domingo, 26 de noviembre de 2017

1987 - NOITE DE HOTEL


“Fiz em Lisboa, num hotel. Estava muito mal, deprimido e irritado ao mesmo tempo. Falo mal dos videoclipes da MTV que estavam passando, digo que são uma mera dilução do “sangue do poeta”, numa referência ao filme de Cocteau, do qual todos os videoclipes de rock-and-roll são uma contrafação de décima quinta categoría. Eu já achava, mas na hora sentí aquilo com muita raiva.”
[2003, Caetano Veloso, Sobre as letras, Página 53]


Música e letra: Caetano Veloso
© 1987 Gapa/Saturno

Noite de hotel
A antena parabólica só capta videoclipes
Diluição em água poluída
(E a poluição é quimica e não orgânica)
Do sangue do poeta
Cantilena diabólica, mímica pateta

Noite de hotel
E a presença satânica é a de um diabo morto
Em que não reconheço o anjo torto de Carlos
Nem o outro
Só fúria e alegria
Pra quem titia Jagger pedia simpatia

Noite de hotel
Ódio a Graham Bell e à telefonia
(Chamada transatlântica)
Não sei o que dizer
A essa mulher potente e iluminada
Que sabe me explicar perfeitamente
E não me entende
E não me entende nada

Noite de hotel
Estou a zero, sempre o grande otário
E nunca o ato mero de compor uma canção
Pra mim foi tão desesperadamente necessário





1987 - CAETANO VELOSO
6320 1194 / 3:00
Álbum "Caetano"
Philips LP 832.938-1, A-3.
CD 832.938-2, Track 3.


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