
SAMBA
DA BENÇÃO (Baden Powell/Vinicius de Moraes) Vinicius de Moraes
POÉTICA
(II)
ESTRADA
BRANCA (Edu Lobo/Vinicius de Moraes) Edu Lobo
POEMA
DE ANIVERSÁRIO
MINHA
NAMORADA (Carlos Lyra/Vinicius de Moraes) Miúcha, Vinicius de Moraes,
Tom Jobim e Toquinho
SONETO
DE ORFEU
MEDO
DE AMAR (Vinicius de Moraes) Nana Caymmi
MONÓLOGO
DE ORFEU
POEMA
DOS OLHOS DA AMADA (Paulo Soledade/Vinicius de Moraes) Vinicius de Moraes
ORAÇÃO
JANELAS
ABERTAS (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) Elizeth Cardoso
RUAS
DO RIO
MENINO
GRANDE (Antônio Maria) Nora Ney
SONETO DE LUZ E TREVA
TARDE EM
ITAPOÃ (Toquinho/Vinicius de Moraes) Mart’nália
e Toquinho
HOW
INSENSITIVE [Insensatez] (Tom Jobim/Vinicius de Moraes - Versão:
Norman Gimbel) Laura Figy
SONETO
DE SEPARAÇÃO
A FELICIDADE
(Tom Jobim/Vinicius de Moraes) João Gilberto
SE
FOSSES LOUCA POR MIM
SEM
MAIS ADEUS (Francis Hime/Vinicius de Moraes) Mônica Salmaso
SONETO
DE FIDELIDADE
GENTE
HUMILDE (Garoto/Vinicius de Moraes/Chico Buarque) Inezita Barroso
UMA
VIOLA-DE-AMOR
MODINHA (Tom
Jobim/Vinicius de Moraes) Tom Jobim
GAROTA
DE IPANEMA (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) Anitta
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25/11/2021 |
Episódio 4: CHICO BUARQUE E CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
O
amor de várias formas, das platônicas às destrutivas, permeia o roteiro que faz
poemas de Drummond conversarem com canções de Chico Buarque. O Rio de Janeiro,
também amado e espantoso, é outro tema fundamental deste programa de Bethânia.
Roteiro:
SAMBA DE ORLY (Toquinho/Vinicius de
Moraes/Chico Buarque) Chico Buarque e MPB-4
RETRATO DE UMA
CIDADE
MORRO DOIS IRMÃOS (Chico Buarque) Chico Buarque
CANÇÃO PARA ÁLBUM
DE MOÇA
A MOÇA DO SONHO (Edu Lobo/Chico Buarque)
Chico Buarque
DESTRUIÇÃO
GOTA D’ÁGUA (Chico Buarque) Bibi
Ferreira
A VOZ
O CIRCO MÍSTICO (Edu Lobo/Chico Buarque)
Zizi Possi
A PUTA
GENI E O ZEPELIM (Chico Buarque) Marlene
MANCHA
SINHÁ (João Bosco/Chico Buarque)
Chico Buarque e João Bosco
RECONHECIMENTO DO
AMOR (fragmento)
TERESINHA (Chico Buarque) Chico
Buarque
O SEU SANTO NOME
FOLHETIM (Chico Buarque) Gal Costa
CONFRONTO
O MEU AMOR (Chico Buarque) Maria
Bethânia e Alcione
CARNAVAL
MAR E LUA (Chico Buarque) Mônica
Salmaso
MUNDO GRANDE (fragmento)
MIL PERDÕES (Chico Buarque) Chico
Buarque
RETRATO DE UMA
CIDADE
VAI PASSAR (Francis Hime/Chico
Buarque) Chico Buarque
PÃO DE AÇÚCAR / PRAIAS / ZONA SUL
CARIOCA (Chico Buarque) Chico
Buarque
ELEGIA CARIOCA (fragmento) / MENINO
CHORANDO NA NOITE
O MEU GURI (Chico Buarque) Beth
Carvalho
DEUS, BRASILEIRO
MINHA HISTÓRIA (Lucio Dalla/Paola
Pallottino – versão: Chico Buarque) Chico Buarque e MPB-4
MORRO DA BABILÔNIA (fragmento)
ESTAÇÃO DERRADEIRA (Chico Buarque) Chico
Buarque
O OPERÁRIO NO MAR
CONSTRUÇÃO (Chico Buarque) Chico
Buarque e MPB-4
SONHO DE UM SONHO
ROSA DOS VENTOS (Chico Buarque) Chico
Buarque e MPB-4
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2/12/2021 |
Episódio 5: A MÚSICA DE CAETANO VELOSO E TRADUÇÕES DE AUGUSTO DE CAMPOS
Já nos anos 1960, Augusto de
Campos destacou o papel central de Caetano Veloso na produção cultural
brasileira. A afinidade entre os dois nunca se desfez. Caetano, aliás, gravou
poemas de Augusto ou traduzidos por ele. Neste episódio, Maria Bethânia
aproxima canções do irmão de versos que ganharam traduções de Augusto e foram
selecionados por Eucanaã Ferraz. Os temas são muitos, incluindo reflexões sobre
o tempo, o divino, a beleza (além do amor, é claro).
Roteiro:
A FILHA DA CHIQUITA BACANA (Caetano Veloso) Caetano Veloso
DON JUAN, DIGRESSÕES (Canto III, 114) Byron
PETER GAST (Caetano Veloso) Caetano Veloso
DON JUAN, DIGRESSÕES (Canto XVII, 11) Byron
O QUERERES (Caetano Veloso) Caetano Veloso
DON JUAN, DIGRESSÕES (Canto VII, 5) Byron
O ESTRANGEIRO (Caetano Veloso) Caetano Veloso
CHILDE HAROLD (Excerto, Canto III, 114)
Byron
POEMA 4 – Emily Dickinson
GENIPAPO ABSOLUTO (Caetano Veloso)
Caetano Veloso
A ETERNIDADE - Rimbaud
FORÇA ESTRANHA (Caetano Veloso) Roberto Carlos
ODE SOBRE UMA URNA GREGA (III) Keats
LUZ DO SOL (Caetano Veloso) Gal Costa
SERVENTÊS – Peire Cardenal
DIAMANTE VERDADEIRO (Caetano Veloso) Maria Bethânia
FRAGMENTOS (1,
2) Maiakóvski
TÁ COMBINADO (Caetano Veloso) Peninha
SOB UM RETRATO DE CORBIÈRE FEITO POR ELE E DATADO
DE 1868 – Tristan Corbière
MEU BEM, MEU MAL (Caetano Veloso) Gal Costa
DO RUBAYAT DE OMAR
KHAYYAM – Edward Fitzgerald
ITAPOÃ (Caetano Veloso)
Caetano Veloso
ELEGIA: INDO PARA O LEITO – John Donne
VOCÊ É LINDA (Caetano Veloso) Caetano Veloso
A MENSAGEM – John Donne
O CIÚME (Caetano Veloso) Caetano Veloso
MAGIA PELA IMAGEN – John Donne
DESDE QUE O SAMBA É SAMBA (Caetano Veloso) Caetano Veloso e Gilberto Gil
RAPSÓDIA DO SURDO – Tristan Corbière
NÃO IDENTIFICADO (Caetano Veloso) Caetano Veloso
ODE SOBRE UMA URNA GREGA (V) – Keats
MILAGRES DO POVO (Caetano Veloso) Caetano Veloso
DO ENDYMION - Keats
UM ÍNDIO (Caetano Veloso) Caetano Veloso
COME ANANÁS - Maiakóvski
RECONVEXO (Caetano Veloso)
Maria Bethânia
O ALTAR - George Herbert (1593-1633)
OFERTÓRIO (Caetano Veloso) Caetano Veloso
SEM SAMBA NÃO DÁ (Caetano Veloso) Caetano Veloso
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9/12/2021 |
Episódio 6: POESIA PORTUGUESA
Admiradora
célebre da poesia portuguesa, Maria Bethânia lê versos de autores de épocas
diversas. O conjunto selecionado por Eucanaã Ferraz cobre de Camões aos
contemporâneos, passando por Fernando Pessoa. No repertório musical, suas
escolhas têm Amália Rodrigues, diva do fado, mas também árias de ópera e outros
gêneros, inclusive um samba.
Roteiro:
SONHEI QUE ESTAVA EM PORTUGAL (Moraes Moreira) Moraes Moreira
OS AMANTES SEM DINHEIRO (Eugénio de Andrade)
HABANERA (Bizet) Maria
Callas
URGENTEMENTE (Eugénio de
Andrade)
MEU AMOR É MARINHEIRO (Alain Oulman/Manuel Alegre) Amália Rodrigues
ERROS MEUS, MÁ FORTUNA, AMOR ARDENTE (Camões)
PELA DÉCIMA VEZ (Noel
Rosa) Dalva de Oliveira
SÚPLICA (Miguel Torga)
CONFESSO (Frederico
Valério) Amália Rodrigues
MUSA (Sophia de
Mello Breyner Andresen)
BARCO NEGRO (Caco Velho/Piratini/David Mourão-Ferreira) Amália Rodrigues
LUGAR (Herberto Helder)
AS ROSAS NÃO FALAM (Cartola) Beth Carvalho
ADEUS (Eugénio de
Andrade)
SERENATA DO ADEUS (Vinicius
de Moraes) Elizeth Cardoso
SOU UM GUARDADOR DE REBANHOS (Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa)
FOI DEUS (Alberto Janes) Amália Rodrigues
METO-ME PARA DENTRO (Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa)
OS ARGONAUTAS (Caetano
Veloso) Caetano Veloso
VEM NOITE ANTIQUÍSSIMA E IDÉNTICA (Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa)
BACHIANAS Nº 5 (Villa-Lobos) Salli Terri e Laurindo de Almeida (violão)
OH AS CASAS AS CASAS AS CASAS (Ruy Belo)
MOTRIZ (Caetano Veloso) Maria Bethânia
CASA NA CHUVA (Eugénio de Andrade)
UNA FURTIVA LAGRIMA (Donizetti) Luciano Pavarotti
SENHORA DAS TEMPESTADES (Manuel Alegre)
IANSÃ (Gilberto
Gil/Caetano Veloso) Maria Bethânia
SANTA BÁRBARA (Roque
Ferreira) Maria Bethânia
FRENTE A FRENTE (Eugénio
de Andrade)
LÍNGUA (Caetano Veloso)
Caetano Veloso
CHEIRA BEM, CHEIRA A LISBOA (César de Oliveira) Amália Rodrigues
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