domingo, 7 de noviembre de 2021

1995 - 1996 - MINA D'ÁGUA DO MEU CANTO

 


Gal no estúdio de gravação do disco "Mina d´Água do Meu Canto"













































































São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 1995


Gal estréia sexta para o público "sério" de SP

SÉRGIO DÁVILA
EDITOR-INTERINO DO TV FOLHA

 

 

Show: Mina D'Água do Meu Canto
Artista: Gal Costa
Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213, Moema, tel. 011/531-4900)
Quando: de sexta a domingo
Quanto: de R$ 30 (setor 3) a R$ 70 (camarote)
Ingressos: à venda das 13h30 às 22h


Nessa sexta, Gal Costa mostra a São Paulo pela primeira vez o show "Mina D'Água do Meu Canto", que estreou em maio último em Salvador, com canções de Caetano Veloso e Chico Buarque. O repertório do show é o mesmo do disco homônimo, de 1995. Entre outras, tem "Cajuína", "Língua" e "O Quereres", do músico baiano, "Atrás da Porta", "Samba do Grande Amor" e "A Rita", do músico paulista, e "Como Um Samba de Adeus", parceria-homenagem a Tom Jobim (1927-1994). Melhor cantora brasileira, a baiana Gal Costa completa 50 anos no próximo dia 29 e deu a seguinte entrevista à Folha, por telefone, da praia de Trancoso (BA), para onde está se mudando:


Folha - Depois de Caetano Veloso e Chico Buarque, quem?
Gal Costa - Paulinho da Viola. No ano que vem, não vou nem dar shows. Vou me trancar, ouvir todos os discos dele várias vezes e escolher as músicas que quero. Paulinho é um compositor maravilhoso e não grava há anos.

Folha - Por que você escolheu só músicas mais antigas de Chico e Caetano? A produção atual não agrada tanto?
Gal - Não, não. Foi por acaso. Adorei "Paratodos", o último show de Chico. É lindo, lindo, vi várias vezes. E ouço sempre "Fina Estampa", de Caetano.

Folha - Você também gravaria um disco só em espanhol?
Gal - Não me sinto tão confortável cantando em espanhol como me sinto em inglês. É quase como se fosse a minha língua, capto exatamente o jeito norte-americano de cantar. Depois de Paulinho da Viola, pretendo gravar um disco só com standards da música popular norte-americana.

Folha - Em julho desse ano, o crítico Jon Pareles, do jornal "The New York Times", a comparou com o Frank Sinatra do começo de carreira. Você já foi chamada de "João Gilberto de saias". Às vésperas de fazer 50 anos, como você se define?
Gal - Em Nova York, minha imagem ainda é muito ligada à de Tom Jobim. Tem até um vídeo inédito no Brasil que vende muito bem lá, de 1989 talvez, em que canto oito músicas com Tom. E Tom gravou com Sinatra. De qualquer maneira, eu ouvia muito Frank Sinatra na adolescência. Mas sou uma eterna aprendiz de João Gilberto. Claro que já nasci com o dom de cantar, mas a técnica, a respiração, o vibrato sutil, o jeito de dividir as palavras, a coisa minimal, aprendi com ele. Para gravar "Mina D'Água do Meu Canto", procurei esquecer a Gal Costa e resgatar a Gracinha que veio da Bahia há 30 anos, que ouvia João Gilberto o dia inteiro.

Folha - Você concorda que sua voz está ficando agradavelmente mais grave?
Gal - Sim. Com o tempo, adquiri graves mais claros. Minha voz ficou mais cristalina, densa, com um corpo maior. 26 anos depois, está volumosa, poderosa.

Folha - Quem teria essa voz entre as cantoras novas?
Gal - Ninguém. Mas eu vejo talentos. A Marisa Monte tem talento, gosto dela como cantora. Essas garotas novas, que surgiram e de certa forma são nossas filhas, minhas, de Bethania e de Elis, como nós fomos filhas de Dalva de Oliveira e Angela Maria. Você pode colocar o nome de Cássia Eller. E essa outra, acho que Duncan...

Folha - Zélia Duncan. Por que você demorou a estrear o show em São Paulo?
Gal - Esses meses no Nordeste, nos Estados Unidos e na Europa funcionaram como ensaio. Agora o show está pronto. E o público de São Paulo é mais sério. Eu me identifico com esse lado paulistano, educado e fundamental, de um público que ouve com atenção e aplaude no momento certo.

Folha - Por que você está mudando para Trancoso?
Gal - Aqui posso andar de bermuda, sandália havaiana, tomar meu banho na praia. É mais tranquilo, não tem badalação.

Folha - E você mora sozinha?
Gal - Sozinha. Com cinco cachorrões.

Folha - E você está sozinha?
Gal - Sozinha, sem ninguém. E está tudo bem.







































































































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